Devassa nos negócios do clã Sarney

No Noblat

Empresas da família Sarney são alvo de devassa

Numa devassa sem precedentes nas empresas da família Sarney, a Receita Federal indicou a prática de crimes contra a ordem tributária, como remessa ilegal de recursos para o exterior, falsificação de contratos de câmbio e lavagem de dinheiro, entre outras ilegalidades.

São 17 ações fiscais em curso, que atingem 24 pessoas e empresas relacionadas direta e indiretamente aos Sarney, incluindo sete contribuintes do Rio de Janeiro e São Paulo.

O caso se estende até a Usimar Componentes Automotivos, empresa que deu nome ao escândalo da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) no final da década de 1990 no Maranhão, no governo da então e atual governadora Roseana Sarney (PMDB).

O trabalho dos auditores está em andamento, não tendo havido ainda autuações. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não se manifestou, e o advogado da família não ligou de volta à reportagem.

O aperto da fiscalização sobre pessoas físicas e jurídicas da família Sarney somou-se a uma série de outros fatores que levaram o governo federal a demitir a secretária da Receita Lina Maria Vieira, segundo a Folha apurou.

Além da divergência pública com a Petrobras, que promoveu mudança em seu regime tributário, a administração de Lina concentrou a fiscalização sobre grandes contribuintes, aplicando autuações bilionárias em bancos e empresas de diversos setores.

Os atingidos, incluindo o grupo de Sarney, pressionaram pela queda de Lina. A versão oficial para a demissão dela, contudo, foi a consecutiva queda na arrecadação de tributos.

A ação da Receita sobre a família Sarney está diretamente associada à Operação Boi Barrica (batizada posteriormente de Faktor), da Polícia Federal. Assinante do jornal leia mais em: Empresas da família Sarney são alvo de devassa da Receita

O bloco do Bigodón

Deu no Noblat.

Arte - T.L.

Brasil: um país para poucos

A entrevista abaixo (1, 2) revolve uma velha frase que teria sido dita por um dos homens mais importantes do século passado.
Em visita oficial ao Brasil, o líder supremo da resistência francesa, tascou: "Esse país não é sério".

Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
Machado de Assis.


Tem coisas que ficam para a posteridade.

Daniel Dantas: entrevista exclusiva para Isto É

Daniel Dantas US$ 50 milhões para o PT e outras histórias

Na primeira entrevista desde a prisão, em julho de 2008, Daniel Dantas diz que Delúbio Soares queria que o Opportunity pagasse dívidas da campanha de 2002 e conta como eram suas relações com altas autoridades petistas e tucanas

Por Jorge Felix e Leonardo Attuch, Isto É, São Paulo

Foto: Roberto Castro/ag. istoÉ

EXCLUSIVO Logo no início do governo do Partido dos Trabalhadores, o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares procurou o banqueiro Daniel Dantas para vender proteção política. Na primeira entrevista exclusiva desde sua prisão na Operação Satiagraha, em julho do ano passado, Dantas revelou à ISTOÉ na tarde da quinta-feira 23 que Delúbio queria que as empresas do grupo Opportunity pagassem US$ 50 milhões da dívida da campanha de 2002 do PT. Homem-bomba para muitos, Dantas é peça central das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e presença constante nas páginas policiais durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em quase duas décadas, teve seu nome relacionado a muitos dos escândalos ocorridos no Brasil. Foi preso temporariamente em duas ocasiões, está condenado a dez anos de reclusão num caso em que é acusado de subornar delegados da Polícia Federal e, na semana passada, passou a ser réu num processo por evasão de divisas e formação de quadrilha. Além disso, sofreu um golpe direto nas suas duas principais atividades empresariais, quando o juiz Fausto De Sanctis ordenou o confisco de 27 fazendas de gado e também a dissolução de um fundo de investimentos de R$ 954 milhões. Embora a segunda medida já tenha sido suspensa por decisão de uma desembargadora, Dantas se viu diante do que chamou de "algema econômica".

DEMOCRÁTICO Segundo Dantas, Satiagraha não partiu de Lula

Delegados da Polícia Federal e, na semana passada, passou a ser réu num processo por evasão de divisas e formação de quadrilha. Além disso, sofreu um golpe direto nas suas duas principais atividades empresariais, quando o juiz Fausto De Sanctis ordenou o confisco de 27 fazendas de gado e também a dissolução de um fundo de investimentos de R$ 954 milhões. Embora a segunda medida já tenha sido suspensa por decisão de uma desembargadora, Dantas se viu diante do que chamou de "algema econômica".

A entrevista à ISTOÉ foi concedida por meio de videoconferência. Dantas estava na sede do grupo Opportunity no Rio de Janeiro, acompanhado de um de seus sócios, Dorio Ferman, de uma advogada e de uma assessora. A reportagem de ISTOÉ estava no escritório do grupo em São Paulo. O banqueiro se disse vítima de uma conspiração política e revelou suas relações - por ora próximas e muitas vezes conflituosas - com figuras proeminentes do poder, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken e o ex-publicitário Marcos Valério de Souza, além de Delúbio

"Errei ao entrar na privatização sem estar pronto para a agenda política que ela continha"

Exclusivo "Não compramos a proteção"

ISTOÉ - O Delúbio Soares fez essa proposta?
Dantas - Ele procurou meu sócio, Carlos Rodenburg, e disse isso. Eu fui ao Citi, porque muita gente achava que éramos intransigentes. Quando perceberam a dimensão da pretensão, me autorizaram a negar, porque feria a lei americana.

ISTOÉ - E qual era a dimensão?
Dantas - Eram uns US$ 50 milhões.

ISTOÉ - Isso foi documentado?
Dantas - Sim. Num e-mail, eu disse ao Mike Carpenter, executivo do Citi, que rejeitaria a proposta da agência de publicidade

ISTOÉ - Como o sr. se envolveu em tantos escândalos?
Daniel Dantas - Os interessados em criar a proeza me vinculam a qualquer escândalo. Por exemplo, o Mensalão. A ala do PT que me coloca como financiador é a que nega sua existência.

ISTOÉ - Mas uma de suas empresas, a Telemig Celular, contratou Marcos Valério.
Dantas - Na CPI dos Correios, falava-se em R$ 180 milhões. Comprovamos que tudo era publicidade. Agora, falam de um contrato de R$ 3 milhões.

ISTOÉ - Esses R$ 3 milhões tiveram finalidade política?
Dantas - Não. Mas surgiu uma proposta. Se pagássemos a dívida do PT, parava a perseguição.

"Aquele R$ 1 milhão não era nosso. Plantaram lá uma prova falsa"

ISTOÉ - Falava-se de um racha no governo. O exministro José Dirceu seria seu aliado e o ex-ministro Luiz Gushiken, seu inimigo. Foi assim?
Dantas -A primeira pessoa que me procurou e pediu que eu entregasse os direitos dos nossos investidores foi o ex-ministro José Dirceu. Numa reunião, ele pediu que eu conversasse com o Cássio Casseb [ex-presidente do Banco do Brasil]. Chamei a atenção de que o Casseb fôra conselheiro da Brasil Telecom indicado pela Telecom Italia e que talvez não tivesse isenção.

ISTOÉ - E como foi a reunião com o Casseb?
Dantas - Ele me deu um ultimato, dizendo para entregar o controle. Perguntei se tinha algo em troca, ele disse que não. Fui ao Citibank em Nova York, que mandou para cá o Mike Carpenter. Ele me reportou que diria ao ex-ministro que não toleraria expropriação. Depois, não houve pressão do Dirceu.

ISTOÉ - E pelo lado do Gushiken? Dantas - Eu sentia que ele operava através de outros. Eu percebia que ele mandava nos fundos.

ISTOÉ - Mas o sr. contratou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que é amigo do ex-ministro Dirceu, por R$ 10 milhões.
Dantas - Uma das estratégias da empresa foi contratar advogados que eram da confiança do agressor para desfazer o mal-entendido

ISTOÉ - Mas é fácil confundir isso com lobby. O sr. contratou o Roberto Teixeira, amigo do presidente.
Dantas - Lobby é tentar obter vantagens. Se a autoridade está lhe perseguindo, não é lobby

ISTOÉ - O sr. está condenado a dez anos de prisão, em função de um suposto suborno. Qual é a sua versão?
Dantas - O que se tem é um vídeo editado, em que as vozes não correspondem às imagens. E eu não estava presente naquele encontro.

ISTOÉ - Mas estava ali seu braço direito, Humberto Braz, e depois foi encontrada a quantia de R$ 1 milhão na casa de Hugo Chicaroni.
Dantas - O dinheiro que foi apreendido na casa do Chicaroni não era nosso.

ISTOÉ - É razoável imaginar que seus inimigos botariam R$ 1 milhão na casa de alguém apenas com o intuito de lhe incriminar?
Dantas - A quantia pode parecer alta para a maioria dos mortais, mas é nada diante do que foi gasto na disputa societária da Brasil Telecom. E tem coisas estranhas em relação ao dinheiro. Ele foi depositado sem que houvesse o registro das notas. Se não tivesse sido depositado, seria possível rastrear a origem.

ISTOÉ - Quem poderia plantar essa prova?
Dantas - Fundos de pensão, Citibank, Brasil Telecom, Angra Partners.

ISTOÉ - E por que o juiz Fausto De Sanctis acreditou na qualidade da prova? Dantas - Talvez por imaginar que a polícia teria fé pública. O juiz autorizou a ação controlada que culminou naquela cena em maio de 2008. Um mês antes, recebemos um e-mail de um jornalista italiano chamado Gerson Gennaro, que havia entrevistado Luís Demarco [ex-funcionário do Opportunity e inimigo de Dantas], já nos perguntando sobre uma orquestração. Estavam plantando uma cilada.

ISTOÉ - E por que Humberto foi ao encontro?
Dantas - Ele fi cou assustado, porque duas pessoas da Abin, armadas, seguiram seu fi lho. O que todos queríamos era só saber o que estava acontecendo

ISTOÉ - Se havia um grande acordo para a criação da supertele, quem estaria insatisfeito?
Dantas - Estávamos saindo da telefonia para fi car livres disso. Neste momento, um advogado da Brasil Telecom nos disse que estava tendo difi culdades em encerrar contratos com outros advogados contratados para promover esse tipo de iniciativa.

ISTOÉ - O sr. desconfi a de que a Brasil Telecom patrocinou a Operação Satiagraha?
Dantas - Eu tenho informações nesse sentido. Isso também envolvia outras duas pessoas, o Luís Demarco e o Paulo Marinho [consultor de empresas]. Anos atrás, o Paulo Marinho recomendou aos nossos adversários que partissem para um jogo abaixo da cintura, porque eu não estaria preparado para isso.

ISTOÉ - De fora, supõe-se que todos os lados jogavam abaixo da cintura. Dantas - Nunca tive qualquer relação com a polícia.

ISTOÉ - Mas e a Kroll?
Dantas - Se você chamar a Kroll de empresa de espionagem, isso acomoda a versão. Se você considerar a Kroll uma empresa de investigação, não. A Kroll era percebida como uma empresa legítima quando rastreou o dinheiro do PC Farias.

O esquemão do ministro dos Transportes

Um garoto de sucesso


Filho do ministro dos Transportes, Gustavo de Morais Pereira construiu um patrimônio de R$ 1,28 milhão em apenas quatro anos

Por Claudio Dantas Sequeira, Sucursal Brasília Isto É.

NO TOPO Aos 25 anos, Pereira é um dos empresários mais ricos do Amazonas

O Estado do Amazonas é representado na bandeira do Brasil pela estrela Prócion, nome de origem grega que significa "antes do cão" e inspirou Gustavo de Morais Pereira a batizar a agência de publicidade que abriu em 2003, aos 18 anos. Começava ali a trajetória do jovem calouro universitário, filho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que, em seis anos, se tornou um dos empresários mais ricos do Amazonas. Sua ascensão meteórica, no entanto, não tem sido impulsionada por peças publicitárias de sucesso. Aos 25 anos, o brilhantismo de Pereira está mesmo na capacidade de convencer seus parceiros a aceitar negócios milionários, sobretudo no setor imobiliário. Em 2007, Pereira declarou à Receita Federal um patrimônio de R$ 1,28 milhão, mais que o dobro dos R$ 595 mil declarados por Alfredo Nascimento à Justiça Eleitoral em 2006.

No mapa das constelações, Prócion é um sistema binário, ou seja, por trás da estrela principal há outra menos visível que a acompanha de perto. Assim como no céu do firmamento, o filho do ministro também não está sozinho em suas atividades empresariais. Ele conta com o apoio do advogado Antonio Adalberto Magalhães Martins, amigo da família Nascimento. Os dois fundaram uma agência de propaganda, a G de M Pereira & Cia. Ltda., que nunca chegou a operar. Depois se tornaram sócios numa construtora e numa escola que possui vários terrenos em Manaus, onde agora são erguidos dois empreendimentos de luxo. A empreitada já rendeu a ambos quase R$ 16 milhões.

Em 2006, com apenas R$ 20 mil, Pereira virou sócio da empreiteira Forma Construção Ltda. Dois meses depois, pagou R$ 300 mil pela sociedade no Centro de Estudos Amazônicos. Três anos antes, essa escola foi usada por Magalhães Martins para adquirir quatro terrenos. Duas áreas estão situadas na exclusiva Estrada da Ponta Negra, às margens do Rio Negro. Com calçadão, bares e boates, o local é comparado na região à orla da zona sul carioca. Só esses dois terrenos somam 6.500 metros quadrados, que, segundo corretores, valeria pelo menos R$ 5 milhões. Mas o valor da compra declarado pelo sócio de Pereira foi de irrisórios R$ 300 mil, exatamente o que o filho do ministro pagou ao sócio. O desembolso, de acordo com Pereira, foi feito em três parcelas anuais de R$ 100 mil, a partir de 2005, dois anos antes de a sociedade ser registrada formalmente em cartório.

No mesmo ano em que Pereira virou sócio da Forma, a construtora incorporou um terreno de 50 mil metros quadrados, de propriedade da escola amazônica, onde foi erguido um condomínio de luxo chamado Atlantis.

O complexo arquitetônico tem 86 casas duplex e um shopping center. De acordo com corretores, uma casa ali não custa menos de R$ 400 mil. Em outro terreno do centro de ensino, a empreiteira está construindo o edifício Atlantic Tower, torre comercial de 18 andares, 300 salas e spa. "O prédio mais moderno e inteligente do Norte do País", segundo o folder publicitário do empreendimento. Na declaração de renda de 2007, Pereira informou que obteve R$ 320 mil de "lucros e dividendos" de sua agência de publicidade. O valor é idêntico ao que ele pagou para se tornar sócio de duas empresas para lá de lucrativas.

Numa outra transação, Pereira recebeu R$ 450 mil da transportadora Socorro Carvalho Cia., que embolsou R$ 12 milhões do Fundo da Marinha Mercante, ligado ao gabinete do ministro, de acordo com o Portal da Transparência. A empresa é de Marcílio Carvalho, marido da superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) do Amazonas, Maria Auxiliadora Carvalho. Pereira diz que o dinheiro veio da venda de um apartamento herdado da mãe, Francisca Leonia. Mas certidões negativas dos cartórios de Manaus indicam que o imóvel nunca esteve em nome dele, da superintendente do DNIT ou da transportadora. Claudomiro Carvalho, irmão e sócio de Marcílio, doou R$ 100 mil para a campanha de Nascimento ao Senado, em 2006.

R$ 595 mil é o patrimônio

declarado do ministro, menos da metade da soma dos bens de seu filho, Gustavo Pereira

Procurado por ISTOÉ, Pereira informou, por meio da assessoria de imprensa do ministério que não ia comentar os negócios com a Socorro Carvalho Cia. Nascimento também não atendeu ao pedido de entrevista. O assessor de imprensa do ministro, Jefferson Coronel, diz que Pereira é um economista inteligente, estudou arquitetura, fala inglês e tem pós-graduação na Fundação Getulio Vargas - qualificações que, segundo Coronel, dariam ao jovem empresário condições de amealhar seu patrimônio milionário. "Todas as empresas de Pereira atuam exclusivamente no mercado privado. Não há nenhuma interferência do pai", afirma Coronel. Talvez o sucesso empresarial do filho do ministro estivesse mesmo escrito nas estrelas.

À moda Sêneca

A versão de José Sarney aos ensinamentos do filósofo Sêneca é: silêncio, não estrague a pizza antes de a massa crescer; paciência, enquanto ela assa; tempo, para adicionar azeitonas, azeite, orégano e cortá-la em pedaços para todos."
MÁRCIO MILTON CARVALHO (Bauru, SP)

De um leitor hoje na Folha de S. Paulo sobre o pizzaiolo chefe do Senado Federal.

Médicos pedem à Lula mais prazo para regulamentar mototáxis

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) decidiu pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a postergação da sanção da lei que cria o serviço de mototáxi até que decisões técnicas ampliem a segurança de mototaxistas e passageiros. A entidade sustenta que em um único ano, 2006, o Brasil registrou 6.963 mortes de motociclistas. Segundo o presidente da SBOT, Romeu Krause, os índices de mortes de motociclistas são na verdade ainda mais altos, “pois as estatísticas consideram apenas aqueles que morrem no local do acidente e não os que, levados com vida aos hospitais, acabam falecendo”. A entidade explica que não é contra a criação do serviço de mototáxi, mas justifica que a lei seja precedida de regulamentação que garanta não só a proteção da cabeça, como também das pernas dos motoqueiros, além da necessidade de uma fiscalização efetiva.

CBF faz escola na corrupção eleitoral

Após CBF, MP eleitoral acusa mais 15 de doação ilegal

Agência Estado

Além da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 15 empresas e associações foram denunciadas pelo Ministério Público Eleitoral do Rio por terem ultrapassado em pelo menos R$ 100 mil o limite legal para doações a candidatos nas eleições de 2006. As ações estão no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e, se condenados, os doadores terão de pagar multas de cinco a dez vezes o valor excedente.

Entre os suspeitos de contribuições irregulares estão o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), a Rede Nacional de Shopping Centers (Renasce) e a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Veja mais aqui…

Chávez tunga 240 rádios e estatiza ondas na Venezuela

Líder quer ''rádio popular'' no lugar de 240 emissoras

AP
O presidente Hugo Chávez propôs ontem a criação de uma "rádio popular" para operar na frequência das 240 emissoras que serão tiradas do ar na Venezuela. Segundo o governo, tais rádios estariam "irregulares" por não ter participado de um processo de recadastramento. "Recuperaremos o espectro radioelétrico para o povo", disse Chávez.

Sem baionêtas

O Senado humilhado e Chagas exumado

José Nêumanne

Como os engenhos do escritor José Lins do Rego, encontra-se no momento em "fogo morto" a brasa soprada e reavivada por senadores oposicionistas, alguns ditos independentes e os que ousam destoar do coro dos contentes na base situacionista por obra e desgraça da sentença de Lula segundo quem os senadores são todos "pizzaiolos". Como não há notícia de que nenhum honrado pizzaiolo propriamente dito e sem aspas processará o presidente da República por confundir sua digna atividade com a atuação bem menos decente de coveiros de denúncias vivas, Sua Excelência pode dormir em paz e falar o que quiser de quem quiser, pois é improvável que algo de ruim lhe aconteça. Fica a questão: a sentença abusada caiu no vazio por terem os senadores vestido a carapuça ou por não ousarem desafiar a palavra real, ainda que esta os ofenda? É possível inferir que podem ser as duas coisas - a frase é verdadeira e o ofensor, inatingível pela ira dos ofendidos?

Ao contrário da repetição da História, em que a tragédia vira farsa, segundo Karl Marx, este é um drama sujo que retrata, de forma cruel e exata, nossa chanchada institucional. Repetindo o bordão triunfalista de Luiz Inácio Lula da Silva, "nunca antes na História deste país" o chefe do Poder Executivo interveio de forma tão descarada e desabusada nos negócios internos do Poder Legislativo sem necessidade de recorrer à força. Sempre que os militares precisaram intervir no Congresso Nacional, cercaram-no, fecharam-no ou recorreram a atos arbitrários, cassando mandatos. Noço guia não incomoda seus subordinados fardados para fazer o que resolve sem eles: primeiro, decretou que não havia crise no Senado, apesar da enxurrada de denúncias contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e sua parentela; depois, decidiu sozinho que o próprio fica e desautorizou seu partido, cuja liderança tentara imitar o rei Salomão na forma, já que nunca reuniu condições de repeti-lo na inteligência, ao propor a saída "honrosa" de uma licença de um mês. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) não tugiu nem mugiu, permitindo que Lula deixasse claro que manda no governo, no Partido dos Trabalhadores (PT) e no Senado sem admitir contestações de nenhum deles.

O PT não ousa desafiar Lula por saber que não tem condições de manter todos os cargos que ocupa na máquina pública federal e em empresas como a Petrobrás se desafiar o presidente, que é maior em tudo do que o partido em que milita: apoio popular, capacidade de articulação e sagacidade política. Por isso, o chefe do Poder Executivo manda e provou que desmanda no próprio partido e no Senado, do qual não é nem nunca foi sequer membro. Mas isso por si só não o satisfaz. E, para deixar claro que manda quem pode e obedece quem é sabujo, Sua Excelência usou de sua habitual sem-cerimônia com a retórica para tisnar as togas dos varões do Senado com a definição jocosa com que a gíria paulistana põe no mesmo saco decentes pilotos de forno de pizzaria e maus agentes públicos que evitam julgar para não serem julgados. A reação destes mostra que Lula pode não saber o que diz, mas sabe, sim, o que faz. A reação pífia à ofensa vinda de cima mostra por que o ídolo das massas na chefia da República manda e desmanda num Poder soberano e autônomo, tratando detentores de mandato eletivo como vassalos.

Há ainda outra evidência de que, com o objetivo inconfessável de manter regalias sem ter de se explicar ao patrão - o cidadão -, os senadores se deixam humilhar publicamente pelo presidente. É a presença do sr. Paulo Duque (PMDB-RJ) na presidência do Conselho de Ética do Senado exatamente no momento crucial em que será julgado o destino do sobrenome da crise que se abate sobre a instituição: Sarney. O leitor atento haverá de perceber que o sr. acima usado não é uma abreviatura de senador, mas de senhor mesmo. Pois Duque não foi eleito para o Senado, mas é o segundo suplente do Sérgio Cabral Filho, que, diplomado governador, foi substituído pelo primeiro suplente, Régis Fichtner, que deu lugar ao ex-deputado estadual ao assumir a chefia da Casa Civil do Estado do Rio.

Mostrando não ser Duque por nobreza, mas por submissão aos caprichos reais, ele se tornou presidente do Conselho de Ética mercê dos serviços prestados na sessão em que presidiu a eleição da mesa da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Petrobrás - e não por mérito, mas por antiguidade. Fiel vassalo, o nobre parlamentar mandou às favas a lógica elementar ao impedir que o candidato da oposição à presidência da CPI, Álvaro Dias (PSDB-PR), se apresentasse aos eleitores antes de disputar o pleito, que já sabia perdido. O perdedor que se apresentasse depois da eleição, determinou. E isso lhe valeu o patrocínio do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), que preteriu Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), candidato tido como "natural" apresentado por Mercadante (mais uma vez humilhado e de novo silenciado), para comandar o julgamento de Sarney.

No uso gozoso de sua súbita notoriedade, Duque definiu-se em poucas, mas significativas palavras, que resumem a filosofia dos donos do poder: "Sou chaguista mesmo. O meu estilo é atender ao povo. Atendo muito. Minha preocupação principal não é com grandes cargos na Petrobrás, é o feijão com arroz: cuidar da bica d?água, de internar quem precisa, de nomeação de gari. Dou valor a isso." Além de ter diagnosticado a natureza do regime do salário-família e explicado o êxito do pacto de Lula com as oligarquias de antanho, de que na oposição o PT fingia ser carrasco, ele assumiu com orgulho a herança do cabedal político de Chagas Freitas e exumou um ícone do convívio do Estado com a burla da lei para pô-lo a serviço de Lula, Renan, Sarney, Severino, Collor e outros figurões do atual (e novelho) regime.

José Nêumanne, jornalista e escritor, é editorialista do Jornal da Tarde

Editorial O Estado de S. Paulo.

O Governo não está nem ai

Desde que foi anunciado a fusão da Oi com a Brasil Telecom foram demitidas 2,1 mil pessoas no Brasil, das quais mil no DF. Brasília está sofrendo um esvaziamento total, pois cerca de 600 pessoas também foram transferidas, o que eleva para 1,6 mil o número de postos de trabalho fechados na capital federal, é o que conta Brígido Ramos, presidente do Sinttel-DF. “Restaram cerca de 800 pessoas e acreditamos que só vão ficar 400”, alerta. Segundo o sindicalista, se for contabilizado corte de trabalhadores terceirizados, o número de demissões dobra. Reportagem publicada pelo Correio em 31 de maio mostrou que a estimativa do sindicato é de que o número de desligamentos no DF chegue a 1,9 mil empregados, o que resultaria em uma perda de renda de R$ 170 milhões, pelo menos.

“Não ficou ninguém nas áreas financeira e comercial e houve também demissões em áreas variadas”, afirma João Goudim, secretário-geral do Sinttel. Uma ex-funcionária que trabalhava no setor financeiro da BrT há seis anos confirma que não mais pessoas trabalhando nessa área em Brasília.
“Todo mundo que não foi para o Rio foi demitido. A gente sabia que isso ia acontecer”, observa. O sindicalista critica a omissão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do governo federal. “Estão fazendo vista grossa. A Oi alega que está trazendo postos de trabalho, mas estão substituindo salários de R$ 5 mil a R$ 6 mil por funcionários de call center, que ganham o mínimo”, critica. Em maio, o Sinttel pediu intervenção do Ministério Público do Trabalho.

Fonte: CB.

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