Com que legenda eu vou?
DENISE ROTHENBURG, FLÁVIA FOREQUE
Insatisfação com perspectivas eleitorais não se limita ao PT. PMDB, PSDB e DEM ensaiam dança das cadeiras
Engana-se quem pensa que os senadores petistas Marina Silva (AC) e Flávio Arns (PR) são os únicos insatisfeitos dentro do Senado e que a troca de legenda está restrita ao Partido dos Trabalhadores por conta da crise no Senado. No PMDB, no PSDB e até no DEM há parlamentares dispostos a trocar de partido nos próximos 45 dias para levar adiante projetos eleitorais sem espaço nas legendas que ocupam.
O senador tucano Mário Couto (PA) é um exemplo. Foi eleito com 1,4 milhão de votos, 51,87% dos votos válidos no estado. Superou até mesmo o número de votos obtidos pelos candidatos ao governo estadual. Só que o presidente do diretório do PSDB do Pará, Flexa Ribeiro, pretende colocar como candidato ao senado o ex-governador Simão Jatene.
Na semana passada, por exemplo, o senador Mão Santa (PMDB-PI) anunciou em alto e bom som na tribuna do Senado que irá deixar o PMDB. “Eles (do diretório estadual) não querem me dar o direito de ser candidato à reeleição. Que o povo não me queira, eu até aceito, mas o partido não tem o direito de querer me tirar da disputa”, reclamou.
No mesmo caminho está o senador Valter Pereira (MS), que assumiu o mandato depois da morte de Ramez Tebet. Ele gostaria de concorrer à reeleição e aguarda há meses uma definição do governador André Puccinelli sobre os candidatos peemedebistas ao Senado. Só que o governador pretende aproveitar as vagas ao Legislativo para atrair apoios, especialmente depois que o ex-ministro José Dirceu passou por lá e trabalhou a candidatura de Zeca do PT ao governo estadual. O deputado Julio Cesar (DEM-PI), também em conflito com o seu partido no estado, deseja buscar outra legenda para concorrer novamente a uma vaga na Câmara Federal.
Todos, no entanto, têm se segurado. A Casa ainda não deu sinal de que pretenda aprovar a janela para trocas partidárias. E, como está cada vez mais próximo o prazo de um ano para filiação partidária com vistas ao pleito de 2010, ninguém quer abrir a porteira agora. O receio dos grandes partidos é que a aprovação de um projeto que permita a alteração do prazo de filiação leve os que hoje mandam na Casa a perder espaço. Por isso, a ideia é manter o prazo de um ano antes da eleição. Sendo assim e diante da morosidade da Justiça em julgar os processos por troca de partido, quem mudar de legenda dificilmente perderá o mandato.
Os insatisfeitos
Flávio Arns (PT – PR)
O senador afirmou estar envergonhado diante do apoio dos petistas ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB – AP). “Me envergonha estar no Partido dos Trabalhadores com o comportamento que está tendo”, afirmou, após arquivamento de denúncias contra o cacique político.
Marina Silva (sem partido – AC)
Militante do PT há 30 anos, a senadora deixou a legenda nesta semana, com o argumento de que ia “em busca do sonho” de lutar pelo desenvolvimento sustentável do meio ambiente. O PV afirmou que a filiação de Marina deve ocorrer ainda neste mês.
Mão Santa (PMDB – PI)
Crítico do governo de seu estado, comandado pelo petista Wellington Dias, Mão Santa afirma não ter mais espaço no partido para disputar uma reeleição ao Senado. Para isso, considera uma possível filiação ao PPS.
Valter Pereira (PMDB – MS)
Segundo o senador, o governador André Puccinelli defendeu que até o fim deste mês haveria um debate sobre a escolha dos candidatos do partido ao Senado. Como a indefinição persiste, Pereira está avaliando uma possível transferência para o PSB, PTB, PSB ou PPS.
Mário Couto (PSDB – PA)
O senador gostaria de concorrer ao governo do estado, mas o diretório
local apoia Simão Jatene.
Julio Cesar (DEM-PI)
O deputado piauiense está em processo de desgaste com o democratas em seu estado. Isolado, conversa com outros partidos em busca de um plano B para garantir a candidatura.
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