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Cuidado com os canibais Kulina

Em Envira, cidadezinha perdida nas florestas da fronteira do Estado do Amazonas com o Peru, alguns índios da etnia Kulina convidaram um agricultor de 19 anos para visitar a sua aldeia. Tomaram umas cachaças, que na região chamam de cabeça-azul, cuja venda aos índios é proibida, embora seja realizada sem controle de ninguém por muitos comerciantes da região. De repente, em obediência a imemoriais hábitos canibais, mataram o rapaz, cozinharam e devoraram alguns de seus órgãos. Depois penduraram seu crânio numa árvore e espalharam seus restos esquartejados pelo local.

Quem relata e analisa o caso com precisão cirúrgica é o advogado e professor de direito Carlos Kaiath em seu blog.

A porcaria que atende pelo nome de Funasa

Correio Braziliense

Abrigo do crime

A possível reviravolta em torno da morte da adolescente indígena Jaiya Pewewiio Tfiruipi Xavante, de 16 anos, em nada alteraria a gravidade do crime nem aliviaria a responsabilidade do Estado. O fato é que a jovem foi vítima de uma barbaridade dentro de um prédio público. Impossibilitada de andar e falar devido a grave lesão neurológica decorrente de meningite contraída na infância, a menina reclamou de dores abdominais na noite de terça-feira. Medicada com analgésico, acordou no dia seguinte com a mesma queixa. Às 8h foi levada para o hospital. Atendida apenas duas horas depois, morreu por volta do meio-dia, após duas paradas cardíacas, com infecção generalizada.

Apesar de totalmente indefesa, com problemas neurológicos e motores, apesar da pouca idade e do corpo franzino (1,35m de altura e 33kg), não houve piedade para Jaiya. Ela teve os órgãos genitais perfurados por objeto contundente de cerca de 40cm, com rompimentos no estômago, baço e diafragma. A princípio, suspeitou-se de estupro. O delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia, Antônio Romeiro, chegou a descrever o caso como “violência sexual atípica”.

Ontem, a versão perdeu consistência, com o avanço das investigações e o trabalho da perícia médica. Mas, qualquer que tenha sido a motivação ou qualquer que seja a autoria da violência, choca que tamanha crueldade tenha sido cometida na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) do Distrito Federal, instituição mantida pela Fundação Nacional da Saúde (Funasa) para abrigar indígenas em tratamento hospitalar.

Choca ainda mais a frieza, a indiferença do Estado. Esperava-se resposta firme e imediata das autoridades. Mas a primeira reação da autarquia do Ministério da Saúde foi meramente burocrática. Pior: em defesa própria, não da menina assassinada. Em nota lacônica, a Funasa informou que a Casai conta com vigilância 24 horas e equipe de enfermagem e fornece medicamentos, transporte e alimentação balanceada aos abrigados e acompanhantes. O menosprezo governamental seguiu-se com inexplicável silêncio da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Trazida da aldeia São Pedro, no município matogrossense de Campinápolis para tratamento no Hospital Sarah Kubitschek, Jaiya estava acompanhada da mãe, de uma tia e uma irmã mais velha. Nem o suposto amparo familiar nem a suposta segurança que a nota oficial fazia crer existir na Casai lhe valeram. Na verdade, a instituição se assemelha mais a depósito que a abrigo. As instalações são precárias, sujas e desgastadas, falta material de limpeza, os banheiros são coletivos (para homens, mulheres e crianças) e as pessoas dormem em camas e colchões velhos. Os relatos são de que os vigilantes nem sequer cobram identificação para acesso à área, nem conseguem conter as brigas comuns num espaço que hospeda variadas etnias.

O episódio remete de modo inevitável à bárbarie de 11 anos atrás, quando cinco jovens de classe média incendiaram e deixaram queimar até a morte o pataxó Galdino José dos Santos, que dormia numa parada de ônibus da W3 Sul. A lição a ser apreendida é que nem na capital da República os indígenas podem contar com a proteção do Estado. O ataque a Jaiya dentro da Casai prova o acerto da polêmica declaração do general Augusto Heleno, então comandante militar da Amazônia, quando disse recentemente que a política indigenista brasileira “é lamentável, para não dizer caótica”.

Kaiapós reivindicam melhorias no atendimento à saúde















Uma comitiva de 30 índios da Nação Kaiapó, todos vindos do Pará, foi recebida hoje em audiência pelo presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Danilo Forte, no auditório do órgão, em Brasília, essa tarde. Na pauta do encontro, os indígenas levantaram questões como a compra de carros, medicamentos e fiscalização maior sobre a ONG responsável pela Casa de Saúde Indígena (Casai) da área, a ONG Associação Beneficiente Monte Kaiapó (Abemoka).

Em resposta às indagações dos indígenas, Danilo lembrou que a parceria entre Funasa e a comunidade é de grande importância para o bom funcionamento do órgão no atendimento à saúde dos índios. “Estamos em comum acordo com vários pontos apresentados aqui. Vamos analisar os casos pedidos aqui juntos, para depois tomarmos uma decisão que possa ajudar todos”, disse o presidente, que fez questão de lembrar, antes de deixar a reunião, a importância dos índios na fiscalização dos serviços. “O maior fiscal da saúde indígena são vocês. Toda vez que recebemos denúncias procuramos tomar providências. O Brasil é muito grande para estarmos em todos os cantos ao mesmo tempo. Por isso peço a colaboração dos índios na hora de fiscalizar. Estamos sempre de portas abertas para ouvi-los”, concluiu.

Os kaiapós se queixaram que faltam medicamentos nas aldeias e que apenas uma Toyota velha está disponível para fazer o transportes dos índio doentes nas aldeias numa área maior que vários estados brasileiros.

Em ofício à Funasa, o deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA) hipotecou apoio às reinvindicações de melhor atenção à saúde indígena, solicitando que na próxima reunião do Fórum Permanente de Presidentes dos Conselhos de Saúde Indígena (Condisi) os pedidos sejam priorizados.
Segundo o último censo, 21 mil kaipós habitam em 34 aldeias do Sul do Pará.

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