Comentário do leitor que assina Nucleo13 sobre o post Governadora do Pará deve anunciar demissão de Chefe da Casa Civil destaca a análise feita por Leopoldo Vieira(ex-assessor de juventude da Casa Civil) titular do blog Juventude em Pauta, merece atenção de todos aqueles que estão acompanhando o turbulento momento político que passa o governo, pra quem não sabe, Leopoldo é ex-dirigente nacional da DS e ex dirigente do PT nacional na cota da DS:
O que faz Cláudio Pity no governo?
Essa certamente é uma pergunta que pode ter dois tipos de abordagem. Uma é constatar que apesar de toda áurea de competência e preparo que ronda o novo chefe da Casa Civil, a SEGOV até hoje não conseguiu explicar a existência administrativa dela. As câmaras de gestão são uma quimera e as políticas públicas mudancistas, no que é estruturante e essencial, já estão no nível do “só acredito vendo”. Com certeza essa esterilidade em matéria de capacidade de gestão não é da governadora e sim de quem ela responsabilizou realizar a tarefa.
Parcos projetos mais visíveis dos quais a SEGOV se encarrega possuem uma concepção ineficaz ao foco que pretendem, como o ProCampo, ou estão no limiar do fracasso retumbante, como o FSM 2009, cuja infra-estrutura para a realização ainda está no entusiasmo e a equipe responsável está longe de ter sequer uma estabilidade ou acertar o passo.
Quanto a esse “não disse a que veio” da SEGOV não há dúvida. Qualquer conversa de corredor expressa uma informal “pesquisa qualitativa” do desempenho do secretário, só contestado por seus evidentes aliados de academia, cuja função, por motivos desconhecidos, tem sido de propagar, repito, a mitologia da competência deste. Mas brigar com a realidade tem limites e pouco a pouco essa tese será insustentável. Todavia, não é sobre essa obviedade que pretendo me ater e sim sobre o que fez até agora o ex-secretário de governo enquanto deixou a gerência do governo aos “ratos” (ou seria sem aspas?).
Logo após a vitória da governadora, “Cláudio” desejava assumir a então poderosíssima SEPOF. “Famoso quem” na DS e sem o prestígio de Carlos Guedes, acabou mandado para a SEGOV, cujas super-funções nunca se materializaram, seja pela incompetência depois revelada, seja porque, não gostando de sua alocação, já tratava, no presente, a SEGOV como passado.
Considerando-se inteligente politicamente (outro mito que desvendaremos adiante), “Cláudio” rapidamente entrou em ação para derrubar Carlos Guedes. Articulou a mutilação da SEPOF, subtraindo-lhe a diretoria do tesouro.
O argumento era de que planejando, orçando e executando, Guedes seria uma espécie de “primeiro-ministro”, que não precisaria de nenhum outro secretário para “governar”. Com dinheiro e plano na mão, Guedes tornaria supérfulas a SEGOV e a própria Casa Civil. Afinal, quem planeja e executa, é bem mais atraente para gerenciar e fazer articulação política. O resultado disso todos conhecem.
Guedes caiu e o adjunto de Puty na moribunda SEGOV assumiu a, agora, SEPLAN. Como foi dele a indicação do secretário da SEFA, o plano estabelecido estava consolidado. Controlando o planejamento e finanças através de dois operadores bem intencionados, mas usados como “inocentes úteis”, faltaria para Cláudio Puty eliminar apenas o Chefe da Casa Civil.
Uma pequena lembrança sobre uma área estratégica de governo resultou na queda da reconhecida jornalista Fátima Gonçalves: as contas publicitárias do governo e a versão sobre o desempenho da gestão à opinião pública. Fábio Castro, colega de academia, foi sacado na direção da Câmara de Políticas Sócio-Culturais da SEGOV para a CCS, futura SECOM.
Por que se movimentou assim?
Alguns creditam ao enorme ego do secretário, da linhagem “estrela solitária”. Outros, mais realistas, afirmam que “Cláudio” é de um time existente no governo que vê a governadora como incapaz, que precisa de gente que faça e pense por ela enquanto perde tempo com “futilidades de mulher”.
Combinados os dois elementos, Puty nos revela a verdade do seu projeto: ser ele o “primeiro-ministro”. Ainda terceiros, ousam ir além: ele teria vontade de ser, já, o sucessor da governadora, o que não é improvável, pois todos sabemos que não foi o “povo” que plantou nos jornais e blogs notinhas cogitando ele como o “renovador” nome petista candidato à prefeito de Belém.
Para criar uma rede confiável de apoiadores dentro do governo, para endossarem as opiniões dadas por ele à governadora, criando um ambiente de “opiniões sensatas” ou “coerentes”, Puty avançou sobre a SEDUC.
Mas, por que “Cláudio” operou essa “academicização” do governo?
Elementar: indicar aliados políticos seria perigoso por uma certa reflexão estratégica e uma certa “natureza comportamental” dos políticos profissionais, já amigos de faculdade não questionam as posições do líder realmente político – principalmente por que os colocou ali, engrandecendo currículos. O perfil técnico se concentra no foco de seu trabalho específico, conforme a temática das pastas que ocupa, deixando-o livre para fazer a política que bem entenda.
Para comprovar o que digo apresento dois fatos. Em 2007, Carlos Guedes sustentava que a opção de dar 9.8 (e não dois dígitos) de aumento aos servidores seria cautelar. Dois dígitos só em 2008. José Júlio afirmou à bancada do PT que este ano seria inevitável enfrentar uma greve de servidores porque o aumento a ser oferecido seria irrisório. Fátima Gonçalves torcia por um publicitário que não apenas prestasse serviço, mas discutisse a linha política de propaganda do governo. Fábio Castro quer distância disso. O que esses fatos nos dizem? Políticos, Guedes e Fátima queriam refletir sobre a estratégia política de governo, já José Júlio e Fábio Castro apenas realizam “bem” suas gestões do ponto de vista técnico.
Por que mirar a Casa Civil?
Por que a SEGOV, caso conseguisse superar sua esterilidade como gestor, no máximo lhe daria o já obtido reconhecimento acadêmico e respeito na intelectualidade. A Casa Civil lhe daria projeção pública, por ser a própria área política do governo. Alojado ali, ele teria contatos mais “íntimos” com lideranças públicas da política, de diversos partidos e poderia provar suas habilidades como político e não somente como um estudioso de gestão que pratica bem o que estuda.
Aqui abrimos um parêntese: a sinistra influência de Tatiana Oliveira sobre o então secretário de governo. Vaidoso ao extremo e abalado pelo fim de um casamento, que, convenhamos, abala qualquer ser-humano, fragilizando emocionalmente e psicologicamente, diz-se que ela passou a elaborar listas de admissão e exoneração do governo.
Liderança da socialmente insignificante Marcha Mundial das Mulheres/PA (cujo credenciamento na recente Conferência de Mulheres sequer foi aceito, dada a “relevância” do grupelho fundamentalista), não à toa, dos sete estagiários que formam a equipe do ProCampo, ela indicou seis, dentre os quais quatro mulheres da tal MMM. O processo que estou movendo contra ela por difamação e calúnia levou-me à opção de afastar-me do governo para condena-la exemplarmente perante a sociedade sem envolver de forma irresponsável o nome da governadora na baila (como já envolviam, inclusive indicando como o advogado de defesa da moça um rapaz lotado na assessoria jurídica do gabinete).
Furioso pela minha atitude invergável de não trocar minha permanência no governo pela retirada da ação, “Cláudio” passou a perseguir todos que não comungavam de sua concepção imatura de resolver problemas político-pessoais através de métodos administrativos, todos os que reconheciam a questão como problema jurídico e não político, todos que não confundem coisa pública com coisa privada.
Juntando a vontade de ser Chefe da Casa Civil com o fato de que Charles Alcântara era um desses homens que pensam a política como grandes causas e não como “cama, mesa e banho”, Puty traçou a investida dele, orquestrando juntamente com Joaquim Soriano, secretário nacional de formação política do PT, a derrubada de Charles. Para isso, Joaquim passou 48 horas clandestinamente costurando, sem qualquer contato com o Chefe da Casa Civil, numa atitude suja, desrespeitosa com o trabalho desenvolvido por Charles e sem sequer considerar que ele é dirigente estadual da DS paraense. Ou seja, o principal dirigente nacional da DS operou no esgoto, sem qualquer diálogo com a tendência que ele mesmo diz organizar em território nacional.
Cabe lembrar que Puty e Soriano sempre se apresentaram como "amigos" e " bons camaradas" de Charles Alcantara. Enquanto por trás tramavam a queda dele. Sabe-se também que Joaquim Soriano almejava a algum tempo sair da executiva nacional do PT, na qual assume funções secundárias há mais de dez anos. Foi cogitado para assumir o ministério do desenvolvimento agrário, porém, ao contrário da bela foto plantada no Diário do Pará, na qual aparenta ser muito próximo do presidente Lula, ele foi barrado no baile. De lá para cá, sob a desculpa de " dar rumo" a DS estadual, surgem rumores de que ocuparia alguma função no governo, o que só seria superado em bizarrice, caso José Dirceu tivesse saído da Casa Civil do Governo Federal para se tornar chefe de gabinete do governo do Piauí, por exemplo.
As versões que atribuem a saída de Charles a divergência quanto à política de alianças são inverídicas. Jamais houve dúvidas quanto a coalizão com o PMDB na direção do governo. A própria DS votou a favor disso na executiva estadual do PT. E essa relação jamais foi tema de debates no interior da tendência, inclusive em sua Conferência Estadual recentemente realizada, da qual Puty sequer participou, o que o deixou de fora da direção local da tendência. Essa "ausência" não fora obra de qualquer movimentação para alijá-lo e sim do desprezo que sempre demonstrou pelos fóruns internos da DS paraense. Se Soriano discordava da linha de governo e encontrou em Puty o agende submisso da DS local a sua mano de hierro (tipinho rastejante que não fazia parte do perfil "charlista"), isso só justifica a operação ter sido clandestina, silenciosa e golpista, tramada contra a prória DS e sua direção local. Quanto a mim, Soriano já decretou que a DS engula a minha expulsão dos seus quadros.
Ao cabo, "Cláudio" galgou o que sempre pretendera tomar de Carlos Guedes para si: o controle do plano, orçamento, execução, gestão e articulação política do governo. Mas, o que esperar dessa era Putyana que se abre? Boçalidade, arrogância, estreiteza, truculência, intolerância, rasteiras, auto-promoção e sua tradicional incompetência.
Se considerando politicamente inteligente demais, imagina que as pessoas não perceberão esse controle que possui do governo, ávido por elogios quanto à sua habilidade política.
Na política, metaforicamente, Puty está há anos luz de ser representado por um " cavaleiro Jedi", um Vito Corleone ou um Gandalf (de "O Senhor dos Anéis"). Está muito próximo, sim, do orgulhoso " mestre Windu", do truculento e breve Sonny Corleone e do engraçado personagem Sméagol, o Gólum.
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