Morre o governador de Roraima, Ottomar Pinto

Morreu nesta terça-feira, aos 76 anos, o governador de Roraima, Ottomar de Sousa Pinto. Segundo informações da Coordenadoria de Comunicação do Governo de Roraima, ele estava em Brasília e foi levado para o Incor na tarde desta terça-feira, assim que passou mal no quarto do hotel após almoçar.

Ottomar Pinto era oficial brigadeiro e filiado ao PSDB. Foi o primeiro governador eleito do Estado de Roraima (1991-1994), no qual exercia o terceiro mandato como governador, foi reeleito em 2006 com 62,40% dos votos válidos.

Aguarda-se o laudo do hospital para que se confirme a causa da morte, provavelmente por infarto. O vice-governador, o engenheiro civil José de Anchieta Júnior, deve assumir o comando de Roraima.


Mais no UOL

Relator do Orçamento pede investigação de preço de obras





Deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) listou valores acima do razoável no PPA

O relator-geral do Orçamento de 2008, deputado José Pimentel (PT-CE), enviou hoje ofício ao presidente da Comissão Mista de Orçamento, senador José Maranhão (PMDB-PB), pedindo que requeira ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria nos custos das obras citadas como irregulares pelo deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA). Queiroz divulgou ontem uma lista de obras rodoviárias e ferroviárias que teriam valores exorbitantes na proposta orçamentária de 2008.

No ofício, Pimentel ressalta que essas obras foram incluídas no projeto de lei orçamentária pelo Poder Executivo e não pelo Congresso Nacional. O relator criticou o tratamento dado pela imprensa às denúncias, que teriam colocado sob suspeita os integrantes da comissão.

Ele afirmou que apenas uma emenda de bancada estadual foi incluída pelo relator de Infra-Estrutura, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), em uma obra citada por Giovanni Queiroz. A bancada de Mato Grosso do Sul apresentou emenda de R$ 50 milhões para a construção de anel ferroviário em Três Lagoas, mas foi atendida em apenas R$ 10 milhões. Segundo ele, esta redução já atende aos padrões de custo aprovados na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2008.

Providências

No documento, ele também pede providências sobre as denúncias ao Comitê de Avaliação de Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades, vinculado à comissão. Ele solicita ainda ao presidente da Comissão de Orçamento que envie esclarecimentos sobre o caso aos presidentes da Câmara e do Senado, ao Ministério Público, ao Ministério do Planejamento e à Controladoria-Geral da União (CGU).

O relator explicou, no entanto, que as dotações constantes da proposta orçamentária ainda dependem de licitações públicas e empenhos para serem liquidadas. "Não cabe a nós, do Congresso, ter previamente essa posição. Até porque os órgãos de controle, no caso a Controladoria-Geral da União, têm uma atuação muito forte nessas questões", afirmou o relator-geral.

Já o deputado Humberto Souto (PPS-MG), integrante da Comissão Mista de Orçamento, defendeu a realização de uma audiência com Giovanni Queiroz e com o procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, sobre entrevista que teria dado ao jornal O Globo relacionando o caso com o pagamento de propinas a parlamentares. "Eu acho que ele tem que ser convocado para dizer quem recebeu propina. Eu acho que essas coisas têm que ir a fundo. Não pode passar a mão na cabeça de ninguém. Tem que saber quem é que recebe propina no Congresso Nacional, se é que recebe. Não pode dizer isso no jornal e ficar por isso mesmo", afirmou.

Leia mais:Comissão inverte pauta e vota relatório de Poder de Estado

Deputado quer esclarecer denúncias sobre dotações em obras

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Simon diz que Garibaldi representa "continuísmo" e o "PMDB de Renan, Jader e Sarney"



















Fotógrafo: J. Freitas - Agência Senado



GABRIELA GUERREIRO


da Folha Online, em Brasília

Depois de ser derrotado pelo senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) na disputa pela indicação do PMDB à presidência do Senado, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) não escondeu nesta terça-feira a irritação com a escolha do colega. O peemedebista garantiu, no entanto, que não pretende lançar sua candidatura avulsa no plenário da Casa -- embora considere Garibaldi como o "continuísmo" do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência da Casa.

"Esse não é o meu PMDB. Esse é o PMDB do [José] Sarney, do Renan, do Jader [Barbalho]. E para a surpresa de todos, também é o PMDB do presidente Lula. O nome já estava escolhido, só faltava votar. Não fui escolhido porque não tive o apoio do governo", afirmou.

Simon garantiu que, apesar de ter o apoio de um grupo suprapartidário de senadores, vai respeitar a escolha do PMDB pró-Garibaldi. "Eu sou um franciscano, não vou disputar", disse.

Fotógrafo: José Cruz
O peemedebista afirmou, apenas, que pretende subir à tribuna do Senado para pedir explicações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as resistências ao seu nome. "Eu vou pedir da tribuna para que o Lula venha ao Senado explicar porque eu não sou confiável."

Garibaldi, por sua vez, disse que confia na palavra de Simon de não lançar sua candidatura avulsa à presidência da Casa. "Eu agradeço ao senador Simon pelo fato não apenas de ter disputado, mas pelo fato de que tratou de declarar que não irá ao plenário para a disputa."

O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), também disse acreditar no compromisso de Simon de não lançar candidatura própria à presidência da Casa. "O Pedro Simon é um homem de partido, eu o respeito. É um homem de palavra. Se falou que não é candidato sem o apoio da bancada, vai manter o que disse", afirmou Raupp.

Como o PMDB reúne a maior bancada do Senado, com 20 parlamentares, tem a prerrogativa de indicar o novo presidente da Casa. A oposição, porém, não descarta lançar candidato próprio na disputa se não concordar com a indicação de Garibaldi. DEM e PSDB devem definir ainda nesta terça-feira sobre o apoio, ou não, ao nome do peemedebista.

Supostas irregularidades em obras previstas no Orçamento 2008 causam polêmica

Deputados da Comissão Mista de Orçamento divergem sobre supostas irregularidades em obras previstas no Orçamento da União para 2008. O deputado Giovanni Queiroz, do PDT paraense, denunciou a existência de dotações exorbitantes no projeto da lei orçamentária do próximo ano, encaminhada pelo governo.

Segundo ele, alguns custos unitários alocados para obras públicas são muito superiores aos valores de referência e de mercado. O deputado cita como exemplo a dotação de 10 milhões de reais por quilômetro para a construção do trecho rodoviário Esteio-Sapucaia, no Rio Grande do Sul. Ele sustenta que o custo de mercado é de apenas 800 mil reais por quilômetro. O valor da rodovia gaúcha estaria acima até mesmo do custo de referência adotado pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, o Sinapi, que é de um milhão e 760 mil reais por quilômetro. Giovanni Queiroz também questiona a previsão de 60 milhões de reais para o futuro prédio do Conselho Nacional de Justiça, sem especificação de quantos metros quadrados serão construídos. O deputado disse que estas distorções não podem ser mantidas no Orçamento da União.

"Dezenas e dezenas de obras estão ali colocadas, com valores altíssimos, sem que se possa avaliar o custo de metro quadrado dessas obras. Portanto, é uma irregularidade intolerável. Seria um cheque em branco que se passaria para esses órgãos, para essas unidades orçamentárias, que depois disporiam disso para fazer seus prédios, às vezes suntuosos com preços exorbitantes."

O deputado Giovanni Queiroz encaminhou as denúncias para o comando da Comissão Mista de Orçamento. Ele também pediu ao Tribunal de Contas da União informações sobre os preços médios praticados nos últimos anos nas obras civis e rodoviárias com recursos públicos. Já o Comitê de Avaliação de Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades, um dos órgãos da Comissão de Orçamento, ainda não detectou falhas nos exemplos citados por Queiroz. O coordenador do comitê, deputado Eduardo Valverde, do PT de Rondônia, garantiu que obras irregulares não vão receber recursos da União.


De Brasília, José Carlos Oliveira (Rádio Câmara)

Tião Viana: "este será um longo dia"



























O presidente interino do Senado, Tião Viana, concede entrevista. Fotógrafo: J. Freitas - Agência Senado

"Será um longo dia, mas a Casa está preparada para isso, a Casa vive disso". A afirmação foi feita pelo presidente interino do Senado, Tião Viana, ao chegar nesta terça-feira (11) ao Congresso. Ele se referia à preparação dos parlamentares para as duas principais votações que os aguardam: a deliberação, em primeiro turno, da proposta que prorroga a CPMF e a eleição do senador que vai presidir a Casa até fevereiro de 2009.

De acordo com Tião Viana, esta será uma semana agitada, mas nada justifica a idéia de adiar a votação que poderá propiciar ao Executivo R$ 40 bilhões de recursos orçamentários para aplicar em serviços sociais e de saúde. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), defende o adiamento sob a alegação de que a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira não deve ser votada com o déficit de dois votos favoráveis à matéria - os dos senadores Roseana Sarney (PMDB-MA) e Flávio Arns (PT-PR), que estão doentes. Tião Viana manterá a votação.
- Eu manterei a matéria em Plenário para ser votada. Se houver um recurso regimental de impedir a votação, por redução de quórum, este será um recurso previsto no Regimento, e não aceitação minha. Porque acho que a Casa precisa de estabilidade, precisa ter muita firmeza naquilo que é pactuado entre as partes. E essa votação foi um acordo claro entre os líderes tanto do governo quanto da oposição.

Indagado se continua otimista quanto à prorrogação da CPMF, Tião Viana respondeu que essa não é uma questão que suscite otimismo ou pessimismo, porém realismo. Ele considera impossível que o governo, com toda a força política de que dispõe para tratar, em bases estritamente éticas, de uma questão que envolve saúde pública e programas sociais, não tenha êxito nesse embate com a oposição.

- Perder uma votação dessas, absolutamente, não me parece normal. Se a CPMF não for prorrogada, quem vai perder é a população, os governadores, os prefeitos, a rede hospitalar do Brasil, a estrutura de saúde do país. Eu acho que a discussão do fim de qualquer imposto é aceitável nesse país, menos o da CPMF, neste momento.

Também indagado sobre a escolha do candidato do PMDB para presidir o Senado pelo próximo ano, Tião Viana disse que até o momento em que chegava à Casa ainda havia um impasse entre os nomes de Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Pedro Simon (PMDB-RS).

- O que sei é que o senador Pedro Simon mantém sua candidatura dentro da bancada e deverá levá-la a Plenário. Enquanto isso, o PMDB entende que deverá haver apenas um candidato e trabalha, parece que em maioria, com o nome do senador Garibaldi Alves. É um assunto interno do PMDB, mas o candidato terá o apoio, acredito, da maioria da Casa.




Teresa Cardoso / Agência Senado

Superfaturamento de obra vai a 525%, indica relatório

O Estado de S. Paulo

11/12/2007

Quilômetro asfaltado chega a R$ 10 milhões em projetos sob responsabilidade do Ministério dos Transportes, enquanto preço de referência é de R$ 1,6 milhão

Relatório apresentado pelo deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) à Comissão Mista de Orçamento do Congresso aponta indícios de superfaturamento de até 525% nos projetos de adequação e construção de rodovias incluídos pelo governo federal no Orçamento de 2008. O custo de asfaltamento do quilômetro chega a R$ 10 milhões nas obras sob responsabilidade do Ministério dos Transportes, enquanto o preço de referência monitorado pela Caixa Econômica Federal é de R$ 1,6 milhão.

Entre as obras sob suspeita apontadas pelo pedetista está a construção do trecho sul do Rodoanel de São Paulo, para o qual o governo federal reservou R$ 300 milhões no Orçamento de 2008. Como o trecho tem uma extensão de 12 quilômetros, a assessoria técnica do PDT chegou a um custo de R$ 25 milhões por quilômetro.

No caso do acesso rodoviário ao porto de Salvador, o custo médio chega a R$ 30 milhões. Na implantação da avenida perimetral em Guarujá (SP), que fará a ligação com o Porto de Santos, esse custo é de R$ 15 milhões por quilômetro.

“São aberrações que eu nunca tinha visto no Orçamento”, disse Queiroz. Ele é o mesmo que detectou há uma década irregularidades na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo, que levou à prisão o juiz Nicolau dos Santos Neto.

Segundo o pedetista, os casos incluídos no relatório são apenas resultado de um levantamento por amostragem em parte do Orçamento. A análise dos técnicos não se restringiu aos novos trechos rodoviários em construção, abrangendo também as estradas federais em manutenção ou em adequação.

A maior parte das discrepâncias foram detectadas em trechos da Rodovia BR-101, que vai do norte ao sul do País. A adequação do trecho na Paraíba, por exemplo, estaria custando R$ 4 milhões por quilômetro, enquanto no Rio Grande do Sul chegaria a R$ 7,7 milhões - entre Osório e a divisa com Santa Catarina. Normalmente, de acordo com Queiroz, o custo cobrado pelas empreiteiras para esse tipo de serviço não passa de R$ 800 mil o quilômetro.

O relator do Orçamento para o ano que vem, José Pimentel (PT-CE), não quis se pronunciar sobre as denúncias e só se manifestará quando o relatório setorial de infra-estrutura, sob responsabilidade do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), for finalizado.

Já o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) contestou em nota as comparações de preços, dizendo que não levam em conta as características de cada obra e as eventuais desapropriações de terrenos. Segundo a nota, “o custo médio padrão refere-se a rodovias em pista simples” e não considera obras como pontes, viadutos, trevos, passarelas e drenagem profunda.

PROPOSTA

No total, a proposta orçamentária prevê R$ 28,8 bilhões para investimentos, sendo R$ 8,2 bilhões no âmbito do Ministério dos Transportes, R$ 3,9 bilhões no das Cidades, R$ 3,3 bilhões para a Defesa e R$ 2,9 bilhões para a Integração Nacional.

Além do Executivo, o Poder Judiciário também terá uma quantia considerável - R$ 710 milhões - para aplicar na compra de equipamentos e construção de prédios.

Os casos mais graves, segundo o próprio Queiroz, estariam nos prédios que estão sendo construídos pelo Judiciário, em que o Orçamento não apresenta sequer parâmetros para aferir os custos. “Estamos dando um cheque em branco para construir esses prédios sem saber o seu tamanho”, disse.

Comissão avaliará denúncia de valores superfaturados




Segunda-feira, 10 de dezembro de 2007 Pág. A12

Brasil

MARIA CLARA CABRAL


Objetivo é que TCU esclareça previsão de gastos

Integrantes da Comissão Mista do Orçamento para 2008 vão pedir apuração sobre previsões de obras estimadas em preços maiores do que os praticados no mercado. Querem que o Tribunal de Contas da União esclareça se há superfaturamento no projeto orçamentário e cogitam suspender as verbas até o fim das investigações.

A suspeita de preços elevados foi apresentada em cartas protocoladas pelo deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) e reveladas ontem pela coluna de Elio Gaspari, na Folha e em "O Globo". Elas apontam dúvidas principalmente na construção e manutenção de estradas.

Segundo Queiroz, o custo de referência usado pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil para a criação de rodovias é de R$ 1,76 milhão por quilômetro, enquanto no mercado obras semelhantes não saem por mais de R$ 800 mil. No entanto, o quilômetro do trecho Esteio-Sapucaia (RS), na BR-448, foi previsto no Orçamento de 2008 por R$ 10 milhões.

O deputado aponta ainda que a adequação de estradas tem como valor padrão R$ 1,6 milhão por quilômetro, mas que no acesso rodoviário ao porto de Itajaí (SC) o valor orçado foi de R$ 10 milhões.

O relator setorial de infra-estrutura, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), afirma que entrará hoje em contato com o presidente da comissão, senador José Maranhão (PMDB-PB), para que as investigações comecem imediatamente. Ele quer cruzar as informações de Queiroz com os trabalhos já realizados pelo TCU e pode até tirar de seu relatório as obras suspeitas.

O relator da proposta de Orçamento 2008, deputado José Pimentel (PT-CE), disse, por meio de sua assessoria, que ainda não recebeu o ofício do deputado Queiroz e que deve se pronunciar apenas após o conhecimento das denúncias.

Relator do Orçamento deve rever custo de obras




Segunda-feira, 10 de dezembro de 2007 Pág. 4

O País

Bernardo Mello Franco e Demétrio Weber

Denúncia diz que há 16 construções de estradas e ferrovias com preços até seis vezes maiores que o permitido

BRASÍLIA. O relator-geral do Orçamento de 2008, deputado José Pimentel (PT-CE), diz que os valores previstos para a construção de estradas e ferrovias na lei orçamentária do ano que vem poderão ser revistos, caso se confirme a denúncia do deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) de que há 16 obras com custos acima do legalmente permitido. Conforme noticiou ontem no GLOBO o colunista Elio Gaspari, a denúncia aponta que cada quilômetro da BR-448, no trecho Esteio-Sapucaia (RS), sairá por R$10 milhões, quase seis vezes maior do que o custo de referência estipulado na própria Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que é de R$1,76 milhão por quilômetro. Segundo Queiroz, o preço de mercado é ainda menor: R$800 mil por quilômetro.

- Se houver irregularidades, vamos ajustar os valores - disse Pimentel.

O relator afirmou, no entanto, que ainda não recebeu o ofício nº 253/2007, em que o deputado Queiroz fez a denúncia. Segundo ele, é preciso analisar caso a caso, pois os custos das rodovias são diferentes em cada região:

- O preço de construção de uma estrada varia de região para região. No Nordeste tem um preço; no Norte, se houver pedras no solo, tem outro.

O procurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, considerou a denúncia grave, mas disse que, por ora, o TCU e demais órgãos de fiscalização, como a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal, não têm o que fazer. Eles só poderão agir, segundo Furtado, após as fases de licitação e contrato.

- Vamos aguardar as licitações, os contratos e ver se os preços inflados vão se confirmar. O conserto cabe a quem elabora o Orçamento, a caneta está nas mãos do relator. Dá tempo de reduzir os valores - disse Furtado.

Queiroz informa que obras de adequação de trechos rodoviários têm custo de referência de R$1,6 milhão por quilômetro. A adequação do acesso ao Porto de Itajaí, na BR-101, em Santa Catarina, está orçada em R$10 milhões por quilômetro. No trecho rodoviário Santa Cruz-Mangaratiba, no Rio de Janeiro, o custo previsto é de R$7,7 milhões por quilômetro.

Segundo Queiroz, os preços de referência são estipulados pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), mantido pela Caixa Econômica Federal. É a própria LDO, espécie de lei pré-orçamentária, que determina a observância dos preços médios do Sinapi. Para ultrapassar os limites, seria preciso apresentar relatórios técnicos que justificassem o gasto extra.

Queiroz afirma que o custo de referência para a construção de ferrovias é de R$4,750 milhões por quilômetro, embora assinale que a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., empresa subordinada ao Ministério dos Transportes, trabalharia com preços menores - R$3 milhões por quilômetro. O deputado sustenta que a construção do contorno ferroviário no município de Campo Belo, em Minas Gerais, está orçado por R$10 milhões o quilômetro. O ramal ferroviário em Barra Mansa (RJ) sairia por R$8,6 milhões o quilômetro.

Lucas Furtado disse que a denúncia revela a falta de critérios técnicos na elaboração do Orçamento:

- Se houvesse uma real vontade de melhorar o combate à corrupção, seria preciso mudar todo o sistema de elaboração e execução orçamentária. A gente não sabe os critérios. A impressão é que tudo é feito para permitir que membros da Comissão Mista de Orçamento possam cobrar doações de campanha, o que, em linguagem penal, é cobrar propina de empresário.

Hoje Pimentel espera receber o relatório setorial de infra-estrutura, um dos dez que compõem o Orçamento da União para 2008. O sub-relator, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), é o único que ainda não entregou o documento.

Comissão Mista pedirá apuração sobre obras

Integrantes da Comissão Mista do Orçamento para 2008 vão pedir apuração sobre previsões de obras estimadas em preços maiores do que os praticados no mercado.

Querem que o Tribunal de Contas da União (TCU) esclareça se há superfaturamento no projeto orçamentário e cogitam suspender as verbas até o fim das investigações.

A suspeita de preços elevados foi apresentada em cartas protocoladas pelo deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) e reveladas pelos jornais O Globo e Folha de São Paulo. Elas apontam dúvidas principalmente na construção e manutenção de estradas.

Segundo Queiroz, o custo de referência usado pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil para a criação de rodovias é de R$ 1,76 milhão por quilômetro, enquanto no mercado obras semelhantes não saem por mais de R$ 800 mil.

No entanto, o quilômetro do trecho Esteio-Sapucaia (RS), na BR-448, foi previsto no Orçamento de 2008 por R$ 10 milhões.

O deputado aponta ainda que a adequação de estradas tem como valor padrão R$ 1,6 milhão por quilômetro, mas que no acesso rodoviário ao porto de Itajaí (SC) o valor orçado foi de R$ 10 milhões.

O relator setorial de infra-estrutura, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), afirma que entrará, hoje, em contato com o presidente da comissão, senador José Maranhão (PMDBPB), para que as investigações comecem imediatamente. Ele quer cruzar as informações de Queiroz com os trabalhos já realizados pelo TCU e pode até tirar de seu relatório as obras suspeitas.

O relator da proposta de Orçamento 2008, deputado José Pimentel (PT-CE), disse, por meio de sua assessoria, que ainda não recebeu o ofício do deputado Queiroz e que deve se pronunciar apenas após o conhecimento das denúncias.

Impunidade no TCU: 15 anos para julgar um processo

POLÍTICA
Sem data prevista
Lúcio Vaz - Da equipe do Correio

Auditoria

Multas aplicadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) levam mais de 15 anos para serem julgadas. Recursos protelatórios e falta de profissionais qualificados atrasam a recuperação dos recursos públicos

No último dia do governo Sarney, em 28 de fevereiro de 1990, a Companhia de Financiamento da Produção (CFP) firmou acordo que resultou no perdão de 57% do valor da dívida da Sociedade Algodoeira Maria Amélia. Em agosto deste ano, 17 anos mais tarde, o Tribunal de Contas da União (TCU) aplicou débito de R$ 51 milhões ao ex-presidente da CFP, Orlando Roriz, e mais três ex-diretores da estatal, para recuperar os supostos prejuízos causados aos cofres públicos. Mas eles já apresentaram “recurso de reconsideração” e anunciam que vão recorrer à Justiça se perderem de novo. Avaliam que a decisão final sairia em cinco ou 10 anos. Qualquer que seja o veredito, Orlando Roriz avisa: o seu patrimônio disponível não chega a 1% desse valor.

O caso não é exceção no TCU. O excesso de recursos protela as decisões durante anos. Entre 8.807 processos com sentença definitiva analisados pelo Correio, 1.805 tramitaram em prazo entre cinco e 10 anos. Outros 174 foram concluídos em mais de 10 anos. Foram necessários 14 anos para julgar pelo menos 14 processos. O mais longo durou 18 anos e 10 meses. Condenou sete servidores do extinto Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) por concessão fraudulenta de aposentadorias.

Relatório das atividades do TCU apenas no 3º trimestre deste ano registra a aplicação de multas e débitos a 476 responsáveis, no valor total de R$ 182 milhões. Os débitos de apenas três processos somam R$ 90 milhões. Os números são expressivos, mas a análise desses casos mostra que será difícil recuperar o dinheiro desviado. Isso também não é novidade. Segundo as estatísticas do tribunal, apenas cerca de 2% das multas e débitos aplicados são recuperados. Na lista dos novos devedores estão políticos, servidores públicos de altos escalões e empresas que nem existem mais.

Orlando Roriz, ex-prefeito de Luziânia, hoje com 74 anos, tem disponível para ressarcimento da dívida a casa onde mora, no centro da cidade, e mais “uma casa velha”. Ele também tem uma fazenda, mas informa que “está hipotecada” numa ação em que foi fiador. Se perder o último recurso no TCU, vai recorrer à Justiça. “Ah! Temos que ir, porque nenhum de nós tem condições de pagar”, comenta Orlando, primo do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz.

Previdência
As fraudes contra a Previdência continuam. No último trimestre, só a ex-servidora Verônica Vieira de Souza foi responsabilizada por débitos no valor total de R$ 15,8 milhões. Ele incluiu dezenas de pessoas na folha de pensões do Ministério da Fazenda entre 1993 e 1998. Algumas pessoas cediam seus nomes para receber o benefícios em troca de metade da pensão. A outra metade era da servidora. Mas ela não vai pagar nada. Já morreu. Os beneficiados vão responder solidariamente por cerca de R$ 16,5 milhões.

Em 1997, a prefeitura de Humaitá (AM) celebrou convênio com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para obras de recuperação na BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, entre os Kms 606 e 640. O contrato, valor aproximado de R$ 11 milhões, foi firmado com a empreiteira Britex. Após uma auditoria preliminar, o processo foi transformado em tomada de contas especial em 2003. Em julho deste ano, o TCU aplicou débito de R$ 23,7 milhões ao ex-prefeito Renato Pereira Gonçalves, a engenheiros e fiscais da prefeitura e à empreiteira Mangaval, de propriedade de um dos sócios da Britex.

O tribunal apontou irregularidades como revestimento com qualidade e espessura inferiores às registradas no diário de obras e existência de rachaduras na camada superior do asfalto. O prefeito afirma que a prova da sua inocência é que a estrada está em operação até hoje. E avisa que voltará a disputar a prefeitura de Humaitá no próximo ano, com uma ressalva: “Não vou disputar, vou ganhar, porque o povo quer me eleger”. Sobre a empreiteira que fez a obra, informa: “A Britex desapareceu. O dono ficou maluco, brigou com os sócios e criou a Mangaval”.

Silêncio
Outro débito de grande porte, no valor de R$ 11,8 milhões, foi aplicado a Renato Pereira Simões, ex-secretário de Ação Social do Rio de Janeiro, por “malversação de recursos” do seguro-desemprego. Os recursos foram liberados pelo Ministério do Trabalho em 1995. Após várias tentativas infrutíferas, o TCU conseguiu citar o responsável em outubro de 1999. “Considerando que ele se manteve em silêncio e estando caracterizada a situação de revelia do responsável”, o tribunal decidiu pela irregularidade das contas de Simões em agosto deste ano.

O ex-deputado Wigberto Tartuce (PP) recebeu, em agosto, débito de R$ 2,2 milhões por irregularidades na execução do programa de educação profissional financiado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) no Distrito Federal, em 1999. Foram aplicados R$ 24 milhões por intermédio de 50 entidades. “Todo mês eu recebo um ou dois novos processos. Demora porque desmembraram em 72 processos. Só para tirar cópia eu levo 15 dias”, protesta o ex-parlamentar. Ele afirma que, após tudo concluído no TCU, vai recorrer à Justiça. Outro político condenado pelo tribunal foi Antônio Belinati, ex-prefeito de Londrina (PR). Ele terá que pagar R$ 1 milhão por desvio de recursos da merenda escolar no município em 2000. Hoje, ele é deputado estadual pelo PP do Paraná.

Vício
O processo sobre a construção de uma unidade mista de saúde em Goiandira (GO) chama atenção não pelo valor debitado ao ex-prefeito Neusmar Vaz de Santana (R$ 543 mil), mas pela sua morosidade. O convênio com o Fundo Nacional de Saúde foi firmado em 1993. Já em 1995, auditoria do ministério apontou irregularidades como redução da área da obra de 1.332 metros quadrados para 440 metros quadrados, superavaliação do terreno e vício na licitação. Foi apresentada a defesa do ex-prefeito, mas novas diligências do ministério teriam sido cumpridas somente após seis anos.

A primeira decisão da Segunda Câmara do TCU saiu em 2005. Após três tentativas de notificação, o acusado foi informado do débito por edital, mas não recolheu a quantia devida. Em julho deste ano, as contas de Santana foram julgadas irregulares.

No 3º trimestre, o TCU aplicou 476 multas no valor de R$ 182 milhões

Apenas 2% das multas aplicadas costumam ser recuperadas pelo governo

Cunha espoliadora




OPINIÃO

OSIRIS LOPES FILHO

Advogado, professor de direito da UnB, ex-secretário da Receita Federal
osirisfilho@azevedolopes.adv.br

Como irmãs siamesas, a CPMF e a DRU vão sendo examinadas juntas, no propósito prorrogacionista. A CPMF, enganadora e perversa, atrai as atenções. A DRU, como não ataca diretamente o bolso e os caixas dos contribuintes, segue discretamente ignorada.

A DRU constitui a última versão de outros institutos financeiros que a antecederam e desviavam recursos tributários de suas finalidades, estabelecidas pela Constituição ou pela lei, em prejuízo das finanças estaduais e municipais. Inicialmente, a cunha desviacionista foi denominada de Fundo Social de Emergência, nome pomposo a mistificar o seu funcionamento. Não era fundo, não obedecia à sua destinação social, eis que até marmelada foi comprada com sua receita, e sua prorrogação destoava do seu caráter provisório.

Desgastada, substituiu-se a sua denominação por Fundo de Estabilização Fiscal, que encerrava maior aproximação com seu funcionamento e destinação. Havia uma amputação da partilha constitucional, em prejuízo dos estados, Distrito Federal e municípios, pois os 20% dos impostos e contribuições que estavam destinados ao Fundo de Estabilização Fiscal eram retirados em primeiro lugar, só então se realizando a partilha da arrecadação com os entes federados. Constituía dreno nos recursos, previstos pela Constituição, a serem partilhados com aqueles entes federados, por meio dos Fundos de Participação dos Estados, do Distrito Federal e o dos Municípios.

A nova versão desse desvio de recursos tributários, sob a denominação de DRU, representou vitória dos interesses estaduais e municipais contra a forma abusiva como se prejudicavam as finanças dos entes federados. Passou-se a respeitar a partilha constitucional de receitas tributárias, destinando os recursos aos Fundos de Participação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na integralidade e, somente após essa distribuição, é que se aplica o desvio de recursos estabelecidos pela DRU.

A DRU atualmente consiste em mecanismo financeiro que propicia o desvio de 20% da arrecadação de impostos e contribuições de competência da União para atender a despesas gerais da União. Na realidade, o desvio que se coloca na arrecadação da União destina-se a compor o bolo de recurso que formará o superávit primário, denominação artificial, imposta pelo FMI, para mascarar o que é exatamente o seu contrário, um déficit. É que se apura tal superávit considerando-se receitas e despesas, sem computar o pagamento pela União dos juros decorrentes da dívida pública.

Felicidade geral. Da banca internacional e dos rentistas, credores da União, por receberem os juros; do governo federal, por merecer o diploma de bom comportamento financeiro do FMI; e do presidente Lula, por reversão das expectativas, ser homenageado nos círculos internacionais.

A existência da DRU, pela amputação que produz na arrecadação das contribuições, tem levado a União, titular da competência para institui-la, a manipulá-la como se fosse imposto. No âmbito da DRU, valeria a pena, junto com a prorrogação, prever a sua extinção gradativa.

São os efeitos negativos que ela provoca: conduz a União a elevar a carga tributária por seu intermédio para dispor de recursos extras, sem dividi-los com os outros entes federados; estimula a criação de tipos tributários, pois o STF admitiu que a rigidez da competência tributária é relativa apenas aos impostos, propiciando, por conseqüência, a guerra tributária da União ao invadir as bases econômicas do ICMS e ISS, com PIS e a Cofins, em prejuízo dos estados, Distrito Federal e municípios.

Além disso, a DRU capa recursos tributários vinculados a finalidades estratégicas. Por exemplo, se toda a arrecadação da Cpfins e do PIS fosse direcionada à sua finalidade, haveria menos crise na saúde, previdência e assistência social, decorrente da falta de recursos; a própria Cide dos combustíveis, se a sua arrecadação fosse integralmente utilizada nos seus fins, proveria recursos para manutenção das estradas do país, evitando-se a necessidade de privatização, que acarreta com seus pedágios a elevação dos custos de transporte.

Mantida a DRU, seguramente haverá tentativas para elevar o seu patamar de 20% para 40%, para dar maior liberdade de programação orçamentária à tecnocracia financeira. A DRU representa rendição aos interesses financeiros internacionais e menosprezo ao atendimento dos objetivos relevantes, estabelecidos na instituição das contribuições. Merece morte lenta e gradual mas inexorável.

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