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Carlos Malta é o novo convidado da Indústria Brasileira no projeto Engate a Quinta
















O multinstrumentista Carlos Malta é o novo convidado da Indústria Brasileira no projeto Engate a Quinta. O músico carioca sobe ao palco do Espaço Brasil Telecom no dia 12 de junho, junto com Marcus Moraes (violão), Rafael Black (bateria), Wawa (baixo) e Esdras Nogueira (saxofone) para homenagear Pixinguinha.

Malta, que já tocou com personalidades consagradas da MPB como Hermeto Pascoal e Gilberto Gil, é um auto-didata e, como tal, desenvolveu um estilo de compor e arranjar totalmente original e criativo. Seus conhecimentos sobre os instrumentos de sopro fazem com que sua arte em multiplicar os sons seja retratada através dos arranjos com fidelidade e criatividade.

Em carreira solo desde 1993, Carlos Malta foi arranjador em álbuns de Gal Costa, Guinga, Ivan Lins, Lenine e Arturo Sandoval. Sempre em busca de novos projetos apresentou-se com a Orquestra Jazz Sinfônica, Orquestra Sinfônica de Brasília e a Orquestra Sinfônica da Petrobrás Pró-Música, do Rio de Janeiro.

De acordo com o crítico musical José Domingos Rafaelli (jornal O Globo), Malta "foge da mesmice e do lugar comum", acrescentando que o músico influencia o mundo por meio de seu sotaque brasileiro: "Um estilista, um perfeccionista que magnetiza o ouvinte com suas múltiplas sonoridades".

Carlos Malta na internet.

Dia: 12 de junho

Horário: 21 horas

Preços: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) para estudantes, professores, aposentados, funcionários da Brasil Telecom e clientes pós-pago Brasil Telecom.

Vendas no site www.espacobrasiltelecom.com.br e na bilheteria do Espaço.

Jazz: a eterna paixão dos franceses


Jazz: o elogio da diversidade

Foi na França, sob os dedos do guitarrista de origem cigana Django Reinhardt, que nasceu, nos anos 30, a idéia de um jazz original, libertado do modelo americano.

Sete décadas depois, o jazz continua em plena forma na França e seu único problema é a diversidade e a extensão de sua oferta estética.



Julien Lourau
Especialidades: Acreditávamos estar acabada a época em que o jazz francês resumia-se à guitarra manouche (cigana) e ao acordeão swing. Eis que eles estão de novo nos palcos. Nas mãos de gerações que cresceram na tradição, porém expostas à diversidade do mundo moderno refletida na obra polimórfica de Bireli Lagrène: a guitarra manouche tirou proveito das afinidades com a canção francesa (Sanseverino) e da irrupção, ao seu lado, de um acordeão totalmente descomplexado para reivindicar sua herança popular, com o estilo New Musette de Richard Galliano. Este último mostrou a seus numerosos discípulos o caminho para um acordeão cosmopolita, trilhando de novo as estradas que percorreu o instrumento, no inicio do século XX, quando se dispôs a conquistar o mundo, do Brasil aos Bálcãs.

Mestiçagens: Paris é o lugar onde todos os caminhos se cruzam. Vem gente dos quatro cantos da Europa e dos Estados Unidos para recrutar baixistas, bateristas e percussionistas africanos, antilheses ou magrebinos, enquanto outros vêm confrontar suas raízes com outros ritmos (como o guitarrista Nguyen Lê, de origem vietnamita, com seu conjunto Maghreb & Friends). É nessa capital musical acolhedora que se encontram o italiano Paolo Fresu, o húngaro Gabor Gado, o belga Davide Linx ou o pianista bósnio Bojan Z (de Zulfikarpasic), que iniciou nos ritmos balcânicos o saxofonista Julien Lourau. Este último acaba de lançar, em 2007, Vs Rumbiaberta, um disco de rumba cubana gravado com músicos latinos que se encontraram na capital francesa.

Padrinhos: Entre os veteranos que mantêm contato com as novas gerações, encontramos um italiano (Ricardo del Fra) e um suíço (Daniel Humair). O primeiro, ex-baixista de Chet Baker e atual diretor do curso de jazz do Conservatório Nacional Superior de Paris, reuniu, no âmbito do Jazzoo Project, alguns dos mais brilhantes de seus ex-alunos. O segundo mergulha sua bateria na fonte da juventude de seu Baby Boom: o guitarrista Manu Codja , o contrabaixista Sébastien Boisseau, os saxofonistas Mathieu Donarier e Christophe Monniot são representantes de uma nova guarda que, seguindo o modelo do padrinho, privilegia a elegância do gesto e a exigência da forma, longe dos dogmas vanguardistas e da timidez dos tradicionalistas.

Capital: As casas noturnas parisienses são locais de confrontos e confraternização entre os herdeiros dos grandes modelos do jazz americano (Pierrick Pédron), liberados (irmãos Belmondo) e meio malucos (Le Sacre du Tympan). Recentemente, surgiram as mulheres, como maestrinas ou virtuoses de instrumentos de reputação viril como o trompete (Airelle Besson) ou a bateria (Anne Paceo). Numa noite, podemos descobrir ao acaso a saxofonista Géraldine Laurent tocando entre as mesas de um bar de bairro. No dia seguinte, seu nome corre de boca em boca. Em janeiro de 2007, ela partiu para Nova Iorque como representante da França em encontros internacionais e está no sumário do New York Times.





Géraldine Laurent





Biréli Lagrène





Regiões: Outros preferem manter-se distantes das pressões da capital com o objetivo de preservar sua independência. Foi na qualidade de filho da região de Gex (Jura, no leste da França) e de freqüentador da cena eletro-hip-hop de Lausanne que Erik Tuffaz criou, longe de Paris, o quarteto que se tornou uma das locomotivas do legendário selo Blue Note. Assim, da mesma forma foram criados cenários originais em Marselha, Lyon, Mâcon, Lille, etc. Nantes é um verdadeiro viveiro, que vem crescendo há dez anos em torno do saxofonista Alban Darche e das várias ramificações de seu conjunto, o Gros Cube. Em 2006, ele lançou, em trio, o CD Trickster, um dos discos mais tranquilamente groovy da temporada.

Franck Bergerot, redator-chefe adjunto da revista Jazzman


Onde ouvir jazz em Paris?

No coração de Paris, a rua dos Lombards é absolutamente inevitável. Vai-se do Duc des Lombards, o mais clássico, ao Baiser Salé , o mais mestiço, sem esquecer os Sunset e Sunside, os mais na moda. Seria um erro, no entanto, restringir-se a essas quatro casas: os futuros astros do Lombards apresentam-se freqüentemente no Franc Pinot (o mais be-bop), na Île Saint Louis, o 7 lézards (mais audacioso) no Marais ou o Autour de Minuit na rue Lepic (o mais clássico e ao mesmo tempo o mais eclético). Sempre em Paris – e para os que gostam de se arriscar – há o Voûtes, no bairro da Grande Biblioteca (Biblioteca Nacional da França, no 13o distrito), o Olympic, ao norte do Goutte d’Or o Zèbre em Belleville , ou o Atelier du Plateau, nas Buttes Chaumont. É possível aventurar-se até as portas de Paris – sempre perto de uma estação de metrô – no Jazz Club Lionel Hampton do Hotel Méridien da porte Maillot, no Trabendo do Parque de La Villette (onde está a orquestra residente Paris Jazz Big Band), no Triton da Porte des Lilas, (alternativa ao consenso da rua dos Lombards) ou então no Instants Chavirés (refúgio do radicalismo), em Montreuil.

Rádio

Hoje, graças a Internet, podemos ouvir, no mundo todo, as estações de rádio que colocam o jazz francês em evidência France Musique (http://www.radiofrance.fr/) permite ouvir suas transmissões em arquivo depois da transmissão ao vivo. Le Jazz probablement (programa temático), Jazz de pique jazz de cœur, (encontro semanal com um músico), À l’improviste (em torno da improvisação), Jazz Club ( transmissão ao vivo das casas noturnas parisienses), Jazz sur le vif (transmissão das apresentações de Radio France). Para ouvir transmissões ao vivo é bom não esquecer de TSF (http://www.tsfjazz.com/) que transmite jazz 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Um exemplo de simbiose entre o tradicional e o moderno é outra marca do cenário musical francês



“Mathieu Chédid, ou M, é um compositor prolixo e um guitarrista talentoso. Aqui, ele recebe,
em 2007, o César do melhor tema de filme do ano.”


A música popular francesa aproxima as gerações

Chamado na França de “Variétés”, esse gênero dito popular segue encantando. Os artistas da primeira e da segunda geração continuam a enriquecer seu repertório, enquanto surge uma nova geração extremamente promissora.

Rápido giro pelo cenário musical.


“ Musa dos anos 60, a elegante Françoise Hardy continua inspirando e atraindo para si os melhores talentos franceses de todas as gerações.”
A “velha guarda”: união dos talentos

Em seu último álbum, Parenthèses (2006), Françoise Hardy, musa dos anos 60, reuniu doze estrelas que admira para interpretar, em duo, suas canções preferidas (de sua autoria e de outros). De Henri Salvador a Benjamin Biolay, passando por Alain Bashung e Maurane, o elenco mistura as gerações. Um disco elegante e intimista em que a ouvimos pela primeira vez cantar com os dois homens de sua vida: seu companheiro, o ator e cantor Jacques Dutronc, e o filho deles Thomas, também músico.

Michel Delpech, cantor de sucesso nos anos 70, cercou-se também de uma plêiade de artistas (Francis Cabrel, Julien Clerc, Laurent Voulzy, Cali, Bénabar, etc.) para regravar, em 2006, em seu CD Michel Delpech &, os maiores sucessos de sua carreira. Pour un flirt, Que Marianne était jolie, Wight is Wight são baladas que fazem parte do seleto time das músicas que nunca saem de moda.

Fugain e Jonasz: homenagem aos artistas

Para realizar seu disco Bravo et Merci (2007), Michel Fugain pediu aos grandes nomes da Música popular francesa uma letra para musicar. Doze autores-intérpretes, entre os quais Charles Aznavour, Serge Lama, Véronique Sanson e Claude Nougaro (que escreveu a letra algumas semanas antes de falecer), aceitaram o convite. São textos otimistas, melancólicos e engajados, acompanhados de melodias ritmadas do ex-líder do Big Bazar (grupo musical hippie dos anos 70).

Michel Jonasz, por sua vez, quis homenagear lendas da canção francesa. Seu último trabalho, Chanson Française (2007), é o primeiro de uma trilogia dedicada às canções que embalaram sua infância e juventude. Nosso mestre do swing interpreta com emoção Jacques Brel, Georges Brassens, Léo Ferré e Édith Piaf, ressuscitando suas canções em versões jazzísticas.

Segunda geração

Com Totem, gravado ao vivo e lançado em 2007, Zazie lança um disco mais intimista que os anteriores. Confessando suas desilusões amorosas e sua busca existencial, a cantora pop coloca a nu sua sensibilidade sempre à flor da pele. Esse CD com tendências rock e eletrônica traz também canções evanescentes e melancólicas. Uma obra cheia de sinceridade em que Zazie não deixa de, mais uma vez, lançar um olhar sensível sobre mundo.

O mundo sorri para Mathieu Chédid, de codinome M, que, com sua guitarra singular, é conhecido pela voz aérea e suas performances extravagantes. Premiado durante a cerimônia de entrega do prêmio César de cinema pelo tema original do filme de Guillaume Canet, Ne le dis à personne, ele também fez o papel de herói no conto musical, Le Soldat Rose (escrito por seu pai, Louis Chédid); premiado durante as Victoires de la Musique 2007, na categoria “Variété”. A cereja no bolo: M acaba de concluir a direção do álbum de Vanessa Paradis, acontecimento fonográfico do ano que vem.


Estimada pelos profissionais da área e querida pelo grande público, Zazie emprestou seu estilo versátil e inspirado nas letras a várias gerações de artistas franceses.










Inteligente, engraçado e tocante, Bénabar segue a tradição da canção realista. Ele foi eleito o melhor intérprete masculino do ano de 2006.
A nova geração

Queridinho do novo cenário musical francês, Bénabar terminou 2006 como o quarto francês que mais vendeu discos. Esse cantor popular construiu sua identidade esmiuçando cenas da vida cotidiana com humor, simplicidade e um estilo musical apurado. Seu quinto álbum, Reprise des Négociations (2005), foi unanimidade de público e crítica. Bénabar foi eleito o artista-intérprete de 2006 durante as Victoires de la Musique.

Com sua cara de anjo, Raphaël é chamado com freqüência de “galã das domésticas” -- o similar pariense de Odair José -- melhorado, como percebe-se na foto do gajo. Seu terceiro CD, Caravane (2005), vendeu mais de um milhão de cópias e recebeu três prêmios durante as Victoires de la Musique, que consagraram seu talento. Com seu estilo entre a música popular francesa e o pop, Raphaël esboça um universo poético em que se pergunta sem parar sobre os ciclos da vida.

Na categoria música romântica, Martin Rappeneau, filho do diretor Jean-Paul Rappeneau, quer ser o herdeiro de Michel Polnareff e de Michel Berger, assim como da influência funk de Sinclair que, aliás, participou de seu primeiro álbum em 2004. Para realizar L’Âge d’Or (2006), obra em parte autobiográfica, Rappeneau cercou-se de músicos renomados e utilizou-se da voz da cantora Camille, co-autora de uma das faixas.
Adrienne Pauly, vinte e seis anos, atriz de formação, é uma das revelações de 2006. Suas canções pop-rock descoladas, somadas a sua zombaria, classificam-na entre as cantoras exuberantes dos anos 80, como Catherine Ringer, do grupo Rita Mitsouko. Um talento e ser acompanhado.

Raphaël, com cara de anjo talentoso, dá continuidade à tradição que oscila entre a música popular francesa e o pop.
Stéphanie Secqueville, jornalista

Peculiaridade na maneira de transitar em praias além oceânicas



















Mesclando rap, slam e jazz, com referência à canção francesa, Ab Al Malik é umas das revelações de 2006.


Desde o fim da Segunda Guerra Mundial a França, definitivamente linkou-se com os Estados Unidos da América. Os músicos de Jazz e Big Bandas americanas eram idolatrados pelos franceses.

Apesar do distanciamento francês como aliado da hora dos americanos determinado pela política externa contra a hegemonia ianque desde o governo do socialista François Mitterrand, e seus sucessores, marcou um certo afastamento dessa realação. Basta reler a postura dos dirigentes franceses contra o envio de tropas ao Iraque. E a França nunca foi vítima de uma tentado como o sofrido pelos espanhóis e ingleses nessa guerra contra o terrorismo.

Passando ao largo desse Epopéia, um segmento interessantíssimo de músicos franceses adoram o Hip-Hop e o Rap -- estilos -- nascidos nos guêtos das maiores cidades americanas em meio à miséria e violência de países do Terceiro Mundo, ou, no neologismo: Emergentes.

Nascido nos guetos negros americanos nos anos 70, o rap desembarcou nas ondas francesas em 1984. Mas foi só no final da década que um rap especificamente francês surgiu com as primeiras improvisações no rádio dos grupos NTM, Assassin e do cantor MC Solaar, cujas letras engajadas decodificavam os males da sociedade: racismo, precariedade e violência. Nos anos 90, o gênero cindiu-se em várias vertentes: o rap contrário ao sistema, com reivindicações por vezes violentas (NTM, Ministère Amer, etc.); um rap comercial e dançante (Alliance Ethnic, Ménélik, etc.), desprezado pelos puristas; enquanto um rap responsável e poético (MC Solaar, Iam, etc.) abria uma terceira via. A partir de 2000, o rap enriqueceu-se ainda mais com o surgimento de novos artistas e a democratização de estilos como o slam, poesia contemporânea declamada em cena.

Os bem-comportados
Graças a seu primeiro CD, que vendeu 400.000 exemplares, Grand Corps Malade transformou um gênero confidencial – o slam – em um fenômeno de grande público. No disco Midi 20 (2006), esse jovem de vinte e nove anos escande seus poemas urbanos à capella*, abordando os mais diversos temas, como a exclusão social, o amor e os testes a que a vida nos confronta. As palavras são contundentes, mas o humor não perde o otimismo. Uma sede de viver que Grand Corps Malade tira de sua história pessoal: paralisado durante dois anos em conseqüência de um acidente esportivo, ele conseguiu voltar a andar. Completamente conquistado por sua singularidade, o meio profissional deu a ele dois prêmios Victoires de la Musique: melhor artista e melhor álbum do ano de 2006 na categoria revelação.

Na mesma linha, Abd Al Malik faz papel de filósofo dos tempos modernos. Esse artista de origem congolesa, que pôs um ponto final em seu passado tumultuoso (na juventude, oscilou entre a delinqüência e o extremismo religioso) defende hoje um rap pacifista, que prega a tolerância e incita ao diálogo entre os homens. Seu estilo musical mescla rap, slam e jazz, com referências às figuras lendárias da canção francesa, como Jacques Brel. Seu segundo disco, Gibraltar, foi consagrado como “o melhor álbum de música urbana” de 2006, durante o último Victoires de la Musique.”

Menos presente na mídia, Rocé também defende um rap dito “consciente”. Símbolo vivo da mestiçagem cultural (tendo, ao mesmo tempo, origens argelina, russa, argentina, judaica e muçulmana), ele aborda com força, mas cuidadosamente, seus temas prediletos: passado colonial, imigração e identidade. No cruzamento entre hip-hop e jazz, seu último disco, Identité en Crescendo (2006), inova musicalmente.










Keny Arkana, Oxmo Puccino e a compilação Planète Rap


Os provocadores
Encabeçando a lista dos rappers franceses mais controversos, está Joey Starr. O grupo NTM, que formou com Kool Shen em 1989, é emblemático desse rap contrário ao sistema dos anos 90. Oito anos depois do fim do grupo, Joey lançou seu primeiro disco solo, Gare au Jaguar, em outubro de 2006. Apesar de seu discurso ser bastante virulento, ele desenvolveu uma consciência cidadã, convidando os jovens a votar.

Visto como “menino mau” na meio do rap francês, Booba é um dos maiores vendedores de discos da França. Seu terceiro álbum, Ouest Side (2006), vendeu mais de 200.000 cópias. Booba é freqüentemente associado ao estereótipo do “rapper bandido” à americana, fazendo apologia à violência e ao tráfico. Um discurso voluntariamente cínico, que acusa a sociedade de não oferecer, segundo ele, outra escolha aos excluídos do sistema.

O rap no feminino
Famosa desde o final dos anos 90, Diam’s contribui para a feminização dos temas do rap francês. Esta jovem de vinte e seis anos de origem cipriota conseguiu impor sua energia e sua escrita incisiva em um meio dominado por homens. Em Brut de Femmes (sucesso do ano de 2003), não temeu romper o tabu da violência conjugal e do sexismo da periferia. Em 2006, Diam’s engaja-se de novo, atacando o mal-estar social e acusando a extrema direita (Dans ma Bulle, melhor venda de álbuns de 2006, com 600.000 exemplares vendidos). Personalidade íntegra e generosa, Diam’s transcendeu as fronteiras do rap transformando-se em porta-voz de toda uma geração. Muitas vezes comparada a Diam’s por seu temperamento combativo, Keny Arkana, marselhesa de vinte e quatro anos, revelada em 2006, define-se como “uma contestatória que faz rap”. Em seu primeiro disco oficial, Entre Ciment et Belle Étoile, esta militante anti-globalização, “marcada a ferro quente” por uma infância difícil, expressa sua raiva. Ela denuncia as desigualdades em escala planetária, mas também volta seu olhar para a juventude dos bairros abandonados. Uma artista em carne viva, cujo talento promete.

O rap tem…
Versão jazz: Oxmo Puccino Figura de destaque do rap parisiense nos anos 90, conhecido por seus “freestyles” (ou improvisações) no rádio, Oxmo Puccino fez sua grande volta ao cenário musical em 2006, com o lançamento de Lipopette Bar. Esse disco jazzístico foi composto com a colaboração dos quatro músicos do grupo francês Jazzbastards. Desenhando um universo metafórico, Oxmo Puccino mergulha o ouvinte num ambiente noturno de cabaré. Cada título conta uma histórica que põe em cena personagens diretamente saídos de um filme policial em preto e branco.

Versão pop: TTC Depois de nove anos de existência, o grupo TTC continua a cultivar um estilo pop de “grande público”, muito distante dos discursos engajados. 3615 TTC, lançado no início de 2007, tem letras leves, impregnadas de um machismo que adere facilmente à pele do rap, acompanhadas por ritmos eletrônicos.

Versão tecno: DJ Mehdi Compositor hip-hop, autor de músicas de grandes nomes do rap, como Akhenaton ou MC Solaar, DJ Mehdi orientou-se para a música eletrônica. Lucky Boy, lançado em 2006, revela uma música na qual confluem funk e tecno.

Na Internet: sites oficiais dos artistas, nos quais há biografias, fotos, trechos de músicas, vídeos, fóruns, etc.

Abd Al Malik: www2.abdalmalik.fr
Grand Corps Malade: www.grandcorpsmalade.com
Keny Arkana: www.keny-arkana.com
Oxmo Puccino: www.oxmo.net
Rocé: www.identiteencrescendo.net
* Sem acompanhamento de instrumentos.

Uma princesa desde o berço

















Charlotte Gainsbourg

Charlotte Gainsbourg é uma perturbadora mistura de força e fragilidade

Vinte anos depois do álbum Charlotte For Ever, no qual cantava em duo com seu pai, a atriz Charlotte Gainsbourg retoma seus primeiros amores. Aos trinta e cinco anos, lança um álbum-evento, 5.55, cuja vendagem não pára de aumentar. Biografia de uma filha de estrelas.

Charlotte Gainsbourg nasceu em um universo de artistas. Seu pai, o genial Serge Gainsbourg, é um dos maiores autores-compositores-intérpretes do século XX, uma mistura de poeta e provocador. Sua mãe, Jane Birkin, é atriz e cantora de origem britânica, musa de Serge e ícone dos anos 1970.

Charlotte despontou no cenário musical e cinematográfico ainda na adolescência. Sua delicada voz foi ouvida pela primeira vez, em 1984, na faixa Lemon Incest, canção diabólica que interpreta com o pai. Dois anos depois, Serge Gainsbourg compôs o disco Charlotte For Ever para a filha, colocando-a, com apenas quinze anos de idade, entre as “grandes” estrelas.

Paralelamente, Charlotte inicia sua carreira no cinema, revelando-se em dois filmes do cineasta Claude Miller: L’Effrontée (A Descarada, de1985), em que interpreta uma adolescente rebelde e sonhadora e A Pequena Ladra (1988), com roteiro de François Truffaut, retrato de uma jovem ávida por liberdade. Os franceses foram conquistados pelo tímido charme e pela fragilidade da pequena Charlotte. A atriz também foi adotada pela “grande família” do cinema, que lhe concedeu, por sua atuação em L’Effrontée, o prêmio César de melhor atriz-revelação.










Charlotte, filha única de um casal mítico (1971)
A opção pelo cinema

Nos anos seguintes, Charlotte Guainsbourg colaborou com cineastas de renome, como Patrice Chéreau, Bertrand Blier, Jacques Doillon… Mas a morte do pai, em 1991, fez com que mergulhasse em uma profunda tristeza. Voltando a atuar alguns anos depois, ela conquistou o público com a maturidade e a segurança da mulher que se tornou. Ela foi a alma do sucesso das comédias La Bûche (A Lenha), de Danielle Thompson, Ma Femme est une Actrice (Minha Mulher é Atriz)e Ils se Marièrent et Eurent Beaucoup d’Enfants (E Viveram Felizes para Sempre), de Yvan Attal, ator e diretor com o qual vive.

Desde então, é solicitada pelos mais originais talentos do cinema francês: de Dominik Moll (Harry, un Ami qui Vous Veut du Bien/ Harry – Um Amigo que Veio para Ajudar ), passando pelo thriller psicológico Lemming (Instinto Animal) em 2005, até Michel Gondry, no filme La Science des Rêves (A Ciência dos Sonhos), verdadeiro óvni cinematográfico lançado em agosto de 2006. Ela também é cortejada por diretores internacionais: atuou ao lado de Sean Penn em 21 Gramas (2004) do mexicano Alejandro Gonzales Irarritu, acaba de rodar, na Argentina, o filme de época The Golden Door do italiano Emmanuel Crialese e prepara-se para integrar o elenco do diretor americano Todd Haynes no I’m not there, que retraça a vida de Bob Dylan.

O grande “come back” musical
Mas foi em agosto de 2006 que Charlotte Gainsbourg virou notícia. Depois de ter abandonado o cenário musical por vinte anos, ela acaba de lançar um disco pop-rock, com inspiração inglesa, bastante esperado. Esse era um projeto no qual pensava há dez anos, mas foi o encontro decisivo com a banda francesa de música eletrônica Air, na saída de um show de Radiohead em 2003, que fez com que desse o passo definitivo.

Para a realização desse disco, grandes nomes do mundo da música não demoraram a integrar-se ao projeto: Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, a dupla do grupo Air, de Versalhes, autores das melodias, os letristas ingleses Jarvis Cocker (Pulp) e Neil Hannon (The Divine Comedy),o produtor Nigel Godrich (Radiohead, Paul MacCartney) e ainda os músicos Tony Allen na percussão e Davi Campbell, pai de Beck, nas cordas.

Esse time de primeira linha fechou-se em um estúdio de gravação parisiense durante um ano, trabalhando sem parar. Charlotte Gainsbourg decidiu interpretar suas canções na língua de Shakespeare (com exceção de uma), pois, como explica: “Cantar em francês me aproximava demais de meu pai. Demais e menos bem”.

Em 5.55, álbum deliciosamente melancólico, ela murmura melodias evanescentes, mergulhando o ouvinte no centro de seu universo. Um universo noturno, entre o sonho e o pesadelo, povoado por criaturas imaginárias e fantasmas do passado. Ao mesmo tempo torturada, apaixonada e sensual, Charlotte diz quem é. Sua voz ganhou mais segurança: emprestando os agudos da mãe, ela é, ao mesmo tempo, velada e intensa. Instrumentalmente, o disco deve sua qualidade às guitarras acústicas e ao piano. A influência musical paterna também é percebida: as linhas dos baixos e dos violinos são uma referência direta ao álbum “cult” Melody Nelson, composto em 1971 por Serge Gainsbourg.

Aclamado de maneira unânime pela crítica, 5.55 está no topo das vendas desde a primeira semana de lançamento, preparando-se para ganhar o mundo: depois da Europa, o álbum será lançado nos Estados Unidos e na Ásia. Charlotte Gainsbourg fará shows? A questão permanece em aberto, a perspectiva de subir em um palco ainda a assusta. Seu atual projeto é criar um museu na rua de Verneuil, em Paris, a última morada de seu pai, para que o público descubra essa casa, que manteve intacta. Um pai que teria hoje um enorme orgulho da filha.

Stéphanie Secqueville, jornalista

A música eletrônica é a locomotiva de vendas



















As máquinas de luxo da música eletrônica francesa

Chama-se de “French Touch” a técnica e a sensibilidade que, em dez anos, alçaram, a música eletrônica* francesa à posição de modelo de criatividade e inovação. Tecno, house, trance, garage*…, os reis do French Touch misturam gêneros, que são mixados* nos clubes*, fazem experiências na produção e compõem os próprios álbuns.


Apesar de serem, por vezes, pouco conhecidos na França, eles se tornaram verdadeiros porta-vozes no exterior, lotando os lugares mais badalados do planeta graças ao som universal e aos hits, a maioria em inglês. Símbolos de certa “classe” à francesa, estrelas discretas ou melhores amigos dos VIPs*, os reis da música eletrônica francesa permitiram que fosse conhecida uma corrente até então exclusiva dos iniciados. Apresentação.


Laurent Garnier, o porta-voz
Pioneiro da música eletrônica na França, Laurent Garnier, quarenta e um anos, é considerado um dos melhores DJs* do mundo. Em 1987, começou na profissão trabalhando no Hacienda, clube mítico de Manchester (Grã-Bretanha), antes de brilhar nos maiores clubes franceses. Ele imprimiu uma marca de nobreza ao dance, tornando-se o primeiro artista do gênero a receber em 1998 o troféu Vitória da Música, concedido anualmente pelos profissionais da área. Eclético, trabalhou, por exemplo, com companhias de dança contemporânea. Sua carreira, feita de experimentações, foi resumida em uma coletânea best of*, Retrospective1994-2006, lançada em 2006.


Duplas inovadoras
A música eletrônica francesa gosta das duplas, fórmula essa que proporciona encontros com estilo e certo gosto pela performance.


Uma figura de primeira grandeza dessa tendência desde o fim dos anos 90 são os Daft Punk. Sempre mascarados (nunca mostraram o rosto), souberam, pela raridade, construir um verdadeiro mito em torno de sua música. Seu primeiro disco, Homework, lançado em 1997, de eletro-rock saturado, hipnotizante, continua sendo o maior sucesso mundial da música eletrônica francesa (2 milhões de exemplares vendidos no mundo todo). Discovery, segundo disco (lançado em 2001) faz um disco-pop futurista, criando um gênero único. Em 2007, volta à cena com seu primeiro filme, Daft Punk’s Electroma, exibido em Cannes em 2006.


Encontro de dois produtores, Cassius assinou remixes* para os maiores: Depeche Mode e Björk. Misturando house, hip-hop* e funk*, sua música faz enorme sucesso na Inglaterra. O primeiro disco, cujo nome é 1999, vendeu mais de 250.000 cópias no mundo. Dois discos seguiram-se, o último em 2006, 15 Again, com convidados ilustres, como o cantor M.


Considerado por muitos como o promissor herdeiro de Daft Punk, o grupo Justice, sem ainda ter realmente lançado disco, já é uma referência mundial. Formado por dois parisienses que fizeram remixes para Franz Ferdinand, Daft Punk e até... Britney Spears!


Amantes de baixos eletrônicos saturados e especialistas em “ruídos”, os dois simbolizam a cena musical do futuro.


DJs de classe mundial
Os DJs franceses são exportados em grande número por todo o planeta. Sua capacidade de atrair multidões nas festas mais concorridas fez com que se tornassem famosos. Entre eles, quatro nomes particularmente requisitados:


Stéphane Pompougnac é o rei do lounge, música ambiente, hipnótica, escolhida pelos cafés da moda de Paris a Nova Iorque. Seu reino, o Hôtel Costes, em Paris, tornou-se o símbolo desse movimento que é, ao mesmo tempo, barroco e de vanguarda.


Bob Sinclar tornou-se conhecido do grande público por seu gosto eletro-pop totalmente disco, sua música acessível a todos e sua capacidade de compor hits potentes, próximos à canção, como Love Generation, que fez de Sinclair o DJ francês mais popular.


Martin Solveig, especialista em house, tornou-se conhecido por seus mixes no Palace, famoso clube parisiense. Multiplicando influências, esse ex-dançarino impôs seus ritmos alucinantes na França e no exterior depois do segundo disco, Hedonist, lançado em 2005. Um terceiro, So Far, chegou às lojas no início de 2007.


David Guetta encarna, finalmente, o lado mais “VIP” da música eletrônica francesa. Verdadeira estrela do show-business, ele se impôs como empresário de destaque da noite parisiense dos anos 2000 e da de Ibiza (balneário da moda em uma das Ilhas Baleares, na Espanha) lugar privilegiado dos night-clubbers *. Muito dançante, influenciada tanto pela house quanto pela disco, marcada por hits como Money ou Love don’t let me go, sua música faz a alegria das boates e das compilações* de todo o tipo.


A nova geração
Ainda mais eclética do que as de seus precursores, uma nova onda de músicos eletrônicos franceses conquista seu espaço. E as moças entram na dança.


Figura da cena underground, aplaudida na Alemanha e na Grã-Bretanha antes de ser conhecida na França, Mis Kittin encarna a corrente trash*. Seu som é frio, estrito e eficaz, sintético, repetitivo e dançante. Seu último álbum, Bugged Out, foi lançado em 2006.


“Djette” [DJ mulher] aclamada pela noite parisiense, a DJ Chloé, artesã diferenciada, navega entre o minimalismo, os sons trash e um talento inegável para as ondas hipnóticas. Multiplicando as colaborações, ela lançou três álbuns, entre os quais The Disfonctional Family, em 2006.
Wax Tailor, enfim, representa o bem-sucedido encontro entre o hip-hop, o trip-hop, o jazz e a música eletrônica. Mestre do sample*, mesclando trechos de diálogos, músicas antigas e composições próprias, ele acaba de lançar seu segundo disco: Hope & Sorrow.

Pierre Langlais, jornalista


Wax Taylor, encontro bem-sucedido entre o hip-hop, o trip-hop, o jazz e a música eletrônica.

Sites oficiais dos artistas na Internet: biografias, fotos, trechos de músicas, vídeos, fóruns, turnês, etc.
• Cassius: http://www.cassius.fm/
• Laurent Garnier: http://www.laurentgarnier.com/
• Martin Solveig: http://www.martinsolveig.com/

A Legião Estrangeira influencia a música francesa

Influência determinante, diga-se de passagem.

Nazaré Pereira, intérprete das brejeiras músicas do povo da Floresta Úmida da Amazônia, nascida em Belém do Pará, puxa a corrente de músicos brazucas em Paris. Uma embaixadora a mostrar-lhes os caminhos.

No século passsado Carlos Gomes, maestro laureado pelo talento como excepcional compositor, talvez tenha sido o precussor da invasão de legionários musicais estrangeiros em solo francês.

Conterâneo de Pereira, Olivar Barreto fincou o pé que parece não mais sair dos concorridos palcos franceses, por enquanto, com relativo sucesso, mas, com cotação em alta.

Em pleno Moulin Rouge, uma alucinante apresentação que marcou a reentré da inigualável banda de rock piscodélico paulista Mutantes, introduzindo nos vocais Zélia Ducan em substituição a uma cansada Rita Lee; foi considerado pela crítica francesa a união perfeita do insólito.

Sucesso arrasador foi conferido pelos franceses nas apresentações de Caetano Veloso e, posteriormente, Gilberto Gil.

Comoção suplantada pelo grupo para-folclórico Boi Garantido, da pequena Ilha Parintins, distante 400 quilômetros de Manaus, a capital do Amazonas que ao executar, pela primeira vez, a exótica e vibrante Vermelho, escalou o topo das paradas francesas e européias.

Mas não é só de Brasil que bebem no caldeirão de influência longínquas os músicos do atual cenário musical francês.

Músicos detentores de reconhecido talento da África, cercanias do Oriente Médio e de outros países da América Latina, são cultuados como semi-deuses pelo público francês.

Surpresas marcam o novo cenário musical francês

Lá onde menos se esperava

Ainda segundo a Label France, a menos que se considere o rock, como em todo o mundo, como um termo genérico ao qual agreguem-se todas as formas de música popular. Nesse caso, o melhor do rock francês estaria lá onde menos se esperava: na famosa música eletrônica, hoje mais aberta, graças a bandas como Phoenix ou Air. Os primeiros, autores de três álbuns que oscilam entre o pop ultra-melódico inspirado pelos anos 70 americanos e um rock diferente no estilo de The Strokes, conseguem ocupar um espaço no cenário internacional, onde suas origens francesas encontram-se totalmente dissipadas.

Idem para o duo Air, que pertence à mesma turma e cujos álbuns e diversos projetos paralelos (músicas, filmes ou balés) chegam a uma espécie de universalismo que faz deles os herdeiros de Serge Gainsbourg – ainda mais depois de terem composto e produzido um álbum com sua filha, Charlotte, em 2006 [ver Label France n° 65] – e de Pink Floyd.

Em menor medida, um outro duo, batizado de Aaron, que acaba de lançar seu primeiro álbum na esteira de um inesperado sucesso, o single U-Turn (Lili), também faz um tipo de mistura de identidade ao flertar com o trip-hop.

Outro duo, desta vez misto, o Cocoon propõe um folk-pop despojado, também em inglês, que o levou a conquistar o cobiçado prêmio do concurso “Aqueles que precisamos descobrir” (Ceux qu’il faut découvrir – CQFD) organizado todo ano pela revista Les Inrockuptibles.

A dupla AaRONLirismo literário e rock visceral
A mais sólida e duradoura tendência do rock francês continua sendo a que deve seu surgimento à banda Noir Désir, ou seja, o encontro, ou até mesmo colisão, de um certo fraseado literário e lírico com as energias renováveis do rock, do folk e do punk.

A banda Luke, com seu segundo álbum (La Tête en Arrière, 2004), que vendeu na França 200.000 cópias, inscreve-se nessa linha, com os amplificadores no volume máximo e as vozes rasgadas. Em turnê com a banda amiga, o Deportivo, cujo primeiro trabalho também fez muito sucesso, comprovaram juntos, em 2006, a possibilidade de existência de um rock visceral francês, livre das revoltas pós-adolescentes e cuja verdade sem máscara está no palco.

Os tablados nos quais saltam feito um exército de molas enlouquecidas também é o lugar preferido do Dionysos – banda francesa inigualável no palco – para dar destaque às canções já turbulentas de seus CDs, esse folk-rock de inspiração americana, mas alimentado pela loucura poética francesa à Raymond Queneau.

Mais realistas e ao mesmo tempo utópicos, os textos de Mickey 3D são de uma dinâmica musical em que se combinam com muita habilidade de maneira um tanto astuta o nervosismo do rock e as luzes do pop com o rigor tradicional da canção francesa.

Quanto às mulheres, enquanto a Rita Mitsouko, banda de referência dos anos 80 liderada por Catherine Ringer, volta à cena, a emancipação do rock revela-se, com a radiante Grande Sophie (Et Si C’était Moi, 2004) e a nervosa Mademoiselle K (Ça Me Vexe, 2006). Duas alforriadas, mais mandonas do que obedientes, respectivamente inspiradas em Chrissie Hynde (The Pretenders) e PJ Harvey.

No setor dos solitários, Benjamin Biolay, que foi precipitadamente identificado como parte da nova canção francesa (por causa de suas inspiradas colaborações com Keren Ann, Henri Salvador e Françoise Hardy), cria, por sua vez, um rock sofisticado que se inspira tanto em Gainsbourg quanto na new wave sintética de Taxi-Girl, pioneira do gênero na França. Em seus dois últimos trabalhos (À l’Origine, 2005, e o lançado em setembro de 2007 Trash Yéyé) encontram-se alguns toques hip-hop perfeitamente integrados aos seus textos. Por si só, ele já bastaria para desmentir hoje John Lennon.

Texto original de Christophe Conte, jornalista da revista semanal Les Inrockuptibles

Um generoso Arco-Íris

Nesse imenso arco-íris de sons e referências, surge outro divisor: Bertrand Betsch, com um rock nem um pouco comportado.

Mas, o cabaré está entranhado no sangue francês, assim como, de toda a classe masculina do Brasil, de Norte a Sul. Do Oeste para o Leste. A chanson, chansionese de melodias parodiais de uma inebriante ressaca, turbinada com guitarras, teclados, baixo-bateria, guitarra e muita edição de studio com inseparáveis e muito bons Dj’s, fazem do novo arranjo pop e rock francês, a grande diferença do restante da Europa.

Segundo a publicação Label France, editado pelo próprio governo francês. Com o sucesso de Noir Désir e Louise Attaque, o rock francês acabou encontrando sua cara.

Desde o início de 2000, várias e inusitadas experiências renovam sem parar um cenário em plena ebulição.

Há muito tempo, John Lennon resumiu a questão com a fórmula mortal: “O rock francês é como o vinho inglês”. Quarenta anos depois do lançamento de Sgt Pepper’s, dos Beatles, a França pode parecer ainda estar no primeiro estágio do rock, com o surgimento de um rock de subúrbio chique criado por grupos adolescentes como Naast, Second Sex, Les Plastiscines, que procuram combinar o espírito altivo dos jovens parisienses arrogantes dos anos 60 com o vigor elétrico do rock anglo-americano da mesma época.

Os observadores mais críticos avaliam que, mesmo depois de ter conseguido importantes conquistas territoriais graças à música eletrônica e à famosa “French Touch”, a França voltou aos seus eternos complexos em relação ao rock ao invés de explorar sua diferença.

Será a Nouvelle Vague da música francesa?

Muito além da “Nouvelle Vague”

Muito provavelmente não, pois, é magnífico o novo cenário da música francesa.
Em contínua renovação, a canção francesa dos anos 2000 é a metamorfose do vocabulário herdado de seus precursores e inscreve-se em uma perspectiva contemporânea, tanto do ponto de vista das letras, quanto das músicas, posto que os performáticos artistas que protagonizam essa bem-vinda revolução da transgressão do silêncio, o fazem com inspiração, uma boa dose de influências, tangenciando, sobretudo, o prazer de executar proposta sem amarras e com surpreendente vigor à frente do lugar comum, e de certo modo, cansativo signo que vigora no Velho Continente, constatado pela repetição fórmulas exauridas à tempos.

Ouvir a nova safra de músicos franceses não é tarefa para neófitos. Foi necessário esperar por muito tempo para que as inovações da "Nouvelle Vague" – movimento cinematográfico –, embriagasse uma nova geração que dele parece agora fazer bom uso, bem distante da chatice, inclusive de movimentos literários insuportavelmente egoístas, herméticos ao grande público e fadados, pela própria concepção, ao esquecimento.

Abin de La Simone e Florent Marchet demoliram com surpreendentes propostas, calcadas em uma mistura desconcertante entre o ultra moderno e a insofismável dor de cotovelo da tradicional música francesa, uma nova forma reverencial de abordar os mestres como Jacques Tati ou Boris Vian, Charles Aznavour ou Edit Piáf e ainda Claude Chabrol.

Cenário extraordinário na França

Música moderna Francesa: tradição romântica, experimentalismo e modernidade
Por Val-André

Estava devendo, conforme prometi, uma visão pessoal, de como se encontra o atual cenário da música francesa.

Paixão arrebatadora, a música, segundo estudos recem publicados, comprova que é capaz de ajudar na recuperação, com assombrosos resultados a melhora em pacientes vítimas de AVC.

A música, essa expressão mundial da humanidade que não está atada à barreiras de credo, cor ou idioma, procede milagres, junta adversários não raro e promove a tolerância entre desiguais desconhecidos além das fronteiras conhecidas. Algo que intriga civilizações, – e, quem sabe: outros mundos.

Nesse ensaio-reportagem sobre o novo cenário da música francesa, uma paixão dentre outras deste blogger; convida-os para uma viagem sensorial.

Trata-se de um amostragem do que se passa na França sem fronteiras, pós adesão à União Européia. Que seja então o despertar de uma longa trajetória para, juntos, despojarmos algum resquício de preconceito com a atual música européia a partir da França.

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