Hoje, deparei-me logo cedo, com uma reportagem sobre a duríssima prova que o povo catarinense está a viver. Impossível não ser tocado com a extensão de tão duro golpe que a natureza aplicou em nossos irmãos do sul.
Numa das regiões mais atingidas pela terrível catástrofe, no Morro do Baú; um madeireiro, representante de uma classe vista como maldita após sucessivas campanhas nacionais de desmoralização, induzindo a opinião pública nacional para a confortável solução de apontar culpados pelo desmatamento; apontando-os até mesmo como os principais agentes de todos os males do meio ambiente; ví-me, paralisado, com a seguinte situação relatada na reportagem.
Fonte: Programa Bom Dia Brasil)
Todos os dias, o empresário Gentil Reichel tenta reabrir a serraria que esta em um local considerado de alto risco. “Eu gostaria, primeiro, de começar a mexer nas minhas máquinas para recomeçar o meu trabalho, porque senão eu vou ter que demitir mais de 20 funcionários. Eu já fui três vezes no alojamento para demiti-los, mas não tive coragem”, conta Gentil.
São empresários como ele que serão beneficiados pelo pacote do governo do estado para ajudar a reerguer a economia dos municípios atingidos pelas chuvas. Uma das medidas do pacote vai ajudar as empresas que tiveram mercadorias estragadas pelas chuvas.
Há de se separar o joio do trigo.
Vejam o vídeo da reportagem aqui.
Comentário do blog: O blog gostaria muito de ver o cidadão Gentil Reichel, ser condecorado pela sua atitude absolutamente irretocável como empresário de tentar, a todo o custo, não demitir seus 20 colaboradores.
O Brasil precisa de mais heróis como esse homem.
Heróis anônimos
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Alta do dólar e contas a pagar
No freio de arrumação que as empresas são obrigadas a utilizar. A escala continuada de demissões é um dos remédios amargos mais adotados.
Aos trabalhadores com estabilidade no quadro governamental, a certeza de vetos de aumentos salariais é líquido e certo.
Estamos em processo de travessia de um lago o qual não sabemos ao certo a profundidade.
Agora, encontramo-nos com a água acima do joelho, sinalizando para a cintura.
Por razões culturais, o brasileiro é otimista por natureza, gasta sem ter reservas e é ai que mora o perigo.
Aos trabalhadores com estabilidade no quadro governamental, a certeza de vetos de aumentos salariais é líquido e certo.
Estamos em processo de travessia de um lago o qual não sabemos ao certo a profundidade.
Agora, encontramo-nos com a água acima do joelho, sinalizando para a cintura.
Por razões culturais, o brasileiro é otimista por natureza, gasta sem ter reservas e é ai que mora o perigo.
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Economia
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A crise já chegou
Setores da economia brasileira começam a acusar os sintomas perversos da crise financeira internacional. Afinal, com um pouco de atraso ela chegou trazendo o que de pior se apresenta para o cidadão comum: o desemprego.
Com forte atuação da autoridade financeira nacional, o Banco Central (BC) já torrou quase US$ 44 bilhões das reservas do país no contencioso. Bilhões de dólares saem do país para a Matriz das multi com problemas seríssimos de caixa.
Hoje o dólar ― valorizando-se paulatinamente em todo o planeta ― obrigou o Banco Central a realizar mais um movimento de defesa, ofertando ao mercado um leilão de swap cambial após o término do pregão, vendendo 6.320 contratos, ou 315 milhões de dólares, de uma oferta de até 10 mil. E lá se vai o dólar a R$ 2,536, o que pressionará ainda mais os setores econômicos garroteados.
O Estadão publicou em despacho no final desta tarde, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou diretamente do presidente da Vale, Roger Agnelli, o motivo das 1,3 mil demissões anunciadas ontem pela companhia. Segundo o presidente, Agnelli teria dito que as demissões foram provocadas pelas inovações tecnológicas feitas apenas nos escritórios da mineradora.
A notícia não se resume a um filigrana. Outros 5 mil colaboradores da empresa gozarão férias coletivas no alvorecer dos próximos dois meses. Se não houver sinalização de novas encomendas, outra leva maior ganhará como presente de final de ano o bilhete azul no retorno das férias forçadas.
É assim o mercado.
O governo apressa-se em comunicar o quanto antes, novas medidas para preservar empregos.
Grandes empresas brasileiras acostumadas a jogar com as fábulas de recursos advindos da especulação financeira, ―e, mesmo com ações na Bolsa, amargaram prejuízos históricos ao apostar na paralisação dos patamares anteriores do dólar.
A Sadia é exemplo clássico. Amargos prejuízos de quase R$ 1 bi nesse jogo viciado de altos lucros deixaram-na na UTI. Mesmo caminho trilhou o Grupo Votorantim.
Para o cidadão comum apenas um alerta do blog: reduza gastos, adie compras e concentre-se numa fórmula de quitar as dívidas.
-------
Atualizando às 22h23.
Segundo outras fontes, o BC já teria torrado não US$ 44 bi ante a crise. O número aproximado passaria de US$ 44 bilhões.
Com forte atuação da autoridade financeira nacional, o Banco Central (BC) já torrou quase US$ 44 bilhões das reservas do país no contencioso. Bilhões de dólares saem do país para a Matriz das multi com problemas seríssimos de caixa.
Hoje o dólar ― valorizando-se paulatinamente em todo o planeta ― obrigou o Banco Central a realizar mais um movimento de defesa, ofertando ao mercado um leilão de swap cambial após o término do pregão, vendendo 6.320 contratos, ou 315 milhões de dólares, de uma oferta de até 10 mil. E lá se vai o dólar a R$ 2,536, o que pressionará ainda mais os setores econômicos garroteados.
O Estadão publicou em despacho no final desta tarde, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou diretamente do presidente da Vale, Roger Agnelli, o motivo das 1,3 mil demissões anunciadas ontem pela companhia. Segundo o presidente, Agnelli teria dito que as demissões foram provocadas pelas inovações tecnológicas feitas apenas nos escritórios da mineradora.
A notícia não se resume a um filigrana. Outros 5 mil colaboradores da empresa gozarão férias coletivas no alvorecer dos próximos dois meses. Se não houver sinalização de novas encomendas, outra leva maior ganhará como presente de final de ano o bilhete azul no retorno das férias forçadas.
É assim o mercado.
O governo apressa-se em comunicar o quanto antes, novas medidas para preservar empregos.
Grandes empresas brasileiras acostumadas a jogar com as fábulas de recursos advindos da especulação financeira, ―e, mesmo com ações na Bolsa, amargaram prejuízos históricos ao apostar na paralisação dos patamares anteriores do dólar.
A Sadia é exemplo clássico. Amargos prejuízos de quase R$ 1 bi nesse jogo viciado de altos lucros deixaram-na na UTI. Mesmo caminho trilhou o Grupo Votorantim.
Para o cidadão comum apenas um alerta do blog: reduza gastos, adie compras e concentre-se numa fórmula de quitar as dívidas.
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Atualizando às 22h23.
Segundo outras fontes, o BC já teria torrado não US$ 44 bi ante a crise. O número aproximado passaria de US$ 44 bilhões.
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Projeto da mais "alta" relevância: nomenclatura
A falta de matéria relevante para legislar não é problema para alguns deputados, digamos, "criativos".
Como está fora de moda encaminhar projetos de criação de novos feriados -- o Brasil está com o calendário lotado deles --, e que concede medalhas de honra ao mérito para fulano ou beltrano.
O deputado federal Lira Maia (DEM-PA) ocupou-se de apresentar o PL-4344/2008 que altera a denominação da Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA para “Universidade Federal da Integração Amazônica - UNIAMA”.
Quanta criatividade!
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Oficial confirma que a ordem era matar militantes do PC do B
BRASÍLIA(DF)- "A ordem era matar e perguntar depois", disse o ex-chefe do grupo de combatentes do Exército na Guerrilha do Araguaia, José Vargas Jimenez, em depoimento, hoje (3), na Comissão sobre Anistia na Câmara dos Deputados. Na época da guerrilha, Chico Dólar, apelido pelo qual era conhecido, era 3° sargento do Exército.
Ele confessou hoje ter torturado várias pessoas e deu detalhes do tratamento dispensado àqueles que não resistiam e morriam.
Ele confessou hoje ter torturado várias pessoas e deu detalhes do tratamento dispensado àqueles que não resistiam e morriam.
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Guerrilha do Araguaia
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Sérgio Guadêncio pede demissão da Infraero
A justificativa do presidente seria o processo -- irreversível -- de privatização da Infraero.
Em curso as jóias da corôa: Vira-Copos e Galeão.
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Infraero
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Tião no lugar de Hildegardo
A governadora Ana Julia Carepa estaria articulando a substituição de Hildegardo Nunes na presidência do Sebrae Pará pelo quase ex-Prefeito de Marabá Tião Miranda.
Não se sabe ainda qual o custo da operação.
Setores do PMDB estão vermelhinhos, vermelhinhos.
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Vitória de Pirro
A suposta vitória da chapa que trocou 6 por meia dúzia para a Presidência da Assembléia Legislativa do Pará, é o que se pode chamar de "vitória de pírrica" para a governadora Ana Julia Carepa.
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Condenação de Dantas é para inglês ver
Como o blog havia adiantado semana passada o juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, condenou nesta terça (2) o banqueiro Daniel Dantas, sócio-fundador do Grupo Opportunity, a dez anos de prisão em regime fechado por corrupção ativa, por tentativa de suborno a um delegado durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal.
Sabem quantos dias Dantas puxará uma cadeia?
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Bolha Global -- tavessia tortuosa
Crise impõe ao Brasil a difícil escolha entre crescer ou dominar a inflação, com o agravante de gasto público em alta e receita em baixa. O teste é duro e pode exigir que Lula renuncie ao desejo de fazer seu sucessor
Por trás do otimismo que o governo tenta passar diante da severa crise internacional, que já empurrou os países mais ricos para a recessão, há um clima de extrema preocupação. Ao traçarem os cenários para os próximos dois anos, tanto o Banco Central quanto o Ministério da Fazenda reconhecem que o Brasil caiu em armadilhas das quais sairá muito arranhado. Qualquer que seja o ângulo de análise, a travessia da economia brasileira será turbulenta. Conciliar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com inflação dentro das metas exigirá esforço monumental. O problema é que ninguém sabe até onde o governo está disposto a ir para manter as rédeas sob controle e não deixar que as importantes conquistas dos últimos anos se percam no meio do caminho.
“Teremos um teste duríssimo pela frente”, diz o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. “Há o risco de a inflação chegar a 7% no acumulado de 12 meses no terceiro trimestre de 2009. Tecnicamente, essa taxa, muito distante do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5%, exigirá aumento dos juros. Mas como o BC conseguirá elevar a taxa básica (Selic) com a economia em forte desaceleração?”, questiona. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se os juros subirem, os problemas com o crédito, que foi uma das alavancas do consumo e dos investimentos, tendem a se agravar, minando a expansão econômica. Na avaliação do presidente do BC, Henrique Meirelles, tal argumento é válido. Mas deve-se lembrar que a missão do banco é manter a inflação dentro das metas, ainda que isso implique aumento dos juros.
A inflação, afirma Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra, está subindo de forma veloz por causa da disparada do dólar, cujo repasse para os preços é rápida. Ela ressalta, porém, não ver ainda motivos para aumento dos juros. “As incertezas são enormes. Que a economia vai crescer menos, está claro. Mas ninguém sabe quanto. Que a inflação vai subir, também está certo. Mas ninguém sabe quanto. Foi por isso que o BC suspendeu, no mês passado, o aumento da Selic, esperando por um cenário menos nebuloso”, assinala.
Na opinião do economista Marcelo Nonnenberg, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é preciso lembrar que as commodities (grãos, petróleo e minérios), com significativo peso na inflação, estão em queda em todo o mundo. “Assim, haverá um processo de compensação com a alta do dólar”, diz. Independentemente desse resultado, acrescenta Nonnenberg, é preciso ficar claro que o BC não pode deixar a inflação sair do controle, pois os estragos serão pesados.
Para Fábio Susteras, economista do Private Bank do Banco Real, contar com a queda das commodities para minimizar o impacto do dólar sobre a inflação pode resultar em decepção. A seu ver, em vez de recuo, os preços dos alimentos vão subir nos próximos meses, por três razões básicas. Primeiro: os insumos usados para o plantio, quase todos importados, ficaram bastante caros com a alta do dólar. Segundo: o crédito escasseou e encareceu. Terceiro: a safra a ser colhida será menor, ou seja, oferta reduzida sempre resulta em preços maiores. “Por isso, é provável que o BC seja obrigado a elevar os juros entre o fim deste ano e o primeiro semestre de 2009”, ressalta.
Gastos e Juros
A política monetária também tende a ser pressionada pelo próprio governo, destaca Elson Teles, economista-chefe da Corretora Concórdia. Na ânsia de manter a demanda doméstica aquecida diante da queda das exportações, devido à retração da economia mundial, o governo tem dado uma série de estímulos ao consumo, especialmente pela oferta de crédito por meio dos bancos públicos. Mas a demanda aquecida pode manter as importações firmes. E com as vendas externas do país em baixa e o menor valor dos produtos exportados, o saldo comercial desabará. “Nesse contexto, é possível que o Brasil saia de um superávit de US$ 20 bilhões em 2008 para um déficit de US$ 10 bilhões no próximo ano”, emenda Luís Otávio Leal. “Se isso acontecer, a piora nas contas externas será enorme.”
E não há exagero em tal previsão. Fábio Susteras lembra que, com o mundo em recessão, as multinacionais que estavam ampliando seus investimentos reduzirão o fluxo de recursos. Por tabela, os investidores que perderam mais de US$ 32 trilhões com as quedas das bolsas também vão diminuir as aplicações no país. O resultado será uma grande dificuldade do Brasil em financiar seu balanço de pagamentos externos, fato que tende a pressionar as cotações do dólar e, claro, a inflação. “Tudo isso nos leva a crer que a vulnerabilidade externa do país aumentará, sobretudo porque o BC terá que continuar gastando as reservas cambiais”, frisou.
O que torna o cenário mais sombrio, avalia Joel Bogdanski, economista do Banco Itaú, é a perspectiva de aumento dos gastos públicos. Esse tema reabriu o fosso que separa o presidente do BC e o ministro da Fazenda. Até pouco tempo, os dois vinham com um discurso unificado. Mas Mantega passou a pregar uma política anticíclica como forma de minimizar os estragos da crise, combinando mais gastos com juros em baixa. Meirelles acredita que o consumo interno, baseado no aumento da renda e do emprego, continua firme, exigindo cautela nas políticas fiscais e monetárias.
No meio dessa disputa, o relevante a ser destacado é que o governo contratou gastos irreversíveis, como o reajuste do funcionalismo e do salário mínimo, num ano em que a arrecadação vai diminuir em função do menor crescimento. “Para conciliar gastos maiores e receitas em queda, só restará ao governo reduzir o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida), de 4,3% do PIB. Uma taxa de 3,8% não será problema, mas um percentual menor do que esse será visto como descontrole”, diz Sustera.
Em meio a tantos problemas, sentencia Elson Teles, o presidente Lula necessitará de equilíbrio para escolher o caminho menos tortuoso. Mesmo que para isso arrisque o desejo de fazer seu sucessor em 2010, quando, na melhor das hipóteses, a economia começará a recuperar o fôlego.
DIAS DE TORMENTA
O governo se meteu em uma série de armadilhas, o que exigirá um esforço redobrado para que o país registre, em 2009, crescimento moderado e inflação dentro da meta
A vulnerabilidade externa do país aumentará, sobretudo porque o BC terá que continuar gastando as reservas cambiais
Fábio Susteras, economista do Private Bank do Banco Real
Por trás do otimismo que o governo tenta passar diante da severa crise internacional, que já empurrou os países mais ricos para a recessão, há um clima de extrema preocupação. Ao traçarem os cenários para os próximos dois anos, tanto o Banco Central quanto o Ministério da Fazenda reconhecem que o Brasil caiu em armadilhas das quais sairá muito arranhado. Qualquer que seja o ângulo de análise, a travessia da economia brasileira será turbulenta. Conciliar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com inflação dentro das metas exigirá esforço monumental. O problema é que ninguém sabe até onde o governo está disposto a ir para manter as rédeas sob controle e não deixar que as importantes conquistas dos últimos anos se percam no meio do caminho.
“Teremos um teste duríssimo pela frente”, diz o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. “Há o risco de a inflação chegar a 7% no acumulado de 12 meses no terceiro trimestre de 2009. Tecnicamente, essa taxa, muito distante do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5%, exigirá aumento dos juros. Mas como o BC conseguirá elevar a taxa básica (Selic) com a economia em forte desaceleração?”, questiona. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se os juros subirem, os problemas com o crédito, que foi uma das alavancas do consumo e dos investimentos, tendem a se agravar, minando a expansão econômica. Na avaliação do presidente do BC, Henrique Meirelles, tal argumento é válido. Mas deve-se lembrar que a missão do banco é manter a inflação dentro das metas, ainda que isso implique aumento dos juros.
A inflação, afirma Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra, está subindo de forma veloz por causa da disparada do dólar, cujo repasse para os preços é rápida. Ela ressalta, porém, não ver ainda motivos para aumento dos juros. “As incertezas são enormes. Que a economia vai crescer menos, está claro. Mas ninguém sabe quanto. Que a inflação vai subir, também está certo. Mas ninguém sabe quanto. Foi por isso que o BC suspendeu, no mês passado, o aumento da Selic, esperando por um cenário menos nebuloso”, assinala.
Na opinião do economista Marcelo Nonnenberg, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é preciso lembrar que as commodities (grãos, petróleo e minérios), com significativo peso na inflação, estão em queda em todo o mundo. “Assim, haverá um processo de compensação com a alta do dólar”, diz. Independentemente desse resultado, acrescenta Nonnenberg, é preciso ficar claro que o BC não pode deixar a inflação sair do controle, pois os estragos serão pesados.
Para Fábio Susteras, economista do Private Bank do Banco Real, contar com a queda das commodities para minimizar o impacto do dólar sobre a inflação pode resultar em decepção. A seu ver, em vez de recuo, os preços dos alimentos vão subir nos próximos meses, por três razões básicas. Primeiro: os insumos usados para o plantio, quase todos importados, ficaram bastante caros com a alta do dólar. Segundo: o crédito escasseou e encareceu. Terceiro: a safra a ser colhida será menor, ou seja, oferta reduzida sempre resulta em preços maiores. “Por isso, é provável que o BC seja obrigado a elevar os juros entre o fim deste ano e o primeiro semestre de 2009”, ressalta.
Gastos e Juros
A política monetária também tende a ser pressionada pelo próprio governo, destaca Elson Teles, economista-chefe da Corretora Concórdia. Na ânsia de manter a demanda doméstica aquecida diante da queda das exportações, devido à retração da economia mundial, o governo tem dado uma série de estímulos ao consumo, especialmente pela oferta de crédito por meio dos bancos públicos. Mas a demanda aquecida pode manter as importações firmes. E com as vendas externas do país em baixa e o menor valor dos produtos exportados, o saldo comercial desabará. “Nesse contexto, é possível que o Brasil saia de um superávit de US$ 20 bilhões em 2008 para um déficit de US$ 10 bilhões no próximo ano”, emenda Luís Otávio Leal. “Se isso acontecer, a piora nas contas externas será enorme.”
E não há exagero em tal previsão. Fábio Susteras lembra que, com o mundo em recessão, as multinacionais que estavam ampliando seus investimentos reduzirão o fluxo de recursos. Por tabela, os investidores que perderam mais de US$ 32 trilhões com as quedas das bolsas também vão diminuir as aplicações no país. O resultado será uma grande dificuldade do Brasil em financiar seu balanço de pagamentos externos, fato que tende a pressionar as cotações do dólar e, claro, a inflação. “Tudo isso nos leva a crer que a vulnerabilidade externa do país aumentará, sobretudo porque o BC terá que continuar gastando as reservas cambiais”, frisou.
O que torna o cenário mais sombrio, avalia Joel Bogdanski, economista do Banco Itaú, é a perspectiva de aumento dos gastos públicos. Esse tema reabriu o fosso que separa o presidente do BC e o ministro da Fazenda. Até pouco tempo, os dois vinham com um discurso unificado. Mas Mantega passou a pregar uma política anticíclica como forma de minimizar os estragos da crise, combinando mais gastos com juros em baixa. Meirelles acredita que o consumo interno, baseado no aumento da renda e do emprego, continua firme, exigindo cautela nas políticas fiscais e monetárias.
No meio dessa disputa, o relevante a ser destacado é que o governo contratou gastos irreversíveis, como o reajuste do funcionalismo e do salário mínimo, num ano em que a arrecadação vai diminuir em função do menor crescimento. “Para conciliar gastos maiores e receitas em queda, só restará ao governo reduzir o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida), de 4,3% do PIB. Uma taxa de 3,8% não será problema, mas um percentual menor do que esse será visto como descontrole”, diz Sustera.
Em meio a tantos problemas, sentencia Elson Teles, o presidente Lula necessitará de equilíbrio para escolher o caminho menos tortuoso. Mesmo que para isso arrisque o desejo de fazer seu sucessor em 2010, quando, na melhor das hipóteses, a economia começará a recuperar o fôlego.
DIAS DE TORMENTA
O governo se meteu em uma série de armadilhas, o que exigirá um esforço redobrado para que o país registre, em 2009, crescimento moderado e inflação dentro da meta
A vulnerabilidade externa do país aumentará, sobretudo porque o BC terá que continuar gastando as reservas cambiais
Fábio Susteras, economista do Private Bank do Banco Real
Fonte: Correio Braziliense.
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