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Herdeiro do trono japonês agradece generosidade brasileira
















O príncipe-herdeiro do Japão, Naruhito, encerrou há pouco seu pronunciamento na sessão solene em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Ele agradeceu a generosidade do povo brasileiro nesses 100 anos de presença nipônica, e lembrou que, mesmo com as barreiras culturais e lingüísticas, os imigrantes conseguiram conquistar o povo brasileiro e ajudar o Brasil em seu desenvolvimento.

Naruhito lembrou sua primeira visita ao Brasil, há 26 anos, quando conheceu, em Brasília, o trabalho de famílias japonesas em projetos agrícolas. "Pude conhecer um Brasil vibrante e vi com meus olhos os japoneses trabalhando a terra no Brasil, o que me deixou muito emocionado", declarou.

Vivem hoje no Japão mais de 300 mil brasileiros, que trabalham nas mais diversas áreas, enquanto a comunidade japonesa no Brasil soma cerca de 1,5 milhão de japoneses e descendentes. Para o príncipe-herdeiro, o centenário da imigração deve ser o início de um novo momento, para tornar ainda mais fortes os laços entre os dois países, com vistas aos próximos cem anos de história da imigração japonesa no Brasil.

O príncipe representa o Japão nas cerimônias do Centenário da Imigração Japonesa ao Brasil e é o presidente de honra das comemorações.

Fonte: AG. Câmara

Naruhito agradece hospitalidade e carinho do povo brasileiro com os japoneses

Foto: Antonio Cruz/ABr





















O Príncipe Naruhito, herdeiro do trono do Japão, fala durante solenidade em comemoração aos 100 anos da imigração japonesa no país. À esquerda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à direita, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia

Câmara dos Deputados homenageia imigrantes japoneses

O Plenário iniciou há pouco sessão solene em homenagem ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. O príncipe herdeiro Naruhito representa a Família Imperial Japonesa. Além de Brasília, ele participará de homenagens em São Paulo e no Paraná, estados que contam com grande número de japoneses e descendentes.

O príncipe Naruhito atende a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enviou uma carta em agosto de 2006 ao imperador Akihito. O príncipe herdeiro Naruhito visitou o Brasil em 1982. Seu irmão mais novo, príncipe Akishino, veio ao País em 1988, no 80º aniversário da imigração japonesa.

Os governos do Japão e do Brasil designaram 2008 como o "Ano do Intercâmbio Brasil-Japão", comemorando o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.


O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, destacou há pouco as contribuições dos japoneses para o desenvolvimento do Brasil. Chinaglia mencionou a participação dos imigrantes japoneses e de seus descendentes na agricultura, na gastronomia, na ciência, na tecnologia e na religião. "Esse fluxo de duas vias só faz aprofundar os laços entre os dois países. O de hoje na indústria japonesa - com os dekasseguis - e o de ontem na cultura do café", afirmou.

Chinaglia cumprimentou o príncipe herdeiro Naruhito, que representa o imperador Akihito e a Família Imperial Japonesa na homenagem realizada neste momento. Ao final do pronunciamento de Chinaglia, foi reproduzida uma mensagem do então príncípe herdeiro Akihito, hoje imperador do Japão, em visita ao Congresso Nacional em 1967.

Príncipe herdeiro do Japão visita Brasília

Foto: Antonio Cruz/ABr















O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o Príncipe Naruhito, herdeiro do trono do Japão, durante solenidade em comemoração aos 100 anos da imigração japonesa no país.

O príncipe visita neste momento o Congresso Nacional em Sessão Especial.

100 anos da imigração japonesa – poderes simbólicos

No Japão, a figura do imperador é quase divina, intocável. Segundo a Constituição do Japão, ele é o símbolo do Estado e da unidade do povo. Parte do caráter mítico do Império do Sol se deve ao fato de ele ser a mais antiga monarquia hereditária do mundo. Desde a ascensão do imperador Jimmu, em 11 de fevereiro do ano 660 a.C., a Casa Imperial reconheceu a existência de 125 monarcas legítimos, incluindo o atual imperador Akihito, pai do príncipe Naruhito. A história só teve conhecimento da origem da linhagem imperial japonesa por meio da análise de tumbas antigas (kofun) dos monarcas. Ainda que não seja tecnicamente um chefe de Estado, o atual imperador Akihito freqüentemente é tratado como tal em viagens e dentro do próprio país.

A família real japonesa possui 22 integrantes, e parte deles exerce tarefas de caráter social, além de obrigações cerimoniais. A ordem de sucessão ao chamado Trono do Crisântemo — o selo da Casa Imperial é representado pela flor amarela — determina que Naruhito seja o herdeiro natural, se Akihito morrer ou for considerado incapaz para o cargo. O príncipe Akishino, o segundo filho do imperador, vem em seguida. Caso nenhum dos dois possa exercer a função e como Naruhito não tem filhos homens, o império seria assumido por Hisahito, filho mais velho do príncipe Akishino. No entanto, o futuro da dinastia pode mudar caso Naruhito e a princesa Masako tenham um filho varão.

O imperador Akihito ascendeu ao trono em 7 de janeiro de 1989, com a morte de seu pai, Hirohito. O papel do imperador do Japão tem historicamente se alternado entre um posto de clérigo supremo com amplos poderes simbólicos e entre a administração imperial. Até 1945, fim da Segunda Guerra Mundial, os monarcas eram oficialmente os comandantes-em-chefe das Forças Armadas do Japão. Akihito exerce seu império a partir do Kokyo, como é conhecido o Palácio Imperial, situado no centro de Tóquio. (RC)

Data histórica: há 100 anos a primeira leva de imigrantes desembarcava no Brasil

Príncipe Naruhito se reúne hoje com Lula e participa de cerimônias em comemoração ao centenário. Nipobrasileiros que serão recebidos pelo herdeiro do Império do Sol falam sobre suas expectativas

``Uma oportunidade dessas é rara. A gente nem sonhava que isso pudesse ocorrer. Ser recebido pelo imperador é uma grande satisfação``
Yukio Matsunaga, único nipobrasileiro condecorado pessoalmente pelo imperador Akihito em maio passado

Nem mesmo a distância de 18 mil quilômetros foi suficiente para apagar o brilho do sol nascente em 1,5 milhão de vidas no Brasil, número estimado da colônia japonesa no país. Em Brasília, são cerca de 12 mil imigrantes e nipodescendentes. Apenas 23 deles terão a honra de serem recebidos amanhã pelo príncipe Naruhito, herdeiro do Trono do Crisântemo e filho mais velho do imperador Akihito e da imperatriz Michiko. O encontro marca o centenário da imigração no Brasil. Em 18 de junho de 1908, o navio Kasato Maru aportou em Santos (SP), depois de 50 dias de viagem desde Kobe, trazendo 781 japoneses atraídos pelo trabalho nos cafezais de São Paulo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o príncipe Naruhito lembrarão a data com o lançamento de selo e moeda comemorativos, às 11h15 de hoje no Palácio do Planalto. Pouco depois, anfitrião e visitante devem entregar medalhas a personalidades que contribuíram para o fortalecimento das relações bilaterais e para a integração da comunidade nipobrasileira. Os outros compromissos de Naruhito incluem queima de fogos de artifício, às 20h, no Palácio do Itamaraty. Às 20h15, ele e Lula terão encontro privado no local e jantar.

Shigeru Hayashi, presidente da Comissão de Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no DF, é uma das pessoas que serão condecoradas no Planalto e recebidas por Naruhito às 17h, na embaixada do Japão. Antes, às 14h45, o príncipe faz visita de cortesia ao senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), presidente do Senado. Quinze minutos depois, participa de sessão solene aberta ao público, no plenário da Câmara dos Deputados. “A presença do príncipe é o ponto culminante das comemorações, já que a comunidade japonesa idolatra a família imperial”, afirmou Hayashi, que é nissei (filho de imigrantes chegados ao Brasil em 1937). Ele diz ser “muito fácil” falar sobre a importância do imigrante japonês no Brasil. “A gente vivenciou a luta, os sacrifícios e a obstinação de vencer em um país totalmente adverso”, comentou.

Começo difícil – As mãos do advogado Shinji Imai, de 74 anos, guardam os calos de quem ajudou a construir uma terra distante. Há meio século, ele trocou a província de Saitama por Santos (SP). O aposentado lembra que o começo de vida no Brasil não foi fácil. Imai se viu obrigado a puxar enxada em um cafezal e na lavoura de tomate, em Cotia (SP). Foram quatro anos de trabalho pesado. “O encontro com o príncipe é um marco histórico da imigração. Desde 1808, os japoneses vêm se integrando à sociedade brasileira e desenvolvendo várias atividades econômicas.”

Em 2004, Imai já tinha recebido sua recompensa: o imperador Akihito lhe entregou uma condecoração por meio da embaixada. Segundo Imai, o sistema imperial perdeu o conceito ao longo dos tempos e não tem a mesma pompa da antigüidade. “O imperador é o símbolo nacional, uma fonte da união do povo.”

A integração dos japoneses ao Brasil obedece a laços afetivos. Kimiko Sambuichi, dirigente da Associação de Estudos da Língua Japonesa de Brasília, é um exemplo: nascida em Tóquio, veio para o Brasil em 1965, onde se casou. O respeito pela tradição está tão enraizado que, em 1984, Kimiko fundou uma escola de japonês em Taguatinga. Se o protocolo deixar, ela sabe o que dirá ao príncipe. “Quero que o Japão nos dê força para ensinar a língua japonesa”, disse a senhora de 68 anos. (CB)

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