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Acordos de bastidores para reabrir Serra Pelada

Arquivo

















A notícia da iminente reabertura do garimpo de Serra Pelada, pressupõem alguma vantagem para os garimpeiros que insistem em não abandonar aquele que foi o maior garimpo a céu aberto do mundo na década de 80.

Eu disse pressupõem, nada mais do que isso. Uma tal de Colossus, do Canadá, rifou aos antigos garimpeiros apenas 25% do que conseguir extrair mecanicamente nos 100 hectares que abrange a área do antigo garimpo.



















Fala-se até na ida do presidente Lula ao lugar para sacramentar a transferência do direito de lavra que pertencia aos garimpeiros para a empresa candadense.

É muito provável que esteja ocorrendo uma bela de uma maracutaia nessa história.

Serra Pelada inicia seu 2º ciclo do ouro

de Serra Pelada (PA)
Valor Econômico - 26/04/2010




















Desta vez, a exploração será mecanizada. Os canadenses formaram uma empresa junto com a maior cooperativa de garimpeiros de Serra Pelada. A Colossus terá 75% do que for extraído e os garimpeiros, 25%. Curionópolis, cidade onde está a mina, espera o presidente Lula no dia 7 para a outorga da lavra. O Planalto ainda não confirmou a visita.

Da estrada que liga Marabá a Parauapebas, no sudeste paraense, dá para ver os sinais da construção de 30 barracos de 6 metros por 80 metros que estão sendo erguidos para abrigar 15 mil garimpeiros. Há 700 ônibus contratados para trazer a Curionópolis, a cidade que prepara a festa, uma multidão de 40 mil homens em 7 de maio. Nesse dia, a expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregue à cooperativa de garimpeiros a concessão de lavra de uma área de 100 hectares. Se isso ocorrer, será o início do segundo ciclo de exploração de ouro em Serra Pelada, o lugar que nos anos 80 ficou conhecido como o maior garimpo a céu aberto do mundo.

A empresa canadense Colossus pesquisou nos últimos três anos o solo de uma área muito próxima à famosa cava de Serra Pelada e descobriu ali um veio de 50 toneladas de minério. Dessas, 33 toneladas são de ouro, 6,7 de platina e 10,6 de paládio. Ninguém sabe exatamente quanto ouro foi extraído do imenso buraco onde 100 mil homens trabalharam em frenesi de 1979 a 1994, indo e vindo, num gigantesco formigueiro humano. Números oficiais falam em algo próximo a 40 toneladas, naquela ocasião. A mina que a Colossus pretende explorar agora significa R$ 2,28 bilhões - só em ouro.

O Planalto não confirma ainda a vinda do presidente Lula. O Ministério das Minas e Energia também não bate o martelo sobre a presença do ministro Márcio Zimmermann. Na verdade, técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ainda analisam o processo para ver se está tudo certo, mas a direção da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), que detém a concessão da área, já prepara o palanque junto com a prefeitura de Curionópolis, da qual Serra Pelada é um distrito. "Foi o senador Lobão quem conversou com a responsável pela agenda do presidente e está tudo confirmado", diz Gesse Simão de Melo, presidente da Coomigasp, a maior cooperativa da região, com cerca de 40 mil associados. Ele se refere à ação do ex-ministro das Minas e Energia Edison Lobão. "O senador gravou um DVD convidando os garimpeiros para a festa. O DVD está no mundo, rodando para todo lugar", diz Melo.

A visita do presidente Lula seria para entregar a concessão de lavra à Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPE), empresa formada pela cooperativa de garimpeiros e a Colossus. Vem sendo anunciada há muito tempo, mas continuamente adiada. Os técnicos do DNPM se debruçam sobre os detalhes de um processo complicado que passa pelo recadastramento dos sócios da cooperativa e pagamento de tributos. No outro front, o geólogo Heleno Costa, da Colossus Geologia e Participações, diz que o script foi cumprido: depois de comprovada a viabilidade econômica, era preciso ter o plano de exploração da jazida e finalmente a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental. Em 17 de abril, a Secretaria do Meio Ambiente do Pará liberou a licença de instalação (L.I.) que permite a exploração do garimpo de forma mecanizada.

Essa segunda fase de Serra Pelada começou em fevereiro de 2007, quando a Vale, dona de 10 mil hectares na região - onde explora ferro -, devolveu a concessão dos 100 hectares do antigo garimpo ao DNPM. O órgão, por sua vez, passou a concessão à cooperativa de garimpeiros. A Coomigasp recebeu um alvará de pesquisa com prazo de três anos para estudar a viabilidade econômica do local.

O ressurgimento de Serra Pelada não será mais por extração manual. A mineração mecânica ocorrerá a 160 metros de profundidade. A partir de uma rampa inclinada, com abertura de 4 metros de largura e 1,6 quilômetro de extensão, partirão galerias. No projeto da Colossus, a previsão é de se criar 520 empregos diretos e 1.200 indiretos na fase de implantação e mais 350 durante a operação da mina. A empresa prevê investir R$ 120 milhões nos oito anos de exploração da lavra subterrânea.

No desenho atual do consórcio, o dinheiro que virá do garimpo será dividido entre a Colossus, que ficará com 75%, e a Coomigasp, com 25%. Essa divisão produziu muita polêmica entre os garimpeiros, que se distribuem entre oito cooperativas. "O governo deveria evitar dar o que é nosso para os estrangeiros" diz Etevaldo Arantes, porta-voz do Movimento de Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração (MTM), que se opõe ao projeto. "Deveria dar o dinheiro para nós, para que os próprios garimpeiros possam financiar a exploração."

Costa, da Colossus, explica como foi feita a arquitetura do negócio. Pela primeira proposta dos canadenses a Colossus tinha toda a responsabilidade pela pesquisa. Investiria R$ 6 milhões e teria 51% na sociedade com os garimpeiros. Mas se a pesquisa necessitasse de mais recursos, ambos teriam que investir outros R$ 12 milhões ou as participações "seriam diluídas."

A Colossus investiu, sozinha, mais de R$ 20 milhões, segundo Costa. Nesse meio tempo, a direção da cooperativa mudou e assumiu Melo. Os novos diretores resolveram rever o contrato e alteraram alguns pontos. A Coomigasp ficaria com 25% de participação mas negociou um prêmio: R$ 1.450,00 para cada quilo de ouro, platina ou paládio vendido. O preço da platina hoje é superior ao do ouro; o do paládio, bem inferior. "Se a retirada de paládio for superior ao que imaginamos, eles ganham", diz o geólogo. Os canadenses ganham se sair mais platina. As modificações contratuais foram aprovadas em assembleia de garimpeiros.

Se a outorga da concessão de lavra ocorrer em 7 de maio, como esperam os canadenses, a prefeitura de Curionópolis e a Coomigasp, "em junho a gente começa", diz Costa, que preside a SPE. Ele calcula 1,5 ano para a fase de construção da rampa e galerias, alojamentos e escritório. Para obter a licença de operação (L.O.) será preciso detalhar o plano ambiental do projeto. "Fizemos 29 programas ambientais e sociais", diz o geólogo. "O problema é que ali há um enorme passivo ambiental."

Na vila de Serra Pelada vivem cerca de seis mil pessoas. Muitos são antigos garimpeiros que nunca saíram de lá. Todos acreditam que ainda há muito ouro ali. Alguns garimpam no cascalho ou em buracos nas proximidades da famosa cava - hoje, um grande lago. "Aqui era um monte, que os garimpeiros trouxeram nas costas", aponta Etevaldo Arantes. Os garimpeiros parecem ter razão quanto à crença de estarem pisando em ouro. "A tendência, quando se começa a abrir uma mina, é ela crescer", diz Costa, da Colossus.

Mangabeira Unger debate mineração com garimpeiros na Amazônia



















A convite do vice-governador do Pará, Odair Corrêa, e de lideranças garimpeiras da região, como Ivo Lubrinna e Sérgio Aquino, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, visita garimpeiros de Creporizão, no Vale do Rio Tapajós-PA (cerca de 450 km de Santarém), nesta terça-feira. O encontro será acompanhado pela comitiva da SAE, por deputados federais, senadores e pela governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, a partir das 10h. O objetivo é debater a situação social, ambiental e trabalhista do garimpo e ouvir autoridades locais e lideranças comunitárias para a elaboração de alternativas para a mineração na Amazônia, que estejam voltadas ao desenvolvimento sustentável da região. O vice-governador lembra que a profissão de garimpeiro foi regulamentada em junho de 2008, mas até agora os garimpeiros não puderam ser inscritos no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Na semana passada, Odair Corrêa levou esse problema a Mangabeira Unger e ele pediu para se encontrar com os garimpeiros em plena selva amazônica.

Ainda nesta terça-feira, às 14h, será realizada em Itaituba-PA uma coletiva de imprensa como o Ministro Mangabeira, a governadora Ana Júlia e o prefeito Roselito Soares. Às 14h30 haverá um debate público sobre projetos logístico na região com enfoque na criação de redes de estradas vicinais a partir dos eixos da construção das BRs 163 e 230. A construção da hidrovia Teles Pires-Tapajós também estará na pauta de discussões.

Os principais problemas das regiões garimpeiras do Vale do Rio Tapajós são a vulnerabilidade social causada pela volatilidade, a informalidade do garimpo e a poluição dos rios. Os trabalhadores não são protegidos pela legislação trabalhista e previdenciária. Além disso, o quadro de saúde também é grave, em função de endemias e da incidência de doenças venéreas associadas à prostituição, que quase sempre acompanha os garimpos. A situação social e ambiental na região do garimpo se agrava com o avanço recente das frentes de desmatamento a partir da BR 163 - associado ao caos fundiário e à luta pela terra.

O garimpo no Vale do Rio Tapajós

Situado no sudoeste do Pará, é a região que mais produziu ouro na história do Brasil. Os garimpos começaram no final da década de 50 e atingiram o auge na década de 80, época em que os preços elevados induziram corridas do outro em quase toda a Amazônia. Ainda hoje, cerca de 20 mil garimpeiros extraem ouro em cerca de 200 garimpos, espalhados por cerca de 100 mil km2, a maior área aurífera do mundo.

Na extração do ouro, os grandes volumes de sedimentos deslocados pelas máquinas e o uso de mercúrio na concentração do metal são graves problemas ambientais causados pela atividade. Existem, na região, "garimpos abertos", nos quais o acesso de pequenos empresários e trabalhadores é livre, e "garimpos de donos", monopolizados e controlados por seus proprietários.

Na última década, as jazidas mais ricas se esgotaram, o que resultou no fechamento de vários garimpos, na migração de trabalhadores (os garimpos do Tapajós já abrigaram mais de 70 mil garimpeiros) e na decadência econômica de cidades como Itaituba - cuja renda é fortemente condicionada pelo dinamismo da mineração. Atualmente, com a forte elevação dos preços internacionais e a desvalorização do real, os preços pagos aos garimpeiros aumentaram bastante, provocando a reabertura de garimpos e uma retomada dos fluxos migratórios.

Programação do Ministro
30/03 19h30 - Chegada à Santarém
31/03 8h - Decolagem para Itaituba
8h40 - Encontro com a Governadora Ana Júlia
9h - Decolagem para o Garimpo Creporizão com a governadora
10h - Chegada ao Garimpo
12h - Decolagem de volta a Itaituba
13h - Almoço
14h - Coletiva (Ministro, Governadora e Prefeito)
14h30 - Evento Público Mineração e Logística no Pará - Eixos para o Desenvolvimento Sustentável. Durante o debate estará em pauta a integração da Rede Logística do Estado a partir das obras previstas no PAC no Pará: BRs 163, 230 e a hidrovia Teles Pires-Tapajós.
17h30 - Decolagem para Brasília

Fonte: ASCOM/Vice-Governador.

Recursos de sobras do garimpo de Serra Pelada pode chegar aos garimpeiros

CEF diz que recursos de Serra Pelada chegarão aos garimpeiros

O advogado Ubiraci Lisboa, da Caixa Econômica Federal, negou que a instituição esteja se negando a repassar aos garimpeiros os recursos relativos à venda das sobras de ouro, paládio e prata dos primeiros 400 lotes do garimpo de Serra Pelada. A Cooperativa Nacional dos Garimpeiros de Serra Pelada (Congasp) move uma ação contra a CEF na qual cobra cerca de R$ 220 milhões relativos a essas sobras. Ubiraci Lisboa alegou que a questão está sub judice e que a preocupação da CEF é que os recursos cheguem aos garimpeiros e não a entidades que não tenham legitimidade de representá-los.

O assunto foi discutido hoje durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

O procurador regional da República no Pará Franklin da Costa explicou a razão pela qual o Ministério Público Federal pediu a suspensão da execução de sentença (a suspensão do pagamento da dívida) na ação que a cooperativa move contra a CEF. Segundo ele, a cooperativa é alvo de ações trabalhistas, de indenização e de cobrança e o dinheiro é repassado diretamente para as pessoas que tem penhoras dentro do processo.

Franklin da Costa contestou afirmação do advogado da cooperativa, Mário Gilberto, de que o Ministério Público está contra os garimpeiros. "Esse seria o primeiro caso em que o Ministério Público trabalharia contra os pobres", disse. Ele disse que o Ministério Público não defende o interesse das cooperativas, mas dos garimpeiros, o que, em sua opinião, são coisas diferentes. O procurador afirmou ainda que a existência legal da cooperativa está sendo contestada judicialmente.

O deputado Cleber Verde (PRB-MA), que solicitou a audiência, disse que a Comissão de Direitos Humanos vai encampar a luta dos garimpeiros de Serra Pelada. O deputado cobra o cumprimento da Lei 7.599/87, que obriga o Banco Central, por meio da CEF, a aplicar os recursos resultantes das sobras de ouro, paládio e prata dos primeiros 400 lotes do garimpo de Serra Pelada em obras destinadas a melhorar a produtividade da garimpagem manual.

"Vamos a Serra Pelada conhecer a realidade dos garimpeiros que ainda moram lá, em condições subumanas. Temos certeza que os 40 mil maranhenses que lá estiveram, que clamam por justiça, receberão o apoio desta comissão", afirmou.

Reportagem - Paulo Roberto Miranda/ Rádio Câmara
Edição - Wilson Silveira

Voto de garimpeiro é decisivo em Serra Pelada

Mesmo sem garimpo, candidatos buscam apoio no local que hoje é a maior favela de Curionópolis (PA)

Serra Pelada virou uma favela sobre toneladas subterrâneas de ouro, mas os votos de seus moradores, a maioria ex-garimpeiros, são decisivos nas eleições de Curionópolis (PA). Por isso, os candidatos a prefeito disputam a preferência do povoado de ex-garimpeiros.

Cerca de 6.000 pessoas, segundo a prefeitura, vivem em Serra Pelada. É mais de um terço da população de Curionópolis. Distrito do município, a serra reuniu, no início da década de 80, 116 mil homens atrás de ouro. "No morro tiravam as folhas do chão e achavam as pedras de ouro. Então, veio um cascalho cego e não acharam mais nada", diz Sebastião Ferreira da Silva, 78, o Trovão, garimpeiro que chegou por lá em abril de 1980 e hoje vive em um barraco de madeira coberto de palha, moradia semelhante à de outros ex-garimpeiros do local.

Embaixo do "cascalho cego" estão 24 toneladas de ouro numa área de cem hectares, segundo estimativa do Departamento Nacional de Produção Mineral de 2004. Extrair essa fortuna depende de máquinas, pois o ouro não está ao alcance das mãos de garimpeiros.

"Se você perguntar, 95% das pessoas querem sair de lá [Serra Pelada], mas não têm condições", diz o candidato do PT, Luiz Rezende, 44.

Já Wenderson Chamon, 33, o Chamonzinho (PMDB), disse que não quer falar sobre Serra Pelada. Ele tenta se esquivar da disputa pelo controle da Coomigasp, a cooperativa de garimpeiros de Serra Pelada.

O direito de mineração na área de cem hectares, será da Coomigasp, que reúne mais de 45 mil associados no país.

O ex-prefeito e fundador da Coomigasp, Sebastião Moura (DEM), 73, o major Curió, é a maior influência eleitoral local. Ele foi cassado em julho passado acusado de compra de votos. Curió comandou Serra Pelada por ordem do governo, na década de 80. Curionópolis foi batizada com esse nome em homenagem a ele. Para a prefeitura, o candidato dele é Alexei da Silva (PDT), 40, que prega "levar vida digna" aos garimpeiros.

Após o prefeito ser cassado, assumiu o poder o vereador Cassiano Bezerra, 42, (PSB), eleito por via indireta pela Câmara. Disse que seu primeiro projeto é atender Serra Pelada.

Fonte: Correio Braziliense.

Jazidas de Serra Pelada voltam à cena


São Paulo, 15 de Setembro de 2008 - Serra Pelada, o célebre garimpo que nos anos de 1980 fez muita gente enriquecer e, depois de fechado, em 1992, deixou muitos "órfãos", volta à cena no próximo domingo. Será realizada a eleição para a presidência da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros da região, que detém os direitos de pesquisa mineral da jazida.

A entidade tem o direito sobre R$ 240 milhões depositados na Caixa Econômica Federal, referentes ao pagamento da extração de paládio, metal que era garimpado junto com o ouro na década de 1980. O direito ao saque desses recursos ainda está sendo discutido na Justiça. A cooperativa desenvolve com a Colossus Minerals, do Canadá, um projeto que prevê a exploração industrial da mina e pode render aos garimpeiros mais R$ 800 milhões.

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Manganês é de quem chegar primeiro

Ag. Brasil

Há mais de 20 dias, moradores de um município no interior da Bahia tentam extrair manganês da terra. O garimpo indevido traz riscos para a saúde dos trabalhadores e para o meio ambiente. As primeiras análises do Departamento Nacional de Produção Mineral indicam que as pedras podem ser resíduos de alguma mineradora.

O DNPM ainda não embargou a área.

Serra Pelada ― ouro de tôlo

Segundo texto publicado pela Cooperativa dos Garimpeiros invadida por adversários da atual diretoria no último domingo, 17. No mês de Abril de 1980, isto é, cerca de três meses depois da descoberta das primeiras pepitas em Serra Pelada cerca de dez mil homens já se dedicavam ao trabalho de escavação em Serra Pelada.

A notícia se espalhou rapidamente e o garimpo recebeu a visita de representantes da Docegeo, uma subsidiária da Vale do Rio Doce e, no dia 05 de maio daquele ano, descendo de helicóptero, chegava à área de Serra Pelada, representando o Governo Federal, o Major Curió, que se infiltrando entre os garimpeiros, viria a tornar-se o maior líder que os garimpeiros já conheceram. Quando o major curió, chegou à Serra Pelada, todos usavam armas, a violência era tamanha a insegurança era total, morriam muitos garimpeiros todos os dias, todas as questões, todas as dúvidas eram resolvidas na base do revólver, segundo contam os antigos garimpeiros como; Neném Capixaba, Pé na Cova, Raimundo Sena, Capota, Geraldo Oládio e muitos outros que ninguém dormia com tantos tiros que eram disparados pelos garimpeiros durante à noite.

Quando o Major Curió chegou à Serra Pelada, designado pela Presidência da República, as condições em Serra Pelada eram sub-humanas, havia surto de meningite e morriam cerca de três garimpeiros por dia, fora os que morriam à base do 38.

Em Serra Pelada o trabalho era contínuo, homens formavam filões humanos de até 15 mil garimpeiros, carregando de forma ordenada os cascalhos em sacos de até 40 kg, percorrendo uma média de 20 a 25 km por dia até completar a sua tarefa.

Na verdade, Serra Pelada foi o primeiro garimpo em que o Governo Federal entrou para organizar e garantir trabalho a milhares de homens vindos de regiões as mais distantes do Maranhão, Pará e Goiás, coincidentemente, as zonas mais pobres do Brasil, o nordeste.

Não havia condição nenhuma de apoio sanitário e como em todos os garimpos dessa grande Amazônia, o garimpeiro sempre foi um escravo, pois sempre quem é o dono do garimpo é o dono da pista e avião que joga as cargas com alimentos, além de fazer o transporte de pessoal. O dono da pista é o homem que abre a pista no meio da selva e só ele tem o controle. Ele explora as casas de mulheres, as chamadas bodegas de vendas de alimentos e cobra de 20 até 50% dos garimpeiros de suas produções. Quando o Governo Federal na verdade entrou no garimpo, o fez para organizar e garantir o trabalho de milhares e milhares de garimpeiros, tudo isso foi corrigido, a bebida, a prostituição, o Governo procurou dar condição de trabalho, condições humanas. Constituindo na mão-de-obra mais bem remunerada do país.











Em dezembro e 1983, o número de garimpeiros era de mais de cento e vinte mil, representando a maior concentração de trabalhadores do País, principalmente nordestinos, que representa 70% dos atuais trabalhadores, meia-praça e diaristas, aqueles que recebem para carregar a terra para fora da cava, recebiam em média CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), pelo dia de trabalho, estes são os diaristas, estes não recebem qualquer porcentagem na apuração do ouro, pois são garimpeiros sem barranco, outros são meia-praça, trabalham o dia todo na sua cata, estes têm suas despesas livre, o dono do barranco ou cata, tem esta responsabilidade. Responsável pela sustentação indireta de mais de seis milhões de pessoas, numa fase em que o desemprego é o nosso mais grave problema social e, numa região em que as condições de vida da população são de quase miséria absoluta. Nesse período, os milhares de garimpeiros existentes em Serra Pelada foram capazes de desmontar uma montanha ali existente, carregando cascalho nas costas, invertendo a posição da Serra e transformando-a em um imenso buraco, num atestado de capacidade de luta dos brasileiros, mesmo trabalhando nas condições mais difíceis possíveis.

É importante salientar que a experiência de Serra Pelada veio mostrar a possibilidade de se erguerem empreendimentos fabulosos, apoiados no trabalho de nosso povo, sem a utilização de recursos de fora nem mesmo do Governo e com grande resultado para o País. Serra Pelada produziu até Novembro de 1983, nada menos que 28 mil quilos de ouro dos quais 6.600 kg em 1980, 2.500 kg em 1981, 6.800 kg em 1982 e o restante em 1983. Todo o custeio da produção do ouro de Serra Pelada foi sem qualquer ônus para o Governo a não ser o rebaixamento das terras nas bordas, coberto com a diferença do preço do ouro comprado pela Docegeo e CEF.

Outro fator importante a salientar na exploração do ouro de Serra Pelada é o caráter da distribuição de renda e de riqueza, uma vez que a exploração é feita através de barrancos medindo 2 X 3 metros, onde trabalham cerca de 20 pessoas em cada barranco, na prática em regime de sociedade, através do que é chamado método de meia-praça. Na realidade os garimpeiros foram e são os efetivos pesquisadores e lavradores da área, representam em Serra Pelada o primeiro grande exemplo de participação comunitária na riqueza mineral do País, em oposição a outros modelos de exploração que nenhum benefício tem gerado ao nosso povo.

A permanência de garimpeiros do ouro, como atividade humana compensadora, fica dessa maneira, na dependência das circunstâncias humanas de coragem destes bravos trabalhadores que deixam suas famílias expulsas pelo desemprego, pela seca e pela falta de terra para o trabalho e se achatam nas matas a procura de um tesouro.

Em 1983, apesar da presença de cerca de 120 mil garimpeiros apenas 48 mil deles eram oficialmente reconhecidos como garimpeiros e obviamente estavam recolhendo o imposto sindical ao Sindicato Nacional dos Garimpeiros que conforme declarações dos garimpeiros, mantêm-se afastado do atendimento aos filiados de Serra Pelada. (fonte revista do garimpeiro nº. 001/ Dez/1983).

O restante dos 120 mil, ou seja, 72 mil (os que não tinham documentação), eram os “furões”, aqueles que andando a pé 30 km, conseguiam penetrar no garimpo sem documentação, burlando a fiscalização.

Na verdade a CVRD, Companhia Vale do Rio Doce, a estatal que já na época era a maior mineradora do mundo, era detentora de um Decreto de Lavra nº 74.509, para a exploração de minério de ferro, que abrangia uma área de 10.000 hectares dentro da qual estava a área de Serra Pelada, que passou a ser assim chamada devido a uma outra serra cuja vegetação era rasteira, devido a grande quantidade de minério de ferro, contrastando com as demais. A CVRD, na realidade nunca se conformou com a situação do garimpo em Serra Pelada e, por todos os meios legais tentou expulsar os trabalhadores da área. À medida que o garimpo avançava, tornava-se cada vez mais perigoso garimpar, aquilo que era uma serra, em pouco tempo, transformou-se em um enorme buraco do tamanho de um campo de futebol do tamanho do Maracanã.













O major Curió, que já se afeiçoara aos garimpeiros, vendo as manobras que eram engendradas contra os descobridores de tamanha riqueza, lançou-se na vida política para ali melhor defender os seus amigos garimpeiros.

Eleito em 1982, o Deputado Federal mais votado do Brasil, Curió, foi incansável na luta em defesa dos garimpeiros, pois as forças contrárias à continuação do garimpo de Serra Pelada, tentavam primeiramente paralisar os trabalhos no garimpo e depois expulsar os garimpeiros da área. Em 1983, o Deputado dos garimpeiros, Sebastião Curió apresentou o seguinte projeto ao Congresso Nacional. “ ... Concede autorização, a título precário, para que os atuais garimpeiros continuem explorando o ouro de Serra Pelada e determina outras providências.

Com o crescimento do garimpo, vieram a surgir também os problemas sociais em grande escala. Foi aí que o Major Curió, enxergando esta necessidade, resolve candidatar-se a deputado federal, sendo então o deputado federal com a maior quantidade de votos da atualidade.

Quando em 11 de junho de 1984, foi criada pelo Congresso Nacional a Lei 7.194, sancionada pelo então presidente da republica JOSÃO BATISTA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO, criando a reserva garimpeira. desmembrando da aérea da CVRD.

JÚLIO DE DEUS FILHO.

Conhecido na Serra Pelada como “Julinho”, foi ele que no dia 18 de Setembro de 1983, às 22 horas, tirou a maior pepita de ouro do Brasil, pesando inicialmente 80 kg, depois de lavada, perdeu alguns quilos, indo parra 62.300 gramas, entregue ao Presidente Figueiredo, juntamente com ela apareceram duas de menor peso, as pedras foram entregues ao Presidente pelo Ministro das Minas e Energia, César Cals e pelo Presidente da Caixa Econômica Federal, Gil Macieira. Na época o Ministro Venturini, Chefe do Conselho de Segurança Nacional anunciava que o Ministério da Justiça iria desarmar o garimpo de Serra Pelada.

A pedra achada por “Julinho” foi batizada como Canaã, era a maior que a Pedra Democracia, que pesava 36kg apesar de já ter sido encontrada a pedra Americana no barranco do Albino, que pesou 42 kg. A pedra Canaã é considerada a terceira maior do mundo, pois que na Austrália já haviam sido encontradas duas maiores, uma pesando 95 kg e a outra 72kg.

Julinho disse – antes eu era construtor de calçamento, na cidade de Estreito – Ma, foi eu que entrei como primeiro caminhão em Serra Pelada, trazendo 70 peões, arrastando os peões com os ranchos, além do caminhão ser puxado numa corda, pois não existia estrada, cheguei aqui no dia 16 de Maio de 1980, peguei um barranco comprado por 500 cruzeiros, comecei a baixar barranco, logo o DNPM me proibiu de baixar o barranco, dizendo não ter ouro na área, me deram outro no lugar apertado da Serra, outro na Babilônia e outro na Malvina, este barranco da pepita maior do Brasil, baixei o barranco desde 1981, somente em setembro deste ano (1983) começou a dar ouro, antes peguei ouro no barranco da “Bucetinha”, no apertado da Serra, me deu 28 kg de ouro, sonhei tirando várias pepitas de ouro e tenho certeza que vou tirar mais de 1.000 kg de ouro, pois a Serra está prometendo.


JOSÉ GARCIA PEREIRA ALENCAR

Este é um filho de um dos homens que mais se destacou em Serra Pelada, é filho de Carolina no Maranhão, e como o seu o pai, confiou em Serra Pelada, chegando aqui em meados de Fevereiro de 1980, ouvindo falar na Grota Rica que estava dando muito ouro, antes do sábado de Aleluia que foi o dia em que partimos para Serra Pelada, reunimos dez lavradores de nossa fazenda, por nome Sítio Novo km 89, município de São João do Araguaia – PA, partimos de camioneta , já era permito a entrada de veículos esta viagem até chegar a Serra Pelada durou dois dias, sendo um dia de casa até a Fazenda do Pernambuco, pois daí para frente não podia entrar de carro, chovia muito, dali pra frente, fomos a pé com as mercadorias nas costas, debaixo de chuva e precisado fazer o nosso rancho, os cinco primeiros dias foram para buscar o rancho no sexto dia só eu e outro que já não me lembro o nome trouxemos o resto o rancho, o barracão já estava pronto. Nesta época a Grota Rica já estava cheia de gente, foi aí que meu pai Raimundo Serra Alencar, mais tarde conhecido como farejador de ouro resolveu cavar um barranco sobre a serra da Babilônia, no encontro das três grotas ali existentes, três dias após marcar os serviços um homem a quem não me recordo o nome, encontrou uma pepita de 900 gramas e, no outro dia a Serra já estava limpa e 500 homens trabalhando, ao nosso lado estava o José Maria e o Japonês, que em 80 dias foram mais felizes, encontrando uma laje de 380 kg de ouro, pegando 18 baldes de ouro de ouro, esta laje teve de ser cortada a machado, nós só pegamos uma parte do filão, ou seja, 180 kg após 3 meses de garimpagem, até a chegada desta data, o dinheiro que trouxemos já havia acabado, já tínhamos vendido 200 sacos de arroz e 30 bezerros, isto ainda não deu para pagar tudo até chegar ao ouro, então tive que começar a fazer transporte de garimpeiros e na volta trazer laranjas para a venda no comércio, na última viagem, dois companheiros me aguardavam para me avisar de que nós havíamos bamburrado, dei todas as laranjas de graça, foi o meu primeiro reque que dei, após este dia eu trabalhei na operação ouro durante 23 dias sem saber o que se passava fora do garimpo, mas como o trabalho maneirou, pedi ao meu pai para passear em Marabá, as mulheres atormentavam minha cabeça no sonho, o velho se mancou, foi dureza até ele me liberar, saí às 3 horas da tarde,lá chegando comprei um carro e me mandei, comprei um caminhão Scania, só para matar minha vontade de infância, queria conhecer o Brasil de ponta a ponta, sobre um caminhão, isto eu completei, voltei ao garimpo em 81 – 82 nestes anos tirei 11 kg de ouro, em 83 só tristeza, mas serei o último dos garimpeiros a sair desta mina.
Alencar morreu no ano passado vítima de um infarto fulminante sem uma grama de ouro.

Serra Pelada ― a "corrida em busca do ouro"



















A tese incutida por determinadas testemunhas oculares do evento, garantem que Serra Pelada ainda não havia sido descoberta como garimpo, de acordo com o narrado o post anterior. Eis que outro fato corroborou para a segunda tese de origem do garimpo. Esta, também por um fato do acaso, protagonizado pelo Senhor Sebastião Ferreira, que ao procurar lenha seca para cozinhar seus alimentos e não a encontrando facilmente nas imediações da Grota Rica, resolveu procurá-la nas encostas da serra e com isso foi cada vez mais para cima, na direção do topo da elevação e lá chegando encontrou ali as primeiras pepitas encontradas no depois batizado garimpo de Serra Pelada.

Ferreira era um humilde velhinho agricultor que não contendo-se de excitação com a descoberta, desceu a serra e espalhou a novidade, rapidamente todos os que estavam trabalhando na Grota Rica, passaram a procurar ouro também no topo da Serra e como em garimpo, as notícias não correm, voam, não se sabe como, mas imediatamente começou a chegar centenas e centenas de garimpeiros e depois milhares.

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