Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte X: Transformação silenciosa

Ao protagonizar o movimento que levou à queda da ditadura de Fulgêncio Batista em 1º de janeiro de 1959, Fidel Castro assumiu a liderança do país não apenas em uma, mas em várias revoluções que marcaram os cubanos ao longo dos 49 anos em que governou. Encontrou uma Cuba cheia de desigualdades sociais, as reduziu e agora deixa outras contradições para serem resolvidas por seu sucessor.

Quando tornou-se presidente, Cuba era praticamente um balneário dos Estados Unidos. Tinha a economia restrita à produção açucareira e aos cassinos. "Fidel pôs os cubanos em um lugar digno, com direito à educação e à seguridade social", diz o historiador Pedro Cosme Baños, diretor do Museu do Memorial Lenin, da cidade de Regla. Ao longo dos anos, no entanto, a tarefa de levar desenvolvimento à ilha foi se tornando árdua demais.

A tábua de salvação do país foi a entrada, em 1972, para o Conselho de Ajuda Econômica Mútua (Caem), órgão de integração dos países do bloco socialista. Em 1985, as relações com o Caem correspondiam a 83,2% do comércio exterior cubano. Diante desse cenário de dependência, a queda do regime soviético não poderia ter deixado de provocar o desastre que causou à economia de Cuba. Em 1993, o Produto Interno Bruto (PIB) da ilha já era 35% menor do que o registrado quatro anos antes. Naquele ano, o sinal vermelho acendeu.

A resposta de Fidel chegou em julho, quando estabeleceu um regime de dupla moeda, que perdura até hoje. A introdução do CUC (peso conversível) na economia, que antes era restrita ao peso cubano, permitiu a entrada de divisas estrangeiras no país. Com isso, em 1995, 50% das receitas vinham do turismo. Mas a solução cambial, que permitiu que a crise econômica fosse controlada, hoje é geradora de novas contradições. Um CUC vale 24 vezes o valor de um peso cubano. Por esta última moeda, a população é remunerada e é possível comprar apenas os itens básicos. Os produtos importados, cotados em CUC, enchem os olhos dos cubanos. Todos buscam meios de obter a moeda dos turistas. Esta é a nova revolução silenciosa que Cuba tem de enfrentar — desta vez, sem Fidel.

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte IX: Abertura econômica deve levar cinco anos

Avanço do capital privado e investimentos serão cruciais

A renúncia de Fidel Castro à presidência de Cuba não significará uma rápida abertura econômica daquele país. O processo de integração será lento e acontecerá aos poucos, devendo levar de três a cinco anos. É esse o consenso entre especialistas que se debruçam sobre os indicadores da economia latino-americana. "Por mais poder que Raúl Castro, irmão e sucessor de Fidel venha a ter, não haverá mudanças a curto prazo. A economia cubana permanecerá fechada por um bom período. A transição exigirá a construção de instituições sérias e confiáveis, que sigam preceitos importantes para que o capital veja Cuba como uma economia de mercado Entre esses preceitos está o direito à propriedade privada", diz Ítalo Lombardi, chefe do Departamento de Pesquisas para a América Latina da consultoria IDEAGlobal, com sede em Nova York.

A tendência, segundo Vitória Saddi, economista da consultoria RGE Monitor, também com sede em Nova York, é de que se repita, em Cuba, o movimento registrado na Rússia logo depois do fim da Guerra Fria, que resultou no desmembramento da União Soviética. "Foram necessários cinco anos para que o Estado começasse a reduzir seu tamanho na economia e o capital privado ocupasse seu espaço. Mas o importante é avançar na abertura econômica, reduzindo a burocracia e a corrupção, mesmo que lentamente, pois os ganhos no futuro serão enormes", afirma.

Vitória lembra que, em 1997, Raúl Castro tentou promover mudanças na economia de seu país. Mas foi cerceado pelo irmão presidente. Raúl voltou a adotar o discurso mais pró-mercado, com Fidel afastado do poder devido a graves problemas de saúde. Para aumentar a eficiência da economia, ele prometeu promover reformas graduais nos sistemas fiscal, cambial e monetário. Também destacou a importância de se atrair investimentos estrangeiros para projetos que vão além do turismo, da energia (exploração e refino de petróleo), da mineração e do transporte portuário, nos quais o capital externo já se faz presente.

Estatísticas mostram que os estrangeiros já participam de 362 empreendimentos em Cuba, sendo 237 empresas de capital misto (com controle acionário do Estado) e 125 arranjos contratuais. Juntos, movimentaram, em 2007, quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) cubano, próximo de US$ 50 bilhões. Os maiores investidores são a Espanha e o Canadá, seguidos pelos Estados Unidos — a despeito do embargo comercial a Cuba — e por Israel. "Quando o capital estrangeiro se sentir mais seguro, aquele será o país de maior crescimento mundial, devido às oportunidades de negócios e à mão-de-obra qualificada", avalia Ricardo Amorim, chefe do Departamento de Pesquisas do banco alemão WestLB.

Para o presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alessandro Teixeira, o Brasil pode ser beneficiado. "Temos um amplo mercado a explorar nos setores de alimentos, de máquinas e de bens de consumo", frisa. Desde a posse de Lula, em 2003, o comércio entre o Brasil e Cuba cresceu 348%, de US$ 91,9 milhões para US$ 412,6 milhões.

"Jamais me aposentarei da política, da revolução ou das idéias que tenho. O poder é uma escravidão e sou seu escravo"
Setembro de 1991

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte VIII: Lula elogia ditador e condena ingerências

``Fidel é o único mito vivo na história da humanidade, e acho que ele construiu isso à custa de muita competência, muito caráter, de muita força de vontade e também de muita divergência, de muita polêmica´´

Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita ao gasoduto Sudeste-Nordeste, na cidade capixaba de Serra

O governo brasileiro reagiu de forma cautelosa à renúncia do ditador cubano, Fidel Castro. Durante visita ao estado do Espírito Santo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que, até então, temia pela sucessão na ilha. O medo era de que "numa situação adversa, acontecesse um sistema turbulento". Lula desfiou um curto rosário de elogios ao ex-líder guerrilheiro. "Fidel é o único mito vivo na história da humanidade, e acho que ele construiu isso à custa de muita competência, muito caráter, de muita força de vontade e também de muita divergência, de muita polêmica", declarou, segundo despacho divulgado pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.

O presidente evitou qualquer opinião conceitual sobre o futuro de Cuba sem Castro à frente do governo. Preferiu uma espécie de discurso preventivo nesse campo. "Respeito muito que cada povo decida seu regime político — esse negócio de a gente ficar aqui no Brasil dizendo que bom é assim, bom é assado. Vamos deixar que os cubanos cuidem do que eles querem na política." Dada a deixa, ele foi em frente: "Os cubanos têm maturidade para resolver todos os seus problemas sem precisar de ingerências, nem brasileiras nem americanas".

Próximos desde 1985, Lula e Fidel se entrevistaram pela última vez em janeiro passado. O brasileiro esteve em Cuba para uma visita oficial e assinou 10 acordos bilaterais nas áreas de energia, saúde, comércio, agricultura e informação digital. Foi submetido a uma espera de horas, antes de finalmente encontrar Castro — o que deixou clara uma certa insatisfação do regime castrista com o Brasil. Dias depois, o próprio ditador revelou, em artigos publicados na imprensa oficial, o motivo da arenga: a promoção dos biocombustíveis, produto que aproximou Lula do presidente norte-americano, George W. Bush, e que, segundo Fidel, aumentará o preço dos alimentos no mundo num futuro próximo.

À saída daquele encontro, o presidente brasileiro não quis revelar o teor tenso da conversa. Aos jornalistas brasileiros que o acompanhavam, Lula disse que encontrou Castro "com uma saúde impecável". "A impressão que eu tenho é que Fidel está muito bem de saúde, está com uma lucidez como nos melhores momentos. E eu penso que Fidel está pronto para assumir o papel político que ele tem em Cuba e assumir o papel político que ele tem na história do mundo globalizado e da humanidade." Mas a saúde do ditador não só não estava boa, como piorou desde então.

No Itamaraty, a renúncia também foi recebida com muita cautela. O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, se limitou a dizer que reconhece a importância da figura de Fidel Castro na política internacional. E, meio que ratificando os acordos bilaterais, comentou que mantém a expectativa de intensificar as relações econômicas e comerciais com Cuba. Amorim afirmou que o Brasil manterá a atitude de engajamento e de bom relacionamento político com o governo caribenho.

Embora o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, não tenha feito nenhuma declaração — está em viagem à França e chegaria nesta madrugada ao Brasil —, o ministro da Justiça, Tarso Genro, veio a público comentar a troca de poder em Cuba. Segundo ele, a decisão de Fidel Castro foi "madura". "Não só porque suas condições de saúde apontam para a necessidade de sua retirada, mas também porque tudo indica que está em curso em Cuba um processo de renovação política, de renovação institucional e de rediscussão do processo de revolução".

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte VII: EUA mantêm embargo

Retirada do bloqueio econômico é condicionada a eleições livres e libertação de presos políticos

A renúncia de Fidel Castro ao cargo de presidente do Conselho de Estado e de comandante-em-chefe das forças armadas do país, anunciada ontem, não vai suspender o embargo econômico imposto à ilha pelos Estados Unidos desde 1962, ano da consolidação da revolução socialista em Cuba. Em visita a Ruanda, o presidente dos EUA, George W. Bush, declarou que a saída de Fidel "deveria constituir o início de uma transição democrática para o povo cubano". Washington tinha prometido suspender o isolamento somente em caso de realização de eleições livres para todos os cargos públicos em Cuba.

Bush sugeriu que, após o afastamento de Castro, o governo cubano deveria dar o "primeiro passo para a democracia e libertar os prisioneiros políticos. O presidente americano pediu à comunidade internacional que contribua para instalar instituições democráticas em Cuba. "Os Estados Unidos vão ajudar o povo cubano a construir uma democracia", afirmou Bush, repetindo o argumento que utilizou para invadir o Iraque. "Finalmente haverá um debate interessante. Alguns vão sugerir a promoção da estabilidade. Claro que, enquanto isso, os prisioneiros políticos seguirão apodrecendo em suas celas, e a condição humana continuará patética em muitos casos", comentou o presidente dos EUA.

O segundo homem no Departamento de Estado dos EUA, John Negroponte, descartou a suspensão imediata do embargo imposto à ilha comunista. "Não posso imaginar que isso aconteça num futuro próximo", declarou.

Durante seus dois mandatos como presidente, Bush destinou muitos recursos para pressionar Cuba. Em 2003, ele criou uma comissão para tentar derrubar o regime marxista cubano e reforçou o embargo no ano seguinte. Em 2006, quando Fidel Castro já estava gravemente doente, a Casa Branca rejeitou a idéia de utilizar a doença para alimentar uma crise em Cuba, limitando-se a reiterar suas exigências de eleições livres e mudanças democráticas.

Europa
Dirigentes da União Européia reiteraram a oferta de diálogo político com Cuba para um progresso pacífico de transição para uma democracia pluralista. "Reiteramos nossa predisposição para ter um diálogo político construtivo com Cuba e alcançar os objetivos da posição comum da União Européia em suas relações com a ilha", declarou, em Bruxelas, John Clancy, porta-voz do comissário europeu de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel. O Reino Unido saudou a renúncia de Fidel como uma "oportunidade para avançar para uma democracia pluralista", declarou um porta-voz do primeiro-ministro Gordon Brown.
França e Espanha acreditam que Cuba passará por um processo de mudanças, com mais democracia. "A França espera que a decisão de Fidel Castro de renunciar à presidência abra um novo caminho e que exista mais democracia no país. O castrismo tem sido o símbolo do totalitarismo", afirmou o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Jean-Pierre Jouyet. A Anistia Internacional afirmou que a renúncia de Fidel deve ser aproveitada pela "nova liderança cubana" para introduzir "as reformas necessárias que garantam a proteção dos direitos humanos na ilha".

Aliados
O presidente da Venezuela, Hugo Chaves, um dos mais próximos aliados do regime cubano, afirmou que Fidel Castro e Cuba "demonstraram ao mundo e principalmente aos Estados Unidos que a revolução marxista na ilha não depende de uma pessoa". Chavez não considerou a atitude de Fidel uma renúncia: "Renúncia, que renúncia?", ironizou. Outro afilhado de Fidel, o presidente da Bolívia, Evo Morales, chamou de dolorosa a renúncia do presidente de Cuba. "Para mim, é doloroso que o presidente, o comandante Fidel, peça à Assembléia Nacional para deixar a presidência. Sinto muito, aprendi muito com ele, trabalhando pela unidade e pela solidariedade", declarou.

O governo da China, que sempre manteve boa relações com Cuba, saudou o "dirigente revolucionário e velho amigo" Fidel e manifestou o desejo de que ambos os países comunistas mantenham as boas relações. "O presidente Castro é um dirigente revolucionário profundamente amado pelo povo cubano e também um velho amigo do povo chinês", indicou o Ministério das Relações Exteriores chinês.

O Vietnã, outro fiel aliado de Cuba, expressou sua convicção de que Fidel continuará "consagrando sua inteligência e força à causa revolucionária cubana", esteja onde estiver. Na Rússia, o líder do Partido Comunista, Guennadi Ziuganov, afirmou que Fidel renunciou à presidência de Cuba como um "político genial", guiado pelos interesses do país.

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte VI: Transição será lenta

Para especialistas, reforma econômica de Raúl Castro deve adiar abertura política por meia década

Com a possível nomeação de Raúl Castro como presidente de Cuba no próximo domingo, o regime ganha fôlego para os próximos cinco anos. Até lá precisará resolver, ou pelo menos minimizar, o déficit de emprego e a escassez de alimentos na ilha caribenha, além de problemas crônicos, como a dupla monetarização. O "boom" do turismo, na década de 1990, deixou um rastro de mazelas, inclusive a desigualdade social. Especialistas consultados pelo Correio foram cautelosos em prever uma abertura política a curto prazo. Para uns, Raúl comandará uma transição lenta, focada na oferta controlada de novos negócios para os investidores estrangeiros. Para outros, é preciso que a comunidade internacional mantenha pressão no regime.

"Este é o começo do fim da ditadura de Castro", disse à reportagem o embaixador Roger Noriega, ex-subsecretário de Estado norte-americano para Assuntos Latino-Americanos e inimigo declarado de Fidel. Pouco otimista sobre o futuro da ilha, ele garante que "a política do Estado permanece intacta". "Raúl provou ser incapaz de promover uma mudança democrática real em qualquer sentido. Ele não tem futuro", avalia. Para Noriega, "a comunidade internacional deve continuar buscando reformas políticas e econômicas reais para que os cubanos construam seu próprio futuro".

A tutela de cinco décadas minou a capacidade de mobilização popular em Cuba. Em países como Síria e Coréia do Norte, dinastias ditatoriais empreenderam a sucessão de seus líderes sem maiores constrangimentos. O norte-americano Mark Falcoff, do conservador American Enterprise Institute (AEI), aponta particularidades no caso cubano. "A transferência de poder de um irmão para outro revela um processo mais complexo e interessante", observa. Autor do livro Cuba, a manhã seguinte: confrontando o legado de Castro, Falcoff acha que a transição em Cuba começou há cinco anos. "Ela ocorre em câmera lenta e sem incidentes". Raúl se antecipou à aposentadoria do irmão e remanejou pessoas de sua inteira confiança para agências e ministérios estratégicos.

"Raúl também esteve no comando das Forças Armadas Revolucionárias, que desde o fim da aliança com a União Soviética se transformaram em fator de poder mais importante que o Partido Comunista", alerta. O especialista destaca que Raúl ocupava o cargo de ministro do Interior, com controle da polícia, do exército e do sistema prisional. "O sucessor de Fidel tem uma vantagem adicional. Está perfeitamente ciente de suas próprias limitações. Ele não é seu irmão e sabe disso", completa Falcoff. Caso Raúl suspenda certas restrições ao comércio e à produção, poderá se tornar rapidamente bastante popular em Cuba. No entanto, há dúvidas sobre se uma abertura econômica flexibilizaria a face política do regime.

Clima favorável
Hélio Doyle, estudioso do governo cubano e professor da UnB, concorda. "Mudanças são inevitáveis, porque o regime tem sempre que se adaptar às novas situações. A questão é saber se isso será o fim do regime ou se darão continuidade a ele", alerta. Doyle lembra que, com o fim da União Soviética, a ilha teve de atrair investimentos e conseguiu novo fôlego por mais 17 anos. Agora, Cuba se vê enfrentada por um mundo globalizado, com a crescente rede de comunicação. "Há um clima favorável para mudanças, mas não acho que haverá nada radical", ressalta. Para ele, Raúl é um líder respeitado e preparado. "É um dos sobreviventes do primeiro núcleo do ataque ao Quartel Moncada. Ele já era da Juventude Comunista quando o Fidel ainda estava ligado à centro-esquerda", sintentiza.

Nelson Cunningham, que foi assessor do ex-presidente Bill Clinton para a América Latina, acredita que Raúl será um líder passageiro, por causa de sua avançada idade — 76 anos. "Não lhe restarão muitos anos. Isso iniciará um processo de transição real", afirmou. Para o especialista Jaime Suchlicki, do Instituto de Estudos Cubanos da Universidade de Miami, a substituição do comando do regime cubano é "uma sucessão de fato", mas não deve trazer mudanças estruturais. "Raúl não é um reformista". "A lição de Fidel é que as mudanças econômicas na Europa do Leste levaram à queda do comunismo. Raúl será cuidadoso nisso", estima. Ele lembra que "os militares controlam até 60% das grandes empresas em Cuba. Não vão querer abrir mão desse poder econômico facilmente".

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte V: Cubanos no DF não crêem em mudanças

Os cubanos que vivem em Brasília celebraram a renúncia de Fidel Castro com entusiasmo tão fugaz quanto uma brisa. A sensação de que nada mudará é mais forte. "Esse fato poderia ser o início de uma transição e isso é positivo. Mas não me iludo que, com a renúncia de Fidel, amanhã tenhamos eleições e liberdade", comentou o médico José Blanco Herrea, 58 anos. Ele e a mulher, a bioquímica Ileana Zorrilla, 55, vivem no Brasil há 15 anos.

O casal veio ao país a trabalho, a convite da Federação Amazonense de Natação. Quando eles decidiram continuar no Brasil, os três filhos foram impedidos de sair de Cuba por dois anos. Para ele, a grande mudança na ilha ocorrerá quando houver liberdade de expressão, de ir e vir e o pluripartidarismo. "Com a renúncia, a pressão internacional pode acelerar essas mudanças. Mas ainda não dá para festejar", acredita Ileana. O médico Carlos Rafael Jorge Jiminez, de 58 anos, concorda. "Não vai acontecer nada por enquanto. Enquanto não tiver liberdade, eu não volto."

O gerente de projetos Julio de La Guardia, 34, acredita que Fidel continuará a influenciar nas decisões políticas. "Não estou vendo muita diferença com a saída dele. A situação do país só vai mudar quando Fidel morrer", disse. Ainda assim, o gerente é menos duro quando o assunto é o fim do castrismo. "Acho que o irmão de Fidel (Raúl Castro) poderá mudar algumas coisas. Ele é menos utópico que Fidel."

Para o empresário e refugiado político Rennier Lopez, de 28 anos, a saída do ditador é uma oportunidade para novos dirigentes — mesmo que aliados de Fidel — participarem mais das decisões do país. "O Judiciário tem de ser independente. Pelo menos 60 presos políticos têm de ser libertados e o governo tem de reconhecer outros partidos políticos. Isso iria me entusiasmar", defende Lopez que, em Cuba, foi expulso da faculdade e do emprego porque era de um grupo dissidente do governo.

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte IV: Brasileiras relatam clima na ilha

Era para ser um "matutino" rotineiro, ritual no qual estudantes da Universidade Orlando Gutiérrez, em Nueva Gerona — capital da Isla de La Juventud —, perfilam-se diante da bandeira e cantam o hino de Cuba. No entanto, a paulistana Estela Maria Mota Oleiro, de 23 anos, percebeu que havia algo de diferente. "Nossa diretora leu a carta de Fidel, em que ele prometia ser um homem de palavras a partir de agora. Ela ficou muito emocionada e colegas cubanos também ficaram muito tristes", relatou. Segundo a caloura da Faculdade de Medicina, o clima no país é muito tenso. "O povo daqui trata Fidel como se fosse Deus, é como se ele tivesse morrido", disse.

A publicitária goiana Claudia Melissa Neves dos Santos, de 28 anos, tinha um objetivo: conhecer a Cuba de Fidel antes que ele morresse e tudo mudasse. Depois de 17 dias na ilha e de muitas conversas com cubanos, ela retornou ao Brasil na sexta-feira passada. "Vejo que a situação na ilha não vai sofrer alterações. Fidel abriu mão do governo para garantir a continuidade do regime e evitar que um louco tome o poder a qualquer custo", opinou. Claudia fez questão de perguntar o que os moradores da ilha pensavam sobre o ex-presidente. Segundo ela, muitos ficaram assustados com a pergunta, falaram bem sobre o socialismo, mas admitiam que queriam ter mais dinheiro e liberdade. "No entanto, as pessoas não estão insatisfeitas, não querem pular no mar para chegar aos Estados Unidos", completou.

Pela manhã de ontem, a catarinense Juliana Secchi, de 22 anos, caminhou pelos becos de Havana com o jornal Granma às mãos. Falou com várias pessoas, não observou comemoração ou pesar e presenciou o tema da renúncia em grupos pequenos de cubanos. "Até as 11h muitas pessoas não sabiam da notícia. Aquelas com quem falei acreditam que tudo continuará como está, pois a Revolução vai muito além de Fidel", afirmou. (RC)

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte III: Tristeza em Cuba, alegria em Miami

Moradores da ilha caribenha destacam inteligência do líder. Exilados celebram "fim do reinado de terror"

O técnico em informática Brandys Roberto Cabrera Graverán nasceu em 1959, quando Fidel Castro e Camilo Cienfuegos forçaram a fuga do ditador Fulgêncio Batista e decretaram o início da Revolução Cubana. Talvez por isso esse morador de Havana de 49 anos demonstre serenidade ao falar do afastamento do Comandante. "Nós recebemos a notícia com naturalidade e senso comum", afirmou ao Correio. Na opinião dele, os últimos 50 anos têm sido de mudanças na ilha caribenha. "Fidel cometeu erros e acertos, mas sempre contava com o apoio da maioria da população", acrescentou. Ao ser questionado se o ex-presidente era um ditador, esse cidadão cubano adota a cautela. "Penso que Fidel é um homem de seu tempo, de uma grande visão revolucionária, um líder que cometeu erros que não destoaram de seus princípios", comentou. Para Graverán, o maior erro de Cuba foi ter copiado o sistema socialista europeu.

Em Sanctí Spiritus, cidade situada na região central da ilha, Oscar Alfonso Sosa também encarava a renúncia de Fidel com tranqüilidade. Aos 40 anos, o repórter do jornal Escambray Digital considerou "muito sábia" a decisão do político e lembrou que Cuba "marcha" bem. "Agora vamos desfrutar de sábias reflexões, de uma conferência magistral de sabedoria política", comemorou. Sosa ressaltou que Fidel não opina sozinho sobre os rumos da ilha, mas faz parte de um conjunto de "companheiros" responsáveis pelas decisões nacionais. "Não creio que ninguém se submeta a prescindir de tanta sabedoria e experiência", alertou. O jornalista acredita ser muito prematuro falar em fim da era Fidel e também rejeita a pecha de ditador para o ex-chefe de Estado. "Não creio que alguém que tenha dedicado sua vida à frente de um país e pelo bem-estar dos cidadãos seja um ditador", justificou-se, admitindo que a história enalteceu poucos personagens como Fidel.

Omar López Montenegro, de 53 anos, contou à reportagem ter provado os dissabores da ditadura castrista. "Fui preso pela última vez em 19 de abril de 1992 e sofri torturas na Via Marista, quartel-general do exército de Cuba", disse o fundador do Movimento Pró-Direitos Humanos em Cuba, há 16 anos exilado em Miami (Estados Unidos). "Levei tapas, fiquei em uma cela sem janelas, me privaram de sol, banho e sono. Os interrogatórios ocorriam a qualquer hora. Quando saí de lá, estava com atrofia muscular e não conseguia caminhar por 20 metros", lembrou. Para o ativista da Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), a renúncia de Fidel encerra um "capítulo obscuro" na história de Cuba, um "reinado de terror" de quase 50 anos.

De acordo com Montenegro, a saída do presidente cubano representa uma oportunidade histórica para o início de uma guinada pela democracia no país. Ele sustenta que o momento é ideal para a oposição interna promover sua agenda política, sem medo de perseguição. O exilado comentou que a pobreza é a primeira base da discriminação econômica produzida pelo regime. "As pessoas que trabalham não têm permissão para obter bens, não podem pagar com pesos cubanos. Como a marginalização era determinada pela vontade do governo de Fidel, o povo estava condenado à miséria", opinou.

Comemoração
Parte dos 750 mil cubanos saiu às ruas de Miami para uma comemoração tímida. No fim de semana passado, milhares fincaram no gramado de um parque da cidade cerca de 100 mil cruzes brancas, um monumento ao êxodo de Cuba. O químico José Miguel Hernández, de 53 anos, fugiu da ilha em 1993, graças a uma argentina-sueca. O governo sueco condedeu-lhe asilo político e, 11 meses depois, ele pôde retirar as filhas e a mulher da ilha. Em 2003, trocou a Europa pela Flórida. "Estão fazendo um show por causa da renúncia de Fidel, que já não tinha poder. Algumas pessoas estão nas ruas, com cartazes, e os meios de comunicação dão mais atenção ao fato do que às eleições presidenciais nos Estados Unidos", observou.

Hernández duvida que a notícia represente uma abertura política. "Os regimes totalitários têm um sistema muito compacto de proteção", disse. O químico exilado lembrará de Fidel como um títere, um homem que distorceu as leis do marxismo, empobreceu a população, desenvolveu um sistema stalinista de repressão, copiou as teorias mais funestas do governo totalitário e destruiu a cultura cubana. "Cuba vai necessitar de muitos anos para levar seu povo pelos caminhos da tolerância e da democracia", concluiu.

Quando esta guerra acabar, começará para mim uma guerra muito maior e mais longa: a guerra que vou lançar com eles. Me dou conta de que esse vai ser meu destino verdadeiro
5 de junho de 1958, de uma carta escrita em Sierra Maestra

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte II: Carta emociona Oscar Niemeyer

O arquiteto Oscar Niemeyer (foto) emocionou-se ontem com a carta de renúncia do amigo Fidel Castro. Primeiro, por ter sido citado no trecho em que Fidel diz: "Penso como Niemeyer, que é preciso ser conseqüente até o final". Depois, porque um dos seus cinco netos, Carlos Eduardo, que está em Cuba há um mês, telefonou para dar a notícia de manhã cedo e contou detalhes da repercussão em Havana. "Meu neto ficou profundamente emocionado vendo a tristeza que cobre o povo cubano. Mas, ao mesmo tempo, disse que os cubanos permanecem unidos, de mãos dadas, prontos para enfrentar o grande inimigo, os Estados Unidos", relatou.

Aos 100 anos, comunista desde a juventude, Niemeyer disse que Fidel Castro é um grande líder e continuará "orientando o povo cubano". "Ele foi generoso em me citar. Concordo com a frase. O ser humano é tão insignificante. É preciso ser coerente até o final da vida", observou.

Niemeyer nunca foi a Cuba. Morre de medo de avião. Mas o próprio Fidel já visitou o escritório do arquiteto na Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Numa dessas visitas, pediu que Niemeyer fizesse uma escultura para ficar em Havana. Niemeyer fez. Depois, pediu o projeto de uma praça para colocar a escultura. Ele fez. Por último, pediu que desenhasse um teatro para a praça. Niemeyer fez de novo. Tudo de graça.

Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte I: Fidel sai de cena

Ditador cubano renuncia à presidência depois de 49 anos no poder, alegando que não tem condições físicas

A renúncia de Fidel Castro chegou ontem como o despertar de um sono leve. Cidadãos cubanos na ilha ou no exílio, lideranças mundiais e observadores em vários países já esperavam, mas não deixaram de se surpreender com o anúncio melancólico — feito em carta publicada no jornal Granma e no tablóide Juventud Rebelde, ambos órgãos oficiais do regime. Ao abrir mão do discurso público ou de declaração televisionada em rede nacional, o líder da Revolução Cubana comprovou as suspeitas de que seu estado de saúde sofre degradação acelerada. O último sinal emitido pelo próprio Fidel, de 81 anos, foi na recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Fontes do Planalto confirmaram ao Correio que a viagem de Lula a Havana, há mais de um mês, teve como objetivo "o último encontro com Fidel ainda presidente", entrevendo a renúncia como certa. Frágil, apesar de lúcido, o mandatário cubano confidenciou ao colega brasileiro que "estava pronto para assumir seu lugar na história". No texto de ontem (leia na página 21), escrito de próprio punho, o ditador formalizou a decisão: "Não aspirarei nem aceitarei — repito —, não aspirarei nem aceitarei o cargo de presidente do Conselho de Estado e comandante-em-chefe".
Datado de 18 de fevereiro, às 17h30 (hora local), o texto foi escrito para ficar na posteridade. Na prática, Fidel renunciou ao poder que já havia delegado interinamente ao irmão Raúl (76 anos), 18 meses antes, após ser internado às pressas por causa de uma grave hemorragia no intestino. Sua última viagem ao estrangeiro foi em julho de 2006, quando participou da Cúpula do Mercosul em Córdoba (Argentina). Em 26 de julho, visitou as províncias de Bayamo e Holguín, no leste de Cuba, para as comemorações pelo 53º aniversário do assalto ao Quartel Moncada, que marcou o início da Revolução Cubana. A intensa agenda teria provocado uma "crise intestinal aguda", segundo fontes oficiais. Mas a presença de um cirurgião oncologista em Havana meses depois alimentou as especulações de que Fidel teria câncer de cólon.

O fato é que ele nunca mais foi visto em público, apenas em fotos, gravações oficiais e publicando artigos sobre várias questões internacionais. "Meu desejo sempre foi cumprir minhas tarefas até o meu último suspiro. No entanto, seria uma traição à minha consciência assumir uma responsabilidade que exige mobilidade e dedicação que não estou em condições físicas de cumprir", explicou no texto. Ao fim de sua mensagem, o líder cubano se refere ao processo político, e diz que conta "com a autoridade e a experiência para garantir plenamente a sua substituição".

Saúde sob sigilo
A renúncia abre caminho, de fato, para que Raúl implemente reformas no país. Mas o plano de transição segue calcado no sigilo absoluto sobre a saúde de Fidel e em lentas mudanças administrativas. Até agora, todos os passos são dados para impedir qualquer vácuo de poder. Apesar de garantir, na carta, que não participará da reunião da Assembléia Nacional para escolher os 31 membros do Conselho de Estado (Poder Executivo), neste domingo, Fidel deve continuar como membro do Parlamento. A nova Assembléia Nacional, eleita no final de janeiro, tem até 45 dias para escolher o chefe do governo do país.

Desde 1976, Fidel vinha sendo eleito e ratificado em todas as eleições, que se realizam a cada cinco anos. Em mensagens que escreveu em dezembro, o ditador afirmou que não se apega ao poder, não obstrui as novas gerações e expressou constante apoio a Raúl. O irmão caçula desperta esperanças de mudanças econômicas que melhorem o cotidiano dos cubanos, e analistas dizem que a transferência formal do cargo lhe daria força para implementar tais reformas. Fidel assumiu o poder em Cuba em 1959, e transformou o país em um Estado comunista.

Durante os 49 anos no poder, ele apoiou movimentos armados de perfil comunista em toda a América Latina, inclusive no Brasil, na Ásia e na África. Mas todas as tentativas de exportar sua revolução fracassaram. Conseguiu resistir a 10 governos norte-americanos e seguidas tentativas de golpe planejadas pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA). A ação mais famosa foi a invasão frustrada da Baía dos Porcos, em 1961. Naquele ano, Fidel optou pelo socialismo, se alinhando com a extinta União Soviética (URSS). Os EUA embargaram a economia de Cuba, e a inteligência americana planejou matá-lo.

Fidel sempre foi alvo do amor incondicional de partidários mundo afora, mas também do ódio irrepreensível dos críticos, especialmente pelo cerceamento das liberdades civis e a execução sumária de opositores e desertores do regime. Agora, sem a imunidade que seu cargo lhe outorgava, pode até enfrentar a Justiça. O advogado Manuel Ollé, presidente da Associação Pró-Direitos Humanos da Espanha — que atua na acusação popular aberta na Audiência Nacional de Madri contra as ditaduras do Chile e Argentina —, comparou a situação do cubano à do chileno Augusto Pinochet. Segundo ele, Fidel poderá ser processado por crimes contra a humanidade, torturas e terrorismo.

Condenem-me, não importa, a história me absolverá
Fidel Castro, em outubro de 1953, durante julgamento depois do frustrado ataque ao Quartel de Moncada

Em nota Fenaj repudia Universal

A Federação Nacional dos Jornalistas - Fenaj, despachou nota em que repudia a ação de intimidação contra jornalistas que publicaram matérias onde revelam à população o extraordinário crescimento do patrimônio gerido pela Igreja Universal do Reino de Deus, do polêmico e auto-intitulado "bispo" Edir Macêdo e seus liderados.

Jornalistas repudiam intimidação da Universal

A Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia e demais Sindicatos do país filiados à FENAJ repudiam, com veemência, a atitude da direção da Igreja Universal do Reino de Deus, que desencadeia campanha de intimidação contra jornalistas no exercício da profissão.

Também apelam aos Tribunais e ao Superior Tribunal de Justiça no sentido de alertá-los para ações que se multiplicam a fim de inibir o trabalho de jornalistas em todo o país. O acesso e a divulgação da informação garantem o sistema democrático, são direitos do cidadão, e o cerceamento de ambos constitui violação dos direitos humanos.

A TV Record, controlada pela Universal, chegou ao extremo, inadmissível, de estampar no domingo, em cadeia nacional, a foto da jornalista Elvira Lobato, autora de uma matéria sobre a evolução patrimonial da Igreja, publicada na Folha de S.Paulo. Por esse motivo, Elvira responde a dezenas de ações propostas por fiéis e bispos em vários estados brasileiros.

Trata-se de uma clara incitação à intolerância e do uso de um meio de comunicação social de modo frontalmente contrário aos princípios democráticos, ao debate civilizado e construtivo entre posições divergentes.

O fato de expor a imagem da profissional em rede nacional de televisão, apontando-a como vilã no relacionamento com os fiéis, transfere para a Igreja a responsabilidade pela garantia da integridade moral e física da jornalista.

A Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia e demais Sindicatos exigem que os responsáveis pela Igreja Universal intervenham para impedir qualquer tipo de manifestação de intolerância contra a jornalista.

O episódio nos remete à perseguição religiosa, absurda e violenta, praticada por extremistas contra o escritor Salman Rushdie, autor de Versos Satânicos, e as charges de Maomé publicadas no jornal dinamarquês Jyllands-Posten.

O jornalista Bruno Thys do jornal carioca Extra também é processado pela Universal em cinco cidades do Estado do Rio de Janeiro. O repórter Valmar Hupsel Filho, na capital baiana, já responde a pelo menos 36 ações ajuizadas em vários estados do Brasil, nenhuma delas em Salvador, sede do jornal A Tarde, onde trabalha.

Há evidência de que essas ações, com termos idênticos, estão sendo elaboradas de forma centralizada, distribuídas e depois impetradas em locais distantes, para dificultar e prejudicar a defesa, além de aumentar o custo com as viagens dos jornalistas ou seus representantes.

Encaminhados à Justiça com o nítido objetivo de intimidar jornalistas, em particular, e a imprensa, em geral, esses processos intranqüilizam e desestabilizam emocionalmente a vida dos profissionais e de seus familiares. Ao mesmo tempo, atentam claramente contra os princípios básicos da liberdade de expressão e manifestação do pensamento.

Em um ambiente democrático e laico, é preciso compreender e aceitar posições antagônicas e, mais ainda, absorver as críticas contundentes, sem estimular reações de revanche ou mesmo de pura perseguição.

Este episódio repete, com suas consideráveis diferenças, outras situações em que os meios de comunicação exorbitaram os fins para os quais foram criados. A Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia e demais Sindicatos sustentam que a imprensa não pode se confundir com partidos políticos, crenças religiosas ou visões particulares de mundo.
Brasília, 20 de fevereiro de 2008.

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas
Diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro
Diretoria Sindicato dos Jornalistas da Bahia

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