Acordo veta dispensa antes de aposentadoria

Folha de S. Paulo

Governo e centrais fecham proposta que também prevê aumento real, em 2010 e em 2011, para benefícios acima do mínimo

Reajuste será de metade da variação do PIB de dois anos antes, mais a inflação; acordo também garantiu a criação do Fator 85/95


As empresas passarão a ser obrigadas a garantir o emprego do trabalhador que estiver a um ano da aposentadoria, ou, no caso de demissão nesse período, estarão sujeitas ao pagamento de indenização maior ao funcionário. A nova regra, que ainda precisará ser aprovada pelo Congresso, faz parte de um acordo fechado ontem entre governo e centrais sindicais.

O pacote anunciado inclui ainda aumento real em 2010 e em 2011 para as aposentadorias acima do salário mínimo. Conforme a Folha antecipou, o ganho real será equivalente a 50% do crescimento do PIB de dois anos antes.
O mecanismo deverá garantir em 2010 reajuste total (já incluída a inflação deste ano) de aproximadamente 6% para 8,2 milhões de aposentados.

A negociação também garantiu a criação do Fator 85/95, que passará a ser uma fórmula alternativa ao atual fator previdenciário. O novo fator requer que a soma do tempo de contribuição e da idade do trabalhador ao se aposentar seja igual a 85 anos, no caso de mulheres, e a 95 anos, no caso de homens.

O acordo fechado ontem não foi unânime entre as centrais sindicais e entidades de aposentados. A Nova Central Sindical, a CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas) não aceitaram os termos negociados. Apesar disso, o acordo não deverá enfrentar resistência no Congresso, já que as medidas têm forte apelo popular.

O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) disse no início da noite que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou o acordo, considerando o pacote de mudanças o "esforço máximo" a ser feito pelo governo diante da queda da arrecadação neste ano.

O ministro da Previdência, José Pimentel, disse que o impacto das medidas nas contas públicas é absorvível. Segundo ele, o aumento real para os aposentados em 2010 custará ao governo R$ 3 bilhões.

As centrais comemoraram o acordo. A contrapartida dos sindicalistas será abrir mão de mais de 20 projetos que tramitam no Congresso propondo mudanças favoráveis aos aposentados. As entidades não concordaram em incluir no pacote apenas um projeto: o que vincula o valor do benefício ao número de salário mínimos na época de concessão. Houve o compromisso, entretanto, de não votar o projeto nem em 2010 nem em 2011.

"Agora vamos defender nas nossas instâncias o acordo que foi construído para melhorar a situação dos aposentados", declarou o presidente da CUT, Artur Henrique.

"O mais importante é que esse é um acordo histórico. Vamos dar ao trabalhador a garantia de emprego um ano antes de se aposentar. Não é estabilidade; se a empresa quiser demitir terá de pagar o salário de 12 meses, além das contribuições para a Previdência", declarou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

Na negociação, os sindicalistas também conseguiram convencer o governo a computar o período em que o trabalhador estiver recebendo aviso prévio e seguro-desemprego como contagem de tempo para aposentadoria. O desempregado, no entanto, precisará contribuir para a Previdência.
A atual fórmula da cálculo da aposentadoria ainda foi alterada. No acordo, reduziu-se de 80% para 70% as maiores contribuições a serem consideradas no cálculo da média das contribuições do trabalhador.

Prefeito visitará Companhia Siderúrgica do Atlântico a convite da Vale

Foto: Markus – Secom/PMM
















Júlia Rosa, Maurino e Ítalo, momentos antes do embarque para o Rio de Janeiro.

Brasília (DF) - Acompanhado da presidente da Câmara Municipal, vereadora Júlia Rosa, secretário de Indústria, Comércio, Mineração, Ciência e Tecnologia (SICOM), Ítalo Ipojucan e do presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), Gilberto Leite, o prefeito Maurino Magalhães embarcou às 15h de ontem, 25, para o Rio de Janeiro, onde, a convite da Vale, estará visitando as instalações da Companhia Siderúrgica do Atlântico, que em breve inicia suas atividades de fabricação, de semi-acabados (placas), nos moldes da que será implantada no município, cujas obras estão previstas para iniciarem a partir de maio de 2010.

O projeto, realizado em parceria entre Vale e a alemã ThyssenKrupp CSA Cia., é um investimento superior a US$ 3 bilhões, que integra a estratégia de crescimento da Vale para reforçar a sua presença internacional, tem a previsão de iniciar sua produção integrada até dezembro de 2009 e deve consumir, ainda em sua primeira fase, cerca de 130 milhões de toneladas de minério de ferro no período de 15 anos.

Contando ainda com a presença da governadora Ana Júlia Carepa, que também participa do encontro, o grupo de Marabá terá a oportunidade de conhecer os principais mecanismos de funcionamento do mega-investimento que compreende: uma coqueria de 1,9 milhão de toneladas, uma sinterização (que aglomera minério de ferro) de 5,7 milhões e dois altos-fornos projetados para produzir 5,3 milhões toneladas por ano de gusa.

"É o maior contrato individual de minério firmado pela Vale com uma usina - 8,6 milhões de toneladas de finos e pelotas", observou James Pessoa, diretor da Vale e conselheiro da companhia siderúrgica.

Segundo o prefeito Maurino Magalhães, “a visita à empresa é de vital importância tanto para mim quanto para que os que estão me acompanhando, pois seremos nós os responsáveis por acompanhar a implantação da siderúrgica que será construída em Marabá e portanto precisamos ter o conhecimento e as informações necessárias para saber lidar responsavelmente com o processo”, explicou.

Texto: Markus Mutran/ Secom PMM.

Confederação de aposentados recusa proposta e sai de negociação

A Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas) não participou da reunião que decidiu o índice de reajuste dos benefícios do INSS. Hoje, os aposentados devem pressionar as lideranças dos partidos na Câmara para que os projetos que garantem a recomposição dos benefícios, o fim do fator previdenciário e o aumento igual ao do salário mínimo sejam votados.

De acordo com a entidade, a proposta de aumento real equivalente a 50% do crescimento do PIB, defendida pelas centrais sindicais, não foi aceita pelas federações que compõe a Cobap.

De acordo com Robson de Souza Bittencourt, presidente da FAP/MG (Federação dos Aposentados e Pensionistas de Minas Gerais), as entidades de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraíba se manifestaram contra o acordo e sugeriram a saída da Cobap das negociações. “O governo não apresentou nenhuma proposta concreta”, disse Bittencourt.

O presidente da Cobap, Warley Gonçalles Martins, disse que, pela internet, 95% dos cerca de 32 mil aposentados que responderam à enquete da entidade também pediram a saída da negociação. “Foi uma decisão amplamente apoiada pela categoria”, disse.

O deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmaram que vão apoiar os aposentados pela aprovação dos projetos –que já passaram pelo Senado. “O governo quer forçar uma situação, mas não vai ter jeito. Para o aposentado, é mais vantajosa a aprovação dos projetos”, disse Faria de Sá.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), disse que, para os projetos entrarem na pauta de votação, será necessário o consenso entre os partidos. A reunião de líderes deve acontecer às 14h30.

Fonte: Jornal Agora.

Cartilha tira dúvidas de aposentados e pensionistas



A cartilha lançada em Brasília foi produzida pela Associação dos Juízes Federais, com apoio das Organizações Globo e traz informações sobre os benefícios pagos pela Previdência Social.

Com ilustrações e linguagem simples, explica que todos os brasileiros têm direito a esses benefícios e que podem recorrer aos defensores públicos para garanti-los.

Governo fecha acordo com centrais para reajuste de aposentadorias

Em 2010, benefícios acima de R$ 465 podem ter reajuste de mais de 6%.

O acordo ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.

O governo fechou acordo na noite desta terça-feira (25) com as principais centrais sindicais para uma política de reajuste das aposentadorias com valor superior a um salário mínimo (R$ 465) em 2010 e 2011. O novo cálculo ainda terá que passar pelo Congresso Nacional.

Pelo acordo, os benefícios acima do salário mínimo serão reajustados a partir do ano que vem considerando o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), mais 50% do PIB de dois anos anteriores. Ou seja, em janeiro de 2010, se a proposta for aprovada ainda neste ano no Congresso, os aposentandos que ganham mais de R$ 465 podem receber um reajuste de mais de 6%.



















Clique na figura para ampliá-la

O percentual leva em conta a projeção do INPC para esse ano, de 3,49%, mais a previsão do crescimento do PIB em 2008, estimado em 5,5%. Segundo o ministro da Previdência, José Pimentel, o impacto para as contas da previdência em 2010 deve ser de aproximadamente R$ 3 bilhões.

Esse mesmo cálculo será aplicado em 2011, considerando os valores do PIB de 2009 e o INPC de 2010.

O acordo fechado pelo governo com as centrais prevê ainda que os trabalhadores poderão contar como tempo de contribuição o período em que estão desempregados, mas recebendo o seguro-desemprego. Para isso, terão que contribuir sobre a parcela do seguro para a Previdência Social. Não está definido ainda se essa contribuição para o INSS será compulsória ou não.

Os trabalhadores que estão a um ano de se aposentar terão o emprego garantido por lei. Segundo os sindicalistas, isso representa um avanço porque muitos empregados perdiam o emprego próximo de se aposentarem e não conseguiam o tempo mínimo de serviço para parar de trabalhar.

Segundo os sindicalistas, grande parte dos acordos trabalhistas já previa essa garantia de emprego e o governo está assumindo o compromisso de formalizar a situação para beneficiar todos os trabalhadores.

Outro ponto acordado entre as partes permite aos trabalhadores expurgar até 30% dos seus piores rendimentos ao longo dos anos trabalhados para fazer o cálculo do benefício de aposentadoria. Hoje, esse percentual é de 20%.
Segundo os sindicalistas, grande parte dos acordos trabalhistas já previa essa garantia de emprego e o governo está assumindo o compromisso de formalizar a situação para beneficiar todos os trabalhadores.

Apenas a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) ficou contra a proposta. Segundo o presidente da entidade, Wagner Gomes, não aceita as mudanças propostas para o fator previdenciário que consta do acordo fechado com o governo e prefere apoiar outros projetos no Congresso.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henriques, comemorou o acordo e disse “que é um passo muito importante para os aposentados do país” que sejam criadas as bases de uma política permanente de reajuste dos benefícios de quem ganha mais de um salário mínimo.

Antes do acordo ser anunciado, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, consultou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que concordou com os pontos e disse que “era o que o governo podia fazer pelos aposentados”, considerando o momento de crise internacional. Segundo o ministro, cerca de 8,2 milhões de aposentados serão beneficiados com o acordo.

O deputado Pepe Vargas (PT-RS), que será o relator do projeto que tratará do acordo no Congresso, disse que pretende apresentar o substitutivo o mais rápido possível, mas que ainda não há data. “O mais importante é que temos um acordo. Agora vamos sentar e redigir as propostas que têm que ser aprovadas até o final do ano”, comentou.

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Morre o último Kennedy influente da política americana



O senador democrata americano Edward (Ted) Kennedy morreu aos 77 anos, em sua casa, em Hyannis Port, no estado de Massachusetts, vítima de câncer, informou por comunicado a família Kennedy, na noite de terça-feira (25), início da madrugada desta quarta (26) no Brasil.

O líder democrata foi um dos principais apoiadores da campanha vitoriosa de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos

STJ confirma condenação de policiais no Massacre de Eldorado do Carajás

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve hoje a condenação dos policiais militares envolvidos nas mortes de 19 trabalhadores sem-terra em 1996, em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará. A defesa pedia a anulação do julgamento, ocorrido em 2002, por questionar as perguntas sobre o crime feitas no dia do julgamento, mas a Quinta Turma do STJ negou o recurso e manteve a decisão imposta ao coronel Mário Colares Pantoja, condenado a 228 anos, e ao major José Maria Pereira de Oliveira, condenado a 158 anos e quatro meses.

Cabe recurso da decisão.

Relembrando
Os trabalhadores sem-terra foram mortos durante uma operação de desocupação da rodovia PA-150, no acesso à cidade de Marabá. À época o Governador era o tucano Almir Gabriel que ordenou a desocupação de qualquer jeito ao seu Secretário de Segurança Pública. Os manifestantes chegaram a bloquear a via por três dias. Eles protestavam contra a demora na desapropriação de terras para reforma agrária. Na época, o coronel Pantoja era o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar de Marabá e o major Oliveira era o comandante da Companhia de Policiamento Militar de Parauapebas (PA). Os condenados estão respondendo ao processo em liberdade por força de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Fonte: Último Segundo.

Suplicy dá "cartãozaço" vermelho para Sarney

Observem o tamanho do cartão!

Não é um cartão e uma "cartolina encarnada" ou um "cartãozaço vermelho".

BRASÍLIA - O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) utilizou nesta terça-feira à noite em discurso no Plenário uma linguagem próxima à grande maioria do povo brasileiro: a do futebol. O parlamentar tirou do paletó e mostrou aos parlamentares um cartão vermelho para pedir a renúncia do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP).

Suplicy e seu super cartão vermelho

“No meu entender, o arquivamento das representações não foram suficientemente esclarecidas. Para voltarmos à normalidade, o melhor caminho é que Sua Excelência renuncie ao cargo no Senado", pediu Suplicy.

Em defesa de Sarney, o senador democrata Heráclito Fortes (PI) fez uma série de intervenções durante o discurso do senador petista que, de forma inesperada, recebeu de Suplicy um cartão vermelho também.

O bate-boca entre os dois parlamentares se transformou em gritaria. O senador da oposição pedia ao petista que mostrasse o cartão vermelho ao Presidente Lula, que “deu cartão amarelo” ao líder do Partido no Senado, Aloizio Mercadante. “O Presidente Lula foi quem invadiu as dependências do Senado, ele é o responsável pela crise”, bradou Fortes. “Use a palavra e não o cartão”, pediu.

"Não estou afirmando que tenham relações, mas que cabe a investigação, no mínimo", voltou a defender Suplicy.

O senador Mão Santa (PMDB-PI), que presidia a mesa no momento da discussão, aproveitou o tom da conversa e soltou: “Quem está com o apito aqui sou eu?” e pediu que a discussão se encerrasse para dar continuidade aos discursos dos demais senadores inscritos.

Leia mais sobre: Conselho de Ética.

Blog do Vic publica pesquisa Ibope/ Eleições 2010 no Pará

O mais novo afiliado da blogosfera paraense fez sua avant-premiére ontem, ao início da noite.

Fiz uma crítica colaborativa na caixa de comentários no meu outro blog sobre a proposta capitaneada pelo Deputado Federal Vic Pires Franco (DEM-PA) em seu Blog do Vic.

Sob o ponto de vista de informação, o blog estréia alvissareiro, publicando uma pesquisa a pedido do DEM, entre os dias 13 e 17 deste mês.
Ouviu 700 pessoas, em todas as regiões do Pará.
A margem de erro, de 4%, dá uma visão precisa do atual cenário político paraense. Duvido que 700 entrevistados seja um número ao menos convincente para alguma análise, porém, não deixa de ser interessante o que a pesquisa apresenta.

E ao Ibope pelo partido ao qual o novo blogueiro é presidente estadual no Pará: o Democratas, vejam os números da pesquisa aqui para o Senado.

Confira a aprovação do Governo de Ana Júlia Carepa.

E eis os números apurados pelo Ibope para Presidente da República em Belém.

Seja bem-vindo ao cyberespaço deputado.

Em defesa dos aposentados: “é preciso quebrar é a cara de alguns que ficam falando bobagem por aí”

Todas as vezes que chegamos perto de encontrar uma solução para a questão dos aposentados, vem a mesma ladainha: a Previdência está com déficit. Eu quero deixar claro que se não pode fazer conta de caixa de Previdência. O que vale é seguridade social.

Na seguridade social, há recursos que compensam todo o tamanho desse déficit que estão vendendo. Vende-se a história do déficit, para depois não se dar o reajuste para o aposentado e pensionista.

É preciso acabar com essa ladainha de uma vez por todas. Eu escuto que a Previdência vai quebrar desde 1989, e até agora ela não quebrou. É preciso quebrar é a cara de alguns que ficam falando bobagem por aí. Essa éa grande verdade.Os aposentados têm de ter seu reajuste digno, decente e honrado.

Essa história de que a Previdência vai quebrar é insustentável, porque o orçamento da seguridade social garante o reajuste de todos os aposentados e pensionistas. Portanto, reafirmo que vamos defender essa questão. Já saiu a Marina Silva, já salvaram o Sarney, e cuidado com o que vai acontecer com vocês politicamente.

Arnaldo Farias de Sá (PTB-SP), agora há pouco na Câmara dos Deputados

Stephanes fala dos exageros da legislação ambiental

Pela flexibilização

por Theo Saad*

Ministro da Agricultura analisa os excessos do código florestal que penaliza produtores e defende que a legislação seja aplicada levando em conta a realidade

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, economista de formação, catarinense de Porto União, às vésperas de completar 70 anos (no dia 13 de agosto), tem a agricultura no sangue, como filho de pequenos produtores rurais.

Deles herdou a fala mansa, porém direta e que muitas vezes foge do convencional.

Foto: Anderson T. Ferreira
Reinhold Stephanes, Ministro da Agricultura: "A falta de infraestrutura dificulta da capacidade de competição e joga em cima do produto esse custo. É um limitador, então temos que nos preocupar com isso"

Deputado federal eleito pelo PMDB do Paraná, Stephanes assumiu a pasta da Agricultura em março de 2007 atirando contra a Rodada Doha de negociações internacionais e hoje, pouco mais de dois anos depois, acirrou ainda mais sua posição. Para ele, o setor agrícola brasileiro nada tem a ganhar perante organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC). O subsídio agrícola nos Estados Unidos e na União Europeia, na opinião dele, “não é um assunto para a diplomacia”.

Stephanes ataca ainda os ambientalistas, que, segundo ele, radicalizaram o código florestal brasileiro, análise que também fez quando esteve na Fiesp em debate sobre o tema organizado pelo Conselho Superior de Agronegócio, no dia 15 de junho. Na entrevista, cujos principais trechos podem ser lidos a seguir, o ministro defende mudanças na legislação atual, em defesa do pequeno e médio agricultor e do agronegócio brasileiro.

Revista da Indústria – O código florestal brasileiro é antigo e tem sido objeto de mudanças recentes e mais estão por vir. Como estão as negociações? O que o senhor acredita que tem de ser alterado. 

Reinhold Stephanes – A legislação ambiental que atinge, de uma forma ou de outra, o setor agrícola, vem sendo construída ao longo de 40 anos. Desde o código de 1964, mais de 80% dos itens já foram mudados, alguns até por cinco vezes. Decorrente do código, tivemos muitos decretos, portarias, resoluções de conselhos de meio ambiente, em esferas estadual e federal, e isso gerou um conjunto complexo de 16 mil itens. O que nos traz, como primeira consequência, a incapacidade de o agricultor compreender o que efetivamente está acontecendo, porque ele não lê o Diário Oficial. E até os advogados especialistas em meio ambiente não conseguem mais interpretar as várias questões.

RI – E o teor das alterações, faziam sentido?
RS – Na construção dessa legislação, conceitos foram mudando, até de forma muito radical. Outra questão importante é que essa legislação vem sendo construída apenas por ambientalistas, pessoas que defendem uma posição  e isso é elogiável –, mas que não necessariamente entendem de meio ambiente e muito menos entendem de produção. Quem entende de produção e de meio ambiente, que é a Embrapa, do Ministério da Agricultura, onde nós temos o maior número de doutorados em meio ambiente, não foi chamado a participar das mudanças. O próprio ministro da Agricultura historicamente toma conhecimento de legislações que atingem diretamente o seu setor por meio do Diário Oficial. Nesse contexto, é evidente que muitos erros e exageros foram praticados. Existem virtudes, sim. Mas existem muitos erros.

RI – O senhor pode citar alguns?
RE –
Como consequência da execução integral de todo esse conjunto de normas, nós teríamos 3 milhões de agricultores brasileiros (num universo de menos de 6 milhões em todo o Brasil) irregulares perante algum item. E um milhão de pequenos e médios agricultores tornarão suas atividades inviáveis se cumprirem efetivamente o que está sendo exigido. Esse é o impacto global. Temos impactos mais específicos. O pequeno e o médio agricultor estão no limite da produção. Eles têm renda média de R$ 1 mil, R$ 1,5 mil por mês e com isso estão vivendo no limite da condição. Em vez de aumentar, reduzo o ganho, obrigando a aplicar parte para recompor áreas. Então você os torna inviáveis economicamente.

RI – Essas mudanças dificultaram a aplicação do código florestal pelo produtor...
RS – Sim, porque não levaram em consideração a existência dele. No Brasil, se planta arroz em várzea há um século, e de repente você proíbe isso. O Brasil planta maçã em topos de morro e em encostas. E agora produtores de São Joaquim, capital mundial da maçã, estão sendo obrigados pelo Ministério Público a arrancar macieiras. Um só produtor está arrancando 4 mil macieiras. Assim como o café de Minas Gerais, que é plantado em encostas e em topos de morro... Ou seja, o código cometeu erros.

RI – Qual deve ser o caminho?
RS – O que estamos discutindo. Já que o Brasil tem, de uma forma ou de outra, 70% da sua área com restrições à produção, porque é reserva indígena ou estadual, não há porque não flexibilizar ou corrigir os erros de utilização nas áreas já consolidadas. Quando se trata de grãos, por exemplo, o Brasil produz essa enormidade, para seu sustento e para gerar divisas na exportação (é o segundo maior exportador mundial de produtos agrícolas), em apenas 7% do seu território. A soja, que demonizaram, é plantada em apenas 2,5% do território nacional. A cana-de-açúcar está em 0,9%. Eu prego que haja racionalidade, equilíbrio e fundamentação técnica nas discussões. A discussão não pode ser nem ideológica nem, muito menos, ser induzida de fora para dentro por meio das milhares de ONGs financiadas diretamente por países que têm interesses diversos, que não cuidaram e que não cuidam das suas questões, e financiadas também por empresas petrolíferas.

RI – O ministério já tem um arcabouço de sugestões para as alterações no código?
RS -- Já estudamos isso, com uma fundamentação técnica muito forte. O primeiro item é permitir que se continue produzindo em várzeas, topos de morros, encostas, onde já são consolidadas. Segundo, que a propriedade que recupere as beiras de rios e nascentes fique liberada da reserva legal. Até porque o Brasil é o único país do mundo que mantém grandes reservas estaduais e federais e a reserva legal na propriedade. Temos mais parques nacionais do que os Estados Unidos porque temos as reservas indígenas, que funcionam como verdadeiros parques nacionais. Só de reserva indígena, temos cinco parques do tamanho do estado do Paraná.

RI – Mas, como conceito, o ministério é contra a reserva legal?
RS –
Somos contra reserva legal em área consolidada. Você pega um estado como o Paraná, que é o maior produtor agrícola do País, consolidado há quase 50 anos, assim como São Paulo, onde não se derruba mais nada para agricultura, que tem um balanço positivo em relação ao efeito-estufa. Então, porque ele precisa pagar pelo efeito-estufa de outros países? Quando planto soja, já que ela é plantada de forma sustentável, uma vez que capta mais dióxido do que emite (o mesmo acontece com o milho), não há nenhuma razão para que eu crie uma reserva dentro de uma propriedade. Até porque uma reserva dentro de uma propriedade é estéril. Se ela não estiver na beira do rio, nem passarinho vai lá. Consideramos sagrado recuperar beira de rio e as nascentes, mas não manter uma reserva estéril.

RI – No código, a questão mais complexa é justamente a da reserva legal. O senhor vê chance de mudar isso?
RS –
Eu não vejo chance, vejo necessidade.

RI – O senhor vê um horizonte para essas questões estarem resolvidas?
RS –
Elas terão de estar resolvidas até 14 de dezembro. Porque, a partir daí, o decreto que estabelece as punições estará valendo em sua plenitude. Evidentemente, dali em diante, vamos passar a ter questões muito fortes. E o ano que vem é eleitoral. E essa questão vai ter impactos eleitorais, não tenho dúvida disso.

RI – Como o senhor está vendo o agronegócio hoje?
RS –
O movimento de industrialização do agronegócio continua, e é forte. A agroindústria desenvolveu-se extraordinariamente, tanto em relação à empresa privada quanto em relação às cooperativas. Na área de carnes, essa industrialização é muito forte. As tendências do mercado mundial para o setor são muito positivas. Mesmo durante a crise, o Brasil continuou exportando na área agrícola, o impacto foi mínimo na pauta de exportação. De janeiro a maio, dos oito produtos com saldo positivo na balança comercial, sete são agrícolas. Continuamos a exportar mais frango, mais suíno, mais do complexo soja... Em geral, o mercado se manteve muito positivo e as indicações são de que vai retornar mais forte assim que a crise diminuir.

RI – O agronegócio brasileiro está se expandindo também por causa da internacionalização de empresas brasileiras. Como o senhor vê isso? É um movimento que deve continuar?
RS –
Com certeza. E devemos incentivar e dar condições para outras que ainda não entraram no mercado chegarem lá. Você tem 21 frigoríficos que já estão no mercado externo, alguns estão crescendo e isso é muito bom. Mas você tem mais uns 50, de tamanho médio, que estão fora e querendo entrar.

RI – Como a infraestrutura de transportes afeta o setor? O que fazer para melhorar?
RS –
Uma das questões que nós havíamos pedido ao presidente Lula antes do lançamento do Plano de Safra era diminuir o custo do diesel, uma vez que o preço havia sido aumentado em determinado momento e não havia razão para se manter, já que o preço internacional havia caído. Isso foi importante. Mas temos um problema sério de estradas, principalmente no Centro-Oeste. Ali temos uma questão grave, que novamente bate no meio ambiente, porque há uma demora na liberação das licenças para as obras.

RI – Essa falta de infraestrutura vai impedir o crescimento do setor?
RS –
Ela dificulta a capacidade de competição e joga em cima do produtor esse custo. Se eu produzo milho no Paraná, consigo alcançar R$ 22 a saca, porque o transporte está fácil e está mais perto do mercado. Se produzo no Mato Grosso, essa saca cai para R$ 12. Ou seja, joguei o custo para o produtor. É um limitador, então temos de nos preocupar com isso.

RI – Quanto deveria ser investido em infraestrutura de transportes? As obras necessárias estão no PAC?
RS –
Nem todas estão. A tese que coloquei para o presidente é que, se hoje gasto R$ 1 bilhão para escoar a produção do Mato Grosso, com certeza, se investíssemos R$ 5 bilhões lá, não precisaríamos mais gastar R$ 1 bilhão por ano para escoar a safra. Ou seja, perco em cinco anos para escoar o que seria investimento suficiente para melhorar muito a infraestrutura de transportes para o agronegócio.

RI – Mudando de assunto. Como o senhor está vendo as disputas de países como a Irlanda e a Inglaterra na OMC sobre a carne?
RS –
São dois países que têm pressionado muito. E é evidente que pressionam porque têm uma impossibilidade de competir com a carne brasileira, cujo custo de produção é de um terço do custo da carne europeia. Aí entra a questão dos subsídios, de quanto os países ricos prejudicam os em desenvolvimento. Essa é uma briga econômica que, evidentemente, temos de saber enfrentar.

RI – O senhor vê um contencioso na OMC?
RS –
Não acredito muito em algumas questões, como na Rodada Doha. Desde que entrei no Ministério, sempre me pronunciei contra. E estou cada vez mais convencido disso. Acabei de vir de uma reunião na Rússia, em que estavam presentes todos os ministros da agricultura da União Europeia, e eles colocaram que teriam de manter o incentivo aos seus produtores, manter o preço, para que continuassem produzindo. Essa questão só mudará se um dia o mercado demandar. Caso contrário, eles não abrirão mão dos subsídios e das suas políticas. O Brasil tem uma boa capacidade de competição. Geneticamente a nossa carne é muito boa, porque é de pasto, uma carne verde. Não acredito em Doha, assim como não acredito na OMC. O Brasil ganhou um contencioso contra os Estados Unidos na OMC em relação ao algodão. Os Estados Unidos são membro da OMC e estavam agindo errado. Era um erro ético. O Brasil venceu, eles continuaram fazendo o mesmo. Recorreram para ganhar tempo. Agora o Brasil ganhou em caráter definitivo, mas eles continuam fazendo o mesmo.

RI – São Paulo é o maior produtor no setor da cana e derivados. Como o senhor vê o crescimento desse mercado, a briga com os Estados Unidos, vender mais para o Japão, vender tecnologia para países africanos etc.?
RS –
É claro que o Brasil tomou a dianteira no mundo, tanto em termos de tecnologia do processo industrial quanto da produção da matéria-prima. E continua num processo evolutivo. O Brasil, por razões climáticas, teve condições de usar aquela matéria-prima que, até o momento, é a melhor para se produzir álcool no mundo. E daqui a pouco até para produzir diesel, porque as pesquisas estão avançando. E vamos melhorar a capacidade de produção pela mudança do processo para hidrólise enzimática (por meio do bagaço). Estamos na liderança e devemos continuar a investir para aumentar essa liderança. Temos margens para crescer. É possível que, nos próximos dez ou 15 anos, não surjam tecnologias no mundo que possam substituir, de modo economicamente viável, essa energia limpa.
*Colaborador

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