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Caso Renan Calheiros: 120 dias seria o prazo de licença

Com a intensa movimentação nos bastidores hoje em Brasília, reforçados pelo chamado de volta dos senadores Pedro Simon e Jabas Vasconcelos à CCJ, "pela mão" mão do líder do Governo no Senado, Valdir Raupp, sinaliza que a "solução" Renan será sua licença pelo prazo de 120 dias.

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Atualizando às 01:50, no pré-idiota horário de Verãoo, o blog acusa que o guapo das Alagoas não aprendeu com seu conterrâneo: É proibido pensar que alguém seja melhor que a banda limpa da Casa.

Collor não serviu-lhe de exemplo!?

Está provado que não...por enquanto, no país das Bananas.

Por livre e espontânea pressão

Uma intervenção de Aloizio Mercadante (PT-SP) deixou evidente que o presidente do Senado não disporia do suporte petista. Mercadante insurgiu-se contra a unificação processual. Defendeu que cada um dos três processos que ainda pendem sobre a cabeça de Renan tivesse relatores distintos.

De resto, Mercadante repisou a tese de que os três relatores deveriam realizar um trabalho concomitante, de modo a apresentar ao Conselho de Ética, em 30 dias, relatórios que permitam aos senadores ter uma visão global de todas as acusações que pairam sobre Renan. Eduardo Suplicy (PT-SP) e João Pedro (PT-AM) endossaram o encaminhamento de Mercadante.

Sentindo o cheiro de queimado, Quintanilha optou pelo vexame menor. Para não amargar uma derrota no voto, mudou de posição por espontânea pressão. Manteve a escolha de Almeida Lima, mas disse que ele relatará só um dos processos. Informou que indicará outro relator até amanhã. Ratificou o nome de João Pedro (PT-AM), que já relata um dos processos, o da cervejaria Schincariol. E aquiesceu quanto ao prazo de 30 dias sugerido por Mercadante.


Mais no blog do Josias de Souza aqui>>

Almeida Lima relatará denúncias contra Renan

O Senado prepara-se para mais uma incrível exposição pública que jogará ainda mais sua credibilidade na latrina.

Braço-direito de Renan vai relatar seus processos

O braço-direito de Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador peemedebista Almeida Lima (SE), vai relatar dois processos contra o presidente da Casa. A decisão foi tomada pelo também peemedebista Leomar Quintanilha (TO), presidente do Conselho de Ética.

Íntegra aqui>>

STF mantém voto aberto no Conselho de Ética do Senado

O Globo Online

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) negou na tarde desta terça-feira liminar pedida pelo senador Almeida Lima (PMDB-SE) em mandado de segurança que pretendia obrigar o Conselho de Ética do Senado a realizar votações secretas nos processos contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A decisão é da ministra Cármen Lúcia. ( Relembre as denúncias contra Renan ) Segundo Almeida Lima, que foi um dos três relatores do primeiro processo contra Renan, a iniciativa pretendia resguardar o "direito constitucional líquido e certo de Renan ao voto secreto e inviolável" em todas as etapas de processo de cassação. Para ele, "foi inconstitucional, ilegal e abusiva" a votação do primeiro processo contra Renan no Conselho, que acusava o presidente do Senado de pagar contas pessoais com dinheiro de um lobista.


Leia mais no site.

Renan e a Schin

O Conselho de Ética do Senado analisará hoje a tarde o segundo processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Calheiros é suspeito de beneficiar a Schincariol em negociações com a Receita Federal e o INSS.

A repercussão negativa de que o PT é que teria sido o responsável pela absolvição de Renan, fez o partido dar os primeiros sinais de que não pretende continuar a pagar essa conta. O senador João Pedro (PT-AM), antecipou o parecer que deverá apresentar ao Conselho de Ética. Ao contrário do que Renan e seus aliados queriam, ele não pedirá o arquivamento da denúncia. O processo esperaria o fim da apuração das denúncias contra o deputado Olavo Calheiros, sobre o mesmo caso, na Câmara.

Advogado que denunciou Renan é espancado

Diário do Congresso

Na madrugada do último sábado, o advogado Bruno Miranda estava na boate Nix, no Lago Sul de Brasília, quando foi atacado pelas costas por Robério Negreiros Filho, um dos donos da Brasfort Administração e Serviço. Robério estava acompanhado de quatro agentes de segurança.

Miranda apanhou feio. Sofreu traumatismo craneano leve. E ficou com parte de sua visão comprometida.

Quem é Miranda? Ele foi casado com Flávia Coelho, assessora de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Flávia é filha do lobista Luiz Carlos Coelho. Renan foi padrinho do casamento.

Continue lendo aqui>>

Nota do blog: Quebraram o rapaz de porrada e, pelo que tudo indica, vai ficar por isso mesmo.

Segredo

Ata ficará arquivada por 20 anos

Ana Paula Scinocca
O Estado de S. Paulo
13/9/2007

A sessão secreta que absolveu Renan Calheiros só teve um registro escrito, que ficará guardado pelos próximos 20 anos. A ata redigida por um funcionário da secretaria-geral da Mesa e revisada pelo segundo-secretário, senador Gerson Camata (PMDB-ES), foi envelopada, lacrada e trancada em um cofre do Arquivo Permanente do Senado.

A legislação manda que o documento fique num cofre fechado. “Depois de 20 anos, a ata é integrada ao acervo público para consulta de qualquer cidadão”, disse um funcionário do Arquivo.

Na abertura da sessão de ontem, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu que a sessão fosse toda gravada em áudio, em defesa da história do País. “Não podemos deixar essa lacuna vergonhosa. Um dia, o povo brasileiro terá o direito de saber o que ocorreu aqui. Mesmo que fique cem anos em sigilo.”

O senador Tião Viana (PT-AC) não atendeu aos apelos de Cristovam e mandou cumprir a legislação. Dessa forma, não houve nenhum outro tipo de registro, além da ata oficial.

Censura institucionalizada

Cristovam pede gravação de sessão

















O Senado institucionalizou a censura ontem na sessão que mais pareceu um arremêdo de democracia na República das Bananas. Foi perda de tempo o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) propôr que a vergonha fosse gravada ao menos como registro de uma dos dias mais negros, obscuros e ditatoriais da história da recente democracia brasileira.

O senador bradou aos pares para que votem o projeto de resolução que decreta a sessão aberta nesse tipo de situação. O 1º vice-presidente do Senado, Tião Viana, do Pê Tê que conduziu os trabalhos, salientou, no entanto, que a gravação comprometeria o processo legal.

Aprovação da CPMF sob risco

Está sob risco a tranquilidade da aprovação da prorrogação da CPMF.

Com Renan no Senado a oposição opera rapidamente para desgastar o governo.

O senador Marco Maciel (Democratas-PE) nomeou a senadora Kátia Abreu como relatora da CPMF no senado.

Todo o trabalho que o relator da matéria na Câmara, deputado Antonio Palocci (PT-SP) costurou para uma certa tranquilidade de sua aprovação naquela Casa, pode ir por água abaixo.

Nada impede que a senadora Kátia Abreu não jogue na lata do lixo o relatório de Palocci e apresente outro com emendas que permitam a divisão dos recursos da CPMF entre União, Estados e Municípios.

Se isso ocorrer, acabou a tranquilidade do presidente e seu segundo mandato se aproximará de um inferno.

Obstrução continuará

O PSOL, Democratas e PSDB confirmaram que continuarão em obstrução até o afastamento do presidente do senado Renan Calheiros (PMDB-AL).

O senador paraense José Nery (PSOL-PA) disse que o partido estuda se protocolará o 4º pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar de Calheiros.

O 1º ele se safou, o 2º será a história da cervejaria, o 3º é a compra de rádios por laranjas e o 4º - se vingar - será o desvio de verbas públicas em Ministérios sob a influência do senador das Alagoas.

Nery disse ainda que a oposição e vários senadores da situação vão trabalhar para que o projeto de resolução que derruba o caráter de sessão secreta e o que o projeto de emenda constitucional (PEC) que acaba com o voto secreto, terá sua aprovação trabalhada até o julgamento das outras ações que correm no Conselho de Ética da Casa. Portanto, caríssimos é o mais do mesmo e o Senado está morto, não votará nada.

Renan leva o senado à sua morte política

Enquanto nós estamos trabalhando para criar com um mínimo de decência os nossos filhos, o Senado Federal acaba de absorver por 40 x 35 e 6 abstenções o senador Renan Calheiros.

O povo está revoltado. Veja as fotos.

Salvar Renan é adiar problemas

Leia aqui>> a análise de Ricardo Noblat sobre a sessão secreta de votação do pedido de cassação do senador Renan Calheiros.

Senado = Caixa preta

É essa a observação que corre solta nos Corredores.

Diferente da Câmara dos Deputados esse mistério sobre a sessão que difinirá o rumo do pescoço do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é visto com muitas críticas por aqui.

Esqueçe o Senado que pescoços rolaram a profusão em Praça Pública com os golpes certeiros da lâmina afiada da guilhotina na queda da Bastilha.

Filho de Renan aloprou contra repórteres

O filho do até agora senador Renan Calheiros, Rodolfo Calheiros aloprou hoje. Ofendeu repórteres, jogou o carro em cima de fotógrafos que estão de plantão na porta da residência oficial do presidente do senado, dentre outras barbaridades. Leia mais aqui>>

Em uma semana destino político de Renan será definido




Agora só falta o plenário da Casa

Gustavo Krieger e Marcelo Rocha


Depois do Conselho de Ética, Renan sofreu nova derrota na Comissão de Constituição e Justiça do Senado


Logo após decisão da CCJ, Renan começou a disparar telefonemas a senadores aliados


Os aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desistiram de lutar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Nos últimos dias, eles ameaçaram recorrer à CCJ para pedir a anulação do processo realizado no Conselho de Ética. Argumentavam que o Conselho feriu a Constituição ao julgar Renan em votação aberta. Cabe à comissão julgar a constitucionalidade dos procedimentos adotados no caso. Em tese, ela poderia anular o julgamento do Conselho. Na prática, faltavam votos aos aliados de Renan para impor essa decisão.


Sem condições de vencer na CCJ, o PMDB preferiu abrir caminho e transferir a luta para a votação em plenário. Nenhum senador do partido contestou o parecer do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Um dos principais adversários de Renan ao longo dessa crise, o tucano chegou a bater boca com integrantes da tropa de choque do presidente do Senado, semana passada. Ontem, foi escolhido como relator do caso na Comissão de Constituição e Justiça. Viu vários aliados de Renan votarem a favor do seu texto, como Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Gilvam Borges (PMDB-AP). O único voto contrário veio de Wellington Salgado (PMDB-MG).


O placar final foi um sonoro 20 a um pela constitucionalidade do processo contra Renan. O resultado não pode ser tomado como uma indicação para a votação no plenário, uma vez que os aliados do presidente do Senado votaram com o relatório de Tasso. Eles sabiam não ter condições de vencer na CCJ, onde a votação foi aberta. Preferiram mascarar o placar real da votação.


De qualquer forma, o resultado traz um prejuízo político para o peemedebista. O senador e seus advogados guardam como última opção um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), se ele for condenado pelo plenário. Nesse caso, alegariam que houve muitas ilegalidades ao longo do processo, em especial a adoção do voto aberto pelo Conselho de Ética. Essa argumentação fica enfraquecida depois que a CCJ aprovou por tamanha vantagem um parecer dizendo que o caso foi conduzido corretamente.


Procedimento

Aprovado o parecer de Tasso Jereissati, a Comissão de Constituição e Justiça vai elaborar um projeto de resolução pedindo a cassação do mandato de Renan por quebra de decoro parlamentar. Esse processo será enviado à Mesa Diretora do Senado. Como Renan se declarou impedido para despachar sobre seu próprio caso, caberá ao primeiro vice-presidente, Tião Viana (PT-AC), mandar publicá-lo no Diário Oficial e convocar a sessão para votá-lo. O julgamento deverá acontecer na próxima quarta-feira.


O voto é secreto. Os senadores depositarão seus votos em uma urna no plenário. Para que Renan seja cassado, é preciso que a maioria absoluta vote nesse sentido. São necessários 41 dos 81 senadores.

A maneira Calheiros de fazer política

Depois do irmão mais velho, agora é a vez do Deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) admitir no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ter recebido doação eleitoral da cervejaria Schincariol. Mas enfatizou que a doação foi legal e declarada.

Sobre a denúncia de que recebeu terreno da prefeitura de Murici, município de Alagoas, avaliado em R$ 750 mil, para sua fábrica de refrigerantes (Conny), Calheiros também admitiu que recebeu a doação do terreno na época em que seu irmão Remi Calheiros era prefeito. O deputado esclareceu que a cidade é pobre e tinha programa para atrair investimentos, e que, por isso, sua empresa aceitou o terreno. "A doação era uma das formas de incentivo ao desenvolvimento.", informa a Agência Câmara.

O mais bem sucedido dos Calheiros, Renan assiste o início do julgamento do "conjunto de sua obra" hoje, no primeiro dos três relatórios que serão julgados no Conselho de Ética e posteriormente pelo Plenário. É a prova de fogo do clã.

Caso Renan seja cassado, a porteira estará aberta para o afrundamento das investigações do restante da oligarquia política das Alagoas.

Quem pode prever o futuro de Renan Calheiros?

O futuro político do presidente do Senado deve ser decidido nesta quarta-feira, 5, quando será votado o relatório apresentado pelos relatores do Conselho de Ética, Renato Casagrande e Marisa Serrano, que pede abertura de processo de cassação contra Renan Calheiros. Se aprovado, o processo vai seguir para a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Nesta primeira denúncia, Renan é acusado de ter despensas pessoais pagas pela construtora Mendes Junior.

Recapitulando: O Corregedor da Casa, senador Romeu Tuma, acatou outros duas representações do PSOL contra Renan. A primeira refere-se a uma transação envolvendo a venda de uma fábrica de refrigerantes e a outra seria a cmpra de Rádios de maneira irregular.

Hoje o PSOL decide se entra com outra representação envolvendo em que o presidente do Senado é acusado de desvio de dinheiro público e corrupção passiva.

A quem pertence o futuro de Renan?

Renan: Até quando?

"Renan foi um bom sócio"

Revista Veja

Usineiro confirma sociedade secreta com o
presidente do Congresso em rádio e jornal
e diz que usou laranjas a pedido do senador


Alexandre Oltramari


Fotos Pablo Valadares/AE
PARCERIA TAMBÉM NO AR
A sociedade com João Lyra permitiu ao senador Renan Calheiros usar jatos e helicópteros do usineiro em passeios e viagens políticas sem pagar um tostão. No total, o senador requisitou as aeronaves 23 vezes a um custo total de 215 000 reais

Fatos são coisas teimosas. Eles resistem a desaparecer em meio à névoa das versões fabricadas por assessores e especialistas em recuperar a imagem de políticos dilacerada pela revelação de suas condutas impróprias. Confrontado com a demonstração de que é o verdadeiro dono de uma empresa de comunicação em Alagoas, o senador Renan Calheiros se limitou a dar sua versão negando a propriedade. Formalmente, Renan está certo. Mas só formalmente. A empresa JR Radiodifusão foi comprada pelo senador, mas está registrada em nome de dois laranjas – um primo de Renan, Tito Uchôa, e o filho, Renan Calheiros Filho, o Renanzinho. Na semana passada, o usineiro João Lyra, que foi sócio de Renan durante cinco anos, falou pela primeira vez sobre o assunto, e a teimosia dos fatos mais uma vez prevaleceu. Em entrevista a VEJA, ele confirmou que Renan Calheiros era dono de metade de uma sociedade secreta montada entre os dois para comprar uma emissora de rádio e um jornal em Alagoas, que mais tarde deu origem à JR Radiodifusão. Renan investiu 1,3 milhão de reais no negócio, parte paga em reais, parte em dólares. Nada disso – a origem do dinheiro, a sociedade, a rádio, o jornal – foi declarado pelo senador à Receita Federal ou à Justiça Eleitoral. Em 2005, a sociedade foi desfeita.

Veja – Como era sua sociedade com o senador Renan Calheiros?
Lyra – Renan foi um bom sócio. Todos os compromissos que assumiu comigo ele honrou. Foi bom enquanto durou.

Veja – O senhor se refere a compromissos financeiros?
Lyra – Sim. Inclusive financeiros. Na compra das rádios e do jornal ele pagou tudo direitinho. Não tenho do que me queixar do senador.

Veja – O senhor nunca teve curiosidade de saber de onde vinha o dinheiro do Renan? Pagamentos em dólar costumam chamar atenção...
Lyra – Sinceramente, no decorrer da minha vida, nunca me preocupei muito com as coisas dos outros. Cada um deve responder pelo que faz.

Veja – Além das empresas de comunicação, que outros tipos de negócio havia entre o senhor e o senador Renan?
Lyra – Eram negócios privados. Não gostaria de me estender sobre eles.

Veja – Por que Renan não quis aparecer como sócio na compra do jornal e da rádio?
Lyra – Ele me disse que não tinha como aparecer publicamente à frente do negócio, mas não explicou as razões. Por isso, pediu para colocarmos tudo em nome de laranjas. Eu topei.


Ricardo Ledo/Gazeta de Alagoas
ORIGEM DO LARANJAL
Lyra: "Ele (Renan) disse que não tinha como aparecer no negócio"


João Lyra e Renan Calheiros tornaram-se desafetos políticos, mas foram muito íntimos no passado. Enquanto durou a sociedade secreta, de 1999 a 2005, a relação entre os dois era tão próxima que o usineiro chegou a colocar à disposição do senador um jatinho e um helicóptero da frota de uma de suas empresas, a LUG Táxi Aéreo. VEJA teve acesso a uma planilha de controle da empresa em que estão listadas todas as viagens que o senador Calheiros fez nesse período, assim como o roteiro, o nome dos passageiros, o custo do vôo e o responsável pelo pagamento. No total, o senador usou 23 vezes as aeronaves de João Lyra. Os dados da contabilidade da LUG indicam que o gasto foi de pouco mais de 200.000 reais. O senador não desembolsou um único tostão. As despesas foram todas contabilizadas em nome das usinas Laginha e Taquara, ambas pertencentes a João Lyra. Os jatos e os helicópteros foram usados pelo senador para levar colegas, ministros e senadores a atividades políticas em Alagoas e também a eventos sociais. Em 25 de junho de 2005, três meses depois do fim da sociedade entre Renan e Lyra, o senador ainda usou o jato Hawker 800XP, prefixo PR-LUG, para viajar de Brasília a Belo Horizonte, onde participou da festa de casamento de uma das filhas de Lyra. A bordo, além de Renan, estavam sua mulher, Verônica Calheiros, e colegas do partido. O grupo retornou a Brasília no dia seguinte, no mesmo avião. A viagem custou 50.000 reais. Procurado por VEJA, Renan não se manifestou.

Desfeita a sociedade, em março de 2005, Renan Calheiros perdeu as caronas nos aviões, mas prosperou no ramo das comunicações. A JR Radiodifusão, que tinha Carlos Santa Ritta, um assessor de Renan no Senado, como sócio-laranja, passou a ser controlada pelo primo, Tito Uchôa, e por Renanzinho. A partir de então a empresa recebeu quatro outorgas do Ministério das Comunicações, comandado pelo PMDB de Renan Calheiros desde 2004. A última, que autoriza a JR a operar uma rádio FM na cidade de Água Branca pelos próximos dez anos, foi assinada na semana passada pelo próprio Renan Calheiros. No cadastro da Anatel, a agência reguladora das telecomunicações, a JR ainda pertence a Tito Uchôa e Carlos Santa Ritta, os laranjas iniciais do senador. Renanzinho não aparece como proprietário. Os laranjas do senador Renan, aliás, continuam escondidos. Procurados, não dão entrevista. Santa Ritta, que é funcionário do gabinete em Brasília, não tem sido mais visto ali. Ele costuma dar expediente na cidade de Jequiá da Praia, a 60 quilômetros de Maceió, onde sua mulher, Rosinha Jatobá, é prefeita pelo PMDB. Já o primo Tito Uchôa, que sete anos atrás era funcionário da Delegacia Regional do Trabalho e tinha um salário de 1.390 reais, hoje é "dono" de várias empresas – das famosas rádios a locadora de veículos, agência de turismo e um jornal. Ele responde a processo por improbidade administrativa, superfaturamento e fraude em licitações.

Fotos Marco Borelli/O Jornal e arquivo O Jornal
VIDA DE LARANJA
Tito Uchôa, o laranja do dinheiro, é acusado de fraude em licitação, e o assessor Santa Ritta (à direita), o laranja da rádio, é fantasma no Senado

Na semana passada, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de um inquérito para investigar a relação de Renan Calheiros com um lobista da empreiteira Mendes Júnior que pagava suas despesas pessoais. Na terça-feira, o STF aceitou o pedido e determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador. Na quarta-feira, uma nova investigação foi aberta contra Renan no Conselho de Ética para saber se ele fez lobby no governo para beneficiar a cervejaria Schincariol, que comprou uma fábrica de refrigerantes de sua família por valor superior ao de mercado. Na quinta-feira, o corregedor do Senado, Romeu Tuma, decidiu investigar se Renan utilizou laranjas para obter concessões de rádio em Alagoas. Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada na sexta-feira, mostrou que o senador Calheiros comprou uma fazenda usando, de novo, o primo Tito Uchôa como testa-de-ferro.

Robson Lima/Gazeta de Alagoas
EM NOME DO PAI
Renanzinho, o filho do senador, tinha apenas um carro em 2004. Agora, prefeito de Murici, já é dono de uma rede de emissoras de rádio

Acuado, Renan Calheiros foi à tribuna pela primeira vez depois dos escândalos envolvendo seu nome, que começaram em maio. Não explicou nada a respeito das acusações a que responde e constrangeu os colegas que voltaram a pedir seu afastamento da presidência do Congresso. Por fim, atacou o Grupo Abril, que publica VEJA, questionando a legitimidade da associação da TVA com a Telefônica. Em nota oficial, a Abril informou que a transação foi aprovada pela Anatel em 18 de julho passado, depois de nove meses de análises. Abandonado por seu próprio partido (nos bastidores o PMDB já articula um nome para substituí-lo), largado pelo governo (o presidente Lula mandou um recado de que gostaria que a situação no Senado se resolvesse o mais rápido possível) e minado pela oposição (que vai obstruir as sessões enquanto ele permanecer na presidência), o senador vai afundando a cada dia no poço de areia movediça criado por sua própria conduta, marcada pelo apreço por favores de empreiteiras, negócios escusos e sociedades secretas.

Com reportagem de Otávio Cabral

Jefferson Peres fala sobre Renan Calheiros




ENTREVISTA

'Creio que é hora de uma ação mais enérgica'

Carlos Marchi

Senador apóia obstrução contra Renan e pergunta: 'Se ele nada fez errado, por que tanto medo de se afastar da presidência?'

O senador Jefferson Peres (PDT-AM) afirmou ao Estado que a disposição de apoiar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a qualquer custo 'diminuiu consideravelmente', referindo-se aos aliados do peemedebista que, no início do processo, se expuseram em público para defendê-lo. 'Creio que é hora de uma ação mais enérgica contra a obstinação do senador Renan Calheiros em não se afastar da presidência do Senado.' Eis a entrevista:

Há 76 dias o Senado está por conta do caso Renan. Isso está paralisando a Casa?

Sim, sim. Mas a partir de agora, com a obstrução anunciada pelo DEM e pelo PSDB, vai ficar formalmente paralisado.

O sr. está aderindo a essa obstrução?

Sim, pessoalmente, não como partido. Creio que é hora de uma ação mais enérgica contra a obstinação do senador Calheiros em não se afastar da presidência. Não há nada de pessoal nisso. Estamos defendendo o que precisa ser feito, que é constatar a incompatibilidade entre o exercício da presidência e a condição de investigado no Conselho de Ética. Por isso eu vou apresentar uma emenda nos próximos dias determinando que, recebida a representação pelo Conselho de Ética contra qualquer membro da Mesa, ele ficará afastado automaticamente. Isso já deveria constar do regimento. Não ter esse princípio é uma falha gritante.

A que o sr. atribui a resistência brutal de Renan em permanecer no cargo?

Ou o poder é cegante, como dizem, ou então ele acha que a permanência no cargo assegura a vitória dele no processo, com a rejeição da representação. Na verdade, eu creio que ele se enfraqueceu muito a partir do momento em que decidiu não se afastar.

Ele não teria mais boa vontade da Casa se tivesse se afastado?

Sim, foi-se criando uma má vontade em relação a ele por conta da teimosia. Isso o enfraqueceu muito e passou a ser visto como medo da verdade. Se ele nada tem a temer, se os documentos são autênticos, se ele não fez nada errado, por que precisaria ficar? Ele tinha, inicialmente, uma enorme maioria a favor dele na Casa, não apenas no partido dele, mas também em partidos aliados. Por que o medo de se afastar da presidência?

Hoje há maioria contra ele?

Eu não fiz pesquisa e não gosto de achismos. Minha intuição diz que a disposição de ficar com ele a qualquer preço diminuiu consideravelmente.

O caso Renan é caso perdido?

Não, não diria isso. Acho que ainda existem condições de permanecer no cargo, mas de tal forma debilitado, moral e politicamente, que eu me pergunto se valeria a pena.

Quem é: Jefferson Peres

>É senador pelo PDT do Amazonas, eleito pela primeira vez em 1995. Atual líder do partido

>É formado em Direito pela Universidade do Amazonas e administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas

STF vai investigar o quê?

Notícia do jornal O Globo de hoje, seguindo manchetes de quase todos os grandes jornais do Brasil, informa que o Supremo Tribunal Federal vai investigar o presidente do Congresso Nacional, senador Renan "fiel" Calheiros (PMDB-AL).

É um golpe no personagem ferido. Renan sangra diariamente e não se afasta para preservar o que resta de seu capital político, que não é pouca coisa. Calheiros faz parte da tríplice corôa, ao lado de Sarney e Jader.

Mas, o que me incomoda mesmo é saber que o STF, como, de resto, está provado, nunca condenou um político. A lista de políticos com processo tramitando na mais Alta Corte do país seria algo para entusiasmar qualquer cidadão, mas não suficiente para por mêdo nas águias que estão sendo processadas no STF.

Nunca condenaram um político por corrupação, roubo... Até quando? Parafraseando a Ana Célia Pinheiro.

CASO RENAN CHEGA AO STF

Adriana Vasconcelos e Bernardo Mello Franco
O Globo
7/8/2007

Tribunal vai apurar se presidente do Senado usou dinheiro de lobista para pagar pensão

O processo que ameaça o mandato do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF). A pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, a Corte abriu inquérito para apurar a origem do dinheiro usado pelo lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, no pagamento de despesas pessoais do senador. Acusado em reportagem da revista "Veja" de ser sócio oculto de duas emissoras de rádio em Alagoas, que teriam sido adquiridas por R$2,6 milhões e pagas com dinheiro, Renan também pode ter sua situação complicada no Senado, onde o DEM e o PSDB analisam hoje se apresentam nova representação por quebra de decoro contra ele.

O PSOL já apresentou duas. A primeira já tramita no Conselho de Ética e a segunda deverá ser analisada hoje, em reunião da Mesa do Senado. Além da luta para preservar o mandato no julgamento dos colegas, Renan agora pode enfrentar uma série de ações penais, caso o STF concorde com as acusações.

- Esse pedido não tem qualquer interferência na avaliação do Conselho de Ética sobre a conduta do senador. A iniciativa tem o objetivo de esclarecer a questão sob a perspectiva penal - afirmou Antonio Fernando, que entregou ao STF um calhamaço de 478 páginas para justificar a investigação. - Pedi o encaminhamento (ao STF) de todas as representações que eventualmente estejam em curso no Senado.

Para o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), as novas denúncias contra o presidente do Senado são gravíssimas e merecem ser investigadas. Antes de formalizar novo pedido, Agripino pretende consultar a bancada, mas já adiantou que é insustentável a permanência de Renan no comando do Senado.

- Uma coisa me incomoda, e me incomoda muito: passarmos ao país a imagem de que nós estamos em paz no Senado. Não estamos em paz coisa nenhuma! Estamos constrangidos, e muito, perante nós mesmos e perante a sociedade, pela investigação que não termina, pelo veredicto que não foi dado, pelas acusações que são feitas ao presidente que foi eleito. Mas até votarmos "sim" ou "não" para absolver ou para condenar o senador Renan, é preciso que esta Casa tenha o direito de ser bem vista pela opinião pública. Eu só vejo um caminho: votarmos "não" sobre a presidência do senador Renan Calheiros, que, neste momento, é investigado - disse Agripino.

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que também convocou a bancada para analisar a proposta do DEM, voltou a cobrar o afastamento de Renan do comando da Casa:

- O fato é que, como está, não é possível que a situação perdure. Insisto que é muito mais justo para com a nação e até muito mais confortável para o senador afastar-se da presidência da Casa. Estamos entre a cruz e a caldeirinha. A instituição não pára de sangrar e isso tem gerado uma grande indisposição por parte de vários senadores. Temos matérias importantes a serem votadas, entre elas o Super Simples.

Relator vai analisar todos os documentos

Indicado para relatar o inquérito, o ministro do STF Ricardo Lewandowsky vai analisar todos os documentos reunidos pelo Senado desde 29 de maio, quando o Conselho de Ética aceitou a primeira representação do PSOL contra Renan. O senador também será investigado pelo suposto uso de notas fiscais frias de venda de gado para justificar uma renda que, segundo ele, seria suficiente para arcar com a pensão de R$12 mil paga à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.

A denúncia de que o senador teria usado laranjas na compra de duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas também deve ser acrescentada à investigação no STF, segundo informou o procurador Antonio Fernando.

Se o ministro Lewandowsky concordar com as acusações feitas no Conselho, o presidente do Senado pode ser indiciado por crimes como corrupção passiva e evasão fiscal. O procurador-geral não quis divulgar o teor do pedido de investigação, mas revelou que, além das provas reunidas pelo Senado, vai analisar documentos enviados pelo Ministério Público de Alagoas que provariam irregularidades em transações com imóveis no estado.

A Mesa do Senado reúne-se hoje para analisar a segunda representação apresentada pelo PSOL contra Renan, que pede a investigação de uma suposta intervenção sua junto ao INSS e a Receita Federal em favor da cervejaria Schincariol - que comprou por R$27 milhões uma empresa do irmão de Renan, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), avaliada em menos de R$10 milhões - e denúncias de que a família Calheiros teria aumentado seu patrimônio com grilagem de terras em Alagoas.

" Há 15 dias, pedi ao procurador-geral que fizesse uma investigação, para que eu pudesse mostrar toda a minha verdade. Os jornalistas não publicaram porque não quiseram."

Senador Renan Calheiros (PMDB-AL)

"Estamos constrangidos, perante nós mesmos e perante a sociedade, pela investigação que não termina, pelo veredicto que não foi dado, pelas acusações feitas ao presidente."

Senador Agripino Maia (DEM-RN)

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