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Em nota deputada admite caixa 2 e se licencia

Em nota, Jaqueline Roriz diz que esteve com Durval Barbosa algumas vezes durante a campanha de 2006 e que dinheiro não foi declarado à Justiça Eleitoral

Flagrada recebendo dinheiro de Durval Barbosa em 2006, Jaqueline Roriz (PMN) confessou ontem, 10 dias após divulgação do vídeo em que aparece pegando R$ 50 mil das mãos do delator da Caixa de Pandora: o valor era referente a caixa dois. Por meio de uma nota, a deputada federal tocou pela primeira vez no assunto que a projetou a um escândalo nacional. Segundo disse, o dinheiro que recebe de Durval “são recursos financeiros para a campanha distrital, que não foram devidamente contabilizados na prestação de contas da campanha”. No comunicado feito por meio de assessores e advogados, a parlamentar garante que, naquele ano, esteve “algumas vezes no escritório do senhor Durval Barbosa.”

Jaqueline Roriz pediu ontem licença por cinco dias da Câmara dos Deputados. Ela apresentou à Casa um atestado médico para justificar seu afastamento. Desde o dia que o vídeo veio à tona (4 de março), a deputada está inacessível. Pessoas próximas à política dizem que ela esteve os últimos dias no Rio de Janeiro. Também por meio da nota, a deputada afirmou que aguarda a resposta do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido feito por seus advogados para tomar conhecimento completo do teor da gravação.

Com a nota divulgada ontem, Jaqueline anexou um atestado médico do Instituto do Coração Dom Eugênio de Araújo Sales, que funciona no Rio de Janeiro. No documento, o médico diz que a paciente está em acompanhamento ambulatorial e foi orientada a se submeter a uma reavaliação em uma semana. Ou seja, Jaqueline deve continuar afastada dos holofotes por um tempo. Usará a condição de saúde e o fato de ainda não ter tido acesso à filmagem como justificativa para se manter em silêncio por mais tempo.

Estratégia
Admitir o caixa dois faz parte da estratégia de defesa de Jaqueline e do marido, Manoel Neto, que também aparece na gravação de Durval. Não há previsão da irregularidade no Código Penal e, mesmo na legislação eleitoral, a fraude não é explícita. O artigo nº 350 do Código Eleitoral proíbe omitir em documento público ou particular declaração que deveria constar toda a movimentação financeira durante a campanha. O candidato que burlar essa norma fica vulnerável a pagamento de multa e pode pegar prisão de até cinco anos.

Mesmo que Jaqueline tente restringir seu erro ao caixa dois, dificilmente vai se livrar de uma possível responsabilização criminal. Na tarde de ontem, o Supremo autorizou o Ministério Público Federal a iniciar as investigações sobre os atos da deputada federal, o que pode gerar um processo penal contra a parlamentar. Uma das circunstâncias que devem pesar contra Jaqueline é o fato de Durval já ter contado ao MP a origem desses recursos. Estimulado pela delação premiada, o ex-secretário de Relações Institucionais do GDF disse que o dinheiro distribuído a políticos era de propina paga por empresários, o que abasteceu durante anos um engenhoso esquema de corrupção no Distrito Federal.


Comunicado à imprensa

Confira a íntegra do pedido de licença de Jaqueline Roriz:

1 Durante a campanha eleitoral de 2006, estive algumas vezes no escritório do senhor Durval Barbosa, a pedido dele, para receber recursos financeiros para a campanha distrital, que não foram devidamente contabilizados na prestação de contas.

2 Aguardo a resposta do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido dos meus advogados para tomar conhecimento completo do teor do vídeo.

3 Por recomendação médica, estou entrando de licença médica na Câmara dos Deputados por cinco dias.

Deputada federal Jaqueline Roriz Presidente do PMN do Distrito Federal

Fonte: CB.

Deputados eleitos pelo DF querem apuração imediata contra Jaqueline Roriz

Leonardo Prado














A bancada do Distrito Federal na Câmara dos Deputados pediu ontem uma investigação sobre a denúncia de caixa dois envolvendo a colega Jaqueline Roriz (PMN), mas evitou defender a cassação do mandato dela. Seis dos oito integrantes da bancada — faltaram Ronaldo Fonseca e a própria Jaqueline — se encontraram à tarde, na sala de reuniões da Mesa Diretora da Casa, para discutir o assunto. Os políticos devem divulgar hoje uma carta contendo o discurso combinado, que não trará novidades. Além da apuração do caso no Conselho de Ética da Câmara, independentemente da época em que ocorreu a gravação do vídeo, eles incentivarão o Judiciário a pressionar Durval para divulgar todas as eventuais informações da Caixa de Pandora.

Os deputados Érika Kokay, Roberto Policarpo, ambos do PT, José Antônio Reguffe e o senador Cristovam Buarque, que pertencem ao PDT, mobilizaram os colegas para acertar uma posição unânime, que será levada ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Ronaldo Fonseca (PR) justificou a ausência com a morte do pai, ocorrida no último domingo. A bancada do DF solicitará a Maia agilidade na instauração do Conselho de Ética, bem como manifestará apoio às críticas feitas pelo presidente da Casa ao benefício da delação premiada concedido a Durval Barbosa.

Gravidade
Érika Kokay afirmou que os fatos envolvendo Jaqueline são de “profunda gravidade” e merecem uma rigorosa apuração, independentemente da temporalidade. “As denúncias são de uma gravidade imensa, se tivessem sido publicitadas à época, a deputada não teria o mandato”, disse. Questionada sobre a possível cassação do mandato da colega, a petista não avançou. “A bancada do DF deliberou sobre a necessidade de uma profunda investigação. Obviamente se o processo se der na imparcialidade que exige o Estado de Direito e da profundidade que exige a própria sociedade, nós teremos um resultado justo. Nós defendemos a apuração”, ponderou.

Para Reguffe, o atual Código de Ética e Decoro Parlamentar da Casa é um obstáculo regimental para se investigar condutas suspeitas antes do mandato. “Esse Código é a indústria da impunidade”, criticou o parlamentar.

Fonte: CB.

Fecha o cerco sobre deputada federal filha de Joaquim Roriz





















Nem mesmo a solidária bancada feminina na Câmara dos Deputados, emitiu um gesto sequer para apoiar a colega Jaqueline Roriz (PMN-DF).

Filha do ex-governador Joaquim Roriz, um político de péssimos antecedentes, enfrentará inquérito aberto no Supremo que permitirá que a Procuradoria-Geral da República apure as denúncias contra a parlamentar.

A Polícia Federal tem 30 dias para periciar vídeo em que ela aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa, o ex-delegado e delator do mensalão do DEM em Brasília, premiado com uma deleção premiada que poucos sabem em que termos foi concedida.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o início das investigações contra a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) e segundo o relator, ministro Joaquim Barbosa, o Inquérito nº 3.113 foi aberto para que o Ministério Público Federal possa apurar a suposta prática de crime contra a administração pública. No último dia 4, foi divulgado vídeo em que Jaqueline e o marido, Manoel Neto, aparecem recebendo um maço de notas de dinheiro (estimado em R$ 50 mil) de Durval Barbosa — o principal delator do esquema que deu origem à Operação Caixa de Pandora. Em nota divulgada ontem, a deputada admitiu que a prática ocorreu “algumas vezes” e os recursos foram destinados para a campanha de deputada distrital, em 2006, mas não foram contabilizados.

O pedido de abertura do inquérito foi feito na quinta-feira passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. No despacho, o ministro Joaquim Barbosa informa que Gurgel acrescenta fatos novos. Isso porque o procurador sustenta que a deputada “teria recebido propina do então candidato ao governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido). Em contrapartida, Jaqueline não deveria pedir votos a favor da coligação da candidata Maria de Lourdes Abadia (PSDB).” Na época, as duas concorreram às eleições pelo mesmo partido. Abadia terminou a corrida pelo Palácio do Buriti em segundo lugar, faltando apenas 6,6 mil votos para empurrar a decisão para o segundo turno. Por sua vez, na ocasião, Jaqueline foi eleita para a Câmara Legislativa com 24.129 votos.

Gurgel juntou ao pedido de abertura de inquérito o vídeo e os depoimentos prestados por Durval. Segundo o chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR), a informação é de que o dinheiro repassado a Jaqueline tinha como procedência prestadores de serviços de informática no GDF. Durval teria operado o suposto esquema de corrupção quando foi presidente da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan) — onde foram gravados vídeos com pagamentos a ex-deputados distritais. Os recursos foram supostamente desviados dos contratos feitos na época com o órgão.

Diligências – Além do início das investigações, Joaquim Barbosa deferiu duas diligências solicitadas pela PGR. A primeira trata da descrição do conteúdo e do diálogo contidos no vídeo e da certificação da autenticidade da gravação. No outro pedido, Gurgel requisitou que Jaqueline seja interrogada. “Diante da existência de indícios da prática de crime pela investigada, determino o prosseguimento do inquérito e defiro as diligências requeridas pela Procuradoria-Geral da República”, decidiu o ministro. O processo será encaminhado à Polícia Federal, que terá 30 dias para realizar as diligências.

Caso seja necessário, a PF poderá prorrogar duas vezes, pelo mesmo tempo, o prazo para terminar as investigações. Se forem encontrados indícios de irregularidades, poderá ser oferecida denúncia contra a deputada. Na etapa seguinte, o relator deverá apresentar o voto e o plenário do Supremo — composto por 11 ministros — decidirá sobre a instauração da ação penal. Só então Jaqueline se tornará ré do processo.

Diferentementemente do que ocorre nos casos dos demais acusados de participarem da Caixa de Pandora, o processo de Jaqueline tramita no STF por conta do foro privilegiado da deputada federal. Ela também deverá enfrentar processo de quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e pedido de instauração de ação de improbidade administrativa pelo Ministério Público do DF.

A partir de agora, novas diligências requisitadas sobre o caso deverão ter autorização do ministro Joaquim Barbosa que, como relator do inquérito, é o responsável por qualquer ação relacionada à apuração. No entanto, quem vai conduzir a investigação será a PGR.

O trâmite
» Após a abertura do inquérito, a Polícia Federal deverá fazer, até o próximo dia 14, a perícia na fita de vídeo gravada por Durval. Além disso, a PF deverá interrogar Jaqueline.

» Se forem constatados os indícios contra a parlamentar, a PGR apresentará denúncia ao STF. Caso sejam confirmadas as irregularidades, a deputada pode responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, crime fiscal e formação de quadrilha.

» Se for oferecida a denúncia, Jaqueline terá de apresentar sua defesa em plenário. Somente após o término do trabalho do relator, o caso vai a julgamento. Para a condenação, é necessária maioria simples de votos dos ministros (são 11 no total).

Declaração de amor à Brasília

Artigo - Condenada à revelia

Ana Dubeux - anadubeux.df@dabr.com.br - No Correio

Nunca fui acusada formalmente, mas devo confessar a minha condição de ré absoluta numa pendenga que parece não ter fim. Arrasta-se desde 1987, quando cheguei a Brasília, um processo que me conduz a um sentimento cada vez mais forte por esta cidade. Para cada forasteiro que aqui se estabelece, a sentença tarda, embora se confirme sempre. Quem vai ficando por este cerradão tão árido e tão verde e tão monumentalmente belo está irremediavelmente fadado a um amor perpétuo. Quem chegou aqui ainda de calças curtas e cresceu à medida que as superquadras ganhavam vida tem como cupido a memória daqueles tempos. Muitos outros, que já aterrissaram de diploma na mão, à procura de emprego, tiveram a sorte e a oportunidade de encontrar um terreno fértil para o sustento, para constituir uma família e fazer muitos amigos.

No meu caso, não posso negar que o acaso pesou demais na minha relação próspera com a capital. Desembarquei de mala e cuia movida por uma vontade incontrolável de cobrir a Constituinte — ou seja, testemunhar e contar aos leitores de um jornal um momento histórico importantíssimo no processo de redemocratização do país. Mas quis o destino que a minha trajetória no jornalismo aqui em Brasília começasse na editoria de Cidades. Ainda bem. Iniciei, então, uma crescente e duradoura paixão que me move até hoje. Conheci dos meandros da política local aos primeiros assentamentos, passando pelo assombro dos crimes bárbaros, e tive a sorte de continuar acompanhando, muitas vezes com alegria, outras com tristeza, todos os acontecimentos. Devo isso, em grande parte, ao meu trabalho no Correio Braziliense.

O Correio e Brasília são, não há como negar, crias de um mesmo tempo, de um mesmo sonho, de uma só história. Muitos dos que aqui trabalham são pioneiros, filhos de pioneiros ou pessoas que viveram suas infâncias embaixo dos blocos. Não há meios de dissociar o jornal da cidade. Os leitores, como testemunham dia a dia por e-mails, cartas e telefonemas, esperam ver no jornal um prolongamento de seu olhar sobre a capital. Páginas e mais páginas, que devem servir ao propósito de conversar com eles sobre Brasília, sintetizar seus pensamentos, oferecer outros pontos de vista, retratar as novidades, informá-los e, por que não, homenageá-los, como temos feito em várias publicações, especialmente neste ano do seu cinquentenária — e que se estenderão ao longo desta semana.

Sinto orgulho de ter filhos e amigos brasilienses, da mesma forma como sou orgulhosa de ter feito da minha carreira jornalística um caminho próspero para a adoção de uma cidade que hoje enche meu coração. Podem dizer tudo de Brasília e podem até querer matá-la a cada dia, ferindo seus brios e seu propósitos, mas jamais conseguirão tirar das pessoas essa sensação de aconchego, de intimidade, de pertencimento. Com todos os problemas, aqui é nossa casa.

Novo governador do DF é especialista em marketing

Perfil Rogério Rosso - Um político de várias alianças

Eleição indireta
Novo chefe do Executivo, que é cria política de Joaquim Roriz e teve importante papel no governo Arruda, adora rock, foi diretor de empresa, secretário de Estado, presidente da Codeplan e administrador de Ceilândia. E sempre alimentou o sonho de comandar o Buriti


Ele é especialista em Marketing. Venceu as eleições indiretas com o discurso de que seria uma alternativa política para evitar a intervenção federal, cuja tese levantada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, poderia ganhar força em caso de vitória de um deputado distrital em um momento de suspeição na Câmara Legislativa. Aos 41 anos, Rogério Rosso foi escolhido candidato do PMDB como uma das raras opções não chamuscadas no partido com a crise deflagrada no Distrito Federal por causa da Operação Caixa de Pandora. Seu nome não apareceu em qualquer gravação até agora, tampouco nos depoimentos de Durval Barbosa, o delator do suposto esquema de corrupção no GDF.

Rosso virou candidato nas eleições indiretas como resposta a Joaquim Roriz, que pediu votos para Wilson Lima (PR) e incomodou quem deseja fazer oposição ao ex-governador na campanha de outubro. O novo governador-tampão pertence a um grupo que já foi aliado de Roriz, mas se afastou e hoje é visto pela base rorizista como um adversário a combater, situação que tem como principal expoente o presidente do PMDB-DF, Tadeu Filippelli, seu aliado e idealizador de sua candidatura. Rosso surgiu por acaso na política, justamente pelas mãos do ex-governador do Distrito Federal, com quem hoje mantém relação distante. Roriz viu nele um político promissor.

A aproximação aconteceu em 2002 porque a mulher de Rosso, Karina Curi Rosso, com quem tem quatro filhos, é a melhor amiga da caçula de Roriz, Liliane. Na campanha de 2002, quando o então governador do PMDB, atolado numa crise de imagem, concorria à reeleição e precisava de munição para superar as denúncias de grilagem de terras, Rosso apareceu como um conselheiro na área de estratégia de comunicação. Até então, formado em direito pela Universidade de Brasília (UnB), ele era diretor de uma empresa do ramo de automóveis e nunca tinha pensado em largar a carreira corporativa para mergulhar na vida pública. Foi na campanha de Roriz, no entanto, que se inclinou pela política. Passou a trabalhar com a meta de se transformar em um futuro candidato ao Palácio do Buriti.

Nascido no Rio, veio para Brasília com um ano. De família de classe média, viveu durante a infância na Asa Sul, estudou em escola pública e privada, e começou a trabalhar cedo, aos 14 anos. Fazia bicos no comércio local, para conseguir comprar as coisas. Depois de formado, montou um escritório de advocacia, até descobrir interesse pelo setor automotivo. Trabalhou na Caterpillar, indústria americana de tratores, e depois foi para a Mercedez, antes de trabalhar na Fiat. No governo Roriz, exerceu cargos que lhe deram projeção. Foi secretário de Desenvolvimento Econômico e depois, já de olho na corrida ao eleitor, foi nomeado administrador regional da Ceilândia. Inventou o Ceilambódromo e transferiu o Carnaval para a cidade.

Casado com a filha de um dos empresários mais ricos de Brasília, Roberto Curi, dono da rede Curinga dos Pneus, Rosso alugou um pequeno apartamento em Ceilândia e divulgou que morava por lá. Karina o acompanhava em eventos públicos, visitava famílias pobres e distribuía brinquedos e comida. Na passagem pela Ceilândia, Rosso se aproximou de um morador da cidade, o ex-deputado distrital Chico Vigilante (PT), com quem fez parcerias políticas na região que abriga o maior eleitorado do DF. A vitória de Rosso ontem só foi possível justamente pelo apoio de petistas.

Projeto de poder
O projeto da família sempre foi ver Rosso governador. Em 2006, embalado pelo incentivo de Roriz, ele se candidatou a uma vaga de deputado federal. Na prestação de contas à Justiça Eleitoral, o sogro é registrado como seu grande financiador. Rosso declarou ter arrecadado R$ 1,4 milhão, dos quais R$ 1,2 milhão tiveram como origem as empresas de Roberto Curi. Com 51 mil votos — 10 mil a menos que Laerte Bessa (PMDB) —, ficou como primeiro suplente. Foi uma frustração para a família, que apostou no projeto. Depois da campanha de 2006, já na fase de transição, Rosso recebeu convite de José Roberto Arruda, eleito no primeiro turno, para assumir o cargo de presidente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).

No governo Arruda, Rogério Rosso foi o responsável pelas políticas para as cidades do Entorno do DF e pelas parcerias público-privadas (PPPs). Foi o grande defensor do projeto de construção do complexo que abrigaria o novo centro administrativo do governo, em Taguatinga, um empreendimento que nunca teve a pedra fundamental, apesar de o contrato ter sido assinado pelo GDF com o consórcio formado pela Via Engenharia e Odebrecht. A ideia da PPP é que as empreiteiras arcassem com as obras civis e pudessem explorar por 22 anos a administração e a prestação de serviços, como vigilância, manutenção e conservação.

A expectativa de Rosso era se candidatar novamente a uma vaga de deputado federal em outubro e tentar concorrer em 2014 ao Governo do DF, projeto antecipado pelas circunstâncias provocadas pela Caixa de Pandora. No governo Roriz, seu plano mais controverso foi a construção do trem de alta velocidade que ligaria Brasília a Goiânia, um empreendimento concebido para desenvolver o Entorno do DF. A ideia foi abraçada por Roriz que, em 2005, chegou a visitar várias fábricas de trens na Europa, ao lado de Rosso, para tentar viabilizar o projeto na capital do país. Não deu certo, mas a peregrinação de Roriz pela Espanha, França e Alemanha acabou desviando na época a imagem do Executivo dos processos que Roriz respondia na Justiça Eleitoral por suposto uso da máquina — que depois acabaram sendo julgados improcedentes.

Rock pesado
No cargo de governador pelos próximos oito meses em um um momento de tamanha turbulência política, Rogério Rosso terá pouco tempo para a diversão e relaxar na chácara que mantém em Cidade Ocidental, município do Entorno onde ajudou a eleger um vereador. Também terá menos chance de se dedicar à música. Com nome artístico R. Schumann (sobrenome do meio), Rosso é baixista e tem preferência por rock pesado, influenciado por bandas como Whitesnake.

Antes de pensar em ser governador no mandato-tampão, se dedicava ao projeto de produção de um vídeo em homenagem ao aniversário de Brasília, com música heavy de sua autoria tocada por artistas da cidade. Ele também é tecladista e toca guitarra, mantém um estúdio na chácara que gosta de frequentar com os filhos. Montou a primeira banda de rock aos 16 anos. No governo, agora, Rogério Rosso terá muita pauleira pela frente para tentar tirar o Distrito Federal do inferno astral.

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Entrevista Rogério Rosso - 'Brasília é maior que a crise'

Novo governador diz querer imprimir a sua marca no governo do DF e que assumirá com o desafio de não deixar a máquina paralisar

Em oito meses de governo, Rogério Rosso pretende criar a própria marca. Até o fim da semana, o novo governador terá a própria equipe a ser formada com pessoas da sua confiança, escolhidas depois de ouvir os aliados da Câmara Legislativa. Ele não nega que vai administrar a capital do país com os eleitores que o levaram ao poder, muitos dos quais sob investigação na Operação Caixa de Pandora. Mas terá de ser um equilibrista para agradar aos deputados distritais sem alimentar a força do pedido de intervenção federal no Distrito Federal, feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Para dar a sua cara à gestão, a reforma administrativa vai começar pela assessoria mais próxima. As mudanças vão longe e devem envolver todo o secretariado. Com uma ampla casa no Lago Sul, Rosso não deverá se mudar para a residência oficial de Águas Claras. Usará a estrutura para reuniões e vai montar o gabinete no anexo do Palácio do Buriti. O centro administrativo de Taguatinga (Buritinga), um dos símbolos da passagem de José Roberto Arruda pelo GDF, será desativado, segundo Rosso revelou ao Correio. Nenhum integrante do primeiro escalão que deixou o cargo em decorrência da crise retornará ao cargo. Em entrevista, Rosso admite que sempre trabalhou para ser, um dia, governador. Mas garante que não vai concorrer à reeleição.

O senhor assume o GDF num momento de turbulência. Que medidas adotar para evitar intervenção?
É um conjunto de medidas que vai desde uma auditoria no governo, divulgação dos gastos e receitas, corte de despesas. Tenho o desafio de não deixar a máquina paralisada, mantendo os serviços, as obras e os programas sociais, desde que regularmente contratados. De procurar mostrar para as instituições que o governo voltará a funcionar normalmente, como o cidadão deseja, e com austeridade.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não acredita nas eleições indiretas. O senhor vai procurá-lo?
Essas eleições foram legitimadas pelo Poder Judiciário, pelo Tribunal de Justiça do DF. Pretendo, sim, me encontrar com o procurador-geral e chefes de todas as instituições para mostrar o que vamos fazer. É importante esse diálogo, para mostrar que Brasília é maior que a crise.

O senhor tem uma formação na iniciativa privada e surgiu no mundo político no governo Roriz. Também participou da gestão Arruda. O senhor é ligado a eles?
Tenho um perfil técnico. De nenhuma forma fico constrangido em dizer que trabalhei no governo Roriz. Muito pelo contrário, a minha vida pública começou lá.

O que levou o senhor à vitória? Muita gente apostava em Wilson Lima.

Foi um conjunto de forças partidárias. Primeiro, o desejável era que houvesse mais entendimento antes dos registros das chapas. No decorrer da semana, começaram os entendimentos partidários, de parlamentares. Tinha impressão de que o resultado seria diferente. Acreditava na vitória e torcia por ela, mas em segundo turno mais combativo.

Houve um movimento do DEM de oferecer apoio ao PT para barrar a sua candidatura. A que o senhor deve isso?
Não tive essa informação. Teria dificuldade até em entender essa movimentação.

Não é uma questão política entre Alberto Fraga e Tadeu Filippelli?
Pode ser. Mas Brasília, nesse momento, sei que é difícil, precisa unir as forças para sair desse momento.

A eleição de outubro influenciou essa vitória?
O compromisso nosso, do PMDB e de outros partidos, é que o vencedor nesse momento não pode concorrer à reeleição, até para que as instituições percebam que não vai haver utilização da máquina para fins eleitorais. Da nossa parte, há uma firme convicção de que não iremos para qualquer eleição. Nem a Ivelise nem eu.

O PMDB foi muito atingido pela Caixa de Pandora. O senhor teve votos de três pessoas do seu partido que estão sob investigação. O senhor vai proteger essas pessoas?
A Justiça, durante essa semana, legitimou a participação de todos os deputados distritais. Todos eles já ofereceram as suas defesas. Essa é uma questão que, honestamente, para mim... Nós precisamos da Câmara como um todo. Fico muito tranquilo, a própria Justiça legitimou a participação de todos os deputados.

Pretende se mudar para a Residência oficial, em Águas Claras, usar o Buritinga?
Honestamente, nem parei para pensar sobre isso. Usar Águas claras? Eu tenho quatro filhos, super bagunceiros, sapecas, ia acabar com a tranquilidade do governo. Então, o seguinte: é melhor a gente ficar em casa. Usar o Buritinga? Uma coisa é o centro administrativo novo, outra coisa é Buritinga. Se não reformar já…

Vai desativá-lo?
Essa é a nossa ideia. Mas isso é uma discussão com todos do governo.

O senhor garante que não será candidato?
Garanto.

Acredita em uma aliança do PT com o PMDB em outubro?
Nacionalmente, isso está consolidado. E eu sei que essa aliança vai ser tentada nos estados. O Filippelli, como presidente do partido, está à frente dessas negociações. Vamos conversar com ele. Mas o que eu puder fazer para a gente trabalhar sem pensar muito nisso, em eleições... Esse momento, agora, é de focar no nosso trabalho.

Oito meses é pouco para tantos planos?
Muito pouco. Oito meses é priorizar. E vamos priorizar em investimento e infraestrutura em baixa renda. E vamos priorizar saúde, educação e segurança.

O senhor vai mudar equipe, botar sua cara no governo?
Vou. Acho que tem que ser colocada. Não a minha cara, eu diria, vou colocar várias caras.

Vai fazer o governo Rogério Rosso?
Vamos fazer o governo Rogério, Ivelise, o governo do servidor público, tentar maximizar a utilização do servidor público em cargos de chefia.

O senhor vai consultar a Câmara para formar esse governo?
Precisamos até de autorização da Câmara para algumas mudanças.

Quem não votou no senhor terá algum tipo de represália?
No que depender da gente, esse é um governo sem ódio, sem revanchismo, sem perseguição. Tem que ser um governo de paz. Brasília precisa de paz, não de ódio agora.

Protesto termina em confronto. Sete ficam feridos

Deco Bancillon
Yale Gontijo

O clima na frente da Câmara Legislativa do Distrito Federal começou tranquilo na tarde de ontem durante a votação dos deputados distritais. Impedidos de entrar, manifestantes do movimento Fora Arruda empunhavam cartazes e gritavam palavras de ordem que pediam a eleição direta. Por volta das 16h, um grupo de 40 pessoas que fazia o protesto tentou invadir a Casa e foi violentamente reprimido por cerca de 250 policiais militares, que usaram cassetetes. Ao fim do confronto, quatro estudantes, um segurança da Câmara e dois policiais ficaram feridos, mas sem gravidade. Três manifestantes foram encaminhados para a 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). Eles foram liberados ontem à noite.

Os policiais estavam sob o comando do coronel Silva Filho, o mesmo que coordenou a operação no Eixo Monumental contra a corrupção no DF, no começo de dezembro, que acabou com manifestantes feridos. O estudante de antropologia da Universidade de Brasília (UnB) Gabriel Soares, 25 anos, foi atingido na cabeça e na perna. Ele teve de ser levado para o Hospital Santa Helena, na Asa Norte, onde foi atendido e liberado em seguida. “Foi muito confuso, me jogaram no chão e fui chutado”, descreveu.

Mais três estudantes feridos foram levados para o Hospital de Base. Segundo o comando do movimento, eles passam bem. Após o confronto, os policiais apresentaram dois estilingues e pacotes de bolas de gude como prova da agressão que teriam sofrido por parte dos manifestantes. “Eu não estava com estilingue. Não vi ninguém com estilingue. Mas tinha muita gente aqui. Não dá para saber”, afirmou o estudante de antropologia. Segundo oficiais da PM, os policiais que se feriram foram socorridos e passam bem. Ao final da votação, por volta das 19h30, manifestantes cercaram a saída de carros da Câmara. Novamente, o clima voltou a ficar tenso. Um policial chegou a sacar uma arma, mas não disparou. “O trabalho foi executado pela Polícia Militar para a preservação da segurança, do patrimônio e da ordem pública”, ressaltou Silva Filho.

Os manifestantes fizeram vigília da noite de sexta para sábado em frente à Câmara. Durante a votação, eles gritavam palavras de ordem contra o pleito. Bonecos de candidatos falsos — Toni Panettone e Bezerra de Ouro —também participavam do movimento. Com irreverência, o protesto teve até a repartição de uma pizza de verdade. Além dos estudantes, houve a participação de membros do Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) e cerca de 30 deficientes visuais, que protestavam contra o fechamento da sede da associação que os representa — a ABDV. O contingente destacado para fazer a segurança na Câmara foi de 700 PMs, segundo o coronel Silva Filho.

Fonte: Correio Braziliense.

Articulação de bastidor elege novo governador do DF

Rosso surpreende e é eleito no 1º turno

Com o apoio de um grupo anti-Roriz que se uniu para derrotar Wilson Lima, peemedebista recebe 13 votos e vai governar o Distrito Federal pelos próximos oito meses. Entre seus eleitores estão oito distritais suspeitos de envolvimento na Caixa de Pandora

Com um favoritismo conquistado na véspera da eleição e mantido em segredo até o início da votação, o advogado Rogério Rosso, do PMDB, tornou-se o governador-tampão do Distrito Federal. Levou 13 votos, o mínimo necessário para a vitória em primeiro turno, e conquistou o direito de comandar o Buriti até 31 de dezembro. Terá a ex-administradora de Brasília Ivelise Longhi como vice. O peemedebista se elegeu com a ajuda de parte do grupo que até a última quinta-feira trabalhava em prol da candidatura do governador em exercício, Wilson Lima. Mas, na última hora, o PMDB conseguiu reverter a preferência dos distritais para a chapa liderada por Rosso. O candidato do PT, Antônio Ibañez, reuniu seis eleitores, placar insuficiente para levar a decisão ao segundo turno. Wilson Lima manteve apenas quatro deputados ao seu lado e agora volta à Presidência da Câmara Legislativa, sem a chance de tentar se reeleger deputado distrital em outubro.

Eram 15h, o horário marcado para o início da eleição indireta, e a maioria dos distritais ainda estava fora do plenário, reunida nos gabinetes e negociando adesões. A decisão de parte do grupo de Wilson de migrar os votos para Rosso foi tomada ainda na sexta-feira. Mas como nem todos os deputados aderiram, o PMDB fez boca de urna. Alguns dos parlamentares foram convencidos nos últimos minutos a se aliar ao peemedebista. Dos 13 votos de Rosso, oito vieram de distritais suspeitos de participação na Caixa de Pandora — Eurides Brito (PMDB), Rôney Nemer (PMDB), Benício Tavares (PMDB), Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Rogério Ulysses (sem partido), Pedro do Ovo (PRP) e Geraldo Naves (sem partido).

O PT foi um dos partidos cuja participação era considerada fundamental. Mesmo com um candidato em plenário, a direção do partido havia fechado acordo com o PMDB de Rosso. Chegou a se comprometer em votar em primeiro turno se houvesse risco de ele ser derrotado por Lima na primeira rodada. Mas os petistas não precisaram se expor. Rosso venceu no limite dos votos, sem se valer da parceria costurada com o PT, que, ao se aliar ao PMDB, tomou a decisão de derrotar Wilson Lima a qualquer custo. O governador em exercício chegou a cogitar deixar o governo temporariamente para participar da votação e evitar que Pedro do Ovo, seu suplente, impulsionasse Rosso. Foi impedido por força da legislação.

Pedro do Ovo, Geraldo Naves e Aylton Gomes só decidiram seus votos em cima da hora. Aylton anunciou sua preferência ao peemedebista após receber o aval da direção nacional do PR liberando o distrital de votar em Wilson, seu colega de partido. Ao optar por Rogério Rosso, Pedro do Ovo confirmou sua despedida do cargo de deputado. Como Wilson Lima perdeu, retomará seu mandato na Câmara. Mas Pedro do Ovo não ficará desamparado. Sempre foi um aliado de Rosso, de quem recebeu apoio na campanha de 2006, quando o candidato distrital chegou à suplência.

Última hora
O gabinete do deputado Milton Barbosa (PSDB) tornou-se o principal ponto de negociações enquanto prosseguia a sessão da eleição indireta no plenário da Câmara. O grupo contrário à candidatura de Rogério Rosso e Ivelise Longhi se revezou dentro do gabinete com os parlamentares que ficaram em cima do muro. A costura de um acordo de última hora contou com a presença dos próprios candidatos. Wilson Lima e o petebista Luiz Filipe Coelho defenderam a manutenção de suas chapas. Nenhum deles quis abrir mão de tentar concorrer ao Palácio do Buriti, mesmo correndo o risco de dividir os votos e facilitar a vitória do PMDB.

Os distritais do PSDB, Raimundo Ribeiro e Milson Barbosa, mantiveram o apoio a Wilson Lima. Jaqueline Roriz (PMN) também votou com o governador em exercício, que nos bastidores era apoiado por seu pai, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). O quarto voto dele veio de Paulo Roriz (DEM), que saiu do controle do deputado federal Alberto Fraga, o principal articulador do partido no processo de sucessão. O combinado era votar em Wilson Lima. Raad Massouh se absteve — foi o único. Eliana Pedrosa (DEM) surpreendeu até ao PT ao escolher Antônio Ibañez.

Um sinal de que o grupo de Lima começava a ruir veio de uma das chapas concorrentes. Menos de 24 horas antes da eleição, o presidente do PRB no Distrito Federal, Roberto Wagner, e vice na coligação do deputado Aguinaldo de Jesus antecipou ao Correio que o distrital desistiria do embate em prol de uma aliança fechada entre nove partidos que tinham a princípio seis votos na Câmara. Os dois distritais do PTB, Dr. Charles e Cristiano Araújo, se somaram à atitude de Aguinaldo. Com a diferença de que, nesse último caso, a chapa não anunciou oficialmente sua desistência. No discurso anterior à votação, o concorrente petebista, Luiz Filipe, anunciou que manteria a candidatura. Mas não teve sequer os votos do partido.

Jatinho
Para evitar a pressão que começou tão logo o grupo em defesa de Wilson Lima percebeu a movimentação de desembarque do governador em exercício, os deputados fizeram as malas, desligaram os celulares e se refugiaram em Goiânia. Viajaram em jatinho emprestado pela família de Cristiano Araújo. Ao oferecer o avião, o distrital do PTB já havia desembarcado da candidatura do correligionário Luiz Filipe. Onze deputados se hospedaram no Castro’s Park Hotel, de onde saíram apenas na manhã de ontem, direto para a Câmara Legislativa.

O grupo se valeu da mesma prática utilizada pela deputada Eliana Pedrosa quando derrotou a base de Joaquim Roriz em 2004 e conseguiu fazer de Fábio Barcellos, hoje no PDT, o presidente da Câmara. Eliana trabalhava nos bastidores pela vitória de Wilson Lima. Ao perceber que seu candidato seria derrotado, optou por uma saída intermediária. Ao dar seu voto para Ibañez, pode até ter ficado mal com Lima, mas nem tanto com o novo governador.

O ex-governador Roriz foi um dos principais cabos eleitorais de Wilson Lima. Chegou a declarar a preferência publicamente, o que foi considerado por vários deputados um erro decisivo para a ruína da chapa do governador em exercício. Horas antes do início da votação, Roriz ainda telefonava para deputados na esperança de convencê-los a eleger Wilson Lima.

Placar
Veja como votaram os 24 deputados distritais na eleição indireta de ontem à tarde

Rogério Rosso (PMDB) - 13 votos
Aguinaldo de Jesus (PRB)
Alírio Neto (PPS)
Aylton Gomes (PR)
Batista das Cooperativas (PRP)
Benedito Domingos (PP)
Benício Tavares (PMDB)
Cristiano Araújo (PTB)
Dr. Charles (PTB)
Geraldo Naves (sem partido)
Eurides Brito (PMDB)
Pedro do Ovo (PRB)
Rogério Ulysses (PSB)
Rôney Nemer (PMDB)

Antônio Ibañez (PT) - 6 votos
Chico Leite (PT)
Érika Kokay (PT)
Paulo Tadeu (PT)
Cabo Patrício (PT)
Antônio Reguffe (PDT)
Eliana Pedrosa (DEM)

Wilson Lima (PR) - 4 votos
Jaqueline Roriz (PMN)
Raimundo Ribeiro (PSDB)
Milton Barbosa (PSDB)
Paulo Roriz (DEM)

Abstenção
Raad Massouh (DEM)

Fonte: Correio Braziliense.

Distrito Federal: O Faraó contra seu pupilo

En­tre o mo­der­no e o ar­cai­co

Mais uma vez, Jo­a­quim Ro­riz quer vol­tar ao go­ver­no do Dis­tri­to Fe­de­ral

AFON­SO LO­PES

Joaquim Roriz é o retrato de uma forma mumificada de fazer política

O go­ver­na­dor Jo­sé Ro­ber­to Ar­ru­da, do DEM, é fa­vo­ri­to à re­e­lei­ção pa­ra o Go­ver­no do Dis­tri­to Fe­de­ral. Mas sua si­tu­a­ção não é to­tal­men­te con­for­tá­vel. O ex-go­ver­na­dor e ex-se­na­dor Jo­a­quim Ro­riz quer vol­tar ao po­der. O pe­e­me­de­bis­ta não se can­sou da vi­da pa­la­cia­na. Há pro­ble­mas sé­rios na sua pre­ten­são: o PMDB, seu par­ti­do, ma­jo­ri­ta­ria­men­te pre­fe­re se ali­ar a Ar­ru­da, que tem re­a­li­za­do um go­ver­no bem es­tru­tu­ra­do, pla­ne­ja­do e que vem re­cu­pe­ran­do aos pou­cos o enor­me es­tra­go cau­sa­do pe­las po­pu­lis­tas ad­mi­nis­tra­ções de Ro­riz.
A bri­ga é feia. Jo­a­quim Ro­riz tem tra­ba­lha­do nos bas­ti­do­res pa­ra le­var a di­re­ção na­ci­o­nal do PMDB a in­ter­vir na fi­li­al do DF, ti­ran­do o de­pu­ta­do Ta­deu Fi­li­pel­li do co­man­do da si­gla. Os dois eram ali­a­dos an­ti­ga­men­te, mas ago­ra Fi­li­pel­li en­ten­de que Ar­ru­da de­ve con­ti­nu­ar no co­man­do do Pa­lá­cio das Águas Cla­ras. O pre­si­den­te do PMDB do DF de­vol­veu ao par­ti­do sua an­ti­ga im­por­tân­cia po­lí­ti­ca, e tal­vez se­ja is­so que in­co­mo­da tan­to os ro­ri­zis­tas.

Pres­tí­gio — Fi­li­pel­li é ar­ro­ja­do e tem cres­ci­do na Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos, on­de pre­si­de a CCJ, Co­mis­são de Cons­ti­tu­i­ção e Jus­ti­ça, a mais im­por­tan­te co­mis­são te­má­ti­ca do par­la­men­to. Além dis­so, tem li­vre trân­si­to jun­to ao co­man­do do PMDB, em ní­vel na­ci­o­nal, e com os de­mais par­ti­dos bem si­tu­a­dos no ta­bu­lei­ro bra­si­li­en­se, co­mo o DEM e o PT. Sua si­tu­a­ção é tão con­for­tá­vel que po­de­rá es­co­lher o car­go nu­ma even­tual co­li­ga­ção com Ar­ru­da, de vi­ce-go­ver­na­dor ou se­na­dor.

É es­sa tran­qui­li­da­de den­tro do PMDB que Ro­riz vem ame­a­çan­do ao ten­tar que­brar a apa­ren­te har­mo­nia exis­ten­te no ce­ná­rio prin­ci­pal da po­lí­ti­ca do DF. Sua ten­ta­ti­va de re­tor­no ao Pa­lá­cio, mes­mo con­tra as li­de­ran­ças pe­e­me­de­bis­tas, não tem gran­des sim­pa­ti­as fo­ra do seu pró­prio ei­xo de atu­a­ção. Por in­crí­vel que pos­sa pa­re­cer, Jo­a­quim Ro­riz pre­ci­sou do apoio do PMDB de Go­i­ás, que so­nha com o apoio de­le a Iris Re­zen­de na Re­gi­ão do En­tor­no nas elei­ções do ano que vem, até pa­ra pe­dir a in­ter­ven­ção na­ci­o­nal no PMDB do DF. Ou se­ja, Ro­riz vi­ve um iso­la­men­to qua­se to­tal in­ter­na­men­te.

De Go­i­ás, Adib Eli­as, pre­si­den­te em exer­cí­cio do PMDB re­gi­o­nal, aten­deu ao pe­di­do de Ro­riz, mas é pou­co pro­vá­vel que a di­re­ção na­ci­o­nal op­te pe­la in­ter­ven­ção e afas­ta­men­to de sua prin­ci­pal es­tre­la em as­cen­são, que é Fi­li­pel­li. O cli­ma en­tre as du­as fi­li­ais do PMDB, no en­tan­to, não an­da na­da bom.
Pa­ra Ar­ru­da e os de­mais par­ti­dos que lhe ga­ran­te go­ver­na­bi­li­da­de, o pe­di­do de in­ter­ven­ção re­pre­sen­ta tu­do aqui­lo que se ima­gi­na­va de­fi­ni­ti­va­men­te afas­ta­do da prá­ti­ca po­lí­ti­ca na ca­pi­tal do Bra­sil: o mo­de­lo an­ti­go e au­to­ri­tá­rio de agir po­li­ti­ca­men­te. E es­se é exa­ta­men­te o ris­co de se ter mais uma vez Jo­a­quim Ro­riz no co­man­do do GDF.

Nas ou­tras ve­zes em que co­man­dou o Pa­lá­cio, Jo­a­quim Ro­riz im­plan­tou o mai­or pó­lo de atra­ção de po­pu­la­ções mi­gran­tes do Bra­sil, do­an­do lo­tes ur­ba­nos aos mi­lha­res. O re­sul­ta­do des­sa po­lí­ti­ca é a que se ob­ser­va ho­je nas ci­da­des sa­té­li­tes de Bra­sí­lia e na re­gi­ão go­i­a­na do En­tor­no: po­pu­la­ções imen­sas, de­man­das in­con­tá­veis e in­ca­pa­ci­da­de de o Es­ta­do ban­car a fes­ta da mi­gra­ção des­con­tro­la­da pro­mo­vi­da pe­lo pe­e­me­de­bis­ta.

Já Ar­ru­da é uma das gran­des es­tre­las na­ci­o­nais do DEM pe­la for­ma ar­ro­ja­da e pla­ne­ja­da com que mon­tou sua equi­pe ad­mi­nis­tra­ti­va. O GDF, com ele, va­lo­ri­zou a mo­der­ni­za­ção das re­la­ções ins­ti­tu­ci­o­nais, ao con­trá­rio do que ocor­ria nos tem­pos de Ro­riz. Uma de su­as pri­mei­ras me­di­das, por exem­plo, foi ado­tar o am­bi­en­te co­le­ti­vo pa­ra as se­cre­ta­rias. An­tes, era ca­da um no seu ga­lho, sem qual­quer pos­si­bi­li­da­de de co­ne­xão ad­mi­nis­tra­ti­va.

Mas é exa­ta­men­te pe­la in­fle­xi­bi­li­da­de no cam­po do po­pu­lis­mo que tor­na a dis­pu­ta en­tre Ro­riz e Ar­ru­da tão aper­ta­da. O de­mo­cra­ta so­bra na dis­pu­ta con­tra o pe­e­me­de­bis­ta nas ci­da­des e no Pla­no Pi­lo­to, mas per­de quan­do o con­fron­to ocor­re nos bair­ros re­sul­tan­tes da mi­gra­ção dos anos 90, co­mo o Sa­mam­baia, ou nas ci­da­des go­i­a­nas do En­tor­no, on­de Ro­riz per­ma­ne­ce mui­to for­te por con­tro­lar to­dos os par­ti­dos de sua in­flu­ên­cia sob ré­de­as cur­tas.

Nem as inú­me­ras de­nún­cias con­tra Jo­a­quim Ro­riz afe­ta­ram sua po­pu­la­ri­da­de en­tre os mais ca­ren­tes. Pa­ra se ter uma idéia, Ro­riz de­ve ter si­do o se­na­dor da Re­pú­bli­ca de man­da­to mais cur­to de to­da a his­tó­ria, ao re­nun­ci­ar após de­nún­cias apu­ra­das atra­vés de gram­pos te­le­fô­ni­cos so­bre frau­des no BRB, o ban­co es­ta­tal do GDF, em ju­lho de 2007, pou­co mais de cin­co mes­es após to­mar pos­se no car­go. O pre­si­den­te do BRB du­ran­te oi­to anos de sua ad­mi­nis­tra­ção che­gou a ser pre­so.

En­quan­to as ad­mi­nis­tra­ções de Ro­riz fa­ve­li­za­ram o DF, Ar­ru­da cor­tou 22 Se­cre­ta­rias de Es­ta­do, de­mi­tiu 16 mil fun­cio­ná­rios co­mis­sio­na­dos e co­lo­cou as con­tas em dia. Des­de o pri­mei­ro ano de ad­mi­nis­tra­ção, Ar­ru­da es­ta­be­le­ceu al­gu­mas me­tas, co­mo a der­ru­ba­da de edi­fí­ci­os cons­tru­í­dos de for­ma ir­re­gu­lar, e o iní­cio da le­ga­li­za­ção de con­do­mí­nios.

As di­fe­ren­ças en­tre Ro­riz e Ar­ru­da são imen­sas. Am­bos re­nun­ci­a­ram a man­da­tos de se­na­dor. Ro­riz, por cau­sa de de­nún­cias de frau­des no BRB. Ar­ru­da, por ter vis­to uma lis­ta de vo­ta­ção de se­na­do­res. A mo­ti­va­ção da sa­í­da dos dois do Se­na­do foi to­tal­men­te di­fe­ren­te. Ro­riz re­nun­ciou e se ca­lou so­bre as de­nún­cias con­tra ele. Ar­ru­da não ape­nas ad­mi­tiu ter ti­do aces­so à lis­ta de vo­ta­ção co­mo re­co­nhe­ceu ter er­ra­do. Re­nun­ciou ao man­da­to, foi elei­to de­pu­ta­do fe­de­ral mais bem vo­ta­do de Bra­sí­lia dois anos de­pois, e dis­pu­tou o go­ver­no do DF em 2006, sen­do elei­to com mais de 50 por cen­to dos vo­tos.

Na po­lí­ti­ca de Bra­sí­lia, Jo­sé Ro­ber­to Ar­ru­da vem re­pre­sen­tan­do o no­vo, o mo­der­no. Jo­a­quim Ro­riz, ao con­trá­rio, não emi­te qual­quer de­mons­tra­ção de que se re­ci­clou po­li­ti­ca­men­te. O DF, por­tan­to, vi­ve pre­vi­a­men­te um dra­ma: man­ter o pla­ne­ja­men­to es­tra­té­gi­co do go­ver­no ou re­tor­nar ao mo­do im­pro­vi­sa­do de ad­mi­nis­trar so­bre ações po­pu­lis­tas. O pi­or nis­so tu­do é que o re­tor­no de Ro­riz im­pli­ca di­re­ta­men­te ris­cos de mais pro­ble­mas até pa­ra as ci­da­des go­i­a­nas do En­tor­no, vi­ti­mi­za­das ao lon­go dos três man­da­tos de­le pe­la cres­cen­te fa­ve­li­za­ção, que trans­for­mou a re­gi­ão num bar­ril lo­ta­do de pól­vo­ra so­ci­al pres­tes a ex­plo­dir de vez.

Fonte: Opção.

U2 nos 50 anos de Brasília


























Conversando ontem com um dos assessores do Vice-Governador de Brasília, o bilionário empreiteiro Paulo Otávio, soube que o mesmo não se contenta com a abertura da Copa do Mundo de 2014. "Vamos abrir a Copa. São Paulo ou Rio fechará".

Os negócios de PO estão direcionados ao Turismo como apêndice principal do Grupo Paulo Otávio.

Segundo meu confidente amigo, PO que já era sócio do Brasília Alvorada Towers, comprou o controle acionário do melhor hotel de luxo de Brasília da empresária nipo brasileira Chieko Aoki -- uma das mulheres mais ricas do mundo -- numa transação de quase meio bilhão de dólares, e agora quer trazer o U2 para as comemorações do 50 anos da Capital Federal.

Desde já, trocando idéias com meu informante, será o maior show jamais realizado no mundo.

A expectativa de PO para o desafio é fazer um teste da capacidade operacional de Brasília para receber 3 milhões de pessoas com total segurança, empresas aéreas e rodoviárias fazendo um desconto jamais visto na história deste país, rede hoteleira absolutamente lotada e o Comércio "morrendo" de alegria, seria um ensaio para a Copa.

Será que PO conseguirá?


















José Roberto Arruda (E) e Paulo Otávio (D), Governador e Vice-Governador do Distrito Federal

Arruda o governador do DF disse que assina embaixo.

Os flanares vem para essa onda?

Será dia 28 de abril do ano que vem.

Preparem as redes. Minha casa está as ordens.

Brasília: Quase 50

Brasília, capital de todos os brasileiros, vive sendo injustiçada. Falam de corrupção, de desmandos, mas não falam de outros assuntos que rodeiam essa cidade singular, planejada, patrimônio cultural da humanidade — título concedido pela Unesco. Cidade de contrastes, de espaços abertos, de integração, de ritmo próprio, de todos os falares e sotaques. Cidade de imigrantes e emigrantes. Cheia de embaixadas e de caldos de cana e por-do-sol decantado em músicas, como a famosa de Djavan e Caetano Veloso, Linha do Equador: “Céu de Brasília , traço do arquiteto, gosto tanto dela assim”. Brasília, por ser a capital federal e abrigar as mais importantes representações de imprensa, políticas, religiosas e diplomáticas, é a base ideal para um veículo de comunicação como o nosso. Entretanto, trabalhar a informação em Brasília requer considerar as especificidades de uma Capital Federal. Com efeito, pela sua característica de principal centro de decisões políticas do País, Brasília é a cidade para onde mais se estendem as vistas, as preocupações e os interesses da Nação. Mesmo nos grandes centros urbanos, nos que têm os maiores parques industriais, maior autonomia e dinamismo econômico, mesmo - ou especialmente – nestes sabe-se das profundas imbricações ( para não falar em dependência) que seus negócios, suas atividades, estabelecem com as decisões geradas, gestadas e geridas a partir da capital política do País. Brasília não é somente o lugar onde as coisas acontecem – é, principalmente o local onde se fazem acontecer as coisas. Para isso, presume-se, a informação adquire, em Brasília, outra qualidade: deixa de ter importância acessória, adjetiva, e torna-se elemento fundamental, substantivo. Vale dizer: a informação, na Capital Federal, não somente auxilia um negócio; ela é o negócio. Desta forma, ausente a informação, desaparecem os próprios negócios: como num passe de mágica, empresas são extintas, instituições são liquidadas, órgãos públicos são fundidos. Decisões são tomadas a todo instante. Uma assinatura e o que existia há anos passa a ser só referência histórica. Por isso, nossa revista abriu o canal e foi ouvir pessoas que têm muito a dizer sobre essa cidade quase cinquentona e que ainda inspira e transpira criação e luz.
Por Isabela Martin

Brasília, nossa terra

Personalidades que vivem Brasília falam de diferentes aspectos
da cidade prestes a completar 50 anos


Duzentos anos de história do Território Brasiliense

Por Deusdedith Junior

Coordenador de História do UniCeub, mestre e doutorando em História, autor do livro “Viagem pela Estrada Real dos Goyazes”

Brasília e o Distrito Federal nasceram juntas há quase 50 anos. É raro viver em um lugar em que a maioria das cidades tem mais ou menos a mesma idade e a mesma origem. Brasília nasceu de fora pra dentro. Vieram aqui construir e habitar a cidade e a região brasileiros dos mais longínquos rincões. Quem construiu Brasília foi gente que veio “de fora”, de outros cantos do Brasil. É correto afirmar o que foi dito acima, mas isso não conta toda a história dessa região.

Este lugar já era habitado antes? E se era, quem e onde morava por aqui? A ideia do “zero absoluto”, do “deserto” no Planalto Central parece suspeita quando insistimos em negar a herança goiana desse lugar. Fizemos do goiano o nosso par opositor da identidade brasiliense, e para reforçar este argumento contamos a história de Brasília, mas não a história de uma região. Em síntese, não temos uma história regional — somente uma história de Brasília —, pois ela revelaria outros 150 anos de história que não gostamos muito de lembrar.

O poeta bem humorado Nicholas Behr já nos lembrava desse esquecimento: “… bem, o sr. já nos mostrou os blocos, as quadras, os gramados, os eixos, os monumentos… será que dava do sr. nos mostrar a cidade propriamente dita!?” E para além da cidade, podemos nos surpreender ao olhar para a longa história que nos conta o mapa do Distrito Federal.

A hidrografia do Distrito Federal teve todos os seus rios batizados antes da construção da grande cidade. E o que encontramos são nomes que se referem à vida rural: Sobradinho — nome de fazenda; São Bartolomeu — homenagem ao descobridor das minas do Goiás; Fazendinha; Valos — demarcadores de fazendas; Açude; Monjolo; Contagem — antigo posto fiscal; Descoberto — relativo à mineração; Gama — nome de uma antiga fazenda. E poderia ser grande a lista, pois grande é a quantidade de cursos d’águas que irrigam o nosso quadrilátero. Compõe-se aí uma história de ocupação intensa — quase todos os rios já eram conhecidos — que se completa com uma sutil malha viária a ligar as fazendas, umas às outras, e estas às vias principais que ligavam o Goiás à Bahia e a Minas Gerais.

Poderíamos imaginar que essa história das fazendas desaparecerá por completo. Mas nos basta passear pelos circuitos do turismo ecológico e rural do Distrito Federal para encontrarmos casas do século XIX, vestígios de cemitérios antigos e outros restos desse passado que até nas áreas intangíveis do Parque Nacional de Brasília se escondem entre as mangueiras (plantas exóticas), prova concreta de que grandes fazendas existiram ali. Deveríamos recuar a nossa história ao século XIX para nos compreendermos melhor.

Mais longe que isso, porém, encontramos os vestígios de mineração do período colonial nas curvas dos rios da região de Taguatinga — mais uma palavra daqueles tempos, em Tupi-Guraní —, Samambaia e Gama — aquela antiga fazenda. Mais distante ainda no tempo, os restos de cerâmica e outros objetos deixados por tribos indígenas que caçavam intensamente nesta região, e ainda as pontas de lança e outros instrumentos de pedra pré-históricos (de até 6 mil anos atrás) que se revelam aos atentos observadores da antiguidade desse lugar.

Não foi uma completa surpresa encontrar entre os documentos goianos guardados no Arquivo Histórico Ultramarino, em Portugal, um relato de viagem escrito por um tropeiro, José da Costa Diogo, em 1734, contendo uma relação dos lugares por onde passou, vindo de Minas Gerais em direção à área de mineração goiana e citando fazendas, rios e outras referências que ainda pertencem ao vocabulário do mapa do Distrito Federal.

Na linguagem do século XVIII, o viajante descreve os lugares por onde passou: “Dos Bezerras a Lagoa Fea; Dahy a Bandeyrinha; Dahy a João da Costa; Dahy ao Monteiro; Dahy ao Sobradinho; Dahy às Três barras; Dahy aos Macacos; Dahy ao Ribeirão da Área; Dahy ao Corumbá que não está povoado; Dahy ao Arrayal da Meyaponte”. Este é o antigo percurso daquela que mais tarde se tornou a Estrada Real de Goiás e que ainda podemos percorrer em um pequeno trecho que contorna no Parque Nacional de Brasília.

Este é, até o momento, o mais antigo relato de uma passagem pela região do Distrito Federal. Uma história de duzentos anos que mesmo longe dos registros oficiais sobrevive aos pedaços, ao lado, por baixo e por cima do concreto armado da grande capital.

Em geral, quando nos referimos à ocupação do território goiano, e isso se estende também ao Distrito Federal, falamos de um vazio demográfico que parece indicar uma ocupação incompleta ou rarefeita. Mais uma vez miramos com olhos de “estrangeiro”. Diferente do litoral, que concentrava um leque de pequenas cidades em torno de um grande centro, ou do Sudeste, principalmente Minas Gerais, que produziu um rosário de vilas que seguiam os veios de ouro, muito próximas umas das outras, o sertão goiano foi plenamente ocupado por uma rede de pequenas vilas distantes umas das outras, mas ligadas por um emaranhado de estradas costuradas às fazendas.
Vale mais uma vez recorrer aos versos do poeta intrigado Nicholas Behr: “mapa na mão/ olho no mapa/ mão no olho/vamos tentar encontrar a cidade”.



Quase 50 - parte 01

Quase 50 - parte 02
Quase 50 - parte 03

Fonte: Revista Fale Brasília!

Esqueça passar o carnaval em Brasília

Entra governo e sai governo na capital do país e a porcaria da infraestrutura para o carnaval não muda. Só piora.
A apenas dois dias dos desfiles das escolas de samba, os operários se desdobram e tentam dar conta de tanta "gambiarra" de última hora. O toldo e as grades da arquibancada, com capacidade para 20 mil pessoas, ainda estão sendo instalados.
Hoje e amanhã foram cancelados os show´s programados sob a alegação safadíssima de que não estariam no calendário oficial da Brasília Tour.
Resumo da ópera bufa regida pelo único governo do DEM no país: esqueçam o carnaval de Brasília.
Nota zero para José Roberto Arruda e sua preguiçosa e incompetente equipe.

Cúpula da Justiça defende atitude imediata

Erika Klingl e Raphael Veleda

Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, colocou todos os recursos à disposição do TJDF para combater a violação dos direitos da infância na capital. Ele disse estar preocupado com a exploração sexual de crianças, que considera "lamentável e deplorável"

A cúpula do Judiciário vai acompanhar a apuração das denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes na Rodoviária do Plano Piloto. O ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), conversou ontem com presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), desembargador Nívio Geraldo Gonçalves, e também pediu aos conselheiros do CNJ que entrem em contato com a Vara da Infância e da Juventude. O objetivo é colocar todos os recursos à disposição do sistema jurídico do DF para agir no combate à violação de direitos de meninos e meninas no centro do poder.

Ele afirmou que a situação de crianças que sofrem exploração sexual na capital do Brasil é “um fato lamentável e deplorável”. A realidade dessas crianças foi revelada pelo Correio na quarta-feira, quando o jornal mostrou que o sexo com meninas de menos de 10 anos é vendido a R$ 3. “O fato é triste principalmente pela manifestação de desapreço pela infância aqui na capital do Brasil, na frente de todos nós”, avaliou o presidente do STF.

Para o ministro, é um caso extremamente sério e serve de advertência para que se trabalhe com intensidade o tema da infância e da juventude. “Nós do CNJ estamos lançando campanhas, e vamos levar ao conhecimento de todos o trabalho que está sendo realizado aqui no Distrito Federal quanto aos menores infratores e vamos nos debruçar sobre isso, estamos preocupados”, afirmou.

Políticas
A preocupação com a preservação dos direitos da infância também dominou o debate no Fórum Distrital de Discussão do Plano de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que terminou ontem na Universidade Católica de Brasília, sede da Asa Norte. O governador José Roberto Arruda, que compareceu ao encontro, garantiu que o plano deverá ser aplicado pelo Governo do Distrito Federal a partir do próximo ano. Ele pediu ajuda a representantes de entidades e organizações não-governamentais.

Os especialistas presentes foram unânimes em afirmar que o governo precisa investir mais para reverter o quadro encontrado na Rodoviária de Brasília. “A exploração sexual é a ponta do iceberg. Existe toda uma violação de direitos que leva a criança para a rua. A violência familiar, a escola que não atrai, a falta de política habitacional, o abuso sexual dentro de casa... A rua se torna a única opção”, avalia Thaís Moreira, representante do Fórum de Defesa dos Direitos Da Criança e do Adolescente. “Os conselhos tutelares e vários outros órgãos de apoio estão carentes. Essa questão tem que ser tratada como prioridade”, complementa Perla Ribeiro, coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca).

Os presentes ouviram do governador a promessa de mais recursos no próximo ano. “O problema é mais grave do que até hoje se imaginou. Estou disposto, inclusive, a liberar, por decreto, ainda neste trimestre, recursos para ações emergenciais necessárias”, garantiu, atribuindo à dívida herdada no início de sua gestão como razão para a falta de atenção até agora. “Esse plano, se executado, não irá erradicar os abusos, mas vai diminuir muito. Não serão vistas tantas crianças na rua passando por essa situação inaceitável. É um trabalho que precisa ser continuado, sempre em busca da cidadania perdida”, comenta Maria do Socorro Gomes Leitão, representante do Conselho da Criança e do Adolescente.

As diretrizes de trabalho estão traçadas em cinco pontos centrais: diagnosticar o problema, garantir o atendimento especializado às crianças e aos adolescentes, promover ações de prevenção, fortalecer o sistema de defesa e de responsabilização e assegurar o protagonismo infanto-juvenil.

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