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Câmara e PDT lançam livro da Legalidade na quarta, 13/07


A Câmara dos Deputados, o PDT e a Editora Sulina convidam para o lançamento do livro sobre a Legalidade. O escritor Juremir Machado da Silva, autor de “Vozes da Legalidade – Política e imaginário na era do rádio”, fará lançamento do livro, em Brasília, dia 13 de julho, quarta-feira, às 19 horas no Salão Nobre da Câmara dos Deputados.
O evento contará com a presença do presidente da Câmara, Marco Maia, do presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, do presidente em exercício, deputado André Figueiredo (CE), do secretário do partido, Manoel Dias, entre outras autoridades, parlamentares, estudantes e o público em geral.
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Clique no link abaixo para ouvir a áudio-entrevista Juremir.
http://www.goear.com/files/external.swf?file=8a2f031
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No livro, Juremir aborda um aspecto decisivo da rebelião de 1961: a utilização de toda a potencialidade do rádio na vitória de Leonel Brizola na Campanha da Legalidade. O Rio Grande do Sul teve um papel determinante na história do Brasil do século XX. É inegável. A revolução de 1930, comandada por Getúlio Vargas, levou os gaúchos a amarrarem seus cavalos no obelisco da avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Por 24 anos, Getúlio, dentro ou fora do poder, influenciou os destinos dos brasileiros. Morto, deixou seus herdeiros, entre os quais, João Goulart, que se tornou duas vezes vice-presidente do país. Em 1961, Jânio Quadros renunciou intempestivamente.
No final de agosto de 1961, há 50 anos, começou em Porto Alegre uma primavera da liberdade. O governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, comandou a resistência ao golpe contra Jango. Requisitou a Rádio Guaíba, formou a Rede da Legalidade, distribuiu armas, mobilizou a população e, com discursos inflamados, garantiu a volta de Jango da China.
Este livro é uma história de muitas vozes, vozes da Legalidade e da ilegalidade, a voz de Brizola, em tom maior, a voz de Jango, buscando uma solução pacífica, a voz de Carlos Lacerda, governador da Guanabara, o Corvo, o eterno golpista, incendiando o ânimo dos militares contra João Goulart, a voz do general Machado Lopes, comandante do III Exército, sediado em Porto Alegre, a voz do ministro da Guerra, Odylio Denys.
Mas também a voz do renunciante, o esquisito Jânio Quadros, as vozes dos remanescentes, jornalistas, radialistas e políticos, todos muito jovens na época, que lembram a grande aventura com a justa nostalgia e o devido orgulho, a voz das ruas, a voz do Rio Grande, a voz do rádio, especialmente da Rádio Guaíba, que se tornou a cabeça de uma rede inusitada e vitoriosa.
O livro é uma história de nomes de homens, de coadjuvantes e protagonistas, quatro civis e dois militares, uma história de vozes tonitruantes, vozes da era do rádio.
ISBN: 978-85-205-0607-3
Categoria: História, Comunicação, Sociologia
Edição: 1ª – 2011
Formato: 14 x 21 cm
Nº de Pag.: 223
Peso: 280 gramas

Por quê os jovens são aversos à política?

Divulgação
Livro procura desvendar aversão dos jovens à atividade política

É possível tornar a política interessante e divertida para os mais jovens? Como seduzir as novas gerações a fazer política sem que os jovens necessitem de um “adversário externo” – como foi com relação ao regime militar nos anos 60 e 70 –, mas estejam imbuídos de uma compreensão ética? E, finalmente, como agregar a participação política ao debate sobre temas mais “populares”, tais como ética, sustentabilidade ambiental, direitos sociais etc.?

Para tentar responder a essas e outras perguntas, os filósofos Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro lançaram o livro Política: Para não ser idiota, no qual realizam um diálogo sobre o porquê da aversão das pessoas à política, justamente no momento em que o mundo, em especial o Brasil, vive seu melhor momento de liberdade democrática.
“Nunca antes na história deste mundo houve tanta liberdade política e pessoal”, escreve Janine Ribeiro. E, paradoxalmente, “boa parte das pessoas está enojada pela descoberta ou pelo avanço da corrupção (aliás, é discutível se ela realmente aumentou ou apenas se tornou mais visível)”, completa ele.

Saturação política - Essa contradição explica também o título do livro. É que para os gregos não haveria liberdade fora da política, e o idiótes, em grego, significa aquele que só vive a vida privada, que recusa a política. A partir dessa constatação, os dois filósofos passeiam pela história do Brasi e do mundo para tentar explicar essa contradição.
“Parece que chegamos a um ponto de saturação na política”, analisa Janine Ribeiro. “Não a saturação no sentido de ter completado, de ter chegado à plenitude, de termos uma democracia completa. Ela não está completa. Mas parece que as pessoas se cansaram”, completa.

Para Cortella, os jovens das últimas décadas nunca tiveram um “horizonte adversário”, e por isso faltou-lhes aquilo que podemos chamar de utopia, no sentido em que Eduardo Galeano utiliza a ideia. “A utopia está lá no horizonte.

Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia: para que eu não deixe de caminhar”, detalha Cortella.

Cidadania - estaria tomando Janine Ribeiro pergunta se, com o avanço da democracia no nosso continente, em particular na América do Sul, não teria a tal utopia se realizado, e que portanto o mundo outra direção? E propõe o que chama de “cidadania contra o colapso”. Para ele, o colapso provocado pela devastação ecológica equivale ao que, nas gerações anteriores,
foram a ditadura, a repressão e a opressão.

E cita o exemplo da crise do trânsito nas grandes cidades, que vem reduzindo cada vez mais o tempo útil e a mobilidade das pessoas. “Uma questão que deveríamos introduzir no debate político é o risco do colapso – colapso ambiental, do trânsito, da personalidade...”, diz.

E para que esse debate ocorra, é preciso levar a política para a sala de aula, defendem
os dois filósofos. “Todo aquele que atua na área educacional precisa trazer o tema da política para o espaço escolar. O que não se deve é partidarizar seu estudo, porque isso bloqueia o tratamento da política como bem comum”, propõe Cortella.

Para Mario Sergio Cortella, é preciso que crianças e jovens comecem a entender a organização
partidária e a política como ato cotidiano. “Muitas escolas admitem conversar sobre cidadania, mas evitam a palavra política. Como se cidadania e política fossem coisas diferentes.

A diferença é apenas o idioma de origem – latim ou grego. Dá a impressão de que, na escola,
falar em cidadania é nobre, ao passo que falar em política é sujeira”, completa.

Na visão de Janine Ribeiro, o problema é que o aumento da transparência, ou seja, da apuração, deixa a impressão de que aumentou também a corrupção, o que afasta os jovens da política.

Para Cortella, isso tem a ver também com a falta de conhecimento sobre os antecedentes históricos. “Um jovem vê CPI, apuração, corrupção, e pensa que está no pior dos mundos, mas ele não vivenciou o momento anterior desse processo. É como se assistíssemos ao segundo tempo de um jogo de futebol, sem termos visto o que aconteceu no primeiro. É preciso olhar o conjunto, analisar a realidade em perspectiva”, avalia.

Câmara tem projetos que estimulam participação brasileiro. “Os eleitores estarão mais capacitados para entender a realidade política à sua volta”, explicou o parlamentar.

Jornada parlamentar - A inclusão da política na vida de crianças e jovens é tema de outros projetos na Câmara dos Deputados. Desde 2003 a Casa realiza o Parlamento Jovem, uma jornada parlamentar simulada que inclui, além da apresentação de propostas e emendas, a discussão e a votação dos textos nas comissões e no plenário. Este ano, participaram as atividades 77 estudantes, de 16 e 22 anos, matriculados no terceiro ano do ensino médio em escolas públicas ou particulares de todo o País.

Todos os anos acontece também o Câmara Mirim, com a presença de alunos de ensino fundamental de todo o Brasil em sessão simulada no Plenário da Câmara.

Na edição de 2010, 350 alunos participaram da discussão e aprovação de três projetos de lei sobre segurança do transporte, acessibilidade e sustentabilidade.

Os projetos foram apresentados por quatro meninas com idade entre 11 e 13 anos e selecionados entre 857 propostas.

As crianças também dispõem de um site (plenarinho.gov.br), uma espécie de escola virtual de cidadania com Jovem presta juramento durante a 77ª edição do Parlamento Jovem da Câmara conteúdos sobre política, educação e meio ambiente. E a TV Câmara possui o programa Câmara Ligada, que mistura música ao debate sobre tema políticos e da atualidade, com a presença de jovens, deputados e especialistas.
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Serviço
Política para não ser idiota/Mario
Sergio Cortella, Renato Janine Ribeiro.
– Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2010.
– (Coleção Papirus Debates)

Apesar da pressão contra, o livro "Honoráveis Bandidos" será lançado com pompa em Brasília

Divulgação
O livro "Honoráveis Bandidos", do jornalista Palmério Dória vai ser lançado dia 04 novembro, no Sindicato dos Bancários em Brasília.

Algumas livrarias estão com medo de vender o livro, os outdoor's que tem a propaganda do lançamento estão sendo retirados pelas empresas com medo de represália do impoluto presidente do Congresso Nacional, honorável senador imortal escritor ex-presidente da República José Sarney.

Pilhado bulindo com verba pública para sustentar sua fundação. O todo poderosoquer que o governo sustente a sua fundação. O líder dos descamisados do Maranhão ao Amapá estuda forma de apresentar um projeto para realizar seu intento.

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Atualizado às 12:08 de 31 de outubro de 2009.

Corrigindo:

Prosseguem as negociações para o lançamento do livro em Brasília.

O autor nunca viu nada igual para barrar o feito.

- Nem eu.

APL premia obra de escritor marabaense

O músico, compositor e escritor marabaese Ricardo Smith Filho, foi o grande vencedor do prêmio Barão de Guajará, no gênero memória, realizado pela Academia Paraense de Letras.

A publicação da obra premiada será patrocinada pela Imprensa Oficial do Estado/Governo do Pará e chama-se "A Casa dos Padres".

Meus parabéns ao amigo Ricardinho.

Inéditos de Cecília Meireles podem ser publicados






















Os leitores da obra de Cecília Meireles receberam com entusiasmo essa semana a notícia que há fortes possibilidades de acesso à títulos inéditos de sua autoria.

Uma acirrada disputa judicial familiar pelo controle dos direitos autorais da monumental escritora impediu a publicação de uma série de textos e documentos que até hoje permanecem inéditos.

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O fluxo dos macacos

Em 1981, um ano após a descoberta do garimpo de Serra Pelada. Um contigente antes só visto no alarido sem fim do maior caminho de macacos jamais aberto nas entranhas da inespugnável floresta. Silenciou tambores.

Há muitas Luas o entardecer chorava o reencontro de um Céu de estrêlas parecido perdido.

Era difícil na maior parte do tempo os macacos daqui e acolá, mesmo a mando dos chefes alcançar o mais alto galho da mais alta castanheira olhar o que se passava no tapête de estrelas que guardava a luz da irmã fria do dia.

A tristêza era moeda corrente dos macacos que não podiam ver, desnorteados que agora estavam reduzidos a observar os acontecimento e adiar, desnorteados, a referência do tempo perdido das cerimônias, preparos e coleta de pinturas para a festa.

Do ar surgiam dia e noite pássaros alados trazendo a tormenta mais forte. Objetos que agora cercavam pelo ar, o que fora cercado pela terra e quanto mais forte o som nunca ouvido e o vento sentido, mais macacos surguiam de todos os lados.

Era uma batalha perdida.

Do Céu caíam sacolas enroladas. Algumas, na maioria encontavam o chão das esplanadas abertas à facas que pareciam um pesadêlo de eficiência, difícil para acompanhar com os olhos a extensão do estrago perpetrado como que a extensão das patas dos macacos invasores, outras, mais volumosas, quando abertas distantes do encontro inicial, faziam um barulho sêco.

Em seu interior continham, talvez, o segrêdo para o segrêdo daquela raça que não parava de chegar.

Um ano após a descoberta do garimpo de Serra Pelada, começaram os serviços de construção da Colônia Agrícola de Tucumã. Em 1982 foram assentados os primeiros colonos oriundos da região sul do País, por possuírem tradição agrícola e recursos próprios para se auto sustentarem, pelo menos no primeiro ano de assentados, contudo com a descoberta do ouro na região, muitas pessoas chegavam e inclusive sem terras de outros estados, ficando a situação tensa e sem controle por parte da iniciativa privada (Andrade Guiterrez) que começou a recuar nos investimentos, passando o problema e salvaguardar o projeto de colonização particular, sendo este invadido por mais de 3 mil famílias.

A partir daí a empresa suspendeu os investimentos, o povo se uniu e formou o conselho de
Desenvolvimento Comunitário de Tucumã, que se incumbiu de administrar o núcleo urbano até a implantação do município em 1º de janeiro de 1989.

No plano de expansão telefônica que participei em 1989. Tucumã fora aquinhoada com 400 terminais telefônicos.

A busca pelo ouro, desenfreada, já tendo recebida uma gigantesca leva de fracassados da interditada Serra Pelada, achavam o que não encontraram no maior garimpo a céu aberto do planeta.

Economias inteiras de famílias de migrantes do sul do país evaporaram pela cobiça em busca do ouro.

Como um agricultor que conhece os caminhos do ensinamento da lide na terra poderia granjear fortuna, com a loteria da busca pelo vil metal?

E o fracasso prosperou. Não para a Andrade Gutierrez que foi regiamente paga através de bem sucedidas reparações judiciais.

Identificando no fracasso que só restaria ao arruinado agricultor voltar ao trabalho na roça. Os sulistas mapearam as melhores terras, com generosas ocorrências de manchas rôxas, a dedicarem-se ao plantio de cacau e outras culturas.

O crescimento de algumas cultivares de capim era de um sesultado jamais visto.

Em pouco mais de uma década, os migrantes sulistas, derrubaram a exuberância do mogno, cedro, ipê rôxo, castanheiras e outras essências e com o dinheiro plantaram capim.

Tucumã é o maior desastre ambiental da Amazônia.

Resta-lhe apenas 2 % da cobertura original antes da chegada do projeto dos macacos verdes.

Lançamento dos bons

Brasília ganha hoje, às 19h, mais uma biblioteca: a Salomão Malina, no edifício Venâncio III, no Conic. Ali, ficará reunido o acervo pessoal do carioca Salomão Malina, o último secretário-geral do PCB antes de o partido virar PPS. Junto com a inauguração, o cientista político Gildo Marçal Brandão lançará o livro Linhagens do Pensamento Político Brasileiro que faz uma releitura da obra de intelectuais como Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Caio Prado Jr, Joaquim Nabuco, Alberto Torres, entre outros.

Nova crônica do Parsifal

O papa-arroz era um destes moleques cujo único objetivo era o ócio.

Saía de casa para a escola, mas até lá chegava raramente.


Assim começa a mais nova e deliciosa crônica do escritor e Deputado Estadual Parsifal Pontes (PMDB-PA) - um craque. Continue lendo.

Revendo Marabá

Um imortal em visita

Quando fui informado da visita em Marabá (PA) do meu amigo Salomão Larêdo, logo um filme passou diante de mim. Sem qualquer dúvida um escritor de rara sensibilidade e compromisso com a vida, com a busca do amor, da sabedoria...uma coisa que alguns chamam de felicidade...a felicidade de seu povo - eu na fila - paraense, amazônico.

Volte sempre Mestre! O Araguaia-Tocantins agradecem.

A razão do post é porque vai rolar hoje, nesta sexta feira, 17, no programa Canal 7 Notícias da TV Eldorado - SBT, a entrevista especial com um imortal paraense: Salomão Larêdo concedida ao apresentador Markus Mutran.

Diante das câmaras um advogado, jornalista e escritor. Pós-graduado em língua portuguesa e análise literária pela UFPA, que iniciou suas atividades literárias como aprendiz na redação na “Folha do Norte”, no ano de 1965. Em 1972 lançou sua primeira obra: um livro de poemas intitulado “Cânticos do Amor Amado”, do qual não possui nenhum exemplar, até porque foram impressos apenas 30. Daí em diante sua carreira foi ganhando estrutura. Lançando a cada ano, novos livros e estando sempre presente a projetos ligados à cultura literária, Salomão Larêdo ocupa a cadeira nº 33 na Academia Paraense de Letras.

Em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à cultura, ciência e também a história do nosso município, Larêdo recebeu um Diploma da Casa da Cultura de Marabá. Por entender que uma de suas missões enquanto escritor é trabalhar incansavelmente para ajudar na formação de leitores, criou e mantém o projeto “O Escritor nas Escolas”, realizando palestras em colégios públicos e particulares.

O imortal é a principal atração do Projeto Cultura Pará 2007, da Companhia Vale do Rio Doce protagonizando o evento "Sempre um Papo", que proporciona o contato do público com a literatura paraense através de um descontraído bate papo sobre livros e tradições do nosso povo, num esforço direcionado à valorização da cultura amazônica.

O evento, ocorre em três etapas: Marabá, dia 14, Parauapebas, 15 e Canaã dos Carajás dia 16 de agosto. Larêdo aproveita a atividade ainda para lançar seu mais novo livro: “A Garota que Tentou Bater na Mãe com Uma Vassoura e Ficou Seca Na Hora”.

Eu recomendo Roberto Bolaño

Aê Cris. Você já leu algo de Roberto Bolaño? Pois não?! Corra na Jinkgs, esse eu recomendo.

O professor Hardman também. Leia a crítica dele abaixo.





O detetive selvagem

O chileno Roberto Bolaño é mesmo o farol da nova literatura latina?

Francisco Foot Hardman

Em sua última entrevista, feita três semanas antes de sua morte e publicada postumamente pelo jornal La Tercera, de Santiago do Chile, em 20 de julho de 2003, Roberto Bolaño, então gravemente enfermo, aguardando na fila por um transplante de fígado que pudesse lhe garantir alguma sobrevida, “sobretudo por meus filhos, minha pequenita que tem dois anos (Alexandra), e Lautaro (com 14)”, consciente do fim próximo, almejando apenas “o prêmio de poder escrever cada dia”, não perdeu sua irreverência debochada em relação a toda idéia de literatura e literatos como instituição de poder cristalizado.

Desde 1999, com a consagração generalizada no mundo das letras em língua espanhola (que culminou com a obtenção do prêmio Rómulo Gallegos por seu romance polifônico Os Detetives Selvagens), ele passou a ser cultivado por jovens escritores, pela mídia cult e por críticos literários, em especial no Chile, para onde jamais retornaria, desde sua milagrosa fuga de um campo de concentração de presos políticos em Concepción, auxiliado por um policial que o reconheceu como o ex-colega dos bancos do liceu, semanas depois do golpe de Pinochet. Mas nessa derradeira entrevista, dada em sua casa em Blanes, na Catalunha, a 100 km ao norte de Barcelona, reafirmava: “Eu não sou ídolo de nada.” Para arrematar: “Prefiro morrer em plena lucidez a morrer (como vários escritores) fazendo tontices.”

Ao desaparecer, aos 50 anos, Bolaño parecia ter cumprido, em meteórica carreira, essa postura radical sem nenhuma impostação de vanguarda, e o legado de sua obra vertiginosa e absolutamente incomum em número, variação, brilho e densidade surge como roteiro de pistas e sentidos inesgotáveis, a ser trilhado, agora lentamente, pelas atuais e futuras gerações de amantes sobreviventes do que ainda pode ser tomado como grande arte literária (grifo meu). Deixou pelo menos duas obras inéditas: o livro de contos El Gaucho Insufrible, este já no prelo (publicado três meses depois de sua morte), que ao lado de seus dois outros volumes de contos, Llamadas Telefónicas (1997) e Putas Asesinas (2001), insere o autor, tranqüilamente, no rol dos mestres da narrativa curta na América Latina, o que não é pouco numa região em que esse gênero teve tantos inventores de altíssima qualidade em todo o século 20; e o romance monumental 2666, este carecendo ainda de revisão final em suas mais de mil páginas, trabalho que Bolaño confessava, naquela entrevista, estar além de suas forças físicas, e que sairia postumamente em 2004, sem o último mergulho que ele reclamara.

Enquanto esperamos ver proximamente toda a sua obra traduzida no Brasil, vale reportar, ainda aqui, os dois contos-manifestos com que encerra seu El Gaucho Insufrible e que iluminam algo do que seria uma sorte de testamento poético, ao lado da entrevista final e também, veremos, de seu discurso em Caracas, ao receber o prêmio Rómulo Gallegos. Em Literatura + Enfermedad = Enfermedad, na aguda visão da doença, mas sem nenhum pingo de autopiedade, Bolaño, numa sucessão de blocos narrativo-ensaísticos, faz homenagem a poetas e escritores de sua linhagem estética mais remota, encerrando com Kafka, a partir do livro que lhe dedicou Canetti, para dizer que, percebendo-se doente, “já nada o separava de sua escritura”. Já em Los Mitos de Chtulhu, dedicado ao amigo Alan Pauls, sucedem-se parágrafos contundentes de pensamentos autônomos mas todos convergentes para uma desconstrução impiedosa do atual sistema literário latino-americano e mundial globalizados, e da ridícula encenação de suas imortalidades passageiras. Sua visão da história emerge faiscante: “América Latina foi o manicômio da Europa assim como os Estados Unidos foram sua fábrica. A fábrica está agora em poder dos capatazes e loucos fugidos são sua mão-de-obra. O manicômio, faz mais de 60 anos, está queimando em seu próprio azeite, em sua própria gordura.” Quem são esses “capatazes”? Voltamos à entrevista com que comecei: Hernán Rivera Letelier, Skármeta, García Márquez, Vargas Llosa, Bryce Echenique, Isabel Allende, Tomás Eloy Martínez. E prossegue Bolaño: “E digo que a literatura agônica é a minha e que os ganhadores são eles, os que vão ditar as normas do manicômio.” Para então constatar, ele que foi grande admirador de Guy Debord: “A perdurabilidade foi vencida pela velocidade das imagens vazias. O panteão dos homens ilustres, descobrimo-lo com estupor, é o canil do manicômio que se incendeia.”

Pausa. A essas alturas, seria o caso de referir pelo menos uma amostra do enfeitiçado poder narrativo de Bolaño, pelo menos uma personagem, para além de seus duplos, o par quixotesco de poetas-detetives-cultos-selvagens-presentes-ausentes que são Arturo Belano e Ulises Lima, alter egos, respectivamente, do próprio autor e de seu amigo maior, o poeta mexicano infra-realista Mario Santiago Papasquiaro (1953-1998), a quem ele dedica esta hoje injustamente ignorada prosa poética Amuleto (1999) e algumas passagens comoventes de seu discurso de Caracas. Fiquemos por ora em Amuleto, com essa personagem estranhíssima que é Auxilio Lacouture, poeta uruguaia, exilada no DF (a fórmula popular para a megalópica capital mexicana), mas que na vida real se chamou Alcira (confirmam isso tanto a crítica argentina argentina Celina Manzoni quanto o poeta uruguaio Enrique Fierro, hoje professor em Austin, Texas, e exilado no México, nos anos 70, coevo a Bolaño). Tirando histórias de dentro de histórias, no que também se revela craque, o autor amplificou, em Amuleto, numa narrativa em primeira pessoa, a voz delirante de Auxilio-Alcira, cujo primeiro registro, sob forma de depoimento, aparecera no capítulo 4 da segunda parte de Os Detetives.... Já na sua reaparição, em primeiro plano, o discurso lírico toma a cena e o caso, combinando o onírico de suas visões enlouquecidas à evocação trágica da repressão militar que se abateu sobre a Universidade Autônoma do México (Unam) em 1968, seguida do massacre de centenas de estudantes na praça das Três Culturas de Tlatelolco, durante as Olimpíadas. O caso é que essa mulher, andarilha do campus, espécie de antimusa dos jovens poetas radicais do México, ficou confinada por cerca de duas semanas num dos banheiros femininos dos prédios invadidos pelo exército, e sua saga é a da resistência, não só libertária mas poética, pois dialoga em sua cisma solitária, entre outros fugitivos, com exilados de outro tempo e outra guerra, a Civil Espanhola, como o poeta Pedro Garfias e a pintora surrealista Remedios Varo, que emigrara para o DF junto com Benjamin Péret. Ela diz: “Pensei: ambos fatos estão relacionados, escrever e destruir, ocultar-se e ser descoberta.”

A propósito, uma pista para o “infra-realismo” ou “visceral-realismo” do jovem poeta Bolaño, ao lado de seus companheiros de viagem no exílio mexicano, nos anos 70: a expressão inspira-se numa expressão de Mariátegui sobre a poesia de Philippe Soupault, outro dos surrealistas “históricos”. Enfim, estamos diante da mistura, nem sempre de resultados felizes, entre a idéia de poesia e a de revolução. Mas as visões de Auxilio-Alcira são as de uma memória imemorial, entre sonho e delírio, como sorte de instrumento da lembrança do desastre histórico de várias gerações, matriz de todas as utopias derrotadas. Na viagem de sua mente revolta, prisioneira oculta e senhora de uma façanha involuntária, ela vê num quadro de Remedios o vale mítico do México, e ouve a marcha e o canto dos milhares de jovens rumo ao sacrifício, e seu canto de guerra e amor se converte em amuleto, da narradora e de sua loucura, mas logo da loucura dos poetas e artistas, amuleto de uma literatura capaz de evocar tantos personagens mínimos, tantas vozes mortas.

Seria esse o destino do vôo cego da alta literatura, ou a função maior da poesia, de que tanto falava nosso poeta e exímio contador de histórias? Em Os Detetives... reaparece o motivo, em torno dessa outra mítica personagem feminina, Cesárea Tinajero, poeta desaparecida nos desertos mexicanos, nos anos 30, e redescoberta pela obsessiva busca da dupla Belano-Lima, nas páginas finais do romance.

Dela não restaram versos, apenas as marcas desconexas de testemunhos e registros vagos espalhados em vilas-fantasmas de Sonora. Quando ela reaparece, precipita-se o desastre, mas sua morte é a salvação dos detetives, do jovem poeta García Madero e de sua namorada, a prostituta Lupe. Essa paisagem, de desolação e anúncio de queda iminente, de estilhaçamento das identidades, tem outro grande inspirador: Malcom Lowry, de À Sombra do Vulcão (1947), não à-toa inserido como epígrafe do romance. Mas Tinajero teria dito a uma professora primária, sua colega, entre tantos destinos perdidos e silêncios vagos, sobre “os tempos que iriam vir”. “Cesárea mencionou uma data: lá pelo ano 2600. Dois mil seiscentos e tanto.” Como se, fora do tempo e do espaço, uma nova locação histórica e cultural pudesse começar a ser tecida. Parece que aqui também se vislumbra a pista desencadeadora de seu mais ambicioso e derradeiro projeto, 2666.

Mas nenhuma presunção e muito menos misticismo irrompem das múltiplas vozes, centenas de histórias e milhares de páginas de Bolaño. Seu infra-realismo volta sempre ao plano da lucidez mais meridiana. Nas linhagens longínquas, Cervantes acompanhou, certamente, nosso iluminado escritor. Isso foi muito bem apontado por Cedomil Goic, grande scholar, espécie de Antonio Candido chileno, em magistral conferência sobre Bolaño dada em Austin, na primavera de 2006. A estrutura do picaresco, da aventura radical e do acúmulo labiríntico de intrigas, da crítica política e moral, de pontuações que combinam a precisão de marcas exatas no tempo e no espaço com o imprevisto, aleatório e quase sempre desastrado fim dos personagens, reatualiza a saga renascentista de Quixote ao mundo desencantado de nossa era dos extremos.

Por isso, citando Cervantes, em Caracas, em 99, Bolaño reafirmava: “... tudo que escrevi é uma carta de amor ou de despedida à minha própria geração, os que nascemos na década de 50.” E, adiante: “Toda América Latina está semeada com os ossos destes jovens esquecidos.”

Francisco Foot Hardman é professor de Teoria e História Literária no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. Atualmente está na Universidade do Texas-Austin, como pesquisador visitante



- Ei Cris. acabei de "devorar" numa sentada "Os Detetives Selvagens", é um livro sensacional de um gênio pouco conhecido da vanguarda literária latinoamericana. Eu remomendo com louvor.

Assombração

Sensacional post sobre assombrações e seus desdobramentos no blog do ilustre advogado e professor Yúdice Randol, de Belém do Pará. Leia-o aqui se tiver coragem.

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