Divisão territorial
Por Raimundo Sena
Fotos: Ozéas Santos
A Assembléia Legislativa do Pará (Alepa) debateu na manhã desta segunda-feira (23) a redivisão territorial do Estado, numa sessão especial requerida pelo deputado Arnaldo Jordy (PPS). A sessão teve a participação do vice-governador, Oldair Correia, dos deputados federais Giovani Queiroz (PDT), Zenaldo Coutinho (PSDB), Asdrúbal Bentes (PMDB), Zequinha Marinho (PMDB) e Zé Geraldo (PT) e de 21 deputados estaduais, além do secretário executivo da Associação dos Municípios da Calha Norte, do Movimento (Amucan), Antônio de Figueiredo Neto, do coordenador do Movimento pelo Plebiscito de Criação do Estado do Tapajós, Edwaldo Bernardo, e do presidente da Sociedade de Preservação dos Recursos Naturais da Amazônia (Sopren), Camilo Viana, e de dezenas de lideranças políticas das regiões oeste e sul do Pará.
O vice-governador, Oldair Correia, que já presidiu um movimento pelo Estado do Tapajós, defendeu a nova postura do governo do Estado de regionalizar a administração para atender toda a população, mas criticou o fato de 480 mil paraenses do oeste do Pará terem migrado para o Amazonas em busca de melhores condições de vida. O assunto divide a opinião dos deputados. Para Arnaldo Jordy, “sem uma reordenação do pacto federativo que assegure um diferencial capaz de promover a superação de desigualdades entre as regiões, dividir seria fragmentar o subdesenvolvimento”. Segundo o deputado é preciso superar desigualdades como as que se vê nos investimentos do BNDS que, de R$ 52,3 bilhões investidos no país, em 2006, destinou 60% dos recursos para o Sudeste (R$ 31,414 bilhões) contra apenas R$ 1,318 bilhão destinado ao Norte. Ele criticou a visão maniqueísta com que o assunto é tratado e alertou: “podemos estar mordendo a isca do processo de exclusão e marginalização do Pará”.
Os deputados das regiões sul e oeste do Pará declararam abertamente o seu voto na criação dos novos estados do Tapajós e de Carajás, a exemplo de Alexandre Von (PSDB), Josefina Carmo (PMDB), Júnior Ferrari (PTB), e Carlos Martins (PT). Os deputados Parcifal Pontes (PMDB) e João Salame (PPS) e outros se posicionaram pela criação do Estado de Carajás. O assunto também divide os deputados federais. Zenaldo Coutinho defendeu a integridade do Estado, opinião da qual não comungam Zequinha Marinho, Asdrúbal Bentes e Giovani Queiroz que defenderam a criação do Estado de Carajás.
Divididos quanto à criação dos novos estados, a maioria dos deputados, entretanto, defendem o direito da população de ser consultada sobre o assunto. O deputado Carlos Bordalo (PT) disse que vai apresentar um requerimento à Mesa para que a Assembléia Legislativa se manifeste a favor do plebiscito que foi defendido pela maioria dos presentes. O deputado João Salame criticou o fato de o Estado ter investido centenas de milhões de reais em obras como o Mangal das Garças, Estação das Docas e o Centro de Convenções, todas em Belém, enquanto em Marabá e Santarém, cidades cotadas para capital dos possíveis estados de Carajás e do Tapajós, não houve investimento algum nessa área.
Alepa discute criação de novos Estados
Blog do Jota Parente
A divisão territorial do Pará voltou novamente para a pauta de discussão, ontem, durante uma sessão especial, ocorrida às 9h, no plenário da Assembléia Legislativa do Estado (AL).
Em debate, os projetos que tramitam na Câmara e no Senado Federal que propõem plebiscitos para que a população decida sobre a criação de novos Estados no território paraense.
Atualmente, existem projetos para dividir o Pará em mais três Estados: do Tapajós, Carajás e Território do Marajó.
Autor do requerimento da sessão especial, o deputado Arnaldo Jordy (PPS) disse que a intenção é estabelecer um parâmetro para debate. “Todo início de legislatura esse debate vem à tona. O que é pertinente, já que envolve os interesses dos paraenses”.
Na opinião dele, a divisão aumentaria ainda mais as desigualdades sociais. “Aceitar a divisão agora como está é aceitar a redivisão da pobreza”, afirma, apontando o pouco investimento do governo federal na região Norte para o país.
Já os deputados federais e estaduais da região Sul do Pará defenderam a criação do Estado de Carajás.
Airton Faleiro (PT) disse que não existe uma posição de bancada com relação a essa discussão e que ele é a favor do plebiscito como um ato de democracia.“A questão não é o debate de ser a favor ou contra. O importante é discutir que benefícios ou prejuízos isso vai gerar para os paraenses”. Se depender da companheira de bancada, Regina Barata, a opinião é contrária à partilha geográfica. “O que vemos é que não são os interesses do povo que estão sendo postos e sim interesses políticos”, criticou.
A deputada acha que a ausência do Estado e a falta de políticas públicas prejudicam essas regiões. Porém, ela aceita que o plebiscito é o melhor caminho para entender os interesses da população. Participaram da sessão 21 deputados estaduais e cinco federais. Zenaldo Coutinho (PSDB) disse que a questão é de Estado e não de bancada. “Sou a favor de uma unidade de integração do Estado e não de separação”, afirmou.
O vice-governador Odair Corrêa representou a governadora Ana Júlia na sessão. Defensor histórico do Estado do Tapajós, Odair disse ser a favor do plebiscito como o espaço mais democrático para a questão. “A minha história fala por mim”, completou.
Fábio Nóvoa - Diário do Pará
Convicto
A CERTEZA DO PROCURADOR-GERAL |
Fernanda Guzzo |
Correio Braziliense |
24/4/2007 |
Antonio Fernando de Souza está convicto do envolvimento de magistrados com a máfia dos jogos ilegais e espera condenação de todos os denunciados. Ernesto Dória foi o último juiz solto Souza denunciou na sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) o ministro Paulo Medina, os desembargadores federais José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo de Siqueira Regueira, ambos do TRF-2ª Região, o desembargador Ernesto da Luz Pinto Dória, do TRT da 15ª Região, e o procurador-regional da República João Sérgio Leal Pereira. Todos os cinco foram acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e prevaricação. Ele chegou a pedir ao relator do inquérito no STF, ministro Cezar Peluso, que decretasse a prisão preventiva dos acusados, inclusive de Medina. Mas o ministro preferiu levar o pedido do procurador para a apreciação de seus colegas em plenário, que deve julgá-lo em maio. Com a decisão de Peluso de não analisar o pedido, foram soltos três juízes e o procurador Leal no sábado. Apenas Dória ficou preso na Polícia Federal em Brasília por outra acusação, mas o STJ mandou libertá-lo na madrugada de ontem (leia mais abaixo). Segundo o procurador-geral, a soltura dos acusados não vai atrapalhar o rumo das investigações. Mas ele fez um alerta aos acusados: o de que se continuarem atuando em favor da máfia dos jogos ilegais “serão também denunciados por novas condutas pelo Ministério Público”. Os outros 21 suspeitos presos durante a Operação Hurricane continuam detidos, porque a pedido também do procurador, o inquérito foi desmembrado e parte dele foi remetido à 6ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro. A decisão da primeira instância foi de mantê-los presos. Licença-médica O STJ ainda não decidiu se vai abrir sindicância contra Medina para apurar se houve desvio de conduta do ministro. Antes de decidir sobre isso, o ministro Barros Monteiro solicitou o conteúdo do inquérito com os detalhes das acusações. Mas o relator do caso, Cesar Peluso, preferiu submeter aos outros 10 ministros a questão. Uma possível investigação contra Medina poderá se transformar em processo disciplinar, que teria como punição máxima a aposentadoria compulsória. Medina é acusado de conceder uma liminar para a liberação de 900 máquinas caça- níqueis no Rio de Janeiro e de ter recebido, por intermédio de seu irmão, o advogado Virgílio Medina, R$ 1 milhão como recompensa. O número
Tarso Genro, no entanto, preferiu não responder se considerou a decisão corporativista: “Tenho de responder o que está condicionado às minhas funções. Essa pergunta eu não respondo”, limitou-se a dizer. O ministro também negou que esteja preocupado com o fato de um assessor seu, Zaqueu Teixeira, ter sido citado em conversas gravadas durante a operação da Polícia Federal.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por sua vez, criticou o tratamento que a Justiça vem dando aos acusados. Isso porque 21 continuam presos, enquanto os magistrados e um procurador conseguiram liberdade por ordem do STF. O processo foi desmembrado por determinação de Peluso e só ficaram no Supremo aqueles que tinham foro privilegiado. Segundo o presidente da OAB, Cezar Britto, “é importante que o STF uniformize a aplicação do foro e aponte qual a forma correta de encarar o foro privilegiado.” |
Cadê?
Ai, Mangaba, não faz assim, bota de novo o artigo lá
Em meio à multidão de artigos e de novas informações que surgem todos os dias sobre Roberto Mangabeira Unger, novo ministro do governo Lula (por exemplo: não só é assessor de Daniel Dantas, como também foi do ex-banqueiro Arthur Falk, aquele do famoso Papatudo e do banco Interunion, atualmente sob liquidação extrajudicial), uma me chamou a atenção.
O Luiz Antonio Ryff, em um post no no mínimo, descobriu que o artigo de Mangabeira na Folha de S. Paulo intitulado "Pôr fim ao governo Lula", que já postei na íntegra aqui no blog, simplesmente desapareceu da lista de seus artigos no site da Universidade de Harvard.
O conteúdo, agora, todo mundo conhece: "o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional", "o presidente, avesso ao trabalho e ao estudo, desatento aos negócios do Estado, fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade ou dissabor e orgulhoso de sua própria ignorância, mostrou-se inapto para o cargo sagrado que o povo brasileiro lhe confiou."
Você encontra lá no site da Uni... ops, da Harvard, o artigo chamado "A hora dos tribunais" (01/11/05), o chamado "Auto-transformação" (08/11/05) e aí o "Pôr fim ao governo Lula" (08/11/05) simplesmente desaparece. Pumba! Sumiu! O seguinte é o "Verdade econômica sem mentira agradável" (22/11/05) e segue o baile.
Deve ter esquecido de colocar o artigo, o pobre coitado.
Enquanto isso, além de Mangabeira não ser levado a sério nem pela Marilena Chaui (enfim, não quer dizer muita coisa), Lula ainda vai ter que agüentar a choradeira do Pê Tê com a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo (SEALOPRA). O secretário-geral do PT, Joaquim Soriano (tendência de esquerda Democracia Socialista), por exemplo, afirmou: "Mangabeira se desmoralizou sozinho. Mas, depois da nomeação do Geddel, essa pauta morreu porque ele também chamou o presidente de corrupto".
Concordo com o Soriano: NÉDÉNÉDÉ.
Imagens - Aniversário de Brasília - 47 anos
Brasília - Moradores visitam Esplanada dos Ministérios para participar dos eventos de aniversário de 47 anos da capital federal. Foto: Fabio Pozzebom/ABr
Brasília - Integrantes do Fórum Permente de Apoio e Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências do Distrito Federal e Entorno (Faped) fazem manifestação, durante as comemorações do aniversário de Brasília, na Rodoviária do Plano Piloto contra a falta de acesso ao transporte coletivo. O governo do Distrito Federal comprou novos ônibus sem as adaptações necessárias para portadores de deficiência Foto: Fabio Pozzebom/ABr
Trabalhar...e sonhar...e realizar. Brasília - 47 ANOS
Existência essa operada bem antes. Muito antes. Num tempo de gente que sonhava, projetava e realizava.
A Capital hoje é um marco para todos os brasileiros. A transferência do poder do Rio para o não muito amigável Planalto Central, meio que forçou a galera à suar, fazermo-nos todos suar...Contudo: Suamos tanto pra quê? Num país que caminha para ser o melhor pais do mundo ou, só um pouquinho melhor que hoje?
Um país, assim como um Estado-País é construído com: sonho, trabalho e realização.
Saravá JK!
Hoje no Mundo:
21 de Abril: Aniversário da cidade de Roma.
753 a.C. - Data tradicional da fundação de Roma por Rômulo.
1960 - Fundada a nova e atual capital do Brasil, Brasília.
Foi executado pelo governo português neste dia...próximo ao Planalto Central.1792 - Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da independência do Brasil. (n. 1746).
- Ah! Fiz a foto num passeio à Torre de Televisão em dezembro de 2006.
Fui prá Festa
Tem Banda Calypso no aniversário de Brasília
|
Brasília: 47 anos
Correio Braziliense:
| ||||
Niemeyer & Niemeyer Brasília Escultural Brasília – Cidade que Inventei Desenhos e Aquarelas Coleção Berta e Darcy Ribeiro Cidades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) A Queda das Máscaras do Brasil Encenação Pictórica Poeira, Lona e Concreto Brasília em Ângulos Expomonumenta Elifas, 60 Anos: Imagens do Som, Contornos da História O Significado do Insignificante – Retrato de Formigas Brasília Faz Bem O Encantador, Seu Teodoro do Boi Alex Gama e Eliane Santos Rocha Brasília por Todos os Ângulos Estrada Colonial no Planalto Central Kilombos Conjunto na Obra: Athos Bulcão BSB 70/80 Santos Dumont e a Turma da Mônica - Um Sonho que Virou História Aleijadinho e seu Tempo - Fé, Engenho e Arte Uai! Acervo CAIXA – Uma Conversa com Minas Jardim do Poder |
| ||||
Eletronation De Olhos Bem Fechados nos Subterrâneos de Brasília The Sessions Vip |
| ||||
Curta Espanha! Documentários e Curtas-metragens Espanhóis Encontro de Mamulengueiros: Águas da Tradição Circo Mágico Bolshoi |
| ||||
Marambaia Brasília 47 Anos Rockfellas Magoo Lafusa Superquadra e Firefriend Zero10 Karine Alexandrino Renata Jambeiro Marcinho Silva e Mariana Borges Orquestra Filarmônica de Brasília Leonel Laterza, Rafael dos Anjos e Hamilton Pinheiro Ledbetter Três Gerações Guinga O Brasil Caboclo de Cornélio Pires XIV Exposição Agropecuária de Brasília |
Rápido
Ele ou o partido? Ele sabia ou foi "ato falho" dos aloprados do Pê Tê?
Aos que quiserem a cópia da revista meu e-mail tá lá no perfil do blog.
Tô de saída para a feira e até mais.
Afasta de mim esse Cálice...
...Cale-se!
Juiz dá liminar que proíbe circulação da revista IstoÉ
Consultor Jurídicopor Rodrigo Haidar
O juiz Sérgio Jorge Domingos, da 22ª Vara Cível de Curitiba, concedeu liminar nesta sexta-feira (20/4) proibindo a circulação da revista IstoÉ. O pedido para impedir a circulação da semanal foi feito pelo ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi — hoje deputado federal pelo DEM e secretário de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal.
O pedido, contudo, foi atendido com certo atraso. Parte das revistas já pode ser encontrada em bancas em São Paulo e já foi despachada para os assinantes. A capa de IstoÉ traz uma longa entrevista com a empresária Silvia Pfeiffer, na qual ela descreve um esquema complexo de corrupção na Infraero.
Na chamada de capa, a revista anuncia que a empresária “descreve em entrevista como os diretores da Infraero agiam para desviar dinheiro” e traz “os nomes, as cifras e os recibos de depósitos que mostram o esquema”.
Na entrevista, a empresária cita o nome de diretores da empresa que controla os aeroportos no país, de políticos e pessoas próximas ao poder: entre eles, Duda Mendonça e Cássio Taniguchi, que obteve a liminar. A revista IstoÉ vai recorrer da decisão.
Leia a reportagem e a entrevista de IstoÉ
A empresária paranaense Silvia Pfeiffer, 47 anos, diz que foi expulsa de sua própria empresa, a Aeromídia, assim que levou para lá, como sócio, o então secretário de Desenvolvimento Urbano de Curitiba Carlos Alberto Carvalho, em 2003. Ele tinha relações com o prefeito Cássio Taniguchi (DEM), hoje secretário de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal, e passou a controlar toda a contabilidade da Aeromídia. A partir daí, segundo Silvia, uma “verdadeira máfia” começou a utilizar a empresa como fachada para desviar dinheiro público para fins privados. Entre esses negócios, polpudos contratos com a Infraero, que ultrapassaram os interesses iniciais de Cássio Taniguchi e permaneceram com o governo Lula.
Conhecedora dos caminhos dessas fraudes, Sílvia é hoje uma importante testemunha para quem estiver efetivamente interessado em saber como a estatal que administra os aeroportos brasileiros alimenta milionários dutos de corrupção, alguns deles já detectados pelo Tribunal de Contas da União. Em mais de dez horas de entrevista, Silvia detalha como tal esquema se espalhou e criou tentáculos para promover lavagem de dinheiro, caixa 2 de campanhas políticas e propinas às autoridades. Na quarta-feira 18, depois de ter concedido entrevista a ISTOÉ, Silvia recebeu ameaças de morte e alguns pedidos para que nada mais falasse e para que negasse o que já havia dito.
Boa parte do que ela sabe já foi escrito e entregue à Polícia Federal em outubro de 2005, mas ela jamais foi chamada para um depoimento formal. Ou seja, apesar da gravidade, tudo indica que suas denúncias ficaram engavetadas, embora parte do que ela diz seja comprovada por documentos como depósitos bancários.
ISTOÉ – Por que só agora a sra. Decidiu tornar público tudo o que sabe sobre corrupção na Infraero?
Silvia – Eu não estou fazendo isso agora. Em 2005 entreguei uma notícia-crime à Polícia Federal, mas, depois, ninguém me procurou para falar sobre isso.
ISTOÉ – Como é desviado o dinheiro da Infraero?
Silvia – A chave inicial do esquema é o superfaturamento das obras, que o TCU mesmo já disse que chega a 375% do valor. São números absurdamente altos. Essas obras eram todas negociadas.
ISTOÉ – Por quem?
Silvia – Os empresários que tinham contratos com a Infraero repassavam dinheiro para Carlos Wilson, que era o presidente da empresa, e para diretores, como a Eleuza Therezinha Lopes, o Eurico José Bernardo Loyo e o Fernando Brendaglia. E também para políticos que faziam todo o meio de campo. Ia dinheiro para a campanha do Carlos Wilson e não tenho dúvida que dali também saiu dinheiro para a campanha de reeleição do presidente Lula.
ISTOÉ – Como provar isso?
Silvia – Basta quebrar o sigilo das empreiteiras, dos diretores da Infraero, dos superintendentes. A Aeromídia mesmo fez depósitos para alguns diretores.
ISTOÉ – Alguns nomes de diretores que a sra. Menciona já apareceram em outras denúncias contra a Infraero, como Eleuza Therezinha, mas permanecem em seus cargos.
Silvia – Ela é da equipe do Lula, do Carlos Wilson. Essa aí, acho que vai ser meio complicado. O Mário Ururahy, que recebia mensalão da Aeromídia no Paraná, hoje é assessor da Eleuza.
ISTOÉ – Como era pago esse mensalão?
Silvia – Os valores variavam entre R$ 5 mil e R$ 20 mil. Havia também presentes: carros, festas, jantares.
ISTOÉ – Outros diretores da Infraero também recebiam mesada?
Silvia – Luiz Gustavo Schild, diretor de Logística e Carga. Ele foi superintendente na sede. Conduzia as negociações para as lojas Duty Free. Depois, foi afastado, transferido para superintendente de Cargas, porque estava para explodir todo este bafafá da Brasif.
ISTOÉ – Que bafafá?
Silvia – A Brasif ganhava todas as concorrências para os free shops nos aeroportos.
ISTOÉ – O que há de concreto nessa denúncia que a sra. faz de que o presidente Lula possa ter sido beneficiado nesse esquema?
Silvia – A proposta que me fez certa vez um dos maiores amigos de Lula, o empresário Valter Sâmara.
ISTOÉ – Que proposta?
Silvia – Encontrei Valter Sâmara em um vôo de Curitiba para Brasília, em 2004. Nesse vôo, ele insistiu que eu fosse falar com a secretária de Lula, Mônica, no Palácio do Planalto. Ele me falou que qualquer coisa que eu quisesse na Infraero a Mônica seria capaz de resolver para mim. E que ela, então, receberia 10% de comissão para o partido, o PT.
ISTOÉ – Ele disse que o dinheiro seria para a campanha do Lula?
Silvia – Não ficou claro. Disse que era para o PT.
ISTOÉ – E a sra. Chegou a procurar Mônica?
Silvia – Não. Eu não fui. Apesar da grande insistência dele. Ele me procurou no hotel várias vezes. Em um dia só, ele ligou várias vezes no hotel para que eu fosse lá.
ISTOÉ – Esse foi o único encontro que a sra. teve com Valter Sâmara?
Silvia – Houve uma outra vez, em que ele foi a Brasília almoçar com Lula, dona Marisa e uns chineses que estavam no Brasil, fazendo negociações com o governo federal. O Sâmara está sempre em Brasília. Ele inclusive comprou uma chácara em Goiás para encontros políticos. Se não me engano, tem até pista de pouso.
ISTOÉ – Como é que a sua empresa se envolveu com esse esquema?
Silvia – No início, quando Carlos Alberto Carvalho me procurou pela primeira vez, era para fazer arrecadação de dinheiro para a campanha de reeleição de Cássio Taniguchi para prefeito de Curitiba. Às vezes em dólar. Os políticos do Paraná, ligados a Taniguchi, reuniam-se freqüentemente na Aeromídia para discutir a formação desse caixa 2. O que eu nunca entendi bem era por que, já naquela ocasião, o Padre Roque (deputado do PT do Paraná) aparecia nas reuniões.
ISTOÉ – O que se discutia nessas reuniões?
Silvia – Eles instruíam como as pessoas deveriam se comportar na polícia, se alguma coisa acontecesse. Um dia, chegou a aparecer na empresa uma mala grande de dinheiro. Parte de US$ 7 milhões.
ISTOÉ – Esse esquema continua ativo?
Silvia – Com certeza está vivo. O homem do Cássio hoje na prefeitura é o Beto Richa. Um dos homens dele, o advogado Domingos Caporrino, me ligou hoje me mandando calar a boca.
ISTOÉ – O que a sra. denuncia começou com o Taniguchi e permanece até hoje. Que outros nomes estão envolvidos?
Silvia – Com certeza o Marcos Valério e o José Dirceu.
ISTOÉ – Qual seria o envolvimento de Dirceu?
Silvia – Ele tem contatos com o diretor comercial da Infraero, Fernando Brendaglia. Quando Dirceu esteve em Portugal naquelas negociações com a Portugal Telecom, Brendaglia estava com ele. E Emerson Palmieri, que estava em Portugal com Dirceu, também tem contatos no esquema da Infraero. Ele seria mesmo uma espécie de link entre Brendaglia, Dirceu, Marcos Valério e Cássio Taniguchi. Emerson Palmieri esteve várias vezes nas reuniões na Aeromídia.
ISTOÉ – Em troca do pagamento desse mensalão, o que ganhou a Aeromídia?
Silvia – Contratos nos aeroportos. Muitas vezes irregulares. Um dos contratos envolve o Duda Mendonça. Um contrato que não poderia acontecer. O pessoal do aeroporto de Brasília me respondeu que era impossível eu fazer publicidade naquela área. No entanto, foi feito sem licitação.
ISTOÉ – E qual era o envolvimento de Duda Mendonça?
Silvia – Eu veiculava um anúncio que era feito pela agência dele. A questão do Duda ali é que ele não roubava essas migalhas. O contrato era a desculpa para que a agência dele fosse contratada para fazer o anúncio. O que ele pegava em dinheiro grosso mesmo vinha da Brasil Telecom, a anunciante.
ISTOÉ – E a sua participação, qual era?
Silvia – Eu negociava com a Zilmar Fernandes (sócia de Duda Mendonça). Esse contrato é ilegal com a Infraero. O Fernando Brendaglia é quem autorizou a colocação da publicidade antes de ter o contrato.
ISTOÉ – A Zilmar tinha consciência de que era contrato irregular?
Silvia – Tinha. Quando houve um problema num contrato anterior, que foi fechado, nos fingers de 1 a 7, chegou a haver uma ordem para arrancar todos os adesivos que já estavam colocados. Foi quando a Zilmar entrou. Fizeram alguns acertos e os adesivos continuaram. Um contrato de três anos, sem licitação. Um contrato que ele entrou no aeroporto antes mesmo de sair em Diário Oficial da União, antes de assinar o contrato. Deu um rolo, os concorrentes reclamaram. O Brendaglia chegou a chamar uma dessas empresas que protestavam: “Fique quieta, vou te dar outro espaço, mas deixa esse contrato aqui, nãomexe com isso não.”
ISTOÉ – Além da Aeromídia, que empresas fecham contratos irregulares com a Infraero?
Silvia – Todas. Absolutamente todas. Kallas, Codemp, Via Mais. A SF3, que, na verdade, é do Brendaglia. E do Carlos Wilson. Porque eles são sócios em tudo, até em uma fazenda de frutas em Petrolina. Frutas para exportação. Há um contrato que envolve a empresa de um filho de Reinhold Stephanes.
ISTOÉ – O ministro da Agricultura?
Silvia – Esse. Me tiraram da jogada. Era um contrato enrolado. Um contrato no Rio, para um consórcio, Ductor, do qual participava a Cembra, empresa de Marcelo Stephanes, filho do ministro.
ISTOÉ – O TCU tem encontrado irregularidades também nas obras de ampliação dos aeroportos.
Silvia – É verdade. Tudo é superfaturado. A Odebrecht, por exemplo, no aeroporto de Recife. A Andrade Gutierrez no aeroporto de Curitiba, OAS no aeroporto de Salvador. Uma empresa de São Paulo ganhou a obra de Brasília e furou o esquema. Eles então trataram de tirar a empresa da obra. A corrupção ali é muito grande. A Infraero investiu mais de R$ 3,2 bilhões em obras. Se quebrar o sigilo bancário dos diretores da Infraero, dos superintendentes, na engenharia, que cuida das obras, se encontrará um absurdo.
ISTOÉ – Como a sra. pode dizer isso com tanta convicção?
Silvia – Eu vi tudo isso por dentro. Eu presenciei uma reunião com a construtora DM aqui em Curitiba. Um arquiteto chamado Ricardo Amaral vendeu por R$ 200 mil um projeto para cada empreiteira. Ele entregou antecipado o projeto, para construir o edifício-garagem do aeroporto, cobrou R$ 200 mil e não saiu a obra. A Eleuza sabia disso. A Eleuza esteve dentro do escritório dele, em reunião com os grandes empreiteiros. OAS, Odebrecht, CR Almeida e Andrade Gutierrez.
ISTOÉ – O novo presidente da Infraero, o brigadeiro José Carlos Pereira, há algum envolvimento dele com esses casos de corrupção?
Silvia – Não. Mas ele não consegue demitir os diretores porque o esquema montado no passado permanece rendendo muito.
ISTOÉ – No Paraná, dizem que a sra. possui dois CPFs.
Silvia – Depois de ter feito a denúncia na PF, minha bolsa e meus documentos sumiram misteriosamente. Posteriormente, soube que emitiram CPFs em meu nome. Mesmo que tentem me desqualificar, vou levar minhas denúncias até o fim.
Revista Consultor Jurídico, 20 de abril de 2007
Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados
Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados A imagem peregrina da padroeira dos par...
-
Veja Agenda da ex-secretária da Receita Federal registra o dia em que ela se reuniu com Dilma para tratar de uma investigação contra a fam...
-
A proposta discute o aumento salarial de PMs e Bombeiros Policiais Militares de todo o Brasil estão na expectativa de ver dobrar,...