Deputado Asdrubal Bentes expõe as dificuldades na Amazônia

Ag. Câmara

Discursando
a pouco no Grande Expediente na Tribuna da Câmara dos Deputados em nome de 20 milhões de amazônidas, o Deputado Federal Asdrubal Bentes (PMDB-PA) insurgiu-se contra uma decisão de governo que proíbe o plantio da cana-de-açúcar na Amazônia.

O parlamentar lamentou a decisão governamental, que definiu como "tomada de decisão de cima para baixo e, mais uma vez, sem ouvir os amazônidas, sem discutir com aqueles que há séculos fazem a vida na Amazônia. Essa medida unilateral demonstra o que tenho dito aqui repetidas vezes, um profundo desconhecimento do que é a Amazônia", lamentou.

Para localizar o problema, Bentes imagina que no restante do Brasil e no exterior que as pessoas tem certa imagem de que a Amazônia é constituída só de florestas, que na Amazônia só residem só índios, que, lamentavelmente, a política indigenista de tantos políticos que já passaram quer preservá-los apenas como objeto de turismo para os alienígenas. "Não desejamos isso. Desejamos participar das decisões para a Amazônia. Queremos ser ouvidos", exigiu.

"Para que estamos aqui?", perguntou. "Para que dezessete Deputados Estaduais e três Senadores se não somos ouvidos nas decisões que nos dizem respeito? Não podemos nos omitir. No meu quinto mandato tenho a alegria de dizer que em nenhum momento capitulei. Sempre estive nas tribunas, nas Comissões — o Deputado José Guimarães sabe disso — lutando em defesa da Amazônia e de seu povo."

Abordando a questão da Segurança Nacional, Bentes ressaltou que: "Não podemos aceitar que, a pretexto de motes que foram da segurança nacional no passado e que hoje são do meio ambiente, pretendam nos engessar e fazer com que nos transformemos apenas em guardas florestais, até sem nos pagar nada."

Garantindo que o povo que reside na Amazônia quer preservar a região e fazer o seu desenvolvimento sustentável, quer também participar da elaboração do seus planos econômicos. "Já vi tantos. Vi a criação da Superintendência do Plano de Valorização da Amazônia — SPVEA —, quando era jovem ainda, lindo de morrer no papel, na prática devastou, não desenvolveu. Impuseram-nos políticas não adequadas a nossa região. Em decorrência veio a devastação da Amazônia e de sua floresta. Hoje não temos mais a castanha do Pará, já até mudaram de nome", lembrando que a noz originária da Floresta Amazônica, agora - pro razões de marketing - é denominada de Castanha do Brasil.

Reportando-se ao Deputado Wandenkolk (PSDB-PA), Bentes recordou que a região recebeu os maiores fluxos migratórios, em conseqüência das grandes obras fundamentais para este País como a Hidrelétrica de Tucuruí, o projeto Carajás, e que assas notícias correram o mundo. Era o novo Eldorado, só que o chegantes não conheciam a nossa cultura.

Exemplificou que o visitante, o migrante olhava para a castanheira com cobiça, não para o seu fruto, mas para o seu diâmetro, "e motosserra nela", descreveu. "Depois procuravam os órgãos governamentais, à época o INCRA e o IBDF. Impotentes, incompetentes, omissos, ausentes, não lhes davam a resposta que queriam, porque esses cidadãos brasileiros que saíam do sul, do sudeste, do centro-oeste e do nordeste queriam melhorar suas condições de vida, mas não encontravam respaldo governamental", explicou.

O deputado garantiu que hoje, vive-se na região um caos fundiário, quase que insolúvel, devido ao acúmulo de erros cometidos ao longo da história.

"Então, meus companheiros Parlamentares", conclamou Asdrúbal Bentes, todos os planos de desenvolvimento voltados para a Amazônia são exógenos, não endógenos, de fora para dentro. Os seus objetivos eram atender mais o empresariado do sul e do sudeste que iam para lá investir na pecuária e em tantas outras atividades, mas sem procurar o objetivo endógeno, que era exatamente a melhoria de vida da sua população.

"Somos, portanto, a grande vítima. Mas não podemos continuar sendo vítima. Não vamos mais aceitar que venham nos dizer o que temos de fazer, sobretudo pressionados pelos países ricos do mundo, que acabaram com o que tinham, com a sua flora, com a sua fauna e até com a sua população indígena. E agora se arrogam o direito de vir aqui dizer o que temos de fazer, travestidos de ONGs, nas quais os brasileiros logo se aglomeram, recebem salários em euros e em dólares e prestam um desserviço a este País."

Aparteado por vários parlamentares que lhe granjearam apoio. Destaca-se as colocações do Deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA).

- Deputado Asdrubal Bentes, é um prazer interrompê-lo, mas eu gostaria de contribuir, se isso é possível, com tão brilhante pronunciamento, aliás V.Exa. faz um alerta à Nação. O Deputado Manato, que ora preside a Casa, édo Espírito Santo e com certeza conhece muito bem também o setor canavieiro. Segundo o estudo da ESALQ citado por V.Exa., a área do leste do Pará já foi ocupada com pastagens e tudo o mais permitido e estimulado pelo Governo. São áreas antropizadas. O Brasil tem 6,6 milhões hectares de cana plantados em todo o país e, só nesta região do leste do Pará, temos disponíveis apropriados para o plantio de cana 9 milhões de hectares. Se alguém falou em proibição, é porque desconhece a Amazônia. Não ouviram os Parlamentares, como bem coloca V.Exa., Deputado Asdrubal Bentes, ou não conhecendo, começam a falar sem conhecer. Não há no Brasil uma região de maiores oportunidades para o empresariado brasileiro do que o Estado do Pará, particularmente a região sul e sudeste. O Deputado Wandenkolk Gonçalves fez referência à pujança daquela região também. Então, éimportante chamar a atenção do Brasil para voltar os olhos para aquela região, não só para o setor para a produção de etanol e de álcool, mas agora com o distrito florestal do Carajás para reflorestamento. A vocação amazônica para a floresta é um negócio extraordinário. Serão milhares de hectares de reflorestamento que, sem dúvida, vão alimentar os fornos das siderúrgicas e das guserias. Nós temos de buscar uma política industrial, capaz de levar serrarias, montadoras e outras mais para contribuir para o desenvolvimento daquela região, gerando emprego e renda. V.Exa. fala da transição entre esperar a floresta plantada para alimentar os fornos e a madeira jáderrubada por incentivo do Governo. Presidente Manato, para tirarmos um título de terra — o Deputado Asdrubal Bentes foi Presidente do GETAT à época e sabe disso — , precisávamos ter 50% da área derrubada, porque era o que a lei exigia àquela época. Essa madeira ainda está lá em grande parte. Pode ser utilizada, mas o IBAMA não aceita. Os projetos de assentamento que derrubam mais de 30 mil hectares por ano naquela região, aquela madeira seria para o carvão, até que a floresta plantada de eucalipto pudesse vir alimentar os fornos. Mas existe uma política desgraçada na nossa região que impõe ao empresário do Pará a plantar no Tocantins ou no Maranhão, porque a legislação ambiental do Pará não permite que ele plante mais que 20% para utilizar. Olhem que coisa maluca! Agora, estamos vendo a ferrovia. Só beneficiamos 1% do ferro extraído de Carajás.

O restante vai para a China, que jáacumulou uma reserva estratégica para 50 anos. Este ano ainda os chineses deixarão de ser importadores e passarão a exportadores, sendo que a menor indústria implantada por eles este ano produzirá mais aço do que a maiorbrasileira. Com o nosso ferro, eles gerarão emprego e renda no país. Deputado, parabéns pela iniciativa de trazer essa matéria para o debate. Obrigado pela oportunidade.

Asdrubal Bentes devolveu,
Deputado Giovanni Queiroz, companheiro de tantas luta nesta Casa e no nosso querido sul do Pará, quando V.Exa. chegou à região, já a percorria como advogado.

Como eu, que sou amazonense de nascimento, V.Exa. é paraense por adoção. Como todos sabem, o nascimento pode ocorrer em qualquer lugar, mas a adoção é um ato de amor. Adotamos o Pará e assumimos o compromisso de defendê-lo, como fazemos com a Amazônia como um todo.
Certamente, o aparte de V.Exa. enriqueceu o meu pronunciamento.

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Ambientalista faz registro de seu cachorro como consultor

No A Nova Corja

"Ambientalista faz registro de seu cachorro como consultor

Na tentativa de mostrar que é fácil fraudar o sistema do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e traficar animais silvestres com a anuência do órgão, uma ambientalista baiana resolveu registrar, por meio da internet, o seu cachorro como consultor técnico ambiental.

Após o cadastro, Telma Lobão diz que imprimiu o certificado do Ibama e comprou anilhas (pulseiras de identificação) de uso exclusivo para animais silvestres.

O superintendente do Ibama na Bahia, Célio Costa Pinto, diz que Telma cometeu crime de falsidade ideológica e encaminhou o caso à procuradoria do órgão.

"Felipe Lopes", o cachorro utilizado pela ambientalista para se cadastrar como consultor técnico, ainda emprestou nome, segundo ela, para a retirada de um boleto para pagamento de uma licença de pesca amadora, de validade temporária.

Para preencher os dados solicitados pelo site, Lobão usou o CPF do pai, falecido em 1995, e o número da própria carteira de identidade.

No mesmo site, ela afirma ainda que conseguiu registrar a cadela "Vick Lopes" como proprietária de uma motosserra e pagou um boleto bancário de R$ 30 para a licença de porte.

Segundo o superintendente do Ibama-BA, o sistema é seguro.

(...)

"Como há facilidade no sistema, fiz apenas um alerta às autoridades", afirma Lobão, que já foi presa por desacato à autoridade após criticar decisões de juízas que colocaram acusados de crimes ambientais em liberdade.

Ela enviou os documentos para o Ministério Público do Estado, que os remeterá ao Ministério Público Federal para que investigue o caso." (Folha de S. Paulo, 07/08/07)

Chegamos ao fundo do poço

Do Blog A Nova Corja (linkado ai ao lado)

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“Meu cliente vem sendo procurado por uma série de empresários e lideranças políticas que querem que ele concorra à Prefeitura de São Paulo e ele tem intenção, sim, de ser candidato”, disse Silveira. Sem mencionar nomes, o advogado afirmou que trata-se de um grande partido com o qual Maroni teria encontro nesta terça-feira." (G1)

Tigre não. Cachorros grandes

Tigres de papel

CELSO MING

Ontem o Daily Telegraph, de Londres, relatou que dois altos funcionários do Partido Comunista Chinês fizeram esta advertência: se os Estados Unidos forçarem o governo chinês a valorizar o yuan (em relação ao dólar), o Banco Popular da China (banco central) passará a vender títulos do Tesouro americano (T-Bonds) armazenados em suas reservas.

O Telegraph esclarece que o valor em títulos do Tesouro americano nas reservas chinesas chega a US$ 900 bilhões, ou 70% do total. E que essa é uma 'opção nuclear' para enfrentar o jogo duro dos Estados Unidos.

As pressões sobre o governo de Pequim são de fato fortíssimas. Os últimos quatro secretários do Tesouro dos Estados Unidos (cargo que equivale a ministro das Finanças) fizeram inúmeras viagens a Pequim com esse objetivo. Na semana passada, por exemplo, foi a vez do atual secretário, Henry Paulson, espremer o presidente chinês Hu Jintao para obter o mesmo objetivo.

Guerras de palavras são tigres de papel, como dizia Mao Tsé-tung do imperialismo americano. Entre as ameaças e os fatos pode haver abismos. Então, convém saber o que acontecerá se os chineses levarem as ameaças às últimas conseqüências.

O arsenal não é nada desprezível. A persistir a atual situação simbiótica entre Estados Unidos e China, não seria necessária uma desova de T-Bonds para que houvesse forte desvalorização do dólar. Bastaria que a China deixasse de aplicar suas reservas em ativos amarrados ao dólar. As reservas chinesas têm crescido entre US$ 250 bilhões e US$ 300 bilhões por ano e, se tudo isso fosse aplicado em ativos denominados em outra moeda, a desvalorização do dólar aconteceria do mesmo jeito, porque faltariam opções. Nem o euro nem o iene japonês assumiram condição de moeda de reserva internacional.

Alguns países da Opep, que também dispõem de reservas enormes, fizeram ameaças semelhantes. Elas nunca foram muito longe. Mas pelo menos dois bancos centrais, o da Rússia e o da Suíça, vêm reduzindo as posições em moeda americana.

Em princípio, se passasse a se desfazer de suas reservas em dólares, a China provocaria um terremoto com epicentro em Nova York, mas, em contrapartida, destruiria ao menos parte do seu próprio patrimônio. Se as posições em dólares nas reservas são de US$ 900 bilhões, uma desvalorização de 25% a 30% do dólar equivaleria a perdas de um ano em ganhos que a China obtém no comércio exterior.

Além do mais, o dólar desvalorizado em 30% aumentaria a competitividade do produto industrializado dos Estados Unidos ante o da China e isso estragaria o pesqueiro chinês, que são suas exportações.

De qualquer modo, o processo de desvalorização do dólar parece em marcha. Em um ano, uma enorme quantidade de ativos ficou mais cara em dólares. Cobre subiu 4,6%; milho, 18,9%; soja, 38,8%; euro, 7,8%; e real, 15,2%.

A comparação entre dólar e real puxa outra conseqüência. Toda desvalorização do dólar em relação a qualquer ativo implica desvalorização equivalente das próprias reservas brasileiras (hoje em US$ 158 bilhões).

Por ora, as ameaças chinesas não passam de tigres de papel.

Jefferson Peres fala sobre Renan Calheiros




ENTREVISTA

'Creio que é hora de uma ação mais enérgica'

Carlos Marchi

Senador apóia obstrução contra Renan e pergunta: 'Se ele nada fez errado, por que tanto medo de se afastar da presidência?'

O senador Jefferson Peres (PDT-AM) afirmou ao Estado que a disposição de apoiar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a qualquer custo 'diminuiu consideravelmente', referindo-se aos aliados do peemedebista que, no início do processo, se expuseram em público para defendê-lo. 'Creio que é hora de uma ação mais enérgica contra a obstinação do senador Renan Calheiros em não se afastar da presidência do Senado.' Eis a entrevista:

Há 76 dias o Senado está por conta do caso Renan. Isso está paralisando a Casa?

Sim, sim. Mas a partir de agora, com a obstrução anunciada pelo DEM e pelo PSDB, vai ficar formalmente paralisado.

O sr. está aderindo a essa obstrução?

Sim, pessoalmente, não como partido. Creio que é hora de uma ação mais enérgica contra a obstinação do senador Calheiros em não se afastar da presidência. Não há nada de pessoal nisso. Estamos defendendo o que precisa ser feito, que é constatar a incompatibilidade entre o exercício da presidência e a condição de investigado no Conselho de Ética. Por isso eu vou apresentar uma emenda nos próximos dias determinando que, recebida a representação pelo Conselho de Ética contra qualquer membro da Mesa, ele ficará afastado automaticamente. Isso já deveria constar do regimento. Não ter esse princípio é uma falha gritante.

A que o sr. atribui a resistência brutal de Renan em permanecer no cargo?

Ou o poder é cegante, como dizem, ou então ele acha que a permanência no cargo assegura a vitória dele no processo, com a rejeição da representação. Na verdade, eu creio que ele se enfraqueceu muito a partir do momento em que decidiu não se afastar.

Ele não teria mais boa vontade da Casa se tivesse se afastado?

Sim, foi-se criando uma má vontade em relação a ele por conta da teimosia. Isso o enfraqueceu muito e passou a ser visto como medo da verdade. Se ele nada tem a temer, se os documentos são autênticos, se ele não fez nada errado, por que precisaria ficar? Ele tinha, inicialmente, uma enorme maioria a favor dele na Casa, não apenas no partido dele, mas também em partidos aliados. Por que o medo de se afastar da presidência?

Hoje há maioria contra ele?

Eu não fiz pesquisa e não gosto de achismos. Minha intuição diz que a disposição de ficar com ele a qualquer preço diminuiu consideravelmente.

O caso Renan é caso perdido?

Não, não diria isso. Acho que ainda existem condições de permanecer no cargo, mas de tal forma debilitado, moral e politicamente, que eu me pergunto se valeria a pena.

Quem é: Jefferson Peres

>É senador pelo PDT do Amazonas, eleito pela primeira vez em 1995. Atual líder do partido

>É formado em Direito pela Universidade do Amazonas e administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas

Pôncio Pilatos

Comparação fulminante que a colunista Dora Kramer publica hoje em sua coluna a respeito do caso do boxeadores cubanos que desertaram da Delegação na última semana do Pan 2007.

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A complicada engenharia política na Palestina




O jogo da negação

Demétrio Magnoli *

Washington anunciou há dias um pacote bilionário de ajuda militar destinada ao Egito, à Arábia Saudita e aos principados do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico, que formam uma esfera geopolítica sob proteção saudita. Quase simultaneamente, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, reuniu-se em Jericó com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, e surgiram evidências de que altos representantes de Israel e da AP mantêm encontros secretos desde o início de julho nos quais se negocia a proclamação de um Estado Palestino.

Os movimentos paralelos indicam que Washington delineia uma nova estratégia para o Oriente Médio, quando se aproxima a hora, em setembro, em que o Congresso americano receberá do comandante das forças da coalizão no Iraque, general David Petraeus, uma avaliação geral sobre a guerra. O governo Bush, moribundo, pavimenta o caminho da retirada.

Na visão dos neoconservadores, embaçada pelo fanatismo ideológico, a invasão do Iraque deflagraria a reforma geopolítica do Oriente Médio. O fracasso, que arrastou para o túmulo o próprio governo Bush, terá repercussões regionais imensas. A retirada das forças de ocupação poderá ser acompanhada pela dissolução do frágil governo de Bagdá e pela implantação de centros de poder da resistência sunita e da Al-Qaeda. O reforço militar do Egito, da Arábia Saudita e dos seus Estados clientes é uma condição prévia para o abandono do Iraque.

Tony Blair destruiu-se a si mesmo, como líder político, quando decidiu cerrar fileiras com Bush na aventura iraquiana. Mas não é verdade que o britânico compartilhava a visão dos neoconservadores: sua ambição, irrealizada, era influenciar a estratégia dos EUA, inserindo a Palestina no núcleo da política ocidental para o Oriente Médio.

No texto do poeta Mahmoud Darwish, a Palestina funde-se à Andaluzia, de onde os árabes foram expulsos há cinco séculos, na epopéia cristã da Reconquista. “Andaluzia tornou-se um lugar perdido, e então a Palestina tornou-se Andaluzia: nós perdemos a Palestina, assim como havíamos perdido Andaluzia.” A profundidade histórica do paralelo, presente sob formas diversas nas narrativas árabes e palestinas, revela o lugar do nacionalismo palestino na cultura árabe - um elemento que ocupa o centro do cálculo político da Al-Qaeda. Blair, ao contrário de Bush, sabia que a estabilidade no Oriente Médio é impossível sem um Estado Palestino viável. Agora, no momento da derrota, Washington volta a olhar para a Palestina em busca de uma alternativa à catástrofe.

Em Jericó, Olmert declarou a Abbas que impulsionará “tão rápido quanto possível” a criação do Estado Palestino e os dois líderes agendaram negociações preparatórias da cúpula de paz marcada para novembro, em Washington. O presidente israelense, Shimon Peres, apresentou a Olmert um plano de devolução de 100% da área dos territórios ocupados e intercâmbios de terras entre Israel e Palestina para acomodar vários blocos de colônias na Cisjordânia. Pela primeira vez, o atual governo israelense parece admitir uma fórmula territorialmente viável para a paz.

A flexibilidade, contudo, é apenas aparente. Desde a ruptura entre os nacionalistas do Fatah e os fundamentalistas islâmicos do Hamas, em junho, Israel engajou-se na proteção do governo de Abbas, na Cisjordânia, e no isolamento do Hamas, que mantém sob seu controle a Faixa de Gaza. A estratégia tem a finalidade de fazer emergir uma Palestina liberta da presença política do Hamas. A irrealidade disso condena, de antemão, o empreendimento em curso.

Israel nasceu em estado de negação - e o reproduz, sem cessar, até hoje. No início do século 20, os sionistas prometeram “uma terra sem povo a um povo sem terra”. Quando, nas revoltas dos anos 30 e, novamente, na guerra de 1948-49, os árabes da Palestina se revelaram uma realidade incontornável, Israel decidiu que havia um povo, mas não uma nação, na Terra Santa. Os livros didáticos israelenses elaboraram o mito dos “beduínos do deserto”, figuras efêmeras que se deslocam sem imprimir sua existência à paisagem, enquanto os líderes do Estado rotularam como “jordanianos” aqueles árabes que insistiam em existir.

A presença da nação palestina se tornou inegável depois da Guerra dos Seis Dias, de 1967. Sob a ocupação israelense de Jerusalém Leste, da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, os palestinos deflagraram as intifadas, oferecendo a prova política irrefutável de sua existência. Nos Acordos de Oslo, de 1993, finalmente o governo de Israel reconheceu os direitos nacionais palestinos e avançou até o estabelecimento de um governo autônomo palestino nos territórios ocupados.

Mas a negação nunca terminou. Ao longo dos muitos anos do “processo de Oslo”, incansavelmente, o governo e a burocracia de Israel continuaram a autorizar a implantação de novas colônias e a expansão das colônias existentes nos territórios palestinos. Mais tarde, o governo de Yasser Arafat foi declarado ilegítimo sob o argumento de que estimulava e protegia o terrorismo. Depois, o governo do Hamas, oriundo da vitória eleitoral sobre o Fatah, foi declarado ilegítimo, sob o argumento de que não admite reconhecer o Estado de Israel sem a conclusão de um tratado de paz. Hoje, Israel negocia com um governo que considera legítimo, mas que só existe por meio da negação da vontade dos palestinos, expressa nas urnas.

O Hamas certamente não é um parceiro ideal para a paz. Seus “mártires” explodiram inocentes em cafés de Jerusalém e pontos de ônibus de Tel-Aviv e seu programa acalenta até hoje a utopia sanguinária da destruição do Estado de Israel. Mas esse partido fundamentalista é um componente da nação palestina - tanto quanto os partidos religiosos extremistas são componentes da nação israelense. Enquanto essa realidade não for reconhecida, o nome do jogo não será paz, mas negação.


* Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP
E-mail: magnoli@ajato.com.br

Espetáculo de aumento

Comissão do Trabalho aprova reajuste de 0,1% para servidor

Diap

A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados deu início nesta quarta-feira, 08/08, às atividades legislativas após o recesso. Em sua reunião ordinária, o colegiado aprovou requerimentos de pedidos de audiências públicas e projetos de lei que constavam em sua pauta.


Mas o destaque do dia foi a aprovação do reajuste de 0,1% para os servidores. Espetáculo de aumento, diga-se.

Marco Maciel é eleito presidente da CCJ no lugar de ACM

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado elegeu, na manhã desta quarta-feira, 08/08, o senador Marco Maciel (DEM/PE) para presidir o colegiado no biênio 2007/2008, em substituição ao senador ACM (DEM/BA), morto no dia 20 de julho.

Maciel foi vice-presidente da República, foi único nome apresentado para a disputa do cargo. Seu partido, em reunião nesta terça-feira, dia 07, lançou o nome do senador que foi aprovado por unanimidade no colegiado.


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Aprovado o novo Código de Ética dos Jornalistas

Reunido nesse final de semana em Vitória, Espírito Santo, o Congresso Nacional Extraordinário dos Jornalistas reformou o Código de Ética da categoria, em vigor há 22 anos.


O novo texto incorpora princípios da Constituição de 1988 e obrigações definidas em estatutos e códigos de direitos especiais, como o dos consumidores, dos idosos, das crianças e dos adolescentes, e de minorias.

O novo Código de Ética também leva em conta os avanços das novas tecnologias.


Um exemplo de mudança foi a inserção no documento do artigo segundo o qual “a presunção da inocência é um dos fundamentos básicos da atividade jornalística”. Como este é um princípio constitucional, sua incorporação pode parecer redundante à primeira vista. Na verdade, reflete a preocupação política de lembrar aos jornalistas que eles não são cidadãos melhores do que os outros, nem estão acima da lei. O desafio é combater a atual disposição de certos meios de comunicação que se arvoram em polícia, promotoria e juizado ao mesmo tempo, denunciando, julgando e punindo pessoas com a execração pública, muitas vezes sem elementos de prova e sem conceder-lhes o direito de resposta.

Outro avanço foi a adoção da cláusula de consciência, prevista em códigos de ética de jornalistas de vários países, e já reconhecida, por exemplo, pela Justiça de São Paulo. De acordo com a cláusula, o jornalista poderá se recusar a executar pauta que se choquem com os princípios do Código ou que agridam as suas convicções. Para evitar distorções ou abusos, ressalvou-se que essa disposição não pode ser usada como argumento, motivo ou desculpa para o profissional deixar de ouvir pessoas com opiniões contrárias às suas.

Entre outras disposições, o novo Código de Ética prescreve a obrigação do jornalista de informar claramente à sociedade quando seu trabalho tiver caráter publicitário ou quando utiliza recursos que modifiquem as imagens originais, como a fotomontagem. E determina que o profissional não pode divulgar informações obtidas de maneira inadequada, como o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo se houver a exigência de esclarecimento de informações de relevante interesse público, e desde que esgotadas todas as possibilidades convencionais.


A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) deverá divulgar massivamente o novo Código de Ética dos Jornalistas nas próximas semanas, assim que a comissão de redação final, eleita pelo Congresso Extraordinário de Vitória, terminar seu trabalho. Da comissão participam dois representantes do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal: o vice-presidente, Antônio Carlos Queiroz, e o membro da Comissão de Ética, Fernando Paulino.
(Antônio Carlos Queiroz)

Divulgado Balança Comercial do Agronegócio

As exportações brasileiras totalizaram US$ 73,21 bilhões no período de janeiro a junho deste ano. O agronegócio contribuiu com US$ 26,75 bilhões, representando 36,5% do total dessas exportações. Dentre os produtos do agronégocio, os produtos florestais exportados representados por: i) papel e celulose e ii) madeiras e suas obras, participaram com US$ 4,24 bilhões. Este valor corresponde a 5,8% do total das exportações brasileiras no período e a 15,8% das exportações do agronegócio.

Fontes: Secex / MDIC in CNA.



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