Resta uma esperança à Ciência

Divulgação STF
Uma leitura com atenção revela que nem tudo está perdido na Suprema Corte do Brasil. Colegiado que passa por momentos de inadiáveis questionamentos, inclusive do presidente da República.

O relatório do ministro Carlos Ayres Britto, defendendo o prosseguimento das pesquisas com células-tronco embrionárias em julgamento de decisão sobre a constitucionalidade de ação indireta patrocinada pelo então ex-Procurador do Ministério Público Federal Claudio Fonteles (carola convicto), despertou no meio jurídico e naqueles que fazem pesquisas avançadas sobre o assunto, ideólogos religiosos, antropólogos, sociólogos, médicos e por ai vai... de impacto poderoso sobre os necessários avanços que a sociedade brasileira precisa encarar com naturalidade.

Temas relevantes e controversos como a eutanásia, aborto, união estável entre homoafetivos devem entrar no exame da Corte.

Mas o que chama a atenção como um fenômeno que não pode passar despercebido pelo conjunto da sociedade brasileira é a busca da solução de seus problemas num ambiente democrático, relevado pela decisão oposta de opinião, sob a justificativa de maior tempo para juízo de valor, do colega paraense de Carlos Britto, seu chará Carlos Alberto Menezes Direito, que para não dar muita bandeira sobre suas comvicções fundamentalistas católicas agiu desta forma.

Britto um alagoano de 65 anos, casado e pai de três filhos, é forte candidato, desde já, como o "caçador do obscurantismo" residente num Estado regido por lobbys secretos e interesses escusos.

Entrevista - Carlos Ayres Britto - Em defesa da luz
Leonel Rocha e Ana Maria Campos - Da equipe do Correio

células-tronco esperança

Depois do relatório pró-pesquisas com células-tronco embrionárias, ministro do STF se prepara para analisar a ação que questiona a união civil entre homossexuais. Vem aí mais um libelo antiobscurantista

Aos 65 anos, casado, pai de três filhos, o ministro Carlos Ayres Britto é considerado o mais liberal dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na quarta-feira da semana passada, ele começou o debate que vai definir se os embriões congelados em clínicas de fertilização são seres protegidos por lei e se suas células-tronco poderão ser utilizadas em experiências genéticas e tratamentos médicos, como prevê a Lei de Biossegurança. Relator do caso, ele votou pela constitucionalidade do texto. Foi acompanhado pela presidente da Corte, ministra Ellen Gracie, e pelo colega Celso de Mello, que anteciparam suas opiniões. A votação foi suspensa depois que o ministro Carlos Alberto Direito pediu vista do processo. O assunto voltará a ser debatido (e definido ) nas próximas semanas. Católico com parentes padres, Britto procura ser holístico quando o assunto é religião. Dá a mesma importância a Cristo e a Buda, por exemplo.

Para expressar seu voto, concluiu que a ciência tem que estar a serviço da saúde humana e não ficar limitada a dogmas religiosos. Em meio a uma das maiores polêmicas enfrentadas pelo tribunal, o sergipano Ayres Britto, com seis livros de poesia editados e um sétimo no prelo, recorreu ao poeta alemão (Johann Wolfgang von ) Goethe — que morreu pedindo mais luz no pensamento humano — para justificar suas opiniões. “Chegou a hora da luz no debate sobre o papel da ciência moderna. Chega de trevas”, argumenta. Sem toga e se preparando para ir ao show do cantor Djavan com a família, ele recebeu o Correio em casa, na manhã de ontem, e manteve acesa a polêmica sobre o assunto.

Por que este debate sobre a Lei de Biossegurança está carregado de disputas ideológicas, religiosas e filosóficas, além dos aspectos apenas jurídicos?
No meu voto, chamei a atenção para a relevância ética, religiosa e filosófica, além de jurídica, dessa causa. É uma matéria sensível nos três campos. As diversas confissões religiosas têm o direito de participar desse debate, porque a sociedade é plural. O que não se pode é impor um ponto de vista a ponto de obstar legítimas políticas públicas e estatais. O debate é a sadia convivência dos contrários. Essa decisão do Supremo já nasce com legitimidade pelo envolvimento da sociedade neste debate. Pluralismo é o nome que a democracia toma quando vista do ângulo da convivência dos contrários. No mundo inteiro, o próprio catolicismo se divide quanto a esses tabus. Onde se encontra um bloco monolítico, fechado, contra o aproveitamento terapêutico-científico das células-tronco embrionárias, existe um fenômeno de cúpula, de dirigentes da igreja que fecharam questão. Não os católicos em geral. Isso também quanto ao aborto e à eutanásia.

Como o senhor, que tem formação católica, se livrou da polêmica religiosa em torno da Lei de Biossegurança?
Transito por estes expoentes da espiritualidade sem fechar com nenhum em particular. Rendo homenagens a São Francisco de Assis, um homem depurado, por exemplo, mas me deparo com Buda e encontro um líder espiritual portentoso. E não vou minimizar o papel de Buda perante Cristo. Os dois foram gigantescos. Além disso, uma coisa é Cristo. Outra é uma organização em torno dele. Uma coisa é Buda. Outra são as organizações em torno dele. Prefiro ver Cristo e Buda diretamente, sem as igrejas que se estruturaram historicamente e que cultuam suas mensagens.

O STF tem pela frente temas tão polêmicos quanto este, a exemplo do aborto para casos de anencefalia e união civil homossexual, eutanásia e até o próprio aborto. A polêmica vai se repetir?
Certos temas tidos pela sociedade como tabus são evitados porque não podem ser vistos de frente como o sol a pino. Mas uma sociedade democrática evolui no sentido de trazer tudo a lume. Não pode haver tabus temáticos em uma democracia consolidada. Este julgamento faz parte de um processo de evolução democrática que estamos maravilhosamente vivendo. Eu recebi para relatar o processo que trata da lei que regula as relações homoafetivas. Um dia, o Supremo iria se debruçar sobre esse tema. Não se pode mais escamotear nada. Essa aurora institucional que dizem estar vivendo o Supremo é conseqüência do processo democrático. Quando se tem liberdade de expressão, os tabus acabam. Isto é bom, é o antiobscurantismo. O direito brasileiro está do lado dos que sofrem e não do sofrimento.

O senhor acha que no Brasil há excesso de leis conservadoras que reforçam os tabus?
Este fenômeno existe, mas não o endosso da Constituição. Pelo contrário. Isto ocorreu porque a Assembléia Nacional Constituinte produziu um documento que é melhor do que a própria assembléia que o elaborou. A obra é melhor do que seu autor. Há no Brasil um descompasso normativo entre o direito comum e o direito constitucional. A Constituição é mais avançada do que o direito ordinário. O que nos cabe como ministros do Supremo é dar um banho de Constituição no direito ordinário para que ele se atualize e corresponda ao sentido de liberdade das nossas vidas.

Por que há este descompasso entre a Constituição, o conjunto de leis ordinárias e a vida real no Brasil?
Isto ocorre porque a Constituição está muito mais próxima da vida real do que o direito ordinário. A crítica de que a Carta Magna seja muito extensa e com artigos desnecessários é descabida. O texto deve ser celebrado como um documento enxuto e contemporâneo, no sentido da atualidade e valores que consagra. Tanto que as cláusulas pétreas, tão injustamente criticadas, significam uma proibição de retrocesso. Nós avançamos tanto na Assembléia Constituinte que foi preciso garantir esse avanço e impedir o retrocesso. Eu estou convicto de que a Constituição tem que ser vista com um novo olhar, de reverência e gratidão. O que está faltando é um novo olhar sobre o direito brasileiro, na perspectiva dos maravilhosos valores que as Constituição consagrou. Vou dizer dois: plenitude democrática e liberdade de expressão.

O STF está afinado com o pensamento da sociedade?
Deve estar, sim. O doutor Dráuzio Varella, que é um incontestável cientista respeitado, disse que a medicina celular vai cumprir no século 21 a mesma revolução que o antibiótico tempos atrás. Isto é uma visão de homem contemporâneo. O Victor Hugo (escritor francês do século 19) disse que “nada é tão irresistível quanto uma idéia cujo tempo chegou”. E chegou o tempo da medicina celular. Goethe morreu pedindo luz, mais luz. Claro que ele estava falando de luz não pensando no sol tropicalista, caribenho ou nordestino, e sim na luz da consciência. E nós vamos querer mais trevas, mais trevas e ainda mais trevas agora? Chega de trevas.

O senhor procurou exaltar o papel da mulher neste debate?
Noto que subjacente às teses religiosas e científicas de que o protagonista central do processo de hominização é o útero, está a exaltação da mulher. Distingo, no meu voto, a gravidez da maternidade. E digo que na barriga de aluguel, com certeza, há uma gravidez, mas é de se supor que não haja maternidade. Na maternidade consentida, querida, há um aporte de bem querer que cumpre um papel criativo, que vai plasmar a personalidade de uma futura pessoa.

É de se supor, então, que na sua opinião é legitimo e legal uma mulher grávida que não quer ser mãe interromper a gestação?
Eu não quis, por enquanto, antecipar o debate sobre o aborto. Porque não estava em causa e, depois, quando se abre o leque de controvérsia, perde-se o foco e o poder de convencimento enfraquece. O foco da questão é: os embriões produzidos in vitro, quando destinados à pesquisa científica e à terapia humana, sofrem uma violência tal que corresponde a um aborto? Eu respondi que não. Tenho dito que, para mim, a vida humana, já adornada do fenômeno da personalidade, é um fenômeno que transcorre entre o nascimento com vida e a morte cerebral. A vida civil, no conceito de pessoa. Para convencer, tive que fazer as distinção entre embrião, feto e pessoa. Se isso sugere uma antecipação do debate sobre o aborto, não foi a minha intenção.

Há críticos que apontam vários defeitos na Lei de Biossegurança.
Isto é fugir do foco do debate. O que devemos fazer é saber se o conjunto normativo da lei, que é o artigo 5º, é compatível ou não com a Constituição. Procurar outros defeitos ou virtudes na lei não está em causa. Na parte que estamos analisando, a lei é adequada, ponderada e necessária. Não analisei a lei como um todo porque o artigo sozinho já é um mundo. É quase uma nanojurisprudência e exige uma nanodecisão.

Quando se tem liberdade de expressão, os tabus acabam. Isto é bom, é o antiobscurantismo.

O lobby católico

Divulgação

Apesar de negar, o ministro paraense Carlos Alberto Menezes Direito, do Supremo Tribunal Federal, protagonista do pedido de vistas na ação de inconstitucionalidade apresentada pelo ex-procurador-geral do Ministério Público Federal, pode sim ser excluído do julgamento.

O defensores das pesquisas com células tronco embrionárias podem perfeitamente apresentar uma petição alegando suspeição do ministro.

Direito é declarado carola e age segundo a ditadura das leis canônicas da Igreja Católica. A mesma que é contra métodos contraceptivos, a mesma que se recusa a conceder a comunhão à casais divorciados, e por ai vai.

Mais um membro de destaque nacional do Pará, na contra mão da evolução humana.

Direito nem precisa revelar o que todos sabemos sobre a convicção da Igreja Católica sobre o assunto: o zigoto fecundado in vitro é gente, mesmo fora de útero que o permita o início do processo que, somente após 14 semanas começa a expandir a rede nervosa do futuro ser humano.

Detalhe: o objeto de pesquisa dos cientistas são células embrionárias descartadas e que serão jogadas no lixo após três anos sem que a elas sejam dado um destino final.

Passando pelos Corredores

Aos leitores. Meu muito obrigado.

O arrêmedo de tolerância

Por absoluta falta de novidades na Belém do Pará de Zenaldo Coutinho et Caterva, fica desde já, o pedido de uma união de jovens políticos tucanos para discutir a monumental obra de Almir, Efê Agá & Cia.

O endereço dos encontros não precisa expedição de convites.

Todos conhecem.

Façam, portanto, a renovação.

Se você leu essa mesagem e não é herdeiro de um destes. Mande um e-mail para os Corredores e informe. Informe como foi recebido.

Personalidade não se discute

Os pesares são inúmeros para desanimar a sociedade brasileira da possibilidade de dias melhores.

A classe política que a representa é um entulho que brinca de democracia e os elementos que postos são controlados.

Resta um pequeno espaço de resistência.

A cada degrau vencido, a sociedade brasileira mergulha em contradições que expõem-na à fragilidade em que está algemada, num ciclo de interminável iniqüidade que a formou.

O formidável dessa sociedade estranha, populosa e multifacetada é exatamente a incapacidade de seus governantes em dá-lhe o que seria o mínimo de direito.

Numa época no início de sua história, o recente desabafo resumido magistralmente na máxima martiniana-suplycista do senta, relaxa e goza, é combatido em todas as intâncias possíveis.

Intelectuais, barões da sem vergonhice que detem o controle da mídia e não menos pelilantras fantasiados para um funeral adjocatório do julgamento, resumem o que temos de melhor: o tesão.

Nesse angú de comidas, cheiros, tamanhos, e imbecilidades, constrói-se uma sociedade do caos.

Enquanto os donos do mundo arrepiam a ilharga submergindo num processo de redução da atividade econômica, os brasileiros tratam é de se dar muito bem, com ou sem grana para relaxar e gozar.

Seguir a risca a filosofia Sartreana de Suplici que também é Matarazzo é o máximo do luxo. Ou o lixo do mínimo.

Aturar o mau gosto do azedume natural paulista et orbit da Martiniana. Revela a insuperável capacidade, brasileiríssima, e como não!? De relevar o que seria uma bem aplicada pêia, se limitásse-mo-nos aos processos aos ditâmes dos bons costumes de padres estrangeiros numa terras de todas as raças.

O Brasil precisa de um Papa.

Presidente já o tem.

A visão medievalesca da empulhação tucana

Tucano de papo amarelo, habituado aos benefícios do poder partidário. O deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) não nega as intenções de seu partido, agora mesmo, na trincheira frágil da oposição que sua legenda tenta, mas, apesar do grande esforço, não consegue apoio público.

Na escalada sem limites do desatino. O blogger acredita que em 2010 o pensamento do PSDB continuará exatamente o mesmo: tentar engrenar uma segunda marcha de uma carro que há muito, distanciou-se da fala pausada, da língua calculadamente entre os dentes à vomitar todo tipo de enrolação, menos aquilo que o povo quer ouvir: serás tú, ó ave que habita os píncaros das nuvens, o Ícaro de asas fortes que poderá nos levar, nós, o povo, ao caminho e esperança de vida melhor.

-- Os fatos revelam apenas mais um dos Ícaros que se sustentam na onda que embala os trouxas. Pobres coitados frutos da inclusão que FHC jura que tirou da miséria com seu governo que pagou um salário mínimo de fome.

O deputado em questão é advogado, supostamente preparado, que impôs o cargo de líderança à ferro e fogo, numa queda de braço, no ano passado com o DEM para se sustentar numa apagada Liderança da Minoria na Câmara dos Deputados, que, ressalte-se, perde todas, inclusive em obstrução.

Coutinho é o mais bem acabado processo onde hoje está, erigido, e agora finalmente revelado, pois, a verdade pode tardar mas não falta, do antagonismo que permitiu que sua jovialidade e inteligência o levasse onde está. Por pouco tempo, ressalte-se, mais uma vez.

Nesse tempo que lhe resta como vice-líder da minoria, o ex-presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Pará, muito pouco apresentou para seu eleitorado paraense. Exceto, ataques, mais ataques...e tediosos ataques, inclusives de nervos de seu próprio alvitre, contra o governo central e estadual.

Estranho a atitude do jovem advogado, há muito tempo desacostumado à uma boa causa, pois, hoje, alocado por seus eleitores como político mesmo.

Interessante que o jovem advogado Zenaldo Coutinho, que teve tempo suficiente para exercer, longe das modorrentes e complicadas causas que os de sua profissão buscam para a garantia do pão, não tivesse aproveitado o tempo útil disponível, desonerado que estava dos cumprimentos de prazos e apresentação de petições, para apresentar um único projeto que seja ao povo paraense que tanto defende.

Doze longos anos com a faca e queijo na mão e qual foi o projeto apresentado pelo gajo?

Certamente uma ONG com o nome de uma parente próxima que concede certificados de cursos. Emendas que ele próprio destina a sí. Que mais?

Não apresentou um único projeto de lei revelante na Câmara. Não apresenta , igualmente, alternativas, sequer emendas aos bons projetos apresentados por seus pares. Trata-se de uma autêntico representante do novo mundo da empulhação tucana. Uma aves rara.

Sob o ponto do vista de atuação parlamentar o jovem deputado é um destêrro.

Com voz empostada, óculos que lhe apatecem uma aparência de um quê intelectual, limita-se a vociferar contra, toda e qualquer iniciativa do atual governo.

Para Zenaldo Coutinho, nada presta neste governo.

O representante tucano paraense, membro da alta cúpula que governou o Pará ao longo de mais de década, atua com invulgar proficiência contra a divisão do que chama a divisão de seu Estado. Mas, que Estado Zenado se refere. Belém do Pará?

Para o jovem advogado Belém do Pará é o Pará?

Coutinho e sua minoria contundente, é incapaz de apontar solução para o considera um projeto merecedor de discussão.

Especializado no mal educado nhem, nhem, nhem da política provinciana que não consegue se desvincilhar, Zenaldo segue a carreira.

Rei posto, príncipe morto.

A corrida do ouro verde

Trecho de um capítulo do livro que estou escrevendo, cujo título provisório é: "Macacada na Floresta".

Arbusto sagrado que nunca passou do peito do guerreiro kaiapó em altura, logo foi identificado como fonte da desmedida cobiça da macacada do barulho vindo do céu. Oriundos de florestas que eles mesmo dizimaram.
O movimento da colheita da fôlha, na época da chuva, disputava espaço no chão com as medidas de armazenamento de energia das mais bem sucedidas colônias de formigas do lugar.
Enquanto o exército de insetos no chão corriam para o insensante vai-e-vém para garantir a comida em lugar sêco do alto plano inundado pela chuva aberta pela torneira do céu.
Os macacos barulhentos não catavam um ouriço de castanha-do-pará sequer.
A nova moda era no entardecer, tão logo a irmã do sol se pusesse a crescer, e todo o trabalho começava postava-se à prumo para arrancar as folhas de Jaborandi.
Acumuladas entre as 18h00 e 6h00 da manhã, o caminho das folhas era entregue aos sacos que caiam do céu como um milagre.
Os sacos eram amontuados em grandes pilhas e realocados em intimidadoras máquinas que percorriam os caminhos das esplanadas à beira de cá do Xingu.
Alguns macacos esperavam o outro transporte que surgia, ainda na névoa sobre o fio da água da manhã impúbere e avançavam na direção da cidade, no lado de lá do Xingu. E na cidade a macada saia, logo depois, para a sessão de cachaça, drogas, mulheres e troca de tiros do faroeste cabôclo que a Legião nunca jamais imaginou acreditar acontecer.
De lá, seguiam em caminhões para os barracões dos barões da Merck.

Alfredo Homma é um pesquisador da fragilidade e ao mesmo tempo do incalculável potencial da economia extrativa amazônica. Convite rentável à biopirataria de macacos de todas as odens.

Convocado por iniciativa da ex-deputada federal Socorro Gomes (PC do B-PA) para considerações na Audiência Pública presidida pela socialista paraense no dia16 de setembro de 1997, na Câmara dos Deputados o doutor revela os que os macacos e formigas não sabiam:

As indústrias farmacêuticas dos países desenvolvidos precisam ter segurança quanto a quantidade, qualidade e certeza do material que está sendo adquirido, principalmente, para a confecção de produtos medicinais e de corantes naturais para a indústria de alimentos. É bastante provável de que com os altos preços das ervas medicinais, por exemplo, os coletores passem a misturar componentes de outras plantas, tal qual os seringueiros faziam no passado colocando outros objetos nas "bolas" de borracha (* extraídas das seringueiras amazônicas, mas que também podem ser obtidas por um outro arbusto praticamente extinto na Amazônia: o caucho).

O aspecto mais importante é a fragilidade da economia extrativa no qual se baseia a coleta da maioria das plantas medicinais, aromáticas, frutos, entre outros, na Amazônia. A economia extrativa se caracteriza por uma oferta rígida, determinada pela Natureza, que depois de atingir certa quantidade, não consegue atender ao crescimento da demanda. A escassez do produto e os altos preços, constituem um estímulo e convite para desenvolver plantios racionais desses cursos. É o que já está ocorrendo com o jaborandi, planta produtora de pilocarpina utilizado no tratamento de glaucoma, que sempre constituiu-se no monopólio da Merck. Enquanto existiam estoques de jaborandi a Merck sempre se apoiou na coleta extrativa, mas a medida em que os estoques dessa planta passaram a se esgotar, esta indústria implantou um plantio racional de 300 hectares em Barra do Corda, no Maranhão, com colheita mecanizada e utilizando irrigação com pivô central, que apesar dos problemas, atende 40% do mercado de pilocarpina. O recente crescimento do uso de jaborandi para xampus tem pressionado ainda mais para a destruição dos estoques dessa planta na Amazônia. Outras plantas que a Merck dedica um esforço pela sua domesticação encontra-se a fava danta, com provável utilização para o mal de Parkinson. Esse exemplo da Merck deveria ser imitado por outras indústrias farmacêuticas, procurando domesticar recursos da biodiversidade e desenvolver plantios na região e, se possível, a verticalização da sua produção no país.


* Nota do escritor.

O fluxo dos macacos

Em 1981, um ano após a descoberta do garimpo de Serra Pelada. Um contigente antes só visto no alarido sem fim do maior caminho de macacos jamais aberto nas entranhas da inespugnável floresta. Silenciou tambores.

Há muitas Luas o entardecer chorava o reencontro de um Céu de estrêlas parecido perdido.

Era difícil na maior parte do tempo os macacos daqui e acolá, mesmo a mando dos chefes alcançar o mais alto galho da mais alta castanheira olhar o que se passava no tapête de estrelas que guardava a luz da irmã fria do dia.

A tristêza era moeda corrente dos macacos que não podiam ver, desnorteados que agora estavam reduzidos a observar os acontecimento e adiar, desnorteados, a referência do tempo perdido das cerimônias, preparos e coleta de pinturas para a festa.

Do ar surgiam dia e noite pássaros alados trazendo a tormenta mais forte. Objetos que agora cercavam pelo ar, o que fora cercado pela terra e quanto mais forte o som nunca ouvido e o vento sentido, mais macacos surguiam de todos os lados.

Era uma batalha perdida.

Do Céu caíam sacolas enroladas. Algumas, na maioria encontavam o chão das esplanadas abertas à facas que pareciam um pesadêlo de eficiência, difícil para acompanhar com os olhos a extensão do estrago perpetrado como que a extensão das patas dos macacos invasores, outras, mais volumosas, quando abertas distantes do encontro inicial, faziam um barulho sêco.

Em seu interior continham, talvez, o segrêdo para o segrêdo daquela raça que não parava de chegar.

Um ano após a descoberta do garimpo de Serra Pelada, começaram os serviços de construção da Colônia Agrícola de Tucumã. Em 1982 foram assentados os primeiros colonos oriundos da região sul do País, por possuírem tradição agrícola e recursos próprios para se auto sustentarem, pelo menos no primeiro ano de assentados, contudo com a descoberta do ouro na região, muitas pessoas chegavam e inclusive sem terras de outros estados, ficando a situação tensa e sem controle por parte da iniciativa privada (Andrade Guiterrez) que começou a recuar nos investimentos, passando o problema e salvaguardar o projeto de colonização particular, sendo este invadido por mais de 3 mil famílias.

A partir daí a empresa suspendeu os investimentos, o povo se uniu e formou o conselho de
Desenvolvimento Comunitário de Tucumã, que se incumbiu de administrar o núcleo urbano até a implantação do município em 1º de janeiro de 1989.

No plano de expansão telefônica que participei em 1989. Tucumã fora aquinhoada com 400 terminais telefônicos.

A busca pelo ouro, desenfreada, já tendo recebida uma gigantesca leva de fracassados da interditada Serra Pelada, achavam o que não encontraram no maior garimpo a céu aberto do planeta.

Economias inteiras de famílias de migrantes do sul do país evaporaram pela cobiça em busca do ouro.

Como um agricultor que conhece os caminhos do ensinamento da lide na terra poderia granjear fortuna, com a loteria da busca pelo vil metal?

E o fracasso prosperou. Não para a Andrade Gutierrez que foi regiamente paga através de bem sucedidas reparações judiciais.

Identificando no fracasso que só restaria ao arruinado agricultor voltar ao trabalho na roça. Os sulistas mapearam as melhores terras, com generosas ocorrências de manchas rôxas, a dedicarem-se ao plantio de cacau e outras culturas.

O crescimento de algumas cultivares de capim era de um sesultado jamais visto.

Em pouco mais de uma década, os migrantes sulistas, derrubaram a exuberância do mogno, cedro, ipê rôxo, castanheiras e outras essências e com o dinheiro plantaram capim.

Tucumã é o maior desastre ambiental da Amazônia.

Resta-lhe apenas 2 % da cobertura original antes da chegada do projeto dos macacos verdes.

A Amazônia dos macacos

Leia em primeira mão trecho do livro-reportagem que estou escrevendo, cujo título provisório é: "Macacada na Floresta".

Dentre as tribos de macacos dominantes na floresta, poucas sem comparam aquela que é identificada por vestes camufladas de tecidos especiais, munidos de substâncias químicas as mais variadas para protegê-las do ataque, quer de venenos espalhados num tabuleiro de caminhos que os levam ao desconhecido, ou, ao mesmo tempo, insistem afrontar-lhes a consciência ao cabo da noite que se põe, sempre, e ninguém sabe se cada vez mais majestosa, quando da noite que vem e se estabelece no inigualável e aterrador barulho da mata em pleno processo contrário à fotossíntese de um dia estafante de trabalho a modo limpar os pulmões de todos os lugares do mundo.

Foi no ano de 1989 que encontrei nessas andanças que a vida nos faz percorrer, na cidadela chamada São Félix do Xingu, fronteira extremo sul do Pará com o Estado do Mato Grosso, um aventureiro americano oriundo do Estado do Oregon, que não sei se ainda está vivo, mas, lá instalou e mantinha um restaurante chamado Xingu Lodge.

A alguns passos do restaurante. Os clientes americanos do estadunidense, ávidos a provomer a disgestão após apreciarem uma peixada amazônica preparada por um chef que o americano contratou em numa das inúmeras cidades ribeirinhas do Pará, preparavam-se para atravessar numa pequena voadeira o Rio Xingu.

O destino era o acampamento numa das esplanadas que abrigavam seis pontos avançados do Xingu Lodge Tour Forrest, nome da empresa de turismo de aventura do gringo.

Não havia registro dessa empresa em qualquer lugar do controle das autoridades brasileiras.

Não precisava. A fiscalização jamais a incomodaria, visto que não existia e não existe até hoje. Salvo as protegidas pelas patrulhadas da preservação de outras tribos de macacos. Todas de idiomas estrangeiros.

No turbilhão do inverno amazônico, diferente do rigôr do frio das regiões próximas aos círculos polares Norte e Sul do Globo Terrestre, a chuva amazônica traz consigo o ciclo dos insêtos vetôres das doenças tropicais. É morte na certa para quem não conheçe a forma de proteção sob o domínio das populações tradicionais.

Os panflêtos da operadora cladestina de turismo eram surpreendentemene bem feitos de papel couchê brilhante.

Eram distribuídos em vários e indistintos pontos dos Estados Unidos onde estivesse um cliente interessado em conhecer a Amazônia por um americano especializado na matéria. A propaganda corria mundo afora e enchia de dólares e outras moedas o bolso do doublê de restanrauter americano e guia turístico.

Nesta época, solteiro, era um servidor concursado da extinta Telecomunicações do Pará S/A (Telepará), uma das empresas estatal subsidiária do Sistema Telebrás, controladora das Telecomunicações do Brasil, herança do modelo de desenvolvimento imposto no regime militar que perdurou por três décadas no País.

Fora deslocado ao município para a tarefa de efetivar a comercialização de 800 telefones residenciais e comerciais.

− Foi um Deus nos acuda.

São Felix do Xingu é o segundo maior município em área territorial do mundo, −e, naquela época, o sistema oficial de Telecomunicações era pendurado numa fila como a vontade de fluxo de um funil.

Uma retransmissora via satélite localizada na Ilha do Mosqueiro, via Embratel, completava as ligações Direta à Distância e Direta Internacional. Como o sinal periclitava nos mesmos têrmos de uma virgem na iminência de conhecer os meandros do amor; culpa creditada ao desgaste além das especificações técnicas do gerador que mantinha uma arcáica Central Telefônica Analógica da Siemens, fabricada, sabe-se lá, quando, na Alemanha.

Os pobres usuários da telefônica eram obrigados à preces para a ligação completar. Motivo pelo qual, São Felix do Xingu, Tucumã, Ourilândia do Norte e Água Azul do Norte, municípios dependentes do bom funcionamento da parabólica de São Felix, invariavelmente eram os últimos da fila para completar as chamadas.

Não raro o sistema caia. Aliás, o sistema caia o tempo todo. Quando não era problema no Satélite era o dos moto-geradores que energizavam as antenas instaladas nos morros nas cercanias da cidade, ou um técnico era atingindo por um ataque de animal peçonhento.

Não raro um técnico escalado para a manutenção do grupo gerador -- não existia energia elétrica permanente na cidade --, ser vítima de picada de cobras venenosas, aranhas assassinas, alvo de escopiões vermelhos (os mais letais) ou, o mais comum: de um ataques de enxames de abelhas cujas pesquisas posteriores revelaram serem mais terríveis que as de abêlhas do tipo africanas, fruto de uma mutação genética ao migrarem para a região, ou maribondos de fôgo, vêspas enfesadas e formigas carnívoras.
Ministério do Trabalho era apenas uma letra morta no vocabulário. O sindicalismo sempre foi voltado para os interesses da posse da terra.

Em razão da quantidade extraordinária de acidentes de trabalho. A direção da Telepará, atendendo uma recomendação da Cipa, departamento encarregado de assuntos de segurança de trabalho, passou a exigir a obrigatoriedade do porte de um estojo de primeiros socorros que continha soro anti-ofídico e similares aos técnicos designados à tarefa de manutenção de suas unidades de geração de energia, manutenção de tôrres e cabeação telefônicas.

− A coisa era feia e apavorante!

A eletricidade funcionava graças a um antigo gerador a diesel da época em que o governo militar ali estabeleceu, sem qualquer sinal de concorrência pública, a implantação do Projeto Carajás em 1977, advindo, segundo justificou, da necessidade do Governo colonizar um grande espaço vazio existente entre a Gleba Carapanã -- meio caminho entre Tucumã (homengem aos índios da etnia Kaiapó e insetos que lá residem) e São Felix do Xingu--, fim da linha traçada da rodovia estadual PA-279.

Foi um projeto particular realizado pela Construtora Andrade Guiterrez.

Particular era a designação cínica, estratégia para enganar a opinião pública, utilizada pelos militares para adotar um neologismo sem sinal de desfasçatez do entreguismo que mediavam entre parêdes nos seus negócios espúrios e de Estado via propaganda do escândaloso beneplácito aos sócios civis eleitos. Midiática sob o jûgo de uma imprensa amordaçada. A tribo verde tudo podia.

A topografia no extremo sul do Pará em toda a sua faixa sul de fronteita é radicalmente diferente da que é conhecida na chamada Planície Amazônica. A região é a transição da luta intestina nas profundezas da Terra, advindas dos cilclos de aumento e diminuição de temperatura global, até hoje, não totalmente conhecidos pela ciência, que gerou um terreno único e rico.

O caldeirão de elementos químicos gerados nas profundezas do interior profundo da região, amalgou a maior Província Minaral conhecida hoje no mundo.

Os macacos verdes aproveitaram a forja para criar a Companhia Vale do Rio Doce.

Lotado no Distrito Sul, minha função na Estatal era a de controlar o fluxo financeiro do Postos de Serviços na região do Carajás que compreende 39 municípios no sul/sudente do Estado do Pará.

Tínhamos graves problemas na região de influência da PA-279 e no trecho carajaense da PA-150, a partir da cidade de Marabá, sede do Distrito Sul.

A Telepará tinha uma demanda por terminais telefônicos e aumento de canais nos Postos de Serviço (orelhões geradores de ligações DDD e DDI com chave, cobrados pelo tempo dos pulsos de cada ligação) que eram simplesmente inadministráveis por falta de injeção de capital.

O Ministério das Comunicações era presidido pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães. A Telepará tinha como presidente Ambire Gluck Paul. O Brasil era governado por José Sarney.

Nas três tribos citadas, os macacos progrediram como ninguém em suas terras.

A população de Marabá, que há dez anos atrás soltara foguetes em comemoração à queda da condição de Área de Segurança Pública, inchava descontroladamente com o brutal movimento gerado após o anúncio da descoberta do garimpo de Serra Pelada, ocorrido no início da década anterior.

A macacada foi de cabeça na febre do ouro.

O melhor do BBB

Playboy




























Sem dúvida nenhuma é esse avião que atende pelo nome de Jaque.


À ela dedico o dia Internacional das Mulheres.

Oito espanhóis de volta para casa

Autoridades brasileiras reajem e mandam de volta oito espanhóis.

Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados

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