Plenário da Câmara tenta acordo para votação da MP que concede aumento ao funcionalismo federal

Val-André Mutran – Os líderes partidários tentam chegar a um acordo para a votação ainda hoje da Medida Provisória 431/08, que concede reajustes a 16 carreiras federais e aos militares das Forças Armadas, abrangendo cerca de 800 mil servidores.

A oposição não entrou em obstrução, porém, há uma preocupação em relação à garantia da paridade salarial de várias categorias do serviço público federal.

A paridade é garantida nas Emendas Constitucionais de nº 41 e 47 da Constituição Federal. Portanto, uma MP, ou uma Lei infraconstitucional não tem força para derrubá-la.

TSE contra a modernidade...

...inaugura censura à internet

ARTIGO - Ruy Fabiano

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estendeu sua jurisdição à internet. Proibiu que no espaço virtual, que não é concessão do Estado, circule material informativo sobre as eleições. Nessa rubrica constam não apenas propaganda, mas também material analítico e notícias.

Hoje, a internet — com seus milhares de sites, blogs, portais e comunidades — é a mais abundante fonte de consulta, jornalística ou não, acessada pelo público. Seu índice de leitura supera o dos jornais. Não por a caso, para lá migraram praticamente todos os jornais e revistas e alguns dos melhores jornalistas — e o fenômeno não é apenas nacional: é mundial.

Censurá-la, pois, é atentado à liberdade de informação, o que infringe a Constituição Federal. Coloca o Brasil no mesmo patamar de China e Cuba — ditaduras temerosas da liberdade de expressão —, que exercem implacável fiscalização sobre a rede mundial.

Configura, inclusive, retrocesso em relação ao próprio tribunal. Há dias, o TSE reviu decisão análoga da Justiça comum, relativa à mídia impressa. Três órgãos de imprensa — Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e Veja — haviam sido punidos por cumprir o papel institucional de informar. O TSE, diante da insustentabilidade daqueles atos, reconheceu que jornalismo não é propaganda. E os revogou.

Entrevistar candidatos não significa vendê-los ao público. Propaganda é forma específica de comunicação, em que não atua o contraditório. Vendem-se as supostas excelências de um produto, sem menção aos seus eventuais efeitos colaterais. Propaganda eleitoral não é diferente.

Já informação jornalística é outra coisa: divulga fatos e acontecimentos. Quando o jornal faz opção por algum candidato, legítimo direito que tem, expõe seus argumentos. Acompanha-o e compra-o quem quiser. Nem por isso, deixa de expor o contraditório, ao noticiar a campanha dos adversários e seus respectivos argumentos. Se não o fizer, encalha.

Entrevista jornalística é diálogo, em que cabe ao entrevistador extrair o máximo do entrevistado, fazendo com que diga não apenas o que quer, mas também o que não quer. As melhores entrevistas são exatamente aquelas em que o entrevistado trai a si próprio, revelando o que não planejara dizer. O resultado de uma entrevista depende do talento de ambos, mas sobretudo de quem entrevista.

Caracterizar entrevista como propaganda é desconhecer seu significado e objetivo. E a Justiça havia punido a Folha de S.Paulo por entrevistar dois pré-candidatos — Marta Suplicy e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab —, por entender que, ao publicar suas respectivas plataformas, havia feito propaganda política.

Uma procuradora chegou a mencionar o que era possível em entrevistas com candidatos: mencionar preferências culinárias, hábitos domésticos e culturais etc. Mostrou-se aprendiz em culinária jurídica e um desastre em jornalismo. O jurista Saulo Ramos lamentou o despreparo técnico dos protagonistas daquele ato.

O TSE corrigiu isso. Mas sua Resolução n° 22.718, recém-publicada, reincide na falta. Equipara equivocadamente a internet ao rádio e à televisão, concessões públicas. Proíbe assim a mídia eletrônica de difundir opinião em relação a candidaturas e de dar tratamento diferenciado aos postulantes.

Jornais e revistas, empresas privadas — compreensão que a Justiça
só teve depois de forte reação da mídia —, continuam (felizmente) livres dessas restrições. Mas o precedente é perigoso.

A internet é um espaço democrático mundialmente respeitado como tal. Nela, o poder econômico não exerce (ainda) monopólio. Blogueiros avulsos obtêm grande repercussão e fazem o contraponto às informações e opiniões do establishment.

Tem-se ali um verdadeiro mercado da informação, em que prevalece quem melhor vende seu peixe. É o público que confere prestígio aos habitantes do espaço virtual. À exceção de ditaduras, ninguém se atreveu a mexer nisso.

Ingerência só em casos específicos, que configuram crime, como a pedofilia ou a incitação à violência. Mesmo assim, essa intervenção, indispensável, tem sido largamente discutida, exatamente para que não sirva de pretexto a restrições ilegítimas.

Pena que a maioria do TSE não tenha dado ouvidos ao ministro Carlos Ayres Britto, que em poucas palavras disse tudo: “O direito não tem como dar conta desse espaço. É um espaço que não nos cabe ocupar. Deixemos os internautas em paz”. Deixem mesmo.

O governo enquadra as ONGs

Finalmente o governo começa a dar um tratamento com a seriedade que o problema requeria à livre atuação das ONGs em atuação no país. As verde-amarelas e as que impunham outras colorações. As de reconhecido valor para para a sociedade e as picaretas que tripudiam onde atuam. Algumas chegando ao absurdo, não antes sem a leniência do governo, de ditar rumos de várias políticas estratégicas da nação.

Editorial ― O Estado de S. Paulo

O governo finalmente despertou para o problema da atuação indiscriminada de organizações não-governamentais (ONGs) no País, especialmente na região amazônica. O Ministério da Justiça baixou, na última sexta-feira, portaria fixando o prazo de 120 dias para que todas as ONGs estrangeiras se recadastrem na Secretaria Nacional de Justiça, informando seus objetivos, planos e métodos de trabalho, representantes legais com residência fixa nos locais onde atuam e fontes de financiamento. As ONGs também terão de apresentar cópia de seu estatuto devidamente registrado nos países onde têm sede.

A portaria foi inspirada por relatórios da Polícia Federal, Funai, Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ibama e Ministério da Defesa sobre irregularidades que têm sido cometidas por essas entidades. A ONG internacional que não se recadastrar será automaticamente impedida de atuar no Brasil. Além disso, o governo prometeu expedir até o final de julho decreto tornando mais severas as regras para atuação das ONGs, inclusive as nacionais, em áreas indígenas e de proteção ambiental.

A medida foi tomada dez meses após a instalação, no Senado, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o repasse de dinheiro público para o chamado "terceiro setor". Um de seus objetivos era apurar eventuais irregularidades nos gastos de associações indígenas - assessoradas por ONGs - com aquisição de equipamentos e veículos para a execução de programas de saúde e melhoria sanitária. Leis mais rigorosas são uma antiga aspiração de entidades filantrópicas e fundações empresariais sérias, que há anos se queixam da proliferação de entidades criadas por espertalhões e oportunistas para obter recursos oficiais. Segundo as estimativas do governo, há cerca de 160 mil ONGs de todo tipo atuando no País.

Pela legislação em vigor, considerada excessivamente leniente, as ONGs que atuam nas áreas de saúde, educação e assistência social podem receber subvenção direta do poder público e são isentas da contribuição previdenciária patronal. Para tentar evitar gastos perdulários e malversação de recursos governamentais, em 1999 o então presidente Fernando Henrique sancionou a Lei 9.790, que criou a figura jurídica da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. E, em 2004, o presidente Lula instalou um grupo de estudo para propor uma nova regulamentação para o setor.

A portaria baixada na última sexta-feira tem como alvo as ONGs que atuam com tribos e organizações indígenas e movimentos de proteção ambiental na Amazônia, e as que atuam com programas de adoção internacional de crianças. Atualmente, estão cadastradas na Secretaria Nacional de Justiça 167 ONGs estrangeiras, das quais 27 com atuação específica na região amazônica. Algumas entidades internacionais mantém vínculos com comissões pastorais da Igreja Católica e com grupos evangélicos. Outras trabalham em colaboração com órgãos públicos, como a Funai e a Fundação Nacional de Saúde.

Muitas têm propósitos vagos, fontes de financiamento nebulosas e algumas estão envolvidas em denúncias de invasão de terras, desmatamento, biopirataria e exploração ilegal de recursos naturais. "A portaria prevê uma prestação de contas e um certificado de regularidade. Cada mudança de objetivo, de área de atuação, de fonte de financiamento e de diretoria terá de ser comunicada à Secretaria Nacional de Justiça dentro do prazo de 30 dias. Sem isso as entidades estrangeiras não poderão permanecer no local onde atuam. Não é uma política contra as ONGs. Trata-se de um esforço para separar o joio do trigo. "A idéia é prestigiar as ONGs que prestam serviços relevantes, separando-as daquelas que não trabalham adequadamente", diz o ministro da Justiça, Tarso Genro. "A finalidade é pôr ordem jurídica na região", conclui, referindo-se às ONGs que atuam na Amazônia.

As medidas que o governo está tomando para disciplinar a atuação das ONGs já deveriam ter sido postas em prática há muito tempo, principalmente na Amazônia, uma região vulnerável a aventureiros.

Financial Times diz que falta pouco ao Brasil para ser uma superpotência

O jornal inglês Financial Times, um dos mais influentes da Europa, destaca avanços dos últimos anos e boas condições para produção agrícola e de energia no Brasil, mas lembra que ainda há muitos desafios a superar no país

"Surfando em uma grande onda de confiança." É dessa forma que o jornal britânico Financial Times apresenta o Brasil, em um caderno especial de seis páginas sobre o País, divulgado ontem. A série de reportagens mostra os avanços econômicos, políticos e sociais obtidos nos últimos anos, mas aponta que a tarefa de transformação ainda não está completa. "Não é um exagero dizer que o Brasil está à beira do status de superpotência", diz o jornal. Conforme a publicação, em um momento de aumento da demanda por alimentos e energia, o País tem uma posição singular.

Além de ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo, o que inclui o etanol de cana-de-açúcar, o Brasil está entre os líderes da indústria automobilística e em breve deve se tornar um importante exportador de petróleo. O mercado interno está explodindo, o que passou a representar um ímã para o investimento externo direto. "Muito disso se tornou possível pelas reformas feitas nos últimos 15 anos", afirma.

Segundo o FT, as bases da prosperidade do Brasil foram feitas sob a administração de Fernando Henrique Cardoso, e na época condenadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT), então na oposição. "Mas, no governo, Mr. Lula da Silva e seus conselheiros passaram a ver o valor, especialmente para os pobres, da inflação baixa e da estabilidade econômica."

O jornal destaca a importância do programa Bolsa Família, que colocou uma quarto da população brasileira, de 190 milhões de pessoas, no mercado de consumo pela primeira vez. O FT diz que o programa começou a ser desenvolvido no governo FHC, mas foi amplamente expandido durante a gestão Lula.

Mas a publicação aponta desafios. "A infra-estrutura do País é uma confusão. A saúde pública e os serviços de educação são persistentemente inadequados", diz. "O custo de falhar ao lidar com essas questões pode trazer outra geração de oportunidades perdidas."

Conforme o FT, ainda é preciso fazer as reformas da Previdência, da legislação trabalhista e a fiscal. Além disso, um dos principais problemas é o tamanho do setor público, considerado pela publicação um obstáculo ao crescimento.

Mas o jornal reconhece os custos políticos de mudanças como essas. "Para fazer as reformas você precisa queimar o seu próprio capital político", afirma Fernando Henrique Cardoso, entrevistado pelo FT. "Mas os ganhos só vêm ao longo do tempo." Por causa disso, afirma o ex-presidente, a agenda do atual governo mudou das reformas mais difíceis para as mais leves, como educação e segurança.

A publicação também aponta que há ameaças à estabilidade macroeconômica. O País passou recentemente a registrar déficit em conta corrente e a inflação pode encerrar o ano em 6,5%, dois pontos porcentuais acima do centro da meta estabelecida pelo governo.

Ness sentido, diz o FT, o ciclo de aperto monetário é um desafio para o cenário de expansão do crédito registrado recentemente no Brasil. "O perigo é que a alta dos juros leve a um aumento da inadimplência e prejudique a expansão dos bancos", diz o jornal. "O bancos brasileiros estão desafiando a tendência global ao registrar saudável melhora de rentabilidade, tornando pública sua confiança sobre o futuro", afirma a publicação. Mas, para o FT, a alta dos juros, diante do aumento da inflação, poderá sufocar os empréstimos e reduzir as fontes mais baratas de financiamentos.

Em entrevista ao jornal, o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, traça um quadro positivo, de saúde robusta. Como exemplo, cita que a instituição está abrindo 194 agências este ano, mais do que o número entre 140-150 registrado em 2007. Ele ainda planeja triplicar os empréstimos do banco para R$ 6 bilhões neste ano, ante R$ 2 bilhões em 2006.

Para Celina Vansetti, analista da Moody?s, a alta do juro provoca dois efeitos. De um lado, os bancos aproveitam o rendimento maior de suas carteiras de investimentos. Mas há o risco de alta da inadimplência e de redução da expansão do crédito.

Greenhalgh era elo com Planalto, diz procurador

Banqueiro Daniel Dantas contaria com o ex-deputado do PT para ter acesso dentro do governo; Justiça negou a decretação de sua prisão

A quadrilha supostamente montada pelo banqueiro Daniel Dantas tinha no advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal do PT, um de seus principais braços para tentar barrar as investigações da Polícia Federal. "Greenhalgh fez contato com um órgão do Executivo", limitou-se a dizer o procurador da República Rodrigo de Grandis. Em um telefonema recente, o ex-deputado conversou com o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, em busca de informações sobre a investigação sigilosa da PF.

Para o Ministério Público Federal, não há dúvida de que Greenhalgh era integrante da organização criminosa. Por isso, o procurador pediu à Justiça a decretação da prisão temporária de Greenhalgh, que foi negada.

O advogado negou a acusação de tráfico de influência. Ele disse desconhecer as razões que levaram o envolvimento de seu nome nas investigações. Greenhalgh afirmou que foi contratado como advogado criminalista por Dantas. "Atuei na defesa de meu cliente nos estritos marcos da legalidade e da ética profissional." Por fim, disse que "nem mesmo na ditadura militar" foi envolvido em investigação por conta "da defesa de seus clientes". "A violação das prerrogativas do advogado é prática inadmissível."

Segundo o Ministério Público, foi apurado que Greenhalgh fez parte do esforço da organização para descobrir a natureza do procedimento da PF e quem era o delegado encarregado da investigação. "Ele participa dessa articulação para descobrir onde estava o procedimento e de todas as informações que, por força legal, são sigilosas. Era por meio dele que Daniel Dantas contava ter acesso dentro do governo", afirmou o procurador.

A PF concluiu que o ex-deputado agiria "junto a altas autoridades do Poder Executivo e a empresas estatais, dentre elas o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES)". Segundo os federais, os integrantes do esquema usavam codinomes nas conversas telefônicas.Greenhalgh seria identificado como Gomes e pelo apelido Leg. Para o juiz Fausto Martins De Sanctis, da 6ª Vara Federal, no entanto, não havia indícios que justificassem a decretação da prisão do advogado ou o mandado de busca e apreensão em seu escritório.

Além de Greenhalgh, o assessor Guilherme Henrique Sodré Martins, o Guiga, também faria tráfico de influência em favor do Opportunity. Sodré teria repassado informações sobre a apuração da PF. Assim como no caso de Greenhalgh, Sodré teve a prisão negada pelo juiz. Ele atuaria "no Parlamento em favor de Dantas". A PF flagrou contatos de Sodré com um senador.

"INFLUENTES"

As investigações apontaram ainda que o Opportunity "utilizava-se de pessoas influentes no meio político". O relatório cita nessa condição Naji Nahas, o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula José Dirceu e o atual ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger.

Fonte: Estadão

Operação Satiagraha: as digitais de Daniel Dantas

O banqueiro Daniel Dantas conseguiu se aproximar de ministros do governo petista e de integrantes da cúpula do PT. Na campanha eleitoral de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva foi alertado pelo então coordenador de campanha e futuro ministro Luiz Gushiken de que o empresário fazia jogo pesado no mundo comercial e que tinha interesse em manter a influência sobre os fundos de pensão de estatais federais para vitaminar negócios privados.

No governo de Lula, houve uma divisão entre ministros em relação aos interesses de Dantas com os fundos de pensão. José Dirceu, então ministro da Casa Civil, e o diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto ficaram a favor do banqueiro. Gushiken contra.

No governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Dantas obteve apoio político do PSDB e do PFL (o atual DEM) para participar da privatização das teles. Há o episódio do jantar dele com FHC em junho de 2002. No dia seguinte, haveria troca do comando da Previ, como desejava o banqueiro.

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O voto em separado do deputado Nelson Trad

Parece mentira mas não é. O deputado federal Nelson Trad (PMDB-MS) apresentou nesta terça-feira (8), um voto em separado pedindo a exclusão de juízes, promotores e defensores públicos do Mato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Sul e de São Paulo do relatório final da CPI do Sistema Carcerário.

Isso significa que pode ser retirado do relatório final a responsabilidade dos membros do Poder Judiciário no caos do sistema prisional brasileiro.

Caso seja aprovado o voto em separadose transformará em conclusão oficial da CPI, com encaminhamentos à Justiça e à órgãos como Ministério Público e Polícia Federal.

Trad quer derrubar o relatório do deputado Domingos Dutra (PT-MA), que pede o indiciamento de 31 pessoas, entre elas do secretário de segurança do Mato Grosso do Sul, Wantuir Francisco Brasil Jacini, além de juízes, promotores, delegados, diretores de presídios e agentes prisionais.

“Não é do ‘bico’ da CPI acusar autoridades judiciais. Ela entrou numa seara que não lhe compete entrar. Quem esse sujeito pensa que é? É um idiota”, vociferou o deputado Nelson Trad (PMDB-MS), autor do voto em separado, sobre o relator da CPI, deputado Domingo Dutra (PT-MA).

Tranqüilo, o relator da CPI, deputado Domingos Dutra, devolveu a provocação e respondeu que o Congresso tem competência para legislar e cobrar da União e dos estados que a legislação penal seja cumprida.

“A bancada do Mato Grosso do Sul está acostumada a proteger a elite. Esse deputado (Trad) está defendendo seus amigos. O filho dele (Nelson Trad Filho) é prefeito de Campo Grande”, alfinetou.

No mês passado, a comissão tentou votar o relatório de Dutra, mas a sessão foi adiada a pedido dos parlamentares do Mato Grosso do Sul, que consideraram injustos os indiciamentos de integrantes do governo do estado. Lá, os membros da comissão encontraram presos dormindo com porcos dos agentes penitenciários.

Defesa de interesses

Questionado se o voto em separado foi elaborado a pedido de alguma autoridade específica, o deputado Nelson Trad respondeu irritado. “Que pergunta mais idiota; não sou homem de sofrer pressões. Que ousadia teria alguém para me pedir isto? Tenho um currículo de jurista”, argumentou, o parlamentar que é advogado e já foi secretário de Justiça do MS.

Apesar de negar defender interesses de autoridades acusadas pela CPI, Nelson Trad confirmou ter recebido visita de juízes em seu gabinete na última sexta-feira. “Eles vieram me agradecer e aproveitaram para deixar documentos para subsidiar minha defesa”, argumentou o parlamentar.

Trad é um dos três deputados do Mato Grosso do Sul que foram incluídos na CPI no último dia de funcionamento da comissão. Os outros parlamentares que entraram no fim dos trabalhos da CPI são Geraldo Resende (PPS) e Waldir Neves (PSDB).

Lista de indiciados será a mesma

O relator da CPI, deputado Domingos Dutra garantiu que não vai alterar a lista de indiciados no relatório que será colocado em votação nesta terça-feira, e se mostrou otimista em relação a aprovação do texto. “Fomos muito criteriosos e fizemos do indiciamento a exceção, não a regra. Mas como constatamos casos muito graves, não podíamos nos omitir. Não fui desonesto com ninguém, não inventei nada. As fotos e as filmagens estão aí para provar. O resto, é amizade com os de cima”, provocou o parlamentar sobre a pressão que parlamentares recém chegados à comissão têm feito para retirar a sugestão de indiciamento de autoridades judiciais.

Caso o voto em separado do deputado Nelson Trad seja aprovado, deixarão de ser indiciados 14 das 31 pessoas listadas no relatório da CPI, consideradas diretamente responsáveis por torturas, maus-tratos ou omissão dos direitos humanos. O relatório de Domingo Dutra também responsabilizou os 27 estados pela situação caótica do sistema prisional brasileiro.

Casos

O maior número de pedidos de indiciamento é de autoridades do Pará, onde uma menor ficou em cela masculina em Abaetetuba (PA), no ano passado. Dutra pediu o indiciamento de nove pessoas, entre elas a juíza, a promotora, a defensora pública e os delegados que sabiam do encarceramento irregular.

No Mato Grosso do Sul, além do secretário de segurança Wantuir Brasil Jacini, estão na lista de indiciamento duas defensoras públicas, dois promotores de Justiça, dois juízes e o diretor da Colônia Penal Agrícola.

Decretado a morte dos formadores de opinião

Elite e opinião pública continuam apartadas


A propósito do post sobre a última pesquisa DataFolha acerca das eleições no Rio, intitulado "Crivela, imune a desgaste no morro lidera no Rio", O leitor deste blog que se assina Richard Pereira (ricdalui30@hotmail.com) comentou:

"O PIG (Partido da Imprensa Golpista) ANDA DESESPERADO, A TÁTICA DE CRIAR MENTIRAS , INVENTAR FATOS, NÃO ESTÁ MAIS DANDO CERTO. O POVO APRENDEU: O QUE O PIG APRESENTA COMO UM FATO, NA REALIDADE É O OPOSTO. VAI SER LINDA A ELEIÇÃO PARA AS PREFEITURAS. OS ALIADOS DO PRESIDENTE LULA DARÃO A MAIOR SURRA ELEITORAL DE TODA A HISTÓRIA E OS COITADOS DO PSDB-DEM VÃO DECRESCER QUE NEM BOLO ABETUMADO (Nota do blog: segundo o dicionário, abetumado é: 1) adj., tapado ou parecido com betume; calafetado; 2) Brasil, fig., taciturno, macambúzio; pão/bolo -: diz-se do pão muito pesado e compacto, solado).

Independentemente de se concordar ou discordar do que diz o Richard, vale anotar: tem uma parcela cada vez maior do eleitorado para a qual as denúncias da imprensa e as projeções catastróficas dos analistas políticos já não estão mais surtindo efeito. Antes, era tal o poder destes analistas -- e da imprensa -- que, em política, bastava ficar de olho no caminho seguido pelos chamados formadores de opinião para se saber aonde, cedo ou tarde, iria a opinião pública.

Era o chamado "efeito pedra n'água". A opinião pública se formava por círculos concêntricos (idênticos aos que se formam quando uma pedra cai na água), a partir da opinião de setores centrais da sociedade.

A reeleição do Lula foi um baque nessa teoria. Os "formadores de opinião" escandalizaram-se com o Mensalão e os analistas políticos e a imprensa em geral deram como certa a derrota de Lula nas urnas. Mas os tais círculos concêntricos não se formaram...

Leia mais da opinião de Tales Alvarenga aqui.

MPF pede prisão de ex-deputado, juiz nega

O MPF e a PF pediram a prisão do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal, pela participação na organização criminosa de Daniel Dantas, mas o juiz federal Fausto de Sanctis entendeu que não existiam fundamentos suficientes para decretá-las.

A Operação Satiagraha ainda não concluiu todos os mandatos de prisão e busca e apreensão no que, até o momento, configura-se no maior escândalo financeiro do país.

Os desdobramentos das investigações apontam para a participação de vários políticos do governo.

Ponte-aérea da bandidagem

Cerca de 300 agentes da polícia federal estão atuando na ponte-aérea Rio-São Paulo para dar conta dos mandatos de prisão e buscas e apreensões do que já é considerado o maior escândalo financeiro do Brasil, tendo como protagonistas o dono do Banco Opportunity, Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e o empresário Naji Nahas. Eles são acusados de cometer fraudes no sistema financeiro através de intrincadas operações de lavagem de dinheiro, envio fraudulento de recursos para fora do país e desvio de recursos públicos.

Liberação de emendas – tudo aos aliados

''Emendas eleitorais'' em ritmo acelerado

ELEIÇÕES
Parlamentares candidatos iniciam a campanha turbinados com dinheiro liberado pelo Planalto para obras em seus redutos eleitorais. Nove dos 16 governistas que concorrem nas capitais foram favorecidos

Gabeira reclama: “O fato de o governo não ter empenhado minhas emendas expressa uma atitude com relação ao meu papel parlamentar”

O governo empenhou R$ 739,18 milhões, entre janeiro e quatro de julho, em emendas individuais de deputados e senadores apresentadas ao Orçamento da União de 2008. O valor é 67 vezes maior do que o registrado no primeiro semestre do ano passado. Além disso, corresponde ao dobro do que foi empenhado nos seis primeiros meses de 2006, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorreu à reeleição. Os dados são do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e foram recolhidos pelas consultorias de orçamento do PSDB e do DEM.

Eles comprovam uma tendência revelada na semana passada pelo Correio: de olho nas eleições municipais, o governo priorizou, neste ano, as emendas individuais, aquelas nas quais é possível identificar o parlamentar responsável pela destinação de um recurso federal para determinada cidade. E deixou em segundo plano as emendas de bancada e de comissão, que são propostas por grupos de congressistas, os quais não podem reivindicar, de forma isolada, a paternidade do dinheiro liberado.

O levantamento realizado por PSDB e DEM mostra que nove de 16 parlamentares governistas que concorrem a prefeituras de capitais tiveram emendas empenhadas. No caso dos oposicionistas, foram três os beneficiados num universo de sete candidatos (veja quadro). “Os dados são bastante claros. O fato de o governo não ter empenhado minhas emendas expressa uma atitude com relação ao meu papel parlamentar”, diz o deputado federal Fernando Gabeira, oposição à gestão Lula e nome do PV na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

“Uma vez eleito prefeito, tenho certeza de que esse tipo de comportamento mudará”, acrescenta Gabeira. Aliado do presidente e líder nas pesquisas de intenção de voto na capital carioca, o senador Marcelo Crivella (PRB) é o parlamentar candidato mais contemplado com empenho de emendas individuais. Foram R$ 7,1 milhões ou 100% do total autorizado para o período. Outros adversários dele, como os deputados federais Chico Alencar (PSol) e Solange Amaral (DEM), não conseguiram arrancar um tostão sequer do Palácio do Planalto.

“O governo conserva uma postura imperialista e clientelista. Tive a preocupação de fazer emendas genéricas e ligadas a prioridades do governo, mas, nem assim, tive os recursos liberados, por uma questão tacanha e partidária”, afirma Alencar. “É inaceitável que o presidente Lula faça liberação de emendas por amizade. Vamos denunciar isso durante a campanha.” Segundo o subchefe de Assuntos Legislativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Marcos de Castro Lima, o governo trata da mesma forma parlamentares governistas e da oposição.

Compromisso
Lima lembra que DEM e PSDB foram a terceira e a quarta siglas com mais emendas empenhadas — respectivamente, R$ 77,6 milhões e R$ 65,5 milhões. Só ficaram atrás do PMDB (R$ 158,67 milhões) e PT (R$ 104,9 milhões). Candidato à Prefeitura de Salvador, o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), por exemplo, arrancou do governo o compromisso de gastar R$ 450 mil em emendas de sua autoria. O valor corresponde a 13% do total autorizado para o período. Adversário de ACM Neto, o deputado federal Walter Pinheiro (PT) ficou à míngua.

Empenhos são uma etapa anterior à liberação do recurso orçamentário. Significa que o governo assume o compromisso de gastar o dinheiro. Neste ano, foi realizado em ritmo mais acelerado porque a legislação eleitoral proíbe empenhos de verbas novas três meses antes das eleições. Tal prazo foi encerrado no último sábado.

É inaceitável que o presidente Lula faça liberação de emendas por amizade. Vamos denunciar isso durante a campanha

Deputado Chico Alencar, candidato do PSol

Fonte: Correio Braziliense

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