Operação Satiagraha ― parede falsa

Digno de uma ficção policial escrita pelos melhores mestres do gênero, soube-se agora que uma parede falsa foi descoberta no apartamento de cobertura de Daniel Dantas em Ipanema, no Rio de Janeiro. Dentro dela, policiais federais encontraram uma sacola repleta de documentos secretos, gravados em CDs e DVDs.

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Angra 3 e o protagonismo do Brasil no cenário mundial

image Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto

Por Nilder Costa

10/jul/08 (Alerta em Rede) – Um ano após decidir pela retomada do Programa Nuclear brasileiro, o governo se sente mais seguro para anunciar que o reinício das obras da usina nuclear de Angra 3 (1.350 MW) deve ocorrer no início de setembro próximo, logo após a emissão da licença de instalação pelo Ibama, aguardada para 30 de agosto.

O informe foi deito pelo ministro de Minas e Energia Edison Lobão e confirmado por técnicos do Ibama. [1]

Para marcar posição, o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, adversário histórico da energia nuclear, fez alguns muxoxos e avisou que vai exigir compensações ambientais e monitoramento independente para os níveis de radiação. "Vamos acrescentar vários pontos nessa licença ambiental. Queremos um prazo para resolver o problema dos rejeitos, o lixo nuclear (sic)", disse Minc. Para Lobão, as eventuais exigências ambientais postuladas não causam preocupação para o cronograma de Angra 3. [2]

Já o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, foi mais além e reafirmou a importância estratégica do Programa Nuclear para o Brasil, recordando que se está trabalhando com um cenário estratégico para a construção de mais quatro usinas nucleares. "Não precisamos da energia nuclear hoje, mas ela é importante por uma questão estratégica. Daqui a 20 anos ou 25 anos não teremos hidrelétricas suficientes para atender às necessidades e aí a nuclear é uma boa alternativa", afirmou Tolmasquim.

Tolmasquim se refere à chamada complementaridade de usina térmicas – tanto as convencionais quanto as nucleares – que são acionadas durante os períodos de redução da produção das hidrelétricas, que são a base do sistema elétrico nacional. Há, contudo, diferenças cruciais entre térmicas convencionais – principalmente as que queimam gás natural e outros derivados do petróleo - e as nucleares. Estas, como Angra 1 e 2, operam na base, ou seja, só são desligadas em paradas programadas ou emergenciais, enquanto as demais devem ficar desligadas a maior parte do tempo e só são acionadas quando necessário. [3]

Esse arranjo peculiar do sistema elétrico brasileiro decorre das fontes energéticas que dispomos ou não. Ainda dispomos de 100 GW de energia hidrelétrica a ser aproveitada, somos a sexta maior reserva de urânio do mundo, mas ainda não temos petróleo e derivados nas quantidades requeridas; mesmo que as recentes descobertas do pré-sal forem, de fato confirmadas, há que se considerar o seu custo de utilização.

Por isso mesmo, é relevante mencionar-se o caso da mina de urânio associado a fosfato de Santa Quitéria, no Ceará. Após anos de idas e vindas, finalmente a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) escolheu a produtora de fertilizante brasileira Galvani como sua parceira privada para explorar Santa Quitéria, após disputa com a Vale e a Bunge Fertilizantes. O modelo de negócio é inédito e não quebra o monopólio estatal da exploração de urânio no país, garantido pela Constituição. [4]

Alfredo Tranjan Filho, presidente da INB, afirmou que a decisão da Galvani de arcar com os custos integrais para o desenvolvimento da mina - estimados em US$ 377 milhões - foi um dos fatores que pesaram para a escolha do grupo. "O projeto da Galvani era melhor do ponto-de-vista econômico para a INB. O fluxo de caixa do empreendimento prevê um resultado melhor", afirmou.

Como se sabe, o Brasil tem enorme carência de fertilizantes (importa a maior parte que utiliza) e Santa Quitéria tem a maior mina de urânio associada ao fosfato do país, com reservas geológicas estimadas de 142.500 toneladas de urânio e de 8,3 milhões de toneladas de óxido de fósforo e mais 300 milhões de metros cúbicos de mármore, totalmente isento de urânio. A expectativa é que a mina comece a produzir no fim de 2013, atingindo a plena capacidade, de 240 mil toneladas de fosfato e 1.500 toneladas de urânio por ano, em 2015.

Panorama estratégico mundial
Por outro lado, a decisão do governo brasileiro em reativar o seu Programa Nuclear, que é constitucionalmente pacífico, está em perfeita consonância com o que muitos estrategistas denominam como o renascimento do setor para a geração de eletricidade. Sintomático, neste caso, foi a matéria publicada pela influente revista alemã Spiegel com o sugestivo título ‘Desativando a desativação: o inexorável retorno da energia nuclear’. [5]

Observando que os preços do petróleo estão das alturas e que os gases estufa estão elevando as temperaturas ao redor do mundo (sic), a Spiegel comenta que, enquanto dezenas de novos reatores estão em construção ou em planejamento, a Alemanha mantém a decisão de desativar os seus em decorrência do acordo ‘verde-vermelho’ acertado em 2000. Pelo acordo, sete usinas nucleares alemãs - Biblis A, Neckar-Westheim 1, Brunsbüttel, Biblis B, Isar 1, Unterweser, Philippsburg 1 – devem ser desativadas entre 2010 e 2012, o que deverá causar uma queda dramática na geração de eletricidade no país.

Diz a revista:

‘A idéia era que, no decorrer dos anos (entre 2000 e 2010), a eletricidade produzida por fontes renováveis cresceriam a tal ponto que a lacuna nuclear dificilmente seria notada. Isso, contudo, está ficando cada vez mais improvável. Apesar de décadas de investimento maciço e programas generosos criados para promover a geração eólica, solar e de biomassa, as fontes energéticas ‘verdes’ respondem por apenas 14% do suprimento de eletricidade do país. Mesmo que este número dobre em futuro próximo, a parte do leão do consumo de eletricidade da Alemanha terá que vir de algum outro lugar. Sem a fonte nuclear, esse ‘algum outro lugar’ significa, na Alemanha, térmicas a carvão.


Consciente que a Alemanha é o único integrante do G-8 com um programa de desativação– e não de construção ou prolongamento da vida útil – de centrais nucleares, a chanceler Ângela Merkel vem sutilmente articulando suas bases políticas para reverter o acordo ‘verde-vermelho’. A revista cita Thomas Steg, porta-voz de Merkel, que declarou com ironia: “A chanceler verificou que a discussão sobre o uso de energia atômica foi re-energizada’. Um importante líder partidário da coalizão politica governista CDU-SPD foi mais além e afirmou que ‘No futuro previsível, a contribuição da energia nuclear para a geração elétrica na Alemanha é insubstituível’.

Adiante, a revista menciona os mais de ‘100 reatores atualmente em construção ou em planejamento’, citando a Índia (17 reatores), a China (cerca de 30), a França e outros,
ressaltando recentes declarações do secretário de Energia dos EUA, Samuel Bodman: ‘Não precisamos de 30 reatores adicionais, precisamos sim de 130 ou 230’. Adicionalmente, que o primeiro-ministro britânico Gordon Brown pressiona a sua base política para que 40% da eletricidade gerada no país venham de usinas nucleares, o que significaria a construção de 20 novos reatores.

Existem vários pressupostos a serem conquistados para que o Brasil alcance o legítimo protagonismo mundial que lhe cabe. Um deles é o pleno domínio e desenvolvimento da ciência e tecnologia nuclear para fins exclusivamente pacíficos.


Notas:
[1]Governo já tem data para tirar Angra 3 do papel, O Estado de São Paulo, 08/07/2008
[2]Minc quer compensação por Angra 3, O Estado de São Paulo, 09/07/2008
[3]Usinas são reserva estratégica, O Estado de São Paulo, 10/07/2008
[4]INB escolhe Galvani como parceira nas operações de urânio no CE, IBRAM, 25/06/2008
[5]PHASING OUT THE PHASE-OUT, Spiegel Online, 11/07/08

Disputa por poder: diretor do Ministério do Meio ambiente acusa governo de leniência com desmatamento

O Globo

Diretor deixa Meio Ambiente com críticas

Ex-titular de Combate ao Desmatamento reclama da influência de Mangabeira na agenda ambiental

Com críticas à Casa Civil e ao avanço do ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) sobre a agenda ambiental do governo, o diretor de Políticas para o Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, entregou ontem o pedido de exoneração. Para ele, a nomeação de Mangabeira para coordenar o Plano Amazônia Sustentável (PAS) levou a Casa Civil a recuar na cobrança das medidas anunciadas no início do ano, cujo objetivo era frear as derrubadas. O ministro Carlos Minc nega desprestígio e diz que o auxiliar se precipitou ao sair.

Idealizador da resolução do Banco Central que proibiu a concessão de empréstimos a quem devasta a floresta, Lima diz que o governo passou a viver um duplo comando nos planos contra o desmatamento. Nomeado pela ex-ministra Marina Silva, ele reclama da demora em ações que dependem da intervenção do Planalto, como o esforço de regularização fundiária nos 36 municípios que mais devastam a floresta e a abertura de crédito para financiar a recuperação de áreas degradadas:

- O ministro do Longo Prazo passou a fazer reuniões para decidir ações emergenciais. Isso não tem o menor sentido.

Minc elogiou o auxiliar e afirmou que suas queixas eram válidas, mas diz ter resolvido os problemas semana passada, enquanto Mangabeira estava na Europa. No foco do conflito, está o avanço dele sobre o Fundo Amazônia, idealizado pelo Ministério do Meio Ambiente para receber doações do exterior para a preservação da floresta.

- O Mangabeira extrapolou mesmo, fez uma intervenção descabida. Mas o assunto está superado. O presidente vai criar o fundo em agosto como nós sugerimos - diz Minc.

Segundo Lima, a nomeação de Mangabeira para coordenar o PAS reforçou o peso político de governadores alinhados aos ruralistas, como Blairo Maggi (MT) e Ivo Cassol (RO). Ele reclama ainda da intervenção da Casa Civil na divulgação de dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento. Os números serão informados hoje e, segundo Minc, apontam queda nas derrubadas.

- Isso paralisou os programas de combate ao desmatamento. A agenda está parada desde abril, enquanto Mangabeira tem agido com os governadores - afirma Lima.

A assessoria do ministro Mangabeira informou que ele só comentará as críticas de Lima após se reunir hoje com o presidente Lula.

Comentário do blog: Essa e outras indagações serão questionadas amanhã em audiência pública na Câmara dos Deputados.

Protógenes está fora

Alegando uma desculpa esfarrapada que irrita o maior dos imbecis, o delegado Protógenes Queiroz alega que deixou as investigações da Polícia Federal que resultaram na operação Satiagraha e na prisão do banqueiro Daniel Dantas para fazer um "curso".

Este país não tem jeito mesmo.

Sessão conjunta do Congresso começa a votar LDO

O Congresso Nacional iniciou agora a sessão conjunta da Câmara e do Senado para votar o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO 2009). A matéria foi aprovada na Comissão de Orçamento no começo deste mês.

A sessão está sendo realizada no plenário da Câmara.

Veja a íntegra do relatório da LDO aprovado na comissão

Escafedeu-se?

Eliane Catanhêde (Folha de S. Paulo)

Enquanto se discute se o foco é no corruptor (banqueiro, megaempresários...) ou no corrupto (agentes públicos variados); se Celso Pitta deveria ou não ser exposto ao vivo e em cores metido em pijamas na própria casa; se pode ou não usar algemas em peixe graúdo...

ninguém mais fala da Santa Casa de Misericórdia do Pará.

A medida de um Daniel Dantas, de um Naji Nahas ou de um Eike Batista é em bilhões de dólares, e a medida de uma tentativa de suborno de delegados está na bagatela de um milhão e pouco de reais. Já a medida da Santa Casa de Misericórdia do Pará é em míseras centenas -centenas de bebês: 262 bebês morreram ali neste ano, foram enterrados e ninguém soube explicar por quê, nem alguém mais quer saber exatamente o que ocorreu.

Bilhões de dólares saem pelo ralo, seja da corrupção, seja da mera ganância patológica, e faltam migalhas para salvar bebês, mães e famílias, não só da morte como do abandono e do desalento. Morrem seis bebês, é coisa comum. Morrem 20, dão de ombro. Morrem 100 e não se acende uma luz amarela. São necessários 262 mártires para a maternidade acordar, o Estado acordar, o país acordar?

O debate nacional escorrega do possível corruptor para um leque infernal de supostos corruptos. Um deputado daqui, um advogado de lá, um juiz daqui, um assessor palaciano de lá e, quanto mais aumenta a rede, menos chance de se pegar o(s) peixe(s) graúdo(s).

No oceano de acusações cruzadas, de reputações periclitantes, ninguém ouve mais falar dos bebês, nem se horroriza mais com suas covinhas, uma atrás da outra, fantasmagóricas e conformadas. E ainda se fala, e se chora, hoje a morte do menino João Roberto no Rio. Mas só até a próxima bala policial perdida, a próxima vítima indefesa, a próxima família destroçada.

Bem-vindo, Salvatore Cacciola!

Sinta-se em casa.

Cuidado com os pilantras do e-commerce

Viu a lista negra do Buscapé?









São dezenas de facilidades que pode-se listar ao decidir-se por uma compra pela iternet. Compras online é um avanço de modernidade extraordinário. Porém, é fundamental saber identificar quem são os golpistas do e-commerce, certo?

O Buscapé divulga uma lista de empresas não recomendadas, atualmente com 98 nomes. A lista pode existir há um tempão – só vi agora, porque não fica exatamente gritando na página.

Há desde nomes-problemas manjados, como 1stLine e Nikishop, quanto vários outros desconhecidos. Quem toma as precauções básicas nem precisa olhar os nomes – nunca compraria nada mesmo dessa turma. Mas a lista pode ser uma boa ajuda para aquela tia bem-intencionada que não sabe nada dos perigos na web. Confira os piratas cibernéticos aqui.

Imigração: "não é bem assim!", esclarecem líderes europeus

Imigração
União Européia lança ofensiva na América Latina para “esclarecer mal-entendidos” sobre nova lei que prevê detenção de ilegais por até 18 meses. Lula volta a exigir que brasileiros “sejam tratados com respeito”

A União Européia (UE) continua seu esforço de relações públicas para esclarecer o que considera “um grande mal-entendido” na rejeição da América Latina à nova política definida pelo bloco para tratar os imigrantes ilegais. A “diretiva de retorno”, aprovada no mês passado pelo Parlamento Europeu, define que os estrangeiros em situação irregular fiquem detidos por até seis meses — ou 18, “em casos excepcionais” — e que sejam asseguradas a eles assistência jurídica e “condições humanas” de alojamento. A diretiva, que precisa ser incorporada à legislação dos 27 países membros e prevê prazo até 2010 para que sejam feitas as adaptações necessárias, foi recebida como “xenófoba” pelos governos latino-americanos e duramente criticada na recente cúpula do Mercosul, na Argentina.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dias atrás condenou o “vento frio da xenofobia e do preconceito” na Europa, voltou à carga ontem de manhã. Comentando as discussões que manteve com líderes europeus na semana passada, no Japão, durante a cúpula do G-8, Lula afirmou que “fez questão” de pedir para os brasileiros tratamento similar ao dispensado pelo país aos imigrantes europeus, ao longo da história. “Que sejam tratados com respeito, levando em conta os direitos humanos, e não como se fossem delinqüentes”, afirmou.

“A Europa não é uma fortaleza e não quer se tornar uma fortaleza — ao contrário, necessitamos da mão-de-obra dos imigrantes e queremos ser um território aberto”, disse à tarde, em videoconferência com jornalistas de quatro países sul-americanos, o vice-presidente da Comissão Européia (CE) Jacques Barrot, encarregado de Justiça e Proteção das Liberdades no braço executivo da UE. Barrot enfrentou uma barragem de questões sobre as condições severas impostas aos ilegais em vários países — inclusive na recente crise de deportações entre Brasil e Espanha —, e reiterou que a diretiva pretende “harmonizar os procedimentos” nos países membros. “Hoje, em sete deles, não existe prazo-limite para a detenção”, exemplificou. “E, com a diretiva, desde já visitarei os centros para alojamento de estrangeiros para verificar as condições, e poderei controlar de perto como a política comum é aplicada.”

Barrot evitou prudentemente, no entanto, responder a questões sobre a sensação comum, na América Latina, de que a Europa está endurecendo o tratamento aos imigrantes. Não comentou, por exemplo, o projeto de legislação enviado ao Parlamento italiano pelo novo governo de direita, cujo texto classifica a imigração ilegal como crime. De acordo com o vice-presidente da CE, a diretiva do retorno “não obriga nenhum país a deportar todos os ilegais, nem a estender os prazos-limite para detenção”, se forem menores que os 18 meses previstos na diretiva. “A prioridade continuará a ser estimular o retorno voluntário (dos irregulares)”, afirmou o vice-presidente da CE. “E a norma é que a detenção seja por até seis meses, ou 18 meses apenas em casos excepcionais.”

Jogo político
O discurso oficial da UE ressalta o progresso representado pela diretiva em relação à situação atual, mas funcionários admitem que, de maneira inversa, se abre a possibilidade de que países com normas mais brandas, como Espanha e França, possam vir a adotar medidas mais severas. “Isso é do jogo político de cada país”, disse um deles. O exemplo italiano é considerado extremo, e o próprio governo espanhol criticou publicamente o projeto de criminalizar a imigração irregular.

“Se um país membro da UE tratar mal os irregulares, se as condições de detenção e processo não forem respeitadas, esse governo poderá ser acionado nos tribunais europeus”, explicou Barrot. Ele apontou três riscos principais representados pela ausência de normas claras sobre o tema no âmbito do bloco: “Primeiro, o aumento da xenofobia; segundo, mais dificuldades para a integração dos imigrantes legais; terceiro, os estrangeiros que preenchem as condições para imigrar não conseguem”. O vice-presidente da CE lembrou que, em 2007, cerca de 2 mil ilegais se afogaram na tentativa de chegar à Europa, e apontou o tráfico de pessoas como um dos alvos da nova política. Barrot lamentou que a diretiva tenha sido aprovada antes que os chefes de Estado e governo do bloco discutam, em outubro, “o pacote completo” sobre o tema, prevendo estímulo à imigração legal e assistência ao desenvolvimento nos países de origem dos migrantes”.

Não podemos aceitar que criminosos explorem a miséria dos que tentam ingressar na Europa

Jacques Barrot, vice-presidente da Comissão Européia

O número
2.000
estrangeiros se afogaram em 2007 viajando clandestinamente para a costa européia, segundo Barrot

Mas o que é a Diretiva de retorno?

O que é a diretiva de retorno?
É a primeira de três diretivas para harmonizar as legislações nacionais dos países da União Européia a uma política comum de imigração. Estabelece o regresso de nacionais de terceiros países em situação irregular.

Quando passa a valer?
Os países membros terão 24 meses após publicação no Jornal Oficial da UE para transpô-la para o direito nacional. Por isso, ela não entrará em vigor antes de 2010.

Quem aprovou essa diretiva?
O Parlamento Europeu. A diretiva foi votada em 18 de junho de 2008 e aprovada com 369 votos a favor, 197 contra e 106 abstenções.

Como vai funcionar?
Em duas fases: na primeira, uma decisão de regresso voluntário (entre 7 e 30 dias) e, numa segunda fase, se o imigrante ilegal não regressar de forma voluntária, uma medida de afastamento.

Os imigrantes ilegais podem ser presos?
A prisão preventiva só será utilizada se não for suficiente a aplicação de medidas coercivas menos severas, como a decisão de regresso voluntário. Os ilegais não ficarão em prisões comuns, mas em centros de imigrantes.

Quanto tempo pode durar a detenção?
O período de detenção não poderá exceder seis meses. Em casos específicos, esse período poderá ser prorrogado por mais 12 meses. Hoje, o prazo varia de 32 dias na França a 20 meses na Letônia, com duração ilimitada em sete países-membros.

O imigrante ficará proibido de visitar novamente a União Européia?
A interdição de readmissão na UE não deverá exceder cinco anos, exceto se a pessoa em questão representar uma ameaça grave à segurança pública ou à segurança nacional.

Brasileiros são os "reis" da cerveja mundial

Talento exportado

Preço e estilo de gestão determinaram a venda da Anheuser-Busch à Inbev, tocada por brasileiros

A oferta de compra da cervejaria Anheuser-Busch, a terceira maior do mundo, pela segunda do ranking, a belgo-brasileira Inbev, não é um negócio trivial. Ela sacudiu o ambiente global dos negócios que se imaginava entorpecido pela crise de Wall Street com implicações sobre a inflação e o rimo de crescimento da economia mundial.

É praticamente certa a aprovação da proposta pelos acionistas da Anheuser-Busch, já que a investida da Inbev passou de hostil, isto é, não-solicitada, a consensual, ao elevar de US$ 5 por ação, para US$ 70, o preço de compra, num total de US$ 52 bilhões.

O resultado factual é a criação do maior grupo cervejeiro global, com presença destacada também no setor de bebidas não-alcoólicas. Sai do topo do pedestal a SAB Miller, grupo baseado na Inglaterra e nascido na África do Sul, de onde migrou para Londres para fugir do embargo internacional contra o então regime racista no país.

Meio assim como a Inbev, resultado da fusão da brasileira Ambev com a belga Interbrew, mas por razões estritamente empresariais. O aspecto pouco citado é que os sócios brasileiros da Inbev dominam a sua administração e decisões estratégicas, embora a matriz tenha sido mantida em Leuven, pequena cidade da Bélgica. Lá, brasileiros são influentes não só no Conselho de Administração, onde sentam os acionistas, mas na diretoria executiva, liderada por Carlos Brito.

Ele fez carreira na Ambev e foi alçado à direção da Inbev, onde também são brasileiros, entre outros, os diretores de finanças e de recursos humanos, pelos três antigos controladores do grupo no Brasil: os empresários Jorge Paulo Lemann — suíço de nascimento e fundador do antigo Banco Garantia, vendido ao Credit Suisse, e da empresa de investimentos GP, da qual se desligou —, além de Carlos Alberto Sicupira, o executor das operações estratégicas do trio, e Marcel Telles Hermann, mais focado nas concepções administrativas, de marketing e logística. Os perfis de cada um os complementam.

Lemann armou sólidos relacionamentos internacionais desde a época do Garantia à frente do qual foi pioneiro na captação de recursos externos para investimentos no país por meio de fundos, cuja idéia propagou a partir de um seminário realizado no Rio, em 1994, que atraiu mais de uma centena de dirigentes de bancos, outros fundos, seguradoras e investidores da Europa e EUA.

Os então candidatos presidenciais Fernando Henrique e Lula foram palestrantes do evento. Ali, no auge do Plano Real, o mundo voltou a se interessar pelo Brasil, e o Garantia se oferecia a apresentar o país aos capitais ávidos por novos mercados para investir.

Sacudida de respeito
Tais relações e a experiência adquirida na gestão de negócios da economia real marcam o início das operações ousadas dessa trinca de investidores, que veio bater na oferta pela Anheuser-Busch — um ícone da indústria dos EUA, com quase 150 anos de história. Aliás, não foi nem será uma transição tranqüila, já que a maior oposição ao negócio está no chamado estilo brasileiro de gestão. Focado em eficiência e extremo rigor com os custos, como lembrou a imprensa americana e protestaram sindicalistas e políticos de Saint Louis, no Missouri, QG da Anheuser-Busch (mais conhecida pela Budweiser, sinônimo de cerveja nos EUA, e pelo parque temático Bush Gardens, em Tampa, Flórida), aguarda-se uma sacudida de respeito no grupo.

Tecnologia de gestão
A capacidade de Lemann-Sicupira-Marcel de extrair resultados de negócios potencialmente lucrativos, mas estacionados por direções acomodadas, se tornou uma espécie de “tecnologia de gestão” muito apreciada por grandes investidores. O megainvestidor Warren Buffet é um deles. Virou amigo de Lemann há anos, como o fundador do Wall Mart, Sam Walton. Lemann participa de conselhos de empresas dos EUA, como Gillette, e da Universidade de Harvard, com Buffet, que se reveza há anos no topo da lista das maiores fortunas do mundo.

Fábricas de lucros
Na hora certa a relação foi fundamental: Buffet, grande acionista da Anheuser-Busch e contrariado com seus resultados pífios, foi o patrono da oferta da Inbev. Da Brahma à Antarctica, com a qual se fundiu surgindo a Ambev, das Lojas Americanas à Interbrew, sempre houve o mesmo diagnóstico: grandes empresas, com grandes marcas, e operações abaixo de seu potencial. O trio do ex-Garantia fez delas fábricas de lucros. É o que se prevê com a dona da Budweiser.

Lemann-Sicupira-Marcel falam uma espécie de esperanto no mundo de negócios, associando as técnicas de engenharia financeira, vindas da época em que eram mais gestores de recursos que banqueiros, com um modelo gerencial que alia agressividade no mercado consumidor à disciplina férrea do caixa e dos custos, além de logística precisa e marketing intensivo. Na Bélgica, a gerência brasileira fechou fábricas ultrapassadas e as reabriu em países do Leste Europeu com mercados novos a explorar e mão-de-obra preparada e menos custosa.

O presidente da Inbev, Carlos Brito, foi a face pública da oferta pela Anheuser-Bush, sinal de que será brasileira sua direção. Como no Canadá, onde a maior cervejaria, a Labatt, também da Inbev, é tocada pelo ex-presidente da Ambev, Bernardo Paiva. Talentos não faltam à Ambev. Ela os recruta direto nas universidades, envia os melhores para especialização nos EUA e depois os treina no Brasil. (CB)

Diminuição “modesta” do desmatamento

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem que os dados sobre desmatamento na Amazônia referentes a maio apresentam uma pequena queda em relação a abril. As taxas, medidas pelo sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), serão apresentadas hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“Há uma queda modesta em relação ao mês anterior e ao mesmo mês do ano passado. Isso não é motivo de alegria, porque o desmatamento ainda está muito grande”, disse o ministro, durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas (SP). Para ele, a devastação deve diminuir de forma mais acentuada nos próximos meses. A queda seria reflexo da medida adotada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de suspender o crédito para os produtores que não estão legalizados do ponto de vista fundiário ambiental.

Depois de terem sua divulgação adiada por quase três semanas, os dados do Inpe serão apresentados pela primeira vez de forma desagregada — separando o chamado corte raso e a degradação progressiva. “Isso é importante sobretudo para as 20 regiões que respondem por mais da metade do desmatamento. Importante para nós, que usamos esses dados como instrumento de trabalho para prevenção e combate, e também para diminuir a tensão dos governadores que reclamavam que os números vinham de forma agregada, somando num mesmo dado duas coisas diferentes”, disse o ministro.

Madeira
Carlos Minc anunciou também que o governo pretende oferecer R$ 136 milhões para apoiar o extrativismo e R$ 1 bilhão para recomposição de reservas legais na Amazônia, além de terminar o zoneamento econômico e ecológico da região até 2009. Minc ainda afirmou que pretende participar pessoalmente de operações de grande porte do Exército Brasileiro no combate ao desmatamento na floresta.

Os anúncios foram feitos no mesmo dia em que a Organização das Nações Unidas (ONU) criticou o governo brasileiro por não adotar medidas suficientes para barrar a exportação ilegal de mogno.

Segundo a ONU, a moratória imposta pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não está funcionando. A Convenção sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas (conhecida pela sigla em inglês Cites) vai propor um debate sobre a exportação de mogno na Amazônia.

“Ninguém sabe exatamente hoje quanto é exportado da região nem se as vendas saem de regiões certificadas”, afirmou o porta-voz da convenção, Juan Carlos Vazques.

Segundo a entidade, ligada à ONU, a moratória imposta pelo Brasil na exportação da madeira está sendo violada graças a autorizações dadas pela Justiça. Além disso, há falsificação de certificados sobre a origem da madeira e a mudança de empresas que antes atuavam no país para o Peru, de onde continuam a comercialização ilegal das toras.

Comissões discutem agenda ambiental com Minc

As comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural realizam na quarta-feira (16) audiência pública com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para discutir a agenda ambiental do governo e as políticas do ministério para a região amazônica. A reunião foi sugerida pelos deputados Edson Duarte (PV-BA), Paulo Teixeira (PT-SP), Gervásio Silva (PSDB-SC), Giovanni Queiroz (PDT-PA), autor do requerimento de convocação e Wandenkolk Gonçalves (PSDB-PA), autor do requerimento anterior que convidava o ministro.

A audiência será realizada no plenário 2, às 10 horas.

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