O último discurso de Zilda Arns

O último discurso

Zilda Arns
















AGRADEÇO o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, Haiti, para participar da assembleia de religiosos. Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.

Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da paz nas famílias e nas nações.

A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social. A paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância" (Jo 10.10).

Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa igreja, ser como ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos.

Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles.

Ele foi reconhecido a partir do pão, símbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no mar da Galileia estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta. (Mc 4, 35-41).

Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" há mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.

Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7.000 paróquias de todas as dioceses da Brasil.

Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, a serviço da vida e da esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a essa missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.

O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas repercussões por toda a vida.

Sou a 12ª de 13 irmãos. Um deles é d. Paulo Evaristo, o cardeal Arns, arcebispo emérito de São Paulo, conhecido por sua luta em favor dos direitos humanos, principalmente durante os 20 anos da ditadura militar do Brasil.
Em maio de 1982, ao voltar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, d. Paulo me chamou pelo telefone à noite. Naquela reunião, James Grant, então diretor executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), falou com insistência sobre o soro oral. Considerado o maior avanço da medicina no século passado, esse soro era capaz de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido a diarreia James Grant conseguiu convencer d. Paulo a motivar a Igreja Católica a ensinar as mães a preparar e administrar o soro oral.

Viúva fazia cinco anos, eu estava, naquela noite histórica, reunida com os cinco filhos, entre nove e 19 anos, quando recebi a chamada telefônica do meu irmão d. Paulo.

Ele me contou o que havia passado e me pediu para refletir. Como tornar realidade a proposta da igreja de ajudar a reduzir a morte das crianças? Eu me senti feliz diante desse novo desafio. Era o que mais desejava: educar as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!

Tive a seguridade de seguir a metodologia de Jesus: organizar as pessoas em pequenas comunidades; identificar líderes, famílias com grávidas e crianças menores de seis anos. Os líderes que se dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados, no espírito da fé e da vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania.

Seriam acompanhados em seu trabalho para que não desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famílias a solidariedade fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças, para que estes sejam saudáveis e felizes.

Assim como Jesus ordenou que considerassem se todos estavam saciados, tínhamos que implantar um sistema de informações, com alguns indicadores de fácil compressão, inclusive para líderes analfabetos ou de baixa escolaridade. E vi muitos gestos de sabedoria e amor apreendidos com o povo.

Senti que ali estava a metodologia comunitária, pois podia se desenvolver em grande escala pelas dioceses, paróquias e comunidades. Não somente para salvar vidas de crianças mas também para construir um mundo mais justo e fraterno. Seria a missão do "Bom Pastor", que estão atentos a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam.

Naquela maravilhosa noite, desenhei no papel uma comunidade pobre, onde identifique famílias com grávidas e filhos menores de seis anos e lideres comunitários, tanto católicos como de outras confissões e culturas, para levar adiante ações de maneira ecumênica. Isto é o que precisa ser feito aqui no Haiti: fazer um mapa das comunidades pobres, identificar as crianças menores de seis anos e suas famílias e lideres comunitários que desejam trabalhar voluntariamente.

Desde a primeira experiência, a Pastoral da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. A educação e a comunicação individual se fazem através da Visita Domiciliar Mensal nas famílias com grávidas e filhos. Os líderes acompanham as famílias vizinhas nas comunidades mais pobres, nas áreas urbanas e rurais, nas aldeias indígenas e nos quilombos, e nas áreas ribeirinhas do Amazonas.

Atravessam rios e mares, sobem e descem montes de encostas íngremes, caminham léguas, para ouvir os clamores das mães e famílias, para educar e fortalecer a paz, a fé e os conhecimentos. Trocam ideias sobre saúde e educação das crianças e das grávidas; ensinam e aprendem. Com muita confiança, fortalecem o tecido social das comunidade, o que leva à inclusão social.

Motivados pela Campanha Mundial patrocinadas pela ONU, em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso", a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com o lema "A paz começa em casa". Utilizou como uma das estratégias de comunicação a distribuição de 6 milhões de folhetos com "dez mandamentos para alcançar a paz na família".

A desnutrição foi controlada. De mais de 50% de desnutridos no começo, hoje está em 3,1%. A mortalidade infantil foi drasticamente reduzida e hoje está em 13 mortos por mil nascidos vivos nas comunidades com Pastoral da Criança. O índice nacional é 23,3, mas se sabe que as mortes em comunidades pobres, onde estão a Pastoral da Criança, é maior que é na média geral. Em 1982, a mortalidade infantil no Brasil foi 82,8 mil nascidos vivos. Esses resultados têm servido de base para conquistar entidades, como o Ministério da Saúde, Unicef, Banco HSBC, e outras empresas.

Elas nos apoiam nas capacitações e em todas as atividades básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. O custo criança/mês é de menos de US$ 1,00.
Outro material impresso de grande impacto social é o folheto com os dez mandamentos para a paz na Família, 12 milhões de folhetos foram distribuídos nos últimos anos. Além desses materiais impressos, se envia para as comunidades da Pastoral da Criança material para o trabalho de pesagem das crianças, objetos como balanças e também colheres de medir para a reidratarão oral e sacos de brinquedos para as crianças brincarem no dia da celebração da vida.

Outra área em que a Pastoral da Criança produz materiais é de som e a produção de filmes educativos. O show ao vivo da Rádio da Vida, produzido e gravado no estúdio da Pastoral da Criança, chega a milhões de ouvintes em todo o Brasil. Com os temas de saúde, de educação na primeira infância e a transformação social, o programa de rádio "Viva a Vida" se transmite semanalmente 3.740 vezes. A Pastoral da Criança também produz filmes educativos para melhorar e dar conhecimento de seu trabalho nas bases.

Em dezembro de 2009, completei 50 anos como médica e, antes de 2002, confesso que nunca tinha ouvido falar em qualquer programa da Unicef ou da Organização Mundial de Saúde, ou de outra agência da ONU, que estimulasse a espiritualidade como um componente do desenvolvimento pessoal. Como um dos membros da delegação do Brasil na Assembleia das Nações Unidas em 2002, que reuniu 186 países, em favor da infância, tive a satisfação de ouvir a definição final sobre o desenvolvimento da criança, que inclui o seu "desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo".

Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente. Para não sucumbir, exige-se uma solidariedade entre as nações. É a solidariedade e a fraternidade aquilo de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz.

Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor a Deus e ao próximo, em linha com nossa mãe Terra, que a todos deve alimentar, nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, florestas e animais.
Como pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho nas árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.

Efeméride de hoje

Nos 14 dias de janeiro comemora-se no Brasil o:

- Dia do Enfermo

- Dia do Treinador de Futebol

Janio de Freitas - Lula e a sua verdade

O novo decreto do presidente é o ato mais grave do seu governo; e o mais denunciador dele próprio

MAIS DO QUE ceder à exigência militar contra o Programa Nacional de Direitos Humanos, o novo decreto de Lula permite evitar por tempo incalculável o que falta saber e fazer sobre os crimes da ditadura. E, como complemento, abre a possibilidade de que opositores do regime sejam outra vez investigados, com eventuais desdobramentos.

A percepção deste sentido do decreto não requer leitura atenta de mais do que três trechos do seu espichado texto.

O primeiro deles está já no início do decreto: "Fica criado o grupo de trabalho para elaborar anteprojeto que institua a Comissão Nacional da Verdade (...) para examinar as violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional".

O período cuja investigação tem sido reivindicada é o da ditadura, o que está claro no próprio decreto anterior de Lula ao se referir a levantamentos da "repressão política". Sob a aparência indiferente, no novo decreto, de "período fixado no art. 8º" do ADCT, o período da ditadura e a sua repressão tornam-se frações de um tempo vasto e de ocorrências inumeráveis. O disfarce da remissão às Disposições Transitórias esconde este novo período: (...) "de 18 de setembro de 1946 até a data da promulgação da Constituição" atual.
À Comissão Nacional da Verdade de Lula cabe investigar 42 anos de violações de direitos humanos no Brasil. Sequer é de repressão política só, mas de direitos humanos em geral. Nem em um século a tarefa seria executada por um contingente de pesquisadores.

Lá para as tantas, o propósito do novo decreto se trai, ao pretender disfarce de mais seriedade e, com isso, enveredar por tema que não lhe compete, seria do anteprojeto futuro. Está no art. 6º: "O anteprojeto de lei estabelecerá que a Comissão Nacional da Verdade apresentará, anualmente, relatório circunstanciado" (...). "Anualmente": uma sequência de anos indeterminada, sem motivo ou possibilidade de estimativa, antes vista com a certeza de que entrará pelos tempos.

Não faltou a Lula entregar o que jamais fora cogitado de ceder aos militares: igualar os opositores da ditadura aos torturadores, assassinos e autores de desaparecimentos. Sempre com artimanhas malandras, esta assim posto no art.5º do decreto, que autoriza a comissão a "realizar as seguintes atividades": "V - identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a prática de violações de direitos humanos, suas ramificações nos aparelhos de Estado, e em outras instâncias da sociedade".

A identificação reivindicada pela verdade não é a de estruturas, mas de autorias e responsabilidades correlatas. Na repressão da ditadura, e não nos direitos humanos em geral. A sordidez maior, porém, vem no fim: "em outras instâncias da sociedade". Que instâncias podem ser, senão movimentos, partidos, imprensa, entidades profissionais, entidades estudantis? Cabem na expressão indefinida as "instâncias" capazes de incluir todos os opositores. E torná-los objeto de investigação, com seus desdobramentos, a partir de informações dadas à comissão, como prevê o decreto. Informações, por exemplo, procedentes de militares quando considerem necessária uma represália ou um recuo da comissão.

O novo decreto de Lula é o ato mais grave do seu governo. E o mais denunciador dele próprio.

Terremoto no Haiti: Estudo previu catástrofe há seis anos


Seis anos antes do tremor que matou mais de 100 mil pessoas, um estudo descreveu a falha na zona caribenha e alertou sobre o risco de um abalo de grande dimensão

Os cientistas já suspeitavam que a Ilha Hispaniola — onde estão localizados o Haiti e a República Dominicana — poderia ser atingida por um terremoto de proporções inimagináveis. O alerta chegou a ser lançado durante a 18ª Conferência Geológica do Caribe, realizada em Santo Domingo, entre 24 e 28 de março de 2008. Cinco especialistas apresentaram o estudo, publicado em 2004 pela revista científica Journal of Geophysical Research, no qual descreviam uma falha geológica no lado sul da ilha como um “grande risco sísmico”. Foi exatamente a zona da falha conhecida como Enriquillo-Plantain Garden, na região sul da ilha, a responsável por uma das maiores tragédias da América Latina.

Em entrevista ao Correio, por e-mail, o israelense Uri ten Brink, sismólogo do US Geological Survey e coautor da pesquisa, admitiu que as características da falha indicavam que um tremor poderia ocorrer no local. “A placa tectônica move-se lentamente, e a interação acontece em um de seus limites ou bordas.

Ela se mexe com uma velocidade similar à do crescimento das unhas.

Enquanto nada parece ocorrer diariamente, após algumas centenas de anos você pode ter um acúmulo de vários metros de movimento. Quando as placas estão presas em seu limite, produz-se uma ruptura da falha durante o terremoto”, explica. O último registro de grande tremor na região data de 1770. Atingiu a Jamaica, matou 2 mil pessoas, provocou um tsunami e sucedeu outro abalo ocorrido antes da chegada dos espanhóis, no século 16.

Apesar de Uri reconhecer que os terremotos não ocorrem em intervalos de tempo exatos ou com uma mesma magnitude, ele diz ser possível estimar áreas de alto risco. “Existe um perigo mais elevado de ocorrer um terremoto próximo a falhas que acabaram de sofrer um tremor”, comenta. “É bem provável que as áreas a oeste e a leste do epicentro do tremor de terça-feira sofram rupturas algumas vezes, nas próximas décadas ou talvez em breve”, prevê. Ele afirma, porém, que abalos afetam periodicamente uma mesma falha e liberam o estresse construído pelo movimento das placas.

“O tremor de terça-feira foi transformante. Em outras palavras, os dois lados das falhas se moveram lateralmente. A sensação é como se a terra estivesse se deslocando para a esquerda”, descreve Uri. Esse tipo de tremor se dá apenas na parte mais rasa da crosta terrestre, até 15km de profundidade. Grosso modo, o fenômeno é comparado a um martelo atingindo uma rocha. Tremores mais profundos produzem uma deformação mais contínua e não causam terremotos violentos.

Métodos
Para avaliar o risco de abalos sísmicos, os cientistas dispõem de pelo menos seis métodos. O mapeamento detalhado do assoalho oceânico permite encontrar falhas e desmoronamentos submarinos capazes de gerar tsunamis.

Outro meio de detecção é a instalação de sismógrafos no fundo do mar e no continente. A instalação de receptores de posicionamento global por satélite (GPS) possibilita a medição do movimento da crosta terrestre. O mapeamento de falhas expostas sobre a superfície também pode indicar áreas vulneráveis.
 
Existem ainda as técnicas de abertura de valas cruzando as falhas geológicas, seguida pela avaliação de perturbações no solo, e a análise de registros históricos de terremotos. Segundo Uri, como não há maneiras de prevenir a ocorrência desse tipo de evento, o melhor a fazer é minimizar os danos. “A melhor forma é ter certeza de que os prédios têm segurança e que estruturas importantes, como gasodutos, portos, pontes e torres de celulares, são bem construídas”, aconselha.

É bem provável que as áreas a oeste e a leste do epicentro do tremor sofra rupturas novamente. Talvez, em breve
Uri ten Brink, sismólogo israelense

Terremoto no Haiti: Lula liga para Barack Obama
















Pesidente brasileiro pediu cooperação ao colega americano
Lula disse que Obama concordou com pedido e lamentou mortes.

Lula afirmou ainda que irá ao Haiti assim que for possível.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quarta-feira (13), após conversar por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ajuda e cooperação dos Estados Unidos para fazer chegar as ajudas que estão sendo enviadas para as vítimas do terremoto no Haiti.

Lula disse que pediu a Obama a reativação do grupo de doadores, que funciona com países que fizeram doações ao Haiti no passado, para ver como o país pode ser reconstruído mais rápido.

“O presidente Obama concordou com a proposta e lamentou as perdas de militares brasileiros no Haiti e nos parabenizou pelo sucesso da nossa missão no Haiti”, disse Lula.

Segundo Lula, Obama disse que terá uma reunião com o ex-presidente Bill Clinton, que é o cara da ONU para essas questões, sobre a situação no Haiti e que depois o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) e a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, vão conversar.

O presidente lamentou ainda que a comunicação com o país está muito difícil e não há como mensurar exatamente de que tipo de ajuda o Haiti precisa.

“Espero que com a chegada da missão liderada pelo ministro Nelson Jobim [Defesa] tenhamos informações mais precisas da situação e do tipo de ajuda que eles precisam”, comentou.

Ele disse que tentou falar com o presidente do Haiti, René Préval, mas que as comunicações com o país estão muito difíceis e isso não foi possível.

O presidente revelou ainda que ainda nesta quarta-feira o Brasil vai enviar um avião Hércules para o Haiti com 13 toneladas de alimentos e medicamentos. Na quinta-feira (14), o Brasil deve enviar outro avião, um 737, com 50 bombeiros, cães farejadores, água e medicamentos.

Visita ao Haiti

Lula disse que deve visitar o Haiti quando possível e afirmou que sua pré-agenda, que prevê uma viagem para aquele país no final de fevereiro, está mantida.

“Talvez essa visita seja agora ainda mais importante para o Haiti”, comentou Lula.

Zilda Arns

Lula disse que a morte da fundadora da Pastoral da Criança é uma perda muito grande para o Brasil e para o mundo. “O Brasil e o mundo perderam uma guerreira que lutava pelas crianças do Brasil”, disse.

O presidente fez questão de fazer menção aos militares mortos e os chamou de heróis. “Nós não podemos esquecer de lamentar a perda dos nossos heróis, os brasileiros que estão ajudando na reconstrução do Haiti”, disse.

Prioridades

Mais cedo nesta quarta-feira (13), o Ministério da Defesa disse que a prioridade do governo é enviar às vítimas do terremoto no Haiti alimentos e água disponíveis no estoque do governo. Segundo o ministério, não há condições, no momento, de organizar doações de alimentos, água, roupas ou outros materiais arrecadados por terceiros e nem de armazená-los e distribuí-los no Haiti.

O ministério explicou que "o governo ainda não tem uma avaliação precisa das reais necessidades da população haitiana" e que por isso é "preciso aguardar o momento oportuno para organizar e, eventualmente, despachar àquele país doações encaminhadas por terceiros". O ministro da Defesa, Nelson Jobim, desenbarca na noite desta quarta em Porto Príncipe, capital do Haiti.

Terremoto

Na tarde de terça-feira (12) um terremoto de magnitude 7 atingiu o Haiti, deixando milhares de mortos. Segundo o premiê do Haiti, Jean-Max Bellerive, o número de óbitos pode superar 100 mil. O número equivale a mais de 1% da população do país da América Central.

Segundo o Exército, pelo menos 11 militares morreram. O Brasil comanda uma missão de paz da Organização das Nações Unidas no país. Outra morte confirmada é a da fundadora da Pastoral da Criança, a médica Zilda Arns.

Com G1.

Militares brasileiros mortos em terremoto chega a 11. Zilda Arns foi soterrada e corpo já foi resgatado

Comandante do Exército confirma morte de 11 militares no Haiti
Luciana Lima

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Brasília - O  comandante do Exército, general Enzo Peri, fala com jornalistas antes de embarcar em avião da Força Aérea do Brasil com destino ao Haiti

O comandante do Exército, general Enzo Peri, fala com jornalistas antes de embarcar em avião da Força Aérea do Brasil com destino ao Haiti

Brasília - O governo já fala em cem mil mortos. Um dia depois do primeiro tremor, o desespero ainda toma conta das ruas de Porto Príncipe. A capital ficou devastada. O comandante do Exército, Enzo Peri, disse há pouco que já estão confirmadas 11 mortos, oito desaparecidos e nove feridos. Ele destacou, porém, que esses números mudam a todo momento. Peri faz parte da a missão que embarca neste momento para o Haiti.

Segundo ele, dois dos feridos estão em estado grave e foram transferidos para a República Dominicana. O centro de comunicação do Exército divulgou os nomes dos 11 mortos, todos eles da Força de Paz da ONU (ver lista).

O militar, que embarca neste momento para o Haiti, informou que Zilda Arns foi soterrada. O sobrinho da médica, senador Flávio Arns, também está no avião, junto com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o secretário executivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Rogério Sottili, e o embaixador do Brasil no Haiti, Ygor Kipman.

Jobim disse que ainda não dá para saber como será feita a distribuição dos alimentos. Segundo ele, ao chegar ao país caribenho eles vão verificar a situação e definir a melhor forma de fazer isso.

As famílias dos militares já estão sendo avisadas pelas Forças Armadas e o reconhecimento dos corpos restá sendo feito pelo Exército. Os corpos serão removidos para o Brasil, porque seria mais complicado levar os parentes das vítimas ao Haiti, onde não estrutura no momento. O ministro Peri informou ainda que a base brasileira em Porto Príncipe não foi atingida e as vítimas estavam em outros locais no momento do terremoto.

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“Como podemos explicar às famílias desses soldados e a nós mesmos o que aconteceu?”, perguntava aos seus subordinados na tarde de hoje (13) um graduado general. Desolados, nas últimas 24 horas, os militares brasileiros tentavam entender uma triste ironia. Em segundos, um terremoto em Porto Príncipe fez o que, até agora, nenhuma bala haitiana conseguira: impôs baixas em um dos contingentes das tropas brasileiras que, desde 2004, ajudam no esforço de reconstrução de um país paupérrimo.

Outro militar, o coronel Pedro Pessoa, do Centro de Instrução de Operações de Paz (CioPaz) do Exército Brasileiro, também não escondia sua desolação. “Não consigo imaginar que essas pessoas estão mortas.”

Sob os escombros do prédio da sede da Minustah, em Porto Príncipe, desapareceram o ex-chefe do coronel e hoje chefe da missão da Organização das Nações Unidas (ONU), Hedi Hannabi – cuja morte já foi confirmada - e o brasileiro Luiz Carlos da Costa, segundo na hierarquia da força de paz. “Foi a maior pancada que a gente já teve”, acrescentou Pessoa.

No CioPaz, os militares estavam estupefatos. Não é para menos: todas os homens que o Brasil envia ao Haiti – contingentes que se revezam a cada seis meses – passam por treinamentos lá. A escola, com sede no Rio de Janeiro, tem ajudado também a formar especialistas de outros países latino-americanos.

Em São Paulo, a preocupação do Comando Militar do Sudeste – a quem estava subordinada a maior parte das vítimas brasileiras – é com a remoção dos corpos que já foram identificados no Haiti. A ONU costuma seguir uma série de procedimentos legais para liberar os funcionários mortos. Mas, a expectativa é de que isso aconteça rapidamente.

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Confirmada morte do chefe da missão da ONU no Haiti

O presidente do Haiti, Rene Preval, confirmou hoje (13) a morte do chefe da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país, o tunisiano Hedi Annabi. Ele foi uma das vítimas do terremoto que atingiu a capital Porto Príncipe ontem. As informações são da BBC Brasil.

Annabi, 65 anos, subiu à chefia da missão da Minustah no dia 1º de setembro de 2007. Antes disso, ele ocupou por dez anos a subsecretaria-adjunta da ONU para as operações de manutenção de paz. O prédio do órgão ficou destruído após o terremoto.

O brasileiro e vice-representante da ONU no Haiti, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, permanece desaparecido.

Fontes: AG/Brasil – BBC e Jornal Nacional.


TV UOL

Oposição acredita que críticas ao programa de Lula podem ser usadas contra Dilma

Governo pode atirar no próprio pé

Plano de direitos humanos

O senador José Agripino diz que, com as discussões no Congresso, Lula poderá ser forçado a recuar

A oposição encontrou a brecha que procurava para polemizar os debates antigoverno quando o Congresso voltar ao trabalho no próximo mês. Parlamentares do DEM e do PSDB vão tentar associar as críticas ao Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) à imagem da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República. Os congressistas apostam na dificuldade de aprovação dos projetos nos próximos meses porque sabem que a disposição em votar e debater temas que causam divisão de opinião nos eleitores é quase nula às vésperas de uma eleição. Dessa forma, acreditam que as propostas contidas no programa criado pelo Executivo servirão como vitrine para os parlamentares em campanha, mas não chegarão a ser votadas.
Na avaliação do líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), o debate das matérias no Congresso resultará em mudanças significativas no teor das intenções governistas e deve mostrar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que é hora de recuar. “Essa história chegará ao parlamento com o mesmo clima de divergências que enfrenta no próprio governo. Foi mais uma trapalhada do presidente e deve tomar outra forma durante as discussões que faremos no Congresso”, disse.

O recuo do governo quanto ao programa é tido como certo pelo vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). Para o senador, o conhecido temor dos parlamentares de enfrentar temas polêmicos em ano eleitoral deve esfriar os ânimos em torno da votação das propostas contidas no projeto do Executivo. “Normalmente, projetos que despertam resistências de alguns setores vão para a gaveta em ano eleitoral. Creio que com esse não será diferente e por isso deve haver um recuo do governo. Nem para integrantes da base aliada vale a pena enfrentar esse desgaste”, opina Dias.

Mas o governo também tem suas estratégias para que o PNDH não faça estrago eleitoral ou traga desgastes não só para a ministra, mas também para o presidente Lula. Apesar de as propostas mais polêmicas terem necessariamente que passar pelo Congresso, um dos argumentos é de que, com exceção da criação da Comissão Nacional da Verdade, quase todos os pontos do plano são idênticos ao último programa de direitos humanos lançado em 2002 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo assessores de Lula, outro argumento que a oposição e juristas utilizam é sobre a inconstitucionalidade do plano, sob a afirmação de que ele praticamente dita regras. O governo rebate, alegando que o PNDH é “programático”. “Ele recomenda a adoção de algumas ações, mas não normatiza. Ou seja, não transforma a recomendação em lei”, explica um auxiliar direto de Lula. Além disso, o governo pretende rebater com mais ênfase a crítica de que a Lei da Anistia poderia ser modificada. “Isso nunca chegou a ser cogitado”, observa o assessor.

Aborto
Outra questão é sobre o aborto,(1) um dos pontos em que Lula discorda no texto do PNDH. O presidente quer tratar o assunto como questão de saúde pública, como fez Fernando Henrique Cardoso em seu programa.
Mas o problema do governo continua sendo a Comissão Nacional da Verdade, que provoca discórdias internas, principalmente entre os ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Secretaria dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. A tendência é Lula tentar amenizar o texto, ou mesmo retirá-lo do plano, uma ideia que não agrada a Vannuchi. Entretanto, assessores palacianos afirmam que a situação, apesar de ainda haver rusgas, está sob controle. Mas a definição sobre o desenrolar dos acontecimentos só será dada pelo presidente.
1 - Saúde pública
No programa de 2002, o aborto é citado várias vezes no texto. Em uma dessas referências, o projeto diz que a questão é um tema de saúde pública, com garantia de acesso aos serviços de saúde para os casos previstos em lei. O plano destaca alguns casos em que a prática seria permitida, como quando houvesse estupro. Nos demais itens relacionados à saúde da mulher, o conteúdo é parecido com a atual proposta do governo Lula.

Fonte: CB.

Senador paraense recebe diária para ficar em casa

O senador sem votos José Nery (PSOL-PA) e os colegas Ideli Salvatti, Jefferson Praia e Mozarildo Cavalcanti usam verbas extras de missões oficiais para se alojarem nas cidades onde têm base eleitoral

















Fotógrafo: Geraldo Magela - Agência Senado

O Senado está virando a Casa sinônimo de jeitinho no trato com recursos públicos. Sob o pretexto de estarem em “missão oficial”, quatro parlamentares inventaram uma manobra com o dinheiro do contribuinte no ano passado que, se repetida num ano eleitoral, como o de 2010, os deixarão em vantagem na conquista por votos de eleitores. Em vez de gastarem recursos da própria verba indenizatória, os senadores Ideli Salvatti (PT-SC), José Nery (PSol-PA), Jefferson Praia (PDT-AM) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) preferiram visitar os estados de origem com o dinheiro extra das diárias pagas nas missões oficiais em 2009.

O quarteto usou os recursos dessas missões para realizar reuniões sobre projetos que seriam discutidos pelo plenário, audiências públicas e até acompanhamento de tragédias no estado. Não há limite para essa verba, desde que ela tenha sido autorizada pela Direção da Casa ou por uma comissão com competência. Pouparam, dessa forma, os recursos da verba indenizatória — essa, sim, prevista para cobrir despesas com transporte, estadia, alimentação e outros gastos do exercício parlamentar com teto de gastos. “Ou nós usamos a verba indenizatória ou as diárias. Não há terceiros que pagam por essas viagens. De qualquer forma, o dinheiro sai do Senado”, disse Nery.

O senador paraense pelo PSol foi quem mais utilizou a ajuda de custo em seu giro pela capital. Nery recebeu R$ 2.892 para acompanhar as atividades da CPI da Pedofilia. “Achei que no estado não havia como receber a diária. Mas a diretoria informou que em missão oficial podemos usar uma coisa ou outra”, disse. Nery passou pela capital do Pará a título de missão oficial entre 4 a 7 de março e de 10 a 15 de setembro do ano passado. Na duas ocasiões, o fim de semana estava incluso. Segundo o parlamentar, a CPI realizou sessões nos sábados e domingos.

A senadora Ideli Salvatti, pré-candidata do PT ao governo de Santa Catarina, realizou todas as missões oficiais no Brasil em seu estado. Em 2008, foram duas, a primeira para representar o Senado no Congresso Catarinense de Radiodifusão, em Florianópolis, e a segunda para visitar os locais afetados pela enchente em que morreram 116 pessoas. No ano passado, Ideli realizou ato da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas. Presidente do órgão, o ato ocorreu em conjunto com integrantes da Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa estadual, entre 13 e 14 de agosto, e recebeu como ajuda de custo duas diárias no valor de R$ 786.

Esse mesmo valor foi utilizado por Jefferson Praia para participar também de audiência pública em sua cidade natal e base eleitoral. Durante dois dias, o senador manauara esteve na própria cidade representando o Senado. O gabinete do parlamentar informou que ele estava no estado representando os interesses do Senado e não os próprios.

Brecha
O senador Mozarildo Cavalcanti é outro que só realiza missões oficiais no Brasil em Roraima, seu estado. No ano passado, ganhou 10 diárias, o equivalente a R$ 2.766, para acompanhar como representante da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional a retirada de agricultores da reserva indígena Raposa Serra do Sol entre 20 a 30 de abril. Procurados no gabinete e em seus celulares, Mozarildo e Ideli Salvatti não retornaram os contatos feitos pela reportagem.

Os quatro se valeram de uma brecha no Regimento Interno do Senado. As diárias são ilimitadas, mas a verba indenizatória tem teto mensal de R$ 15 mil ou R$ 180 mil acumulados em um ano. Em 2009, pelo menos, o artifício não causou rombo aos cofres públicos. Ideli foi quem mais próximo chegou do teto. Ela gastou R$ 177 mil com a verba indenizatória. Em segundo lugar, está Mozarildo Cavalcanti , com R$ 170,3 mil. José Nery, por sua vez, usou R$ 148,4 mil. Jefferson Praia consumiu apenas R$ 48 mil, embora, segundo os registros do Senado, tenha usado a verba indenizatória em apenas cinco meses. Dessa forma, o teto de Praia era de R$ 75 mil. Mas a brecha está aí e pode ser usada em 2010.

Preferência pelo exterior

A análise das despesas com diárias pelos senadores em 2009 mostra que há uma preferência disparada para gastar dinheiro do contribuinte em viagens ao exterior. As diárias internacionais foram utilizadas por 28 senadores em 91 vezes. Disponíveis no sistema de acompanhamento do Orçamento do Senado, as diárias são utilizadas sem nenhuma regra ou padrão, na maioria das vezes em encontros e fóruns mundiais. Fátima Cleide (PT-RO), Leomar Quintanilha (PMDB-TO), Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) foram a Istambul para participar do Fórum Mundial das Águas. A petista recebeu R$ 3.943, o peemedebista R$ 7.987, o mesmo valor da senadora tucana, e Casagrande, R$ 5.990.

O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) representou o Senado em três ocasiões no exterior. Duas vezes na China e uma na África do Sul. Gastou R$ 15.886. Participou de uma feira sobre importação e exportação entre 15 e 19 de abril e “desempenhou missão parlamentar na cidade de Guangdong”, entre 29 de novembro e 7 de dezembro, ambos eventos na China. Na África do Sul, visitou estádios de futebol como integrante da subcomissão de acompanhamento da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. O destino mais comum dos parlamentares é Montevidéu para participar de plenárias do Mercosul, com 43 visitas ao todo. (TP)

Achei que no estado não havia como receber a diária. Mas a diretoria informou que em missão oficial podemos usar uma coisa ou outra”
José Nery (PSol-PA), senador

Fonte: Correio Braziliense.

Google cria sistema global de monitoramento de florestas

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O planeta poderá ganhar mais uma forte arma de combate à destruição de florestas em todo o mundo. O Google anunciou recentemente o desenvolvimento de uma nova tecnologia que permitirá a observação e mensuração em escala global de mudanças nas florestas da Terra. Com o software, qualquer pessoa ou organização poderá monitorar pela tela do computador os desmatamentos que estiverem acontecendo em qualquer bioma do planeta.

A tecnologia deverá contribuir com redução dos desmatamentos e, consequentemente, com a diminuição das emissões de gases causadores do efeito estufa. Segundo informações da Google, somente as emissões geradas pela destruição de florestas tropicais se igualam às emissões de toda União Européia e são maiores que os níveis emitidos por todos os carros, caminhões, aviões, navios e trens de todo o mundo.

As conclusões quanto a isso são um tanto quanto óbvias, ao menos para os membros da empresa. “Manter as florestas do mundo em pé é uma forma altamente eficaz de se reduzir as emissões de carbono e atenuar as alterações climáticas”, afirmam.

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Monitoramento global e apoio ao REDD

Tecnologia também tem potencial para ser uma forte aliada do REDD (Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal em Países em Desenvolvimento) – projeto das Nações Unidas que pretende oferecer incentivos financeiros aos países em desenvolvimento para que eles protejam suas florestas.

“Implantar um sistema de REDD global exigirá que cada nação tenha a capacidade de monitorar e informar com precisão o estado das suas florestas ao longo do tempo e de uma forma que isso seja verificável de forma independente. No entanto, muitas dessas nações não dispõem de recursos tecnológicos para fazer isso, por isso estamos trabalhando com cientistas, governos e organizações sem fins lucrativos para alterar esse quadro”, informam.

União de tecnologias

O programa utiliza a tecnologia do Google Earth, que exibe imagens de satélite de qualquer região do planeta, aprimorada por um software desenvolvido pelos cientistas Greg Asner e Carlos Souza que cria mapas de cobertura florestal e de desmatamento a partir das imagens de satélite.

No protótipo, as autoridades ambientais ou pessoas e ONGs interessadas em monitorar as florestas poderão verificar essas imagens de determinada área, e conferir dados científicos de como o tamanho e a forma da cobertura arbórea mudou ao longo do tempo.

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Dessa forma, dados de todos os cantos da terra (do passado, presente e futuro) poderão ser facilmente disponibilizados nessa plataforma gratuita e global. Qualquer pessoa, utilizando qualquer computador, poderá acessar em segundos a informações sobre os desmatamentos ocorridos no Mato Grosso, por exemplo, nos últimos 30 dias.

Disponibilização em breve

A tecnologia ainda está em fase de estudo e foi disponibilizada apenas para um pequeno grupo que irá testá-la por mais algum tempo. Mas os ansiosos podem ficar despreocupados - a empresa afirma que o serviço está disponível para o público ainda em 2010.

O prazo animou especialistas, como o diretor do Programa de Ciência da Conservação da WWF-EUA, Colby Loucks. Em entrevista ao The Guardian, ele reforçou a necessidade de um sistema de monitoramento transparente e efetivo que contribuísse com o REDD.

“Se o sistema do Google puder ser expandido para cobrir as florestas a nível global e com acesso de imagens em tempo real, ele terá o potencial para ser uma poderosa ferramenta que ajudará os países a controlar a perda da floresta tropical”, concluiu.

Fonte: Embrapa Florestas.

Revanchismo ou fogo amigo?

Por Sérgio Borja - Professor de direito da UFRGS e da PUCRS

A persistência dos ministros Paulo Vanucchi e Tarso Genro na edição de decreto que extingue a anistia na área de direitos humanos, muito mais do que revanchismo, pode ser qualificada como verdadeira postura de Chapolin Colorado. É fogo amigo que fere “sem querer, querendo”. Na verdade, por meio de um método próximo à homeopatia, que usava a parêmia similia similibus curantur, criada por Samuel Hahnemann: curar antiga patologia usando do próprio veneno. A tática olvida-se, no entanto, de uma regra elementar no campo social, a de que a cada ação corresponde uma reação.

Explico: Tarso e Vanucchi, persistindo em agravar as escaras do regime militar, atraem sobre a candidatura da “companheira” Dilma Rousseff a lei da reciprocidade que querem aplicar, de forma unilateral, aos torturadores do regime militar. Ora, é princípio de lógica jurídica elementar que os crimes, sejam eles de tortura ou terrorismo, devem ser enquadrados sob o mesmo aspecto, em vista de serem ambos imprescritíveis e hediondos. Assim, não só os militares, mas também os “companheiros” que hoje ocupam posições na sociedade civil, inclusive no governo, devem responder pelos crimes eventualmente cometidos.

O caso Cesare Battisti, terrorista de esquerda de carteirinha, está dentro da tática utilizada e com origem notoriamente identificada. A recidiva do decreto soma-se à linha de conduta já alvitrada. Poderíamos pensar que esse tipo de estratégia limparia a candidatura Dilma. Na verdade, esse tipo de alvitre imagina um day after em que houvesse uma solução à La Gramsci, seja a manutenção da atual “democracia”, simbiose da esquerda com o capitalismo internacional, para manutenção dos seus desideratos recíprocos, seja a ocupação do poder esperançoso pelos primeiros, com a manutenção da democracia chupa-cabra do capitalismo usurário dos segundos.

Afinal, sonhar com isso não se afasta do cenário alimentado pela própria realidade em que vivemos. Os americanos e seu capitalismo, hoje, não têm prurido algum, ético ou ideológico, em investirem e comerciarem com o antigo inimigo e verdadeiro monstro que “era” a antiga China. A antiga cortina de bambu hoje é uma verdadeira persiana de plástico para encobrir a sinergia do neocapitalismo informal chinês deglutido com requintes de shop-suei agridoce pelo paradoxal neopaladar ocidental.

Tarso e Vanucchi podem, dentro dessa perspectiva alimentada pelos paradoxos reais da geopolítica pós-Guerra Fria, nutrirem uma esperança gramscista de hegemonia unilateral. Afinal, o capitalismo, em sua nova fórmula simbiótica, propicia esse voo alvissareiro da neorrazão. No entanto, creio firmemente na primeira hipótese, a do fogo amigo enquadrado na ética de Chapolin, que acerta “sem querer, querendo”. Isto é, implode a candidatura da ministra Dilma Rousseff, colocando-se como substituto da titular na partida da disputa à Presidência da República. O técnico Lula, impedido de jogar (mesmo que contemple o precedente Uribe), poderia convocar da cadeira da reserva, nesta hipótese, Tarso como titular.

De qualquer forma, pelo sim ou pelo não, a técnica utilizada é perigosa e chamusca, pois a maioria silenciosa, que sofre o governo dos dois extremos, que se alternam no poder sob o efeito político do fenômeno gangorra, não admitirá, de nenhuma forma, uma solução unilateral, ou seja, hegemônica. A maioria silenciosa não deseja mais o capitalismo ou o comunismo jurássicos.

O regime que mais se coaduna com o futuro é o da fraternidade entre o capital e o trabalho, na verdadeira democracia social, cuja bandeira impávida tremula sob o pálio azul da esperança, adornando o sonho da Europa e do mundo, unindo leste e oeste rumo ao futuro. A Guerra Fria do século 20, a quem Eric Hobsbawm cognominou a Era dos Extremos, não pode ser internalizada no Brasil no século 21. Por favor, ministros Tarso e Vanucchi...

Governo fará cobrança unificada de impostos federais

Ministério da Fazenda começa a testar em março novo sistema integrado de arrecadação de créditos tributários

O governo vai unificar a cobrança de créditos tributários de toda a esfera federal, permitindo que o contribuinte devedor possa resolver todas as pendências em um só lugar. Atualmente, o ônus pelo recebimento do tributo não pago é dividido entre a Receita Federal e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), para onde vão os processos inscritos em dívida ativa.

A ideia é simplificar o processo de cobrança e reduzir em um quarto o prazo padrão de recebimento do crédito pela União, hoje de quatro anos. Esse é o tempo médio que uma ação leva para ser julgada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A intenção da Fazenda é que, até 2011, esse tempo caia para algo como um ano. “E, em alguns casos, para até quatro meses”, disse ao Correio o ministro interino da Fazenda, Nelson Machado.

Segundo ele, o assunto é tratado como prioridade para o governo, que criou um grupo de trabalho para acompanhar a evolução do chamado macroprocesso do crédito tributário.

Um técnico da Receita Federal, Marcelo Henrique, ficou responsável por cobrar resultados dos gestores da PGFN, do Carf e do próprio Fisco. Ele responde diretamente a Machado. “Ele cobra dos servidores e eu cobro dele. Queremos resultados concretos”, afirmou. Além de Henrique, o coordenador-geral de Arrecadação e Cobrança, Marcelo de Albuquerque Lins, e a coordenadora-geral de Atendimento e Educação Fiscal, Maria Helena Cotta Cardozo, acompanham de perto os desdobramentos das ações propostas pela Fazenda. O trabalho deles é fazer com que os três órgãos trabalhem juntos no novo modelo de cobrança tributária.

Migração de dados
Os técnicos também são responsáveis pelo processo de migrar os dados dos três órgãos para um só sistema, que será testado em março pelo governo. A ideia é abrir unidades de atendimento em dez capitais, incluindo Brasília. As unidades vão funcionar de forma experimental entre 15 de março a 9 de abril deste ano. Dando certo, o serviço será estendido para todos os locais em que há um posto da PGFN, entre 10 de maio e 9 de julho. O cronograma também prevê uma nova extensão para as demais unidades da Receita no país, entre 2 de agosto e 31 de dezembro deste ano. “Será um espaço comum, com um pouco da ideia do e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte). Só que quando esse projeto foi criado, havia um e-CAC para a Receita e outro para a Procuradoria. Dessa vez vai ser um só”, ressaltou Machado.

Para o governo, essas ações são apenas o início de uma grande reformulação do modelo de cobrança tributária no país. “Isso é só a ponta do iceberg”, disse Machado. Segundo ele, haverá ainda mais “um caminhão de processos” a ser tocado pelo grupo, em um esforço para unificar toda a base de dados dos órgãos de cobrança de créditos tributários. Essas ações, no entanto, devem surtir efeito somente em três ou quatro anos.

Pré-declaração do IR
Apesar de dizer que a evolução dos sistemas de cobrança é “surpreendente”, para Machado ainda há espaço para melhorias mais ousadas. Ele citou como exemplo a atuação de governos de países europeus, que fazem uma pré-declaração de Imposto de Renda (IR) do contribuinte, cabendo a este apenas aprovar ou questionar os dados apresentados. “Esse processo seria possível isso no Brasil? Sim, por que não? (A gente) está quase lá”, garantiu. Ele mencionou ainda que boa parte das informações centrais da declaração de IR já é recolhida pelo fisco. “Já recebemos as informações sobre a renda e, a partir de 2011, todo o setor médico terá que informar à Receita as declarações de despesas dos contribuintes. Com isso, será possível cruzar boa parte das informações que gera retenção em malha fina.”

Machado insistiu que o governo não toca nem pensa em tocar neste momento uma ação dessa envergadura. Mas admitiu que essa é uma “possibilidade concreta”. “Não teria problema nenhum a Receita, em 2014 ou 2015, criar um extrato desse tipo. Claro que vai precisar de muita máquina para dar conta do sistema, porque seriam 23 milhões de pessoas acessando. Mas acho que poderíamos caminhar para isso”, frisou.

Será um espaço comum, com um pouco da ideia do e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte)”
Nelson Machado,Ministro interino da Fazenda

Fonte: Correio Braziliense.

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