Licenciamento para a obra do Pedral do Lourenço
“Casas de aço” para incrementar demanda para a siderurgia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem, durante reunião com representantes do setor siderúrgico, que eles estavam "muito tímidos" diante do crescimento da demanda interna brasileira por aço. Na semana passada, Lula já havia reclamado com a Votorantim , porque o país está importando aço longo da China para atender à indústria naval nacional. O presidente indagou sobre a baixa produção de casas de aço no país. Os empresários reclamaram que não há "cultura" da Caixa Econômica Federal (CEF) para autorizar financiamentos desta natureza. "Eles questionam, por exemplo, a durabilidade das casas feitas de aço", disse o presidente da Usiminas, Marco Antônio Castelo Branco.
Ficou acertada para a próxima semana uma reunião dos empresários com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e representantes da CEF e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estudar linhas de financiamento para a produção de casas de aço. "Elas podem ser construídas em um prazo muito mais rápido que as casas normais, o que daria escala na produção", confirmou o presidente da Usiminas.
O presidente do Instituto Aço Brasil, Flávio Azevedo, afirmou que a demanda interna nacional é de 22 milhões de toneladas e que o setor produz 41 milhões. Com todos os grandes eventos previstos para os próximos anos -
investimentos no pré-sal e na construção naval, programa Minha Casa, Minha Vida, Copa do Mundo e Olimpíada - a necessidade de aço atingirá o patamar de 41 milhões. "Apresentamos ao presidente Lula uma estimativa de investimentos de US$ 40 bilhões até 2016, o que nos permitirá ampliar nossa produção para 77 milhões de toneladas", disse Azevedo.
Ele lembrou que o setor enfrentou com dificuldades a crise internacional. Na virada de 2008 para 2009, foram fechados 6 dos 14 alto-fornos. "Recuperamos nossa produção e temos apenas um alto-forno paralisado no momento", afirmou Azevedo. O empresário também rebateu as acusações de que o setor siderúrgico é inflacionário. "O aço representa 50% do peso de um carro, mas apenas 5% a 6% do valor final do veículo. No caso das casas populares, o custo do aço no preço final é de apenas 2%, de 10% a 15% no caso de fogões e geladeiras", completou o empresário.
Fonte: Valor.
Procuradores e OAB querem mais discussões públicas sobre siderúrgica da Vale em Marabá
Deu no blog Espaço Aberto
MP quer nova audiência pública sobre siderúrgica da Vale
Durante a primeira audiência pública para debater o projeto de instalação de uma siderúrgica da Vale em Marabá (sudeste do Pará), os representantes do Ministério Público Federal e Estadual solicitaram a realização de mais audiências e a concessão de maior prazo para que a sociedade possa avaliar corretamente os impactos do empreendimento e tenha condições de participar efetivamente. A Ordem dos Advogados do Brasil concordou com o pedido e também solicitou novas audiências.
“Houve desrespeito ao princípio da ampla publicidade e o prazo concedido para análise do Estudo de Impacto Ambiental não foi razoável. O Ministério Público Federal, como representante da sociedade, só recebeu cópia do EIA/Rima em dezembro, mesmo assim, devido a ofício encaminhado pelo MPF à Procuradoria Geral do Estado. Em prazo tão exíguo, é inviável avaliar corretamente os impactos”, disse o procurador Tiago Modesto Rabelo, presente à mesa durante a audiência.
Os estudos foram apresentados no final de outubro à Sema e ao Governo do Estado, mas não foram encaminhadas cópias às entidades da sociedade civil, nem ao MPF. Apenas em dezembro passado, após requisitar os estudos, é que os integrantes do Ministério Público puderam conhecer o documento.
O procurador lembrou durante a audiência que a complexidade do empreendimento requer debates mais profundos. “No entanto, não foi oportunizada à comunidade, através do envio dos estudos às entidades da sociedade civil, real possibilidade de conhecer e discutir, em condições de interferir validamente, o empreendimento e seus impactos sócio-ambientais”, disse.
Os estudos foram elaborados pela empresa Brandt Amazônia e Meio Ambiente Ltda e somam oito volumes com avaliações sobre fauna, flora, recursos hídricos, econômicos e sociológicos. O secretário de meio ambiente, Aníbal Picanço, que presidiu a audiência, não descartou a possibilidade de realizar novos debates e se comprometeu a responder em prazo razoável à solicitação do MP e da OAB.
Além dos procuradores da República, esteve representando o MP do Estado a promotora de Justiça Mayanna Silva, que acompanha as controversas desapropriações dos terrenos onde a Vale pretende instalar a siderúrgica. A polêmica em torno da siderúrgica começou com a revelação de que os donos de duas propriedades receberiam mais da metade dos R$ 60 milhões destinados às desapropriações, mesmo possuindo apenas 7,6% da extensão do terreno.
O assunto já está sendo discutido na Justiça. Recentemente, o MPF recebeu informações de que, além do problema com os valores, as desapropriações poderiam ser ilegais por incidirem sobre áreas que já foram desapropriadas previamente pela União para reforma agrária.
Outra preocupação apresentada na audiência pública é que, pelo protocolo de intenções existente entre a Vale e o Governo, a área que está sendo desapropriada por R$ 60 milhões pode ser repassada à empresa por R$ 13,6 milhões. No mesmo documento, além do preço “camarada”, a Vale obteve garantia de vários benefícios e incentivos fiscais.
Apesar dos debates sobre a viabilidade ambiental da obra não terem sido concluídos e as desapropriações ainda estarem em discussão na Justiça Estadual, o governo do Pará anuncia que o início das obras, com serviços de terraplenagem, será dentro de cinco meses.
Fonte: Assessoria de Imprensa do MPF.
Lula tem razão em parte ao cobrar "ação" da Vale
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe em audiência no Palácio do Planalto o presidente da Mittal Steel Company, Lakshmi Mittal e o presidente da Vale, Roger Agnelli: José Cruz/ABr
ARTIGO
* Val-André Mutran
Ameaçada por estúpidas organizações que querem a sua reestatização acusando a contaminação febril de ventos venezuelanos de um socialismo imoral, sob medida para o recrudescimento de uma guerra fria que não mais existe. A direção da megamineradora brasileira provou ao presidente Luis Inácio Lula da Silva que o mundo dos negócios - defininitivamente - não é o mesmo mundo da política.
Acompanho com interesse profissional os desdobramentos desta empresa desde que foi privatizada na era FHC.
Não há qualquer dúvida de minha parte que sua privatização fez bem ao Brasil, tornando-a, posteriormente, a potencial empresa pole posicion do setor no Planeta.
Evidentemente o encontro entre Lula - o Cara; Lakshmi Mittal (Grupo ArcellorMittal) - o maior produtor de aço do mundo; e Roger Agnelli - eleito o melhor executivo da Terra, não foi para inglês e brasileiro ver.
As negociações da Vale com o gigante anglo-indiano são intermitentes e por pressões acusadas nas últimas semanas, Agnelli combinou com a aquiescência de Mittal, mesmo correndo o risco de um anúncio precipitado, a provável associação no valor de R$ 8,8 bilhões (cotação do dólar a R$, 1,76) para a construção no Estado do Espírito Santo de uma nova planta industrial para produção de aço.
É a gestação de um novo gigante da siderurgia mundial.
- Lula adorou.
O presidente não aceita que a Vale fique restrita à exportação de matéria-prima para o exterior. O gênio da raça quer agregação de valor aos nossos minérios, num surto que remete à letra de uma famosa banda de rock paraense cujo sugestivo nome é: Mosaico de Ravena, autora de um hino de minha geração quando residia no Pará, onde criticava a busca irracional pelo desenvolvimento a qualquer preço em desfavor da preservação de sua cultura; citando que a então estatal Companhia Vale do Rio levava "os nossos minérios", deixando aos paraenses brasileiros apenas o buraco e muita pobreza ao redor.
A "birra" de Lula tem seus motivos, os quais concordo em parte. Ele está correto em cobrar da mineradora maior preocupação com sua atividade fim, apontando a necessidade de sua diversificação em busca da verticalização de tal riqueza mineral - finita - diga-se.
O que o presidente está equivocado é achar que pode "puxar a orelha" de um executivo do porte de Agnelli, como que tomando-o por um garoto que está a praticar danações.
Jovem, arrojado e discípulo de Lázaro Brandão, por sua vez discípulo e sucessor de Amador Aguiar, fundador do Banco Brasileiro de Descontos S.A (Bradesco), Roger Agnelli aprendeu que no mundo dos negócios um anúncio precipitado pulveriza a construção de uma intricada e complexa negociação como o é, a Vale tornar-se, do dia para a noite, concorrente de seus próprios clientes no negócio da siderurgia.
Isso resulta em aborto. Inviabiliza-o. E Lula precipitou as coisas nesse caso.
Aguardemos a reação dos concorrentes.
Não tem ninguém na assessoria de Lula para passar-lhe essa lição? Ou os assessores "querem a cabeça" de Roger Agnelli em mais uma "jogada" de aparelhamento?
Não nos esqueçamos que o Governo Federal é detentor de porcentagem das ações que auferem o seu controle.
Resumindo: Lula presta um desserviço à Nação quando opera publicamente esse tipo de interferência à la Chávez e joga gasolina no chamado "Risco Brasil", o foco que seu cargo não deve deixar de combater um único segundo.
* O autor é jornalista.
Em gestação um novo gigante da siderurgia
Com Mittal associado à Vale em nova siderúrgica, a consolidação da produção de aço sai do forno
A confirmação levada pelo empresário anglo-indiano Lakshmi Mittal ao presidente Lula, durante reunião em Londres, de que o seu grupo ArcellorMittal vai associar-se à Vale para investir US$ 5 bilhões na construção de outra siderúrgica no Espírito Santo dispara mais um movimento de grandes proporções na indústria brasileira.
O presidente da Vale, Roger Agnelli, pôde respirar aliviado, bem como Lula, que há meses pressionava a direção da ex-estatal a dar um upgrade em seu plano de negócios, para incorporar maior valor à exportação de minério de ferro, sua maior e rentável atividade.
A disputa deixara ambos muito mal. Agnelli se viu exposto como um executivo alheio aos interesses nacionais, movido pela ganância do lucro. Injustiça. Afora a Petrobras, nenhuma empresa investe tanto no Brasil quanto a Vale. E ambas também têm pesados investimentos no exterior, além de serem extremamente lucrativas. A pinimba foi pura birra de Lula, muito devido à sem cerimônia de Agnelli, com o respaldo dos sócios, à frente da empresa, não questão ideológica.
No fim de 2008 ele promoveu demissões quando Lula discursava que a crise externa chegaria aqui como “marolinha”, e o fez sem pedir benção ao governo. Pouco antes, a Vale havia comprado uma grande mineradora no Canadá, a Inco, chocando a ministra Dilma Rousseff, para quem a expansão da empresa deveria priorizar o Brasil.
A cada estranhamento Agnelli ia a Lula dar explicações, que ouvia e aparentemente entendia, enquanto a cozinha palaciana adicionava veneno na relação. O caldo entornou quando estaleiros nacionais se queixaram de que a Vale encomendara doze graneleiros, de 400 mil toneladas cada, na China. Gente graúda no governo achou que seria o fim de Agnelli, prova de seu descaso com a indústria nacional.
Para quem faz política como daltônico enxerga o mundo, pode ser. De fato, a Vale praticou política de reciprocidade com o seu maior cliente, a China, cujo governo vinha aos sopapos com dois gigantes da mineração: as australianas BHP Billiton e Rio Tinto. Esta teve até executivos presos em Pequim, acusados de espionagem. Mais: os estaleiros nacionais foram consultados e não apresentaram preço e prazo de entrega melhores que os da China.
Análises rudimentares
Uma empresa complexa e estratégica como a Vale também tem razões de Estado em sua trajetória de resultados. É provável que as suas nuances tenham sido mal compreendidas pelas análises rudimentares dos encrenqueiros palacianos. Lula deve tê-las entendido, ou pelo menos desconfiado, já que podia ter pedido o escalpo de Agnelli e não o fez. Deu tempo a ele e aos sócios da Vale para se mostrarem comprometidos com o projeto de desenvolvimento do país.
Isso é o que ele quer e assim entende o processo de consolidação em curso em vários setores (celulose, petroquímica, etanol, carne, energia), outros ainda em tratativas, visando a criação de grupos econômicos capazes de competir de igual com os maiores do mundo.
Algodão anglo-indiano
A formulação lulista de fortificação do capitalismo nacional, no caso da Vale, ia fugindo do roteiro por causa das inabilidades das partes e de outros interesses que entraram pelas bordas. Lula deve ter sentido o cheiro de queimado, além de lhe desagradar ser visto como algoz de empresa privada, ainda que, na prática, paraestatal.
BNDES e fundos de pensão de estatais, liderados pela Previ, detém mais de 50% das ações votantes da holding que controla a Vale.
Mittal desponta nesse quadro como algodão entre bolotas de ferro. Lula quer a Vale na siderurgia, não só exportando minério, decisão receada pela cúpula da empresa, pois poderia implicar um potencial conflito de interesse com seus clientes — grandes usinas da China, Coreia do Sul, Japão, além das brasileiras. Tais receios parecem mitigados com Mittal, o maior grupo siderúrgico do mundo.
E nasce outro gigante
O que começa agora a se delinear é a consolidação na siderurgia, que se pensou no início do governo Lula entre a CSN e a Usiminas. A Vale poderá fazê-la com a Mittal no Espírito Santo, com a alemã ThyssenKrupp, com a qual constrói outra usina gigante no Rio, a coreana DongKuk, sócia na planta prevista para o Ceará, e talvez os alemães no projeto para o Pará. Juntos, tais projetos farão a produção nacional de aço, de 41 milhões de toneladas/ano, aumentar 50%. Cogita-se adiante, na Vale, apartar tais participações noutra empresa e abrir o capital. Já surgiria gigante. Só a parte da Vale equivale a mais de US$ 17 bilhões em novos investimentos.
Dirigismo com mercado
Atrás dos minuetos envolvendo negócios superlativos e intrincados arranjos societários e até geopolíticos há toda uma estratégia e a retaguarda executiva e pensante confiada por Lula ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Não se trata do velho dirigismo da época autoritária, quando o governo impelia a direção ao setor privado e escolhia os executores — e, em consequência, ficava responsável também pelo fracasso. O movimento atual é privado, e a formulação, compartilhada, se tais projetos previrem financiamentos ou aportes de entidades públicas. O caso da Vale ia fugindo desse modelo, até que o processo foi saneado. Sem transparência, o risco permanece. (CB)
Afagos à Vale
LONDRES e RIO. Em sua viagem a Londres, o presidente Lula deu sinais de reaproximação com o principal executivo da Vale, Roger Agnelli. Se na inauguração do escritório londrino do BNDES, quartafeira, Lula citou a Vale como exemplo de empresa brasileira que compete em condições de igualdade no exterior, o afago direto a Agnelli veio ontem, quando o presidente contou uma anedota sobre as negociações com a China para um empréstimo de US$ 10 bilhões à Petrobras, no auge da crise.— Tive de ligar três vezes para o presidente Hu Jintao. Os chineses são duros na queda. Quem faz negócios com os chineses? Você faz, né, Roger? — disse Lula, dirigindo-se ao presidente da Vale, que estava na plateia.No mês passado, Lula criticara Agnelli, afirmando que não adiantava a Vale achar que é grande e ele “ficar sentado numa cadeira no Rio e não ir para a rua vender”.A Vale confirmou estar negociando com a ArcelorMittal o projeto da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), no Espírito Santo. A ArcelorMittal admitiu estudar o projeto. Segundo Ricardo Ferraço, vice-governador do Espírito Santo, a CSU está em fase de avaliação ambiental, que deve acabar até julho.
Vale inicia processo para construção de usina no Pará
Valor
Na lista de investimentos da Vale, que devem sair do papel em 2010, está a nova siderúrgica a ser erguida no município de Marabá (PA), a 485 quilômetros de Belém. O empreendimento, avaliado em R$ 5,2 bilhões, é uma resposta da mineradora à reivindicação política da governadora paraense, Ana Júlia Canepa (PT), com apoio do presidente Lula, para Roger Agnelli, presidente executivo da companhia, construir uma usina de aço no Estado. O projeto denominado Aços Laminados do Pará (ALPA) está sendo desenvolvido integralmente pela Vale, mas ainda não tem a aprovação de seu conselho de administração.
Ontem, a mineradora comunicou que deu o primeiro passo para tocar o projeto. A Vale entregou ao governo estadual, em cerimônia no Palácio dos Despachos, o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) da ALPA, à serem encaminhados à Secretaria de Meio Ambiente do Pará. O EIA-RIMA, elaborado com base em estudos de engenharia conceitual da TKS Consulting, é a primeira providência para a obtenção da licença prévia para a instalação do projeto no Distrito Industrial de Marabá.
A ALPA terá capacidade para 2 milhões de toneladas de aço semiacabado (placas) e 500 mil toneladas de aços laminados (bobinas e chapas grossas). A expectativa da Vale é iniciar a terraplanagem em junho. As demais etapas serão tocadas a partir de outubro do próximo ano. A entrada em operação da siderúrgica, já com alto forno, aciaria e laminação, está prevista para novembro de 2013. As obras deverão durar três anos, a partir da licença de instalação. A Vale estima a criação de 18 mil empregos no período de implantação da unidade e três mil empregos diretos e 12 mil indiretos na fase de operação.
A logística do projeto prevê a construção de um acesso rodoviário da Estrada de Ferro Carajás (EFC), operada pela Vale, para viabilizar o transporte do minério de Carajás até a usina. Os governos estadual e federal estão compromissados em construir uma hidrovia no rio Tocantins, por onde devem escoar os produtos siderúrgicos da ALPA, seguindo até o Terminal Portuário de Vila do Conde, em Barcarena.
Além da ALPA, a Vale está envolvida com mais três projetos de aço. A CSU (Companhia Siderúrgica de UBU); a ThyssenKrupp CSA, em Santa Cruz, no Rio, e a Companhia Siderúrgica de Pecém, no Ceará, em parceria com a DongKuk.
Rosa agrada Lula em entrevista sobre administração da Vale
Sérgio Rosa, presidente da Previ e do conselho da Vale, defende investimentos da mineradora no setor siderúrgico. "Temos de olhar o consumo 10, 20 anos à frente"
Maior acionista da Vale, a Previ, a fundação de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (BB) quer, a exemplo do governo, que a empresa invista na produção de aço no Brasil. Nesta entrevista ao Valor, o presidente da Previ, Sérgio Rosa, rompeu o silêncio a que vinha se impondo desde o início da polêmica envolvendo o presidente Lula e o principal executivo da Vale, Roger Agnelli.
A entrevista agradou o presidente Luis Inácuio Lula da Silva.
A íntegra aqui.
Gerdau entrega estudo ao Governo: “tem aço sobrando no mundo”
Membro do Conselho de Notáveis que assessora Lula, o empresário Jorge Gerdau anda inquieto com a insistência do governo em obrigar a Vale a investir em siderurgia. Segundo a semanal Veja, o megaempresário enviou a Dilma Rousseff um estudo sobre o assunto. Na semana passada, esteve com Lula em Brasília para lhe entregar "uns papeizinhos" em que sustentava sua posição. Para ele, tem aço sobrando no mundo. Se a Vale, com todo o seu poder de fogo, começar a produzir aço com o próprio minério, sai de baixo.
A Vale começa a obras de construção de uma aciaria em Marabá.
Segunda maior mineradora do planeta, que também é a segunda maior empresa brasileira, será a única investidora no projeto, diz a governadora paraense, ressaltando que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já teria sido consultado para financiar o projeto. Do investimento total previsto, US$ 3,3 bilhões serão destinados apenas para a construção da usina. Outros US$ 275 milhões serão investidos num porto e mais US$ 125 milhões serão aplicados num ramal ferroviário.
Há duas semanas o Governo Federal pressiona a Vale para mostrar serviço como se ela fosse uma Petrobrás - a 5.a maior empresa do mundo -, refém das desídias e vontades do "canetão plantão".
Obedece quem tem juízo
Da produção total de 2,5 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos por ano, a Alpa planeja exportar 2 milhões de toneladas. As 500 mil toneladas restantes serão destinadas ao mercado doméstico, diz a governadora.
A concepção da Alpa será similar à da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), investimento de 4,5 bilhões da alemã ThyssenKrupp com a Vale. A Vale detém 10% da CSA, mas na semana passada a assinou memorando de entendimentos para elevar essa participação para 26,8%, com um aporte de capital de 965 milhões. A formalização da mudança acionária deverá ser ratificada mês que vem, após avaliação dos conselhos de cada empresa.
"A Vale contratou a ThyssenKrupp para fazer o projeto da siderúrgica do Pará. Esse projeto tem semelhanças (com o da CSA)", afirma Ana Julia.
Segundo a governadora, no auge das obras, a Alpa deverá contar com 25 mil trabalhadores. Durante a operação da siderúrgica, ela estima que serão necessários 3 mil funcionários diretos e 15 mil indiretos. A Vale confirmou a contratação da ThyssenKrupp Steel para realizar os trabalhos de engenharia do projeto, mas não informou mais detalhes.
Produção de aço na Amazônia chama atenção de autoridades européias
Europeus conhecem usina de aço
Da Redação
Agência Pará
Nesta quarta-feira (21), embaixadores da União Europeia visitaram a Siderúrgica Norte Brasil S/A, em Marabá
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Marabá - Os embaixadores da União Europeia que visitam o Pará conheceram de perto a planta industrial da Siderúrgica Norte Brasil S/A (Sinobras), empresa que integra o Grupo Aços Cearenses. O parque industrial produz 300 mil toneladas de aço/ano, tendo como principal mercado a construção civil.
A apresentação feita pelo vice-presidente Ian Corrêa demonstra que a empresa está contribuindo para colocar o Pará na era do aço. De acordo com Corrêa, a partir do próximo ano, a empresa passa a ser autossustentável na produção de carvão, já que, desde 2003, eles plantam suas próprias florestas energéticas, tendo à frente o eucalipto. A Sinobras possui 13 fazendas no Tocantins, num total de 24 mil hectares de área própria, das quais 10.300 hectares estão plantados, com 16 milhões de árvores, que geram 400 empregos diretos.
A Sinobras é a primeira usina integrada de aço do Norte e Nordeste e maior recicladora de sucata metálica dessas duas regiões. Numa mistura de gusa líquido e sucato de ferro, a empresa produz vergalhões em barras para concreto e fio-máquina, uma bobina lisa que é utilizada para produzir grelha de fogão, parafusos, pneus e tantos outros. A planta industrial é formada por quatro usinas integradas, que inclui os altos-fornos para produção do ferro-gusa, aciaria, laminação e terafila (que vai produzir telas, arames e outros).
Corrêa relacionou algumas ações de responsabilidade social da empresa cujo principal destaque é a contratação de empresas que foram submetidas à condição de trabalho análogo ao de escravo. A Sinobras é filiada à Organização Internacional do Trabalho e ao Instituo Carvão Cidadão. Também apóia o Águia Marabá Futebol Clube e a Fundação Zoobotânica. A empresa monitora toda o material particulado emitido da indústria, reutiliza a água, monitora efluentes e promove a coleta seletiva de lixo.
Ian Corrêa disse ainda que a Sinobras dá prioridade às compras locais e que, dos R$ 244 milhões investidos em 2008, 33% ficaram no Pará. Em 2009 já foram R$ 24 milhões destinados a compras no Estado.
O vice-presidente explicou ainda como é produzido o carvão utilizado na indústria. Segundo ele, a madeira é colocada em um equipamento tipo contêiner para a queima que, diferentemente dos fornos tradicionais, que levam sete dias para fazer um carvoejamento e expõe o carvoeiro a vários tipos de risco, diminui perdas e é um processo limpo.
O grupo visitou uma unidade da produção e pôde conhecer de perto o processo produtivo de vergalhões de aço, incluindo o processo de controle e qualidade. Ao final, todos demonstraram surpresa e admiração por ver uma empresa de aço tão grande e organizada em pleno coração da Amazônia.
Apoio - A visita dos embaixadores ao Pará tem o apoio do governo Ana Júlia Carepa. A comitiva é liderada pela embaixadora da Suécia, Annika Markovic. O Parlamento Europeu está sob a presidência da Suécia, que organiza esta missão de caráter institucional. Integram a comitiva os embaixadores Hans-Peter Glanzer (Áustria), Claude Misson (Bélgica), Nikolay Tzatchev (Bulgária), Ilpo Manninen (Finlândia), minisro Hermann-Josef Sausen (Alemanha), Kees Peter Rade (Holanda), Jacek Junosza Kisielewski (Polônia), Alan Charlton (Reino Unido) e João José Soares Pacheco (União Europeia).
Ivonete Motta - Secom
Vale confirma US$ 600 milhões para o Salobo em Marabá
O destino dos recursos da Vale para 2010
Dos US$ 9,87 bilhões que serão destinados ao crescimento orgânico, US$ 8,65 bilhões serão alocados na execução de projetos e US$ 1,23 bilhão em P&D. O projeto que demanda maior volume de recursos é de Carajás Serra Sul, com US$ 1,12 bilhão, seguido de Salobo, que levará US$ 600 milhões.
Os minerais não-ferrosos são responsáveis por US$ 4,075 bilhões, ou 31,6% do capex de 2010, enquanto os minerais ferrosos correspondem a US$ 3,863 bilhões, ou 30,0% do total. Paralelamente, serão investidos US$ 834 milhões em geração de energia e exploração de gás natural, e US$ 2,654 bilhões em logística.
Para os esforços de diversificar o portfólio, a Vale investirá US$ 892 milhões no negócio de carvão e US$ 343 milhões em projetos siderúrgicos.
Usimar busca saída para cumprir decisão judicial
A beira da falência iminente a guseira Usimar busca recursos para o inevitável fechamento de suas operações industriais de produção de ferro gusa no Distrito Industrial de Marabá.
A indústria pertence ao portfólio empresarial do suplente de senador do PSDB Demétrius Ribeiro.
O empreendimento financiado pelo Basa caminha para o encerramento de suas operações caso não consiga uma injeção considerável de capital. As parcelas a serem pagas ao banco acumulam-se e os juros começam a inviabilizar sua continuidade.
Em razão da crise financeira internacional, Ribeiro está de mãos atadas. A atividade de produção da matéria-prima para a produção de aço atingiu as menores cotações internacionais; resta ao seu controlador buscar um sócio para evitar a falência e definitivo abafamento dos altos fornos da siderúrgica em Marabá.
Ribeiro é uma figura polêmica. Principal financiador de campanhas políticas de candidatos de sua preferência; após uma série de pesadas multas aplicadas pelas autoridades ambientais municipal, estadual e federal, assiste seu negócio naufragar.
Unilateralmente, abandonou à própria sorte o comando do PSDB no Município de Marabá sem maiores explicações, ficando isolado sob o ponto de vista político.
Empresa terá de plantar floresta para reparar dano no PA
A Justiça Federal do sudeste do Pará condenou hoje a Usina Siderúrgica de Marabá (Usimar) a plantar uma floresta de 7,5 mil hectares, como forma de compensar dano em área equivalente na região, e decretou a indisponibilidade dos bens da companhia em R$ 18,6 milhões para garantir o cumprimento da medida. Na sentença, o juiz Carlos Henrique Borlido Haddad obriga a siderúrgica a "criar e implantar nova área florestal, com espécies nativas, em local sem cobertura florestal remanescente", com o caráter de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Os advogados da Usimar anunciaram que vão recorrer da decisão ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região assim que a empresa for notificada.
O processo teve origem em fiscalização feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que autuou a Usimar por comprar matéria-prima de origem ilícita para produção de ferro-gusa. Agora, com a decisão de Haddad, a empresa deve ficar restrita aos créditos licenciados de carvão vegetal. Caso a Usimar insista em utilizar carvão vegetal de origem ilícita, proveniente da queima de madeira derrubada de outras florestas da região, terá de pagar multa de R$ 50 mil cada vez que fizer isso. A siderúrgica também terá de apresentar ao juiz, no prazo de 90 dias, um projeto de reposição do passivo ambiental para constituir a reserva de patrimônio natural. Haddad estabeleceu multa diária de R$ 10 mil por atraso na apresentação do projeto.
No período de 2002 a 2007, segundo o Ibama, a siderúrgica produziu 694 mil toneladas de ferro-gusa, o que demandaria o consumo de 1,5 milhão de metros cúbicos de carvão. Entretanto, a usina apresentou um consumo declarado de 641 mil metros cúbicos, de modo a apresentar déficit de 883 mil metros. Para o Ibama, levando em conta que o metro cúbico de carvão tem preço de mercado de R$ 120, o valor da recomposição florestal que a Usimar terá de fazer para cumprir a decisão da Justiça Federal ficaria em R$ 105 milhões.
De acordo com Haddad, a Usimar não ofereceu justificativa plausível no processo para esclarecer de onde provinha o carvão empregado na produção de ferro-gusa. "Se não é possível aferir a exata origem da madeira, é perfeitamente admissível concluir que o produto florestal possui caráter clandestino", diz o juiz.
Ele observa que, não bastasse a ausência de documentos, a prova oral contra a Usimar demonstrou ser prática frequente da siderúrgica a adoção de conduta irregular na obtenção de insumos. Muitas podem ter sido as fontes de onde se extraiu a madeira, desde terras particulares desmatadas sem autorização do órgão ambiental, passando por áreas de preservação ambiental e unidades de conservação e culminando em terras indígenas exploradas predatória e ilegalmente. O juiz não descarta a possibilidade de que o carvão vegetal tenha sido obtido em outras localidades do País, além do Pará.
Agnelli fala sobre movimentação global de verticalização do setor mineral
Agnelli diz que, mesmo comprando minas, as siderúrgicas darão preferência ao “minério de qualidade” da Vale
A Xstrata é “passado” para a Vale, garante o presidente da mineradora, Roger Agnelli, que declarou ao Estado que “a gente não precisa comprar ninguém para crescer”. Ele comentou a atual onda de verticalização, de compra de mineradoras por siderúrgicas, na qual vê “um pouco de moda”. Mas defendeu o modelo da Vale de participação minoritária em siderúrgicas que está atraindo para o Brasil, como a chinesa Baosteel e a alemã Thysenkrupp.
Agnelli falou depois de receber o prêmio Cebri Personalidade Empresarial, na terça-feira, no Rio. Ontem, a Vale reagiu a rumores de que estaria tentando obter reajuste adicional de 20% no minério vendido para a China em 2008, para equalizar seu preço ao das mineradoras australianas.
O rumor levou as ações a subirem quase 5%, mas fecharam em baixa em torno de 0,5%. Em nota, a empresa diz desconhecer o ajuste de 20%. Mas ressalta que “a Vale informa que mantém permanente diálogo com seus clientes, buscando a negociação, em termos mutuamente satisfatórios, de condições comerciais”. A seguir, a entrevista:
- Como o sr. avalia movimentos como o da Arcelor Mittal, que adquiriu minas no Brasil? Estamos numa nova era de verticalização siderurgia-mineração?
Existe, por parte de todas as empresas, uma preocupação com o suprimento de longo prazo. Nos últimos anos, o crescimento da China foi tão forte, tão forte, que afetou o equilíbrio entre demanda e oferta. A demanda foi muito superior à oferta, ou à velocidade com que se podia aumentar a oferta de minério. Esse movimento da Arcelor Mittal tem de ser compreendido no contexto de que o grupo praticamente nasceu assim. Eles compraram várias empresas que detinham minas de ferro e carvão. Esse era um conceito antigo, pelo qual se fazia siderúrgicas em cima das minas. Agora, a Mittal tem feito movimentos para aumentar um pouco mais o fornecimento próprio de carvão e de minério, mas dificilmente vai chegar à auto-suficiência. Acho que não vêem isto, tanto que assinaram conosco um contrato de dez anos, porque sabem que vão precisar continuar com a Vale como grande fornecedora.
- E em relação às siderúrgicas brasileiras, como o sr. vê a questão da aquisição de minas?
É o caso da CSN, que também nasceu com uma mina, a Casa de Pedra. A Usiminas agora também se posicionou (a empresas comprou recentemente a JMendes). A única questão que se coloca é qual o preço desses ativos, e quanto eles podem representar do fornecimento futuro das siderúrgicas. É preciso levar em conta que nem todo o minério de ferro é igual. É praticamente impossível conseguir alimentar um alto-forno com suprimento exclusivo de uma única mina. Tem que ter um mix de minério. A Vale tem as maiores e melhores reservas do mundo. Nossa posição é muito tranqüila. A gente entende que a dependência da siderurgia mundial do minério de qualidade tende a crescer cada vez mais porque, na média, as minas mais antigas estão reduzindo qualidade do seu minério. Então, vai precisar ter minério de mais alta qualidade para fazer o mix.
- Mas a própria Vale não está investindo em siderurgia?
No começo da década, a gente percebia que a siderurgia brasileira estava com um ritmo de investimento muito pequeno. E entendíamos que esse mercado era, e é, crescente, e que o Brasil precisava de aço e a gente precisava também aumentar o consumo de minério no País. Conversamos com todos os parceiros locais possíveis, o investimento não foi à frente, e então convidamos alguns parceiros internacionais. Eles estão investindo aqui e nossa filosofia é de continuar sendo um parceiro minoritário, fornecendo minério, aumentando a demanda pelo nosso minério no Brasil. O que a gente gostaria de ver é a siderurgia crescendo, o quanto mais possível. Apenas com os projetos que a Vale apoiou e está apoiando, e a produção de aço no Brasil deve crescer perto de 70%.
- Afinal, qual o posicionamento da Vale em relação à verticalização?
Esta questão de verticalização, de um lado ou de outro, é que nem a questão da diversificação. Tem um pouco de moda nisto, não é? Na época em que está sobrando dinheiro, todo mundo verticaliza. Quando falta dinheiro, todo mundo desverticaliza. A mesma coisa na questão da diversificação. Quando está todo mundo ganhando dinheiro, cada um vai fazendo, vai subindo na cadeia, diversificando. Falta dinheiro e todo mundo acaba focando no seu negócio específico. No caso da Vale, o “core business” é a mineração, e a gente não vai sair disso.
- O prazo legal para uma segunda oferta pela Xstrata está terminando? A Vale vai se mexer?
Para nós, hoje, a Xstrata é passado.
- O mercado tem feito especulações sobre possíveis aquisições, como Alcan, Alcoa e Anglo.
A gente não precisa comprar ninguém para crescer. Temos um número muito grande de projetos para serem desenvolvidos, o que vai requerer um esforço muito forte de gestão e muitos recursos.
- A Vale tem um contencioso com a CSN. A Vale entrou na Justiça contra a CSN?
Isto é uma novela, não é? Tem muitos capítulos ainda. Algumas cláusulas do contrato da Casa de Pedra foram descumpridas pela CSN.
- Mas a empresa entrou na Justiça?
Nós entramos, acho que sim.
Usimar excluída do Pacto Nacional Pela Erradicação do Trabalho Escravo
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É grande a fila de produtores à porta do Escritório da Companhia em Belém e já há empresários se dirigindo a sede da empresa no Rio de Janeiro para tentar reverter o "pepino".
A decisão tem o efeito de uma "bomba" na economia do Carajás.
Desenha-se no "ar" uma interminável batalha jurídica de grandes proporções. Aguardem!
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