Nas arábias...

...Pra lá de Bagdá...

O ministro Celso Amorim está mesmo arrumando as malas para visitar o Irã, com viagem marcada para o final de julho. É mais um lance ousado da política de projetar a presença diplomática do Brasil no Oriente Médio para além dos horizontes mais “convencionais”, por assim dizer. Teerã é um objetivo que vinha sendo cuidadosamente trabalhado, inclusive por conta das inevitáveis repercussões externas da aproximação — tanto mais agora, com a crise no Líbano exacerbando as tensões entre o regime dos aiatolás e a Casa Branca, enquanto Israel faz cálculos e pesa os prós e contras de lidar ao seu modo com o que considera a ameaça mais direta e imediata.

Os negócios da Petrobras no Irã já foram assunto de uma coletiva conjunta dos presidentes Lula e Bush, na residência oficial de Camp David. Na ocasião, ambos falaram claro: os EUA aconselham a deixar Teerã no “gelo”, e o Brasil acata as resoluções da ONU sem rasgar dinheiro. Uma fonte do Itamaraty, envolvida de perto na política para o Oriente Médio, reafirmou nesta semana que a opção do Brasil — lá como em outras frentes de conflito — é conversar com quem esteja disposto. E no caso da República Islâmica, assegura esse diplomata, o diálogo é “franco, aberto, embora não necessariamente uníssono”.

Retificado acordo ortográfico com países de língua portuguesa

Passados 16 anos desde a assinatura, Portugal aprovou nesta sexta-feira o acordo ortográfico, que unifica a forma como é escrito o português nos países lusófonos.

O blog havia adiantado os termos do acordo aqui confira.

PORTUGAL

Intelectuais temem que texto polêmico represente submissão à língua brasileira. Mudanças começam a valer nos livros escolares em 2010

* Carlos Pinto Coelho

“Uma gordura viscosa que vai se meter à força num churrasco que era, até agora, requintado e gostoso.” Carlos Pinto Coelho, um dos jornalistas e escritores mais famosos de Portugal, adotou essa metáfora para justificar sua oposição ao Segundo Protocolo do Acordo Ortográfico, aprovado ontem por maioria no Parlamento, em Lisboa. De acordo com os críticos, o documento representa uma submissão à língua portuguesa difundida no Brasil, por padronizar algumas grafias (veja quadro). Eles também sustentam que a supressão da consoante muda em palavras como “óptimo” e “acção” e da letra “h” em palavras como “húmido” indicam uma inclinação ao brasileirismo. Coelho e 153 personalidades dos meios acadêmico, cultural e artístico de Portugal tentaram, em vão, impedir a suposta agressão à cultura lusa ao liderarem um abaixo-assinado com 33 mil nomes de cidadãos contrários ao documento. O Partido Socialista, Partido Social-Democrata, o Bloco de Esquerda e sete deputados do Centro Democrático Social (CDS) votaram a favor do texto. As mudanças valerão a partir de 2010.

Para portugueses como a professora aposentada Fátima Quintiliano, moradora de Lisboa, o Acordo Ortográfico ameaça a cultura de Portugal e impõe dificuldades à população. “Já estou cansada para aprender português novamente e sei que para os idosos será ainda mais complicado”, afirma a mulher de 63 anos. “Por que os brasileiros não aprendem então a falar o nosso português?”, questiona. Fátima lembra que seu país e o Brasil têm seus próprios encantos. “Adoro o Brasil e suas falas, mas acho que as culturas não devem ser misturadas”, opina.

Morador do Funchal (Ilha da Madeira), o mestrando de engenharia biomédica Eduardo Freitas se confessa “magoado” com a aprovação do acordo. “Trata-se de uma colonização por parte do Brasil, acerca da própria língua portugesa”, ataca. Ele lembra que muitas palavras têm significados diferentes no Brasil e em Portugal. “O termo ‘time’, por exemplo, não existe na nossa língua. Já ‘rapariga’ tem sentido pejorativo no Brasil, mas não em meu país”, exemplifica.

Debates sobre submissão da cultura portuguesa à parte, o jornalista Carlos Coelho se ressente do fato de os parlamentares não terem levado em conta as “firmes vozes de alguns dos nossos mais ilustres técnicos e pensadores da língua”. Segundo ele, intelectuais foram pessoalmente ao Parlamento explicar os riscos da adesão ao Acordo. “Os nossos legisladores não lhes deram atenção”, lamenta-se. “Não vingou a grande política da língua e da cultura, nem sequer tiveram o bom senso de mandar arquivar a questão no baú das velharias inúteis”, acrescenta.

O Acordo Ortográfico tem o objetivo de unificar a grafia do português e foi obtido em 1990. O documento deveria ter entrado em vigor em 1994, mas somente Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe aprovaram o texto. O Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico, assinado pelos lingüistas de Portugal, considera que o documento pretende “impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor”. Ainda de acordo com o manifesto, “a reforma não só é desnecessária, mas perniciosa e de custos financeiros não calculados”.

Não vingou a grande política da língua e da cultura, nem sequer tiveram o bom senso de mandar arquivar a questão no baú das velharias inúteis

* jornalista português

Modificações no idioma

Principais alterações na grafia da língua portugesa em Portugal

Desaparecem o “c” e o “p” mudos, como “acção”, “acto”, “adopção” e “óptimo”, que passam a ser escrito como no modo brasileiro

A letra “h” de palavras como “húmido” deixa de existir — a grafia adotada também será a mesma já usada no Brasil

O trema será abolido, a não ser em nomes próprios e seus derivados

O acento agudo não será mais usado em ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia” e “jibóia”

Não haverá mais acento agudo nas palavras paroxítonas, com “i” e “u” tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: “feiúra” e “baiúca” passam a ser grafadas “feiura” e “baiuca”

O acento também deixará de existir nas formas verbais que possuam o acento tônico na raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”. Exemplos: “averigúe” e “argúe”

Não se usará mais acento para diferenciar “pára” (verbo parar) de “para” (preposição); péla (verbo pelar) de “pela” (preposição + artigo); “pélo” (verbo pelar), “pêlo” (substantivo) e “pelo” (preposição + artigo); “pêra” (substantivo), “péra” (substantivo arcaico que significa pedra) e “pera” (preposição arcaica)

O alfabeto passará a ter 26 letras, com a inclusão das letras “k”, “w” e “y”

O acento circunflexo será suprimido nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus derivados. A grafia correta passará a ser “creem”, “deem”, “leem” e “veem”

Ao contrário da norma usada no Brasil, o circunflexo também será abolido em palavras terminadas em hiato “oo”, como “enjôo” (“enjoo”) e “vôo” (“voo”)

Ofensiva brasileira na Cúpula de Lima

Presidência lançará campanha publicitária para mostrar que o etanol produzido no país não colabora com o aumento do preço dos alimentos. Para Lula, petroleiras tentam desprestigiar o biocombustível

Lima — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou ontem uma batalha quase solitária em defesa dos biocombustíveis durante a 5ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América Latina, Caribe e União Européia, na capital peruana. As dúvidas sobre o impacto da fabricação de etanol na escassez global de alimentos foi comentada por diversos líderes dos dois lados do Atlântico. Sem se intimidar, o assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia disse que o Brasil lançará uma “ofensiva publicitária internacional” para defender o produto.

Na quinta-feira, ao desembarcar em Lima, Lula já havia demonstrado indignação com as críticas contra o álcool combustível. Ele afirmara que “há uma disputa comercial no mundo” e que as “petroleiras estão por trás” da campanha de desprestígio do etanol. Segundo o presidente, o debate está só começando e será “longo e duradouro”. O maior consumo de comida em países emergentes, aliado ao aumento do preço do petróleo, causou uma inflação dos alimentos. Governantes contrários à transformação do etanol em commodity colocam a culpa nas plantações de milho e cana-de-açúcar destinadas ao combustível, que estariam ocupando o espaço de lavouras para alimentação.

“Pressionados não. Nós temos é recebido cada vez mais adesão a essa política e vamos, evidentemente, iniciar uma ofensiva publicitária internacional para esclarecer isso”, afirmou Marco Aurélio. Ele lembrou que o Brasil sediará uma conferência sobre o tema em novembro, na cidade de São Paulo. “Queremos que venham não somente os que estão de acordo, mas também os críticos, porque queremos que essa questão seja definitivamente esclarecida do ponto de vista científico.”

Durante a sessão plenária da cúpula e as reuniões bilaterais, Lula se deparou com as mais diferentes posições sobre o assunto, desde o radicalismo de países produtores de petróleo e de movimentos de defesa do meio ambiente — que realizaram manifestações contrárias aos combustíveis fósseis em diversos pontos do país —, até a posição cautelosa de chefes de governo como o espanhol José Luis Rodríguez Zapatero. “Creio que é cedo para dizer se há uma relação entre as duas coisas. Alguns dizem que há, outros que não. Qualquer posição é precoce”, esquivou-se Zapatero ao ser questionado sobre a suposta relação entre o etanol e a crise de alimentos.

Diante da polêmica, os 60 participantes da cúpula decidiram incluir a análise sobre os benefícios e desvantagens dos biocombustíveis entre os 11 itens constantes da Declaração de Lima (leia o quadro nesta página). O grupo de trabalho relativo a esse tema concluiu que “os biocombustíveis deverão cumprir requisitos sustentáveis, ecológicos, sociais e econômicos”.

As fontes alternativas de energia receberam um apoio indireto do anfitrião do encontro, o presidente do Peru, Alan García, durante seu discurso na abertura da cúpula. Ele pediu que os participantes discutissem a possibilidade de aumentar tarifas sobre o petróleo, destinando os recursos a um fundo de reflorestamento da Amazônia.

Itaipu
Durante a cúpula, Lula participou de seis reuniões com chefes de Estado, entre eles, o presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso, que pela manhã presenciou um ato do Greenpeace em Machu Picchu contra os biocombustíveis. O brasileiro também se encontrou com os primeiros-ministros da Jamaica e da Polônia, e os presidentes da Bulgária e do Paraguai. A reunião com o paraguaio Fernando Lugo — chefe de Estado eleito — estava cercada de expectativas, já que o ex-bispo promete cobrar do Brasil uma revisão do Tratado de Itaipu.

Lugo acompanhou Nicanor Duarte, atual presidente do Paraguai, na conversa com Lula. Um integrante da comitiva de Assunção, no entanto, contou que tanto Lugo quanto Duarte entenderam que a ocasião não era adequada para discutir os termos do contrato, pois o tema principal da cúpula era cooperação para combate à pobreza. “É preciso ter em mente que o Paraguai tem uma reserva energética privilegiada e precisa colher esses benefícios. Não corremos o risco de países como o Brasil, que viveu recentemente uma crise de energia grave”, disse o presidente eleito, que tomará posse em agosto.

Segundo Marco Aurélio Garcia, mudanças no acordo não estão nos planos do Brasil. “No encontro, o presidente Lula apenas reiterou que, se mantidos os compromissos históricos entre os dois países, queremos sem dúvida impulsionar a cooperação”, afirmou. Hoje, os presidentes do Mercosul terão reuniões com os líderes europeus que foram a Lima — alguns deles, como o britânico Gordon Brown e o francês Nicolas Sarkozy, não compareceram. Lula almoçará com peruano García antes de voltar para o Brasil. (CB)

Recorde de inscrições para a Petrobrás

Foram 451.712 inscritos no concurso da Petrobras. O certame oferece 2.166 vagas e bateu o recorde de inscrições na história da companhia: 451.712, o que eqüivale a concorrência geral de 208 candidatos por vaga. A estatal divulgou a demanda por unidade da federação e para os quatro cargos com provas marcadas para amanhã: advogado júnior, auditor júnior, inspetor de segurança júnior e técnico em perfuração e poços júnior.

O Rio de Janeiro foi o estado que teve o maior número de interessados inscritos: 175.206, seguido da Bahia, com 76.791 e São Paulo, com 61.503. Em Brasília, 4.455 candidatos se inscreveram. O cargo mais concorrido é o de advogado em Macaé (RJ), 1.678 candidatos disputam uma vaga. O posto com mais adesões foi o de inspetor para o estado do Rio de Janeiro: 6.946 inscritos.

As provas serão realizadas em: Brasília, Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Macaé (RJ), Manaus, Mauá (SP), Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Santos (SP), São José dos Campos (SP), São Luís, São Mateus do Sul (PR), São Paulo, Três Lagoas (MS) e Vitória.

Os candidatos farão provas objetiva (todos os cargos), discursiva (exclusiva para advogado e auditor) e exame de capacidade física (exclusivo para inspetor e técnico perfuração e poços júnior). Os demais 56 cargos serão avaliados no dia 8 de junho.

A remuneração varia de R$ 1.390,35 a R$ 2.019,01 para o nível médio e de R$ 4.453,73 a R$ 4.798,64 para os graduados. Os candidatos que completaram o ensino superior concorrem a 161 vagas em 13 estados e 906 nacionais — o aprovado poderá trabalhar em qualquer cidade onde a Petrobras tenha instalações. Aqueles que têm formação intermediária (ensino médio ou técnico) concorrem a 1.544 vagas. Os postos oferecidos são para contratação imediata e formação de cadastro de reserva. (LN)

Concorrência

Candidatos por estado

Amazonas - 12.652
Bahia - 76.791
Ceará - 6.728
Distrito Federal - 4.455
Espírito Santo - 17.279
Maranhão - 870
Minas Gerais - 16.427
Mato Grosso do Sul - 3.056
Pará - 2.782
Paraná - 26.178
Rio de Janeiro - 175.206
Rio Grande do Norte - 8.070
Rio Grande do Sul - 5.379
Santa Catarina - 2.358
Sergipe - 20.223
São Paulo - 61.503
Total - 451.712

Fonte: Petrobras

No concurso para o Senado a atração é o salário

No concurso para o Senado Federal a remuneração dos aprovados vai variar de R$ 6,7 mil, para profissionais com nível médio, até R$ 11,8 mil, destinada aos consultores legislativos, com diploma superior

Os salários oferecidos no concurso do Senado serão maiores do que o esperado. Para os cargos de nível médio, será de R$ 6.722,68. Analistas, de nível superior, receberão R$ 9.580,50. Os analistas nas áreas de comunicação social, advocacia e informática terão salários de R$ 10.613,27 e os consultores legislativos, R$ 11.815,94. O edital será lançado no segundo semestre e a contratação deve ser imediata.

Os detalhes da seleção que vai preencher 150 vagas foram divulgados pelo diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, em entrevista à Rádio Senado. De acordo com a secretaria de comunicação social, a diferença entre as remunerações — no último concurso foi de R$ 4,5 mil para nível médio e R$ 8,5 mil para superior — não vai provocar divergências entre os novos servidores e os antigos. “Planos de cargos e salários equipararam os ganhos, portanto, não haverá reajuste com as convocações”, disse o secretário Elival Rios.

Maia explicou que a decisão de fazer o processo seletivo segue orientação do Tribunal de Contas da União (TCU) e que, das 150 vagas, 60 delas são para substituir funcionários terceirizados. As outras 90 previstas são para preenchimento de cargos vagos. Segundo ele, a demanda por funcionários é maior, porém, o corte no orçamento do Senado provocou a redução da oferta.

Distribuição
Serão selecionados 91 analistas e 59 técnicos. As oportunidades para nível superior estão distribuídas entre processo legislativo (25), apoio técnico administrativo (25), comunicação social (23), analista de informática (oito), consultor legislativo (duas) e advogado (oito). Para quem terminou o ensino médio há quatro áreas para escolher: comunicação social (37), processo legislativo (10), apoio técnico-administrativo (10) e polícia legislativa (duas).

Recorde de veículos ― haja engarrafamento!

1 milhão de veículos

As vendas da indústria automotiva nacional continuam em franca expansão. Levantamento preliminar indica que, até quinta-feira, haviam sido vendidas 109.972 unidades de veículos no mês de maio, o que eleva o acumulado das vendas este ano para 1.019.167 unidades. Se confirmadas, o volume representa um crescimento no acumulado do ano de 32,68% sobre igual período de 2007, quando foram vendidas internamente 768.113 unidades. Anteontem foi ultrapassada a marca de vendas de 1 milhão de unidades, ou seja, um mês antes do que ocorreu em 2007, quando este volume foi atingido em 15 de junho.

Portaria amplia para 900 as vagas no concurso do INSS

O Ministério do Planejamento retificou o número de vagas autorizadas para realização de concurso público do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). A portaria divulgada ontem no Diário Oficial da União amplia de 600 para 900 o número de analista de seguro social que serão contratados. O salário inicial da carreira é de R$ 2.272,87.

A seleção foi autorizada com o objetivo de suprir a demanda por profissionais graduados em serviço social para atuarem na área de concessão do benefício de prestação continuada. Os contratados vão avaliar os pedidos de pagamento de um salário mínimo aos portadores de deficiência e aos idosos com mais de 67 anos que comprovem não ter condições econômicas de se manter. Os candidatos aprovados vão atuar na avaliação da deficiência e da incapacidade para os fins de acesso ao benefício.

O INSS tem prazo de seis meses para publicar o edital, mas as contratações dependerão da prévia autorização do Ministério do Planejamento. Há uma previsão de que, até 2011, sejam efetivados um total de 8 mil servidores em diversas áreas, para suprir as vagas abertas com aposentadorias e desligamentos.

Convocação
A última seleção do INSS ocorreu em dezembro do ano passado e oferecia 1,6 mil vagas para técnicos e 400 para analistas com formação em diversas áreas. Esse concurso foi homologado e os classificados devem ser chamados ainda em maio. Em junho começa o curso de ambientalização, que tem duração de três semanas. O concurso recebeu cerca de 600 mil inscrições, uma das maiores disputas dos últimos dois anos realizadas pelo Centro de Seleção e Promoção da Universidade de Brasília (Cespe/UnB). Ficou atrás apenas do Banco do Brasil, que teve 660.873 inscritos em 2007. (LN)

Oportunidade

INSS

Vagas: 900 para analista de seguro social (nível superior)

Salário inicial: R$ 2.141,87

Edital: sai em até seis meses

Contratação: autorizada a partir de agosto

Jornal desvenda interesses dos lobbies na questão do álcool e do choque da comida

Já havia a suspeita de que parte da abrupta onda de descrédito em todo mundo da produção de biocombustíveis é fomentada a golpes de marketing — armação de interesses ligados ao petróleo, incluindo países do cartel da Opep e empresas. E, depois do choque de preço dos alimentos, também por dirigentes do Banco Mundial, FMI, Nações Unidas e União Européia, todos apontando o dedo acusador ao desvio das lavouras para a produção de etanol e daí à inflação da comida.

O que era suspeita virou certeza graças a algumas reportagens até burocráticas de uma publicação de Washington especializada no dia-a-dia das duas casas do Congresso dos EUA: a Roll Call. Nelas se adentra no mundo de sombras da ação dos lobbies junto ao poder.

É um jogo bruto, dissimulado, com posições conflitantes dentro de uma mesma organização, como da ONU, em que um condena o álcool do Brasil, outro o isenta e despeja a responsabilidade pela carestia dos alimentos no mundo ao desvio do milho nos EUA para a produção de etanol. Conflitos, no entanto, às vezes sugerindo não divisões de pensamento, mas o trivial morde-assopra do mundo político.

Com que intenção? Aos organismos multilaterais e governos desviar o foco das atenções sobre as suas responsabilidades pela crise dos alimentos para inimigos reais e imaginários. Aos exportadores de petróleo, para aleijar o biocombustível, hoje a única alternativa viável aos combustíveis fósseis — menos pelo preço e mais devido à ânsia de grandes importadores como os EUA de cortar a dependência de fornecedores politicamente instáveis e hostis, como os árabes.

Mas a grande ameaça ao petróleo era o que vinha num crescente: a opção dos combustíveis verdes como solução pela menor queima de CO² contra o aquecimento da Terra. Esse era um movimento positivo. O álcool de cana, por exemplo, é menos poluente que a gasolina, bem como o biodiesel derivado de grãos e óleos vegetais.

A jogada é inteligente: criminalizar os combustíveis verdes pela expulsão da agricultura alimentar, reduzindo assim as colheitas, quando, na verdade, a inflação agrícola resulta do aumento brutal do petróleo e da incorporação ao mercado de consumo de centenas de milhões de consumidores até então marginalizados na China e Índia.

Os nomes aos bois
Agora se sabe graças à Roll Call — no caso do álcool de milho —, que há nos EUA pelo menos uma organização conhecida por trás dos ataques, o nome da agência de relações públicas contratada para dirigir a campanha de difamação na imprensa e até a estratégia.

O contratante é um lobby poderoso: chama-se Grocery Manufacturers Association, GMA, que reúne a indústria de alimentos e bebidas dos EUA. Nela estão portentos como Coca-Cola, Nestlé, Campbell, Sara Lee, Procter & Gamble e Unilever. A agência é a Glover Park, de Washington, cujas contas vão da defesa do Patriot Act, que ampliou a segurança nos EUA após os atentados de 11 de setembro de 2001, à campanha contra a privatização do controle do tráfego aéreo — que lá também é problema —, para a associação de controladores de vôo.

Esquerda cooptada
Por um contrato de seis meses desde março passado e US$ 300 mil, a Glover recebeu a incumbência, segundo briefing da GMA a que a Roll Call teve acesso, para fundamentar “os motivos em apoio a congelar ou reverter a Lei de Energia de 2007 (que aumenta a produção de álcool em cinco vezes até 2022) e eliminar/reformar o subsídio do etanol e restrições às importações”. A estratégia da Glover, como reporta em mensagem à GMA, envolve uma campanha para construir uma “coalizão global de centro-esquerda” (curiosa a opção por essa vertente política), o que inclui a “contratação de especialistas” (leia-se: cientistas, políticos) “para ligar a lei do álcool à fome global, demissões na indústria de alimentação e à inflação”.

A Secom vai à luta
A campanha da GMA em princípio favorece o álcool brasileiro. Pode ajudar a campanha de promoção da imagem do Brasil que a Secom está licitando ao custo de R$ 15 milhões em 12 meses. O prazo para as habilitações se encerra esta segunda. Mas o que importa no caso da GMA é o que ela revela: cooptação de formadores de opinião que o senso comum supõe isentos, a difamação como prática, o lobby sobre os políticos. O dinheiro envolvido é grosso, mais do que se paga formalmente às agências. É um trabalho que exala mau cheiro, mas é assim que se movem a diplomacia de fato e as relações comerciais.

A indústria de alimentos dos EUA se arma contra o etanol de milho e os defensores do biocombustíveis não fazem por menos. Segundo a Roll Call, está se formando uma coalizão pelo “biofuel” nos EUA, reunindo 10 entidades e verba de até US$ 4 milhões por um ano. O ex-vice-presidente dos EUA Al Gore se tornou um ativista ecológico — e ganhou o Nobel da Paz de 2007 e o Oscar pelo documentário Uma Verdade Inconveniente, no qual é o apresentador. Isso se sabe.

O que poucos sabem é que Gore entrou no ambientalismo associado ao Kleiner Perkins Caufield & Byers, banco da Califórnia que virou legenda da tecnologia de ponta por bancar negócios como o Google e Amazonas.com. Hoje, seu foco é a descoberta de energias limpas e o “combustível matador” do petróleo. Eles estão no Brasil investindo em pesquisas de etanol. A Opep reage orquestrando a difamação do etanol de qualquer origem. É a versão moderna da guerra fria.

Missão 2 ― ataque surpresa

Cinco inimigos estão numa praia, às margens do Rio Oiapoque. O território é estratégico e ideal para instalar, na copa de palmeiras, antenas para captar conversas estratégicas. A ordem é chegar atirando. Enquanto um grupo ataca os inimigos, outro sobe nas árvores para colocar os equipamentos. A missão dura cerca de 10 minutos, tempo suficiente para dois barcos com cerca de oito militares em cada um chegarem à praia e surpreenderem os inimigos, que respodem atirando. Por cinco minutos, o barulho dos fuzis, com balas de festim, é ensurdecedor. Depois, só se ouvem as orientações do tenente Rafael Oliveira. “Recolham os corpos!”, ordena. Na hora do ataque, muitos conseguiram fugir e se embrenhar na selva. Mais tiros. Um militar já está no topo da palmeira. Usando uma corda presa aos pés, subiu com agilidade, carregando uma antena. Basta ajustar a freqüência para monitorar o inimigo. (CB)

Missão 1 ― Resgate na selva

No entardecer, homens do Exército em Marabá (PA) saem para resgatar um soldado em território inimigo. Antes de subirem em barcos para descer o Rio Tocantins, as orientações são apresentadas. De pronto, o soldado responde qual seria o próprio papel no plano. Precisa silenciar as sentinelas para os companheiros agirem. “Como o senhor vai fazer?”, indaga o comandante. “Vou degolar o inimigo e cravar uma faca no coração dele”, responde o soldado. O grupo percorre um trecho do Rio Amazonas, desembarca num igarapé e caminha dentro da água, no escuro, sem fazer barulho. Rastejando, um soldado surpreende o sentinela com uma faca. Outros aparecem camuflados e atiram sem hesitar. Os tiros alertam os seqüestradores, que acabam mortos por uma rajada de tiros. Bombas que provocam surdez e cegueira provisória são lançadas no cativeiro. Um médico verifica as condições do refém. (CB)

Tropa de Elite ― jovens prontos para a guerra

Soldados brasileiros recebem treinamento em táticas de guerrilha e sobrevivência na selva para defender o território nacional de um possível ataque. Simulações de combate fazem parte da rotina

Marabá (PA) e Clevelândia do Norte (AP) — Mesmo diante do que classificam de “ameaças não-iminentes” de conflitos armados com os vizinhos sul-americanos, as Forças Armadas brasileiras têm apostado em treinamentos de táticas de guerrilha e na proteção da floresta amazônica para derrotar um inimigo mais forte. A maioria dos soldados que atuam na Amazônia são da região, adaptados ao clima e à selva. “São homens com uma capacidade física peculiar e mestres da arte da selva. Nós (comandantes) colaboramos com os conhecimentos táticos”, observa o comandante do 34º Batalhão de Infantaria e Selva, em Macapá (AP), tenente-coronel Henrique Batista. O efetivo do Exército na Amazônia reúne 25 mil homens, em seis estados, responsáveis por monitorar 42% do território brasileiro.

Antes da operação boina, que condecora a formatura do combatente básico, soldados voluntários para o serviço militar aprendem e ensinam como sobreviver na selva. Recebem aulas de natação e técnicas de ocultação dentro d’água, aprendem a conseguir fogo, água e alimento e a confeccionar abrigos. “Não é nada fácil”, afirma Everton Pessoa, membro do batalhão do Exército em Macapá.

Por enquanto, o inimigo é fictício. Mas as simulações de combates reproduzem situações reais e típicas de uma guerra na selva. Os militares precisam colocar em prática todas as lições aprendidas. O Correio acompanhou duas missões do Exército na Amazônia Oriental, em 7 e 10 de abril, e reproduz como foram as operações de treinamento militar em Marabá (PA) e Clevelândia do Norte (AP). (CB)

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