O com opinião

Notícia pouco badalada, para variar, não pautou a maioria da grande mídia impressa.

A morte do ex-Deputado Marcio Moreira Alves, autor de discurso em 1968 que serviu de pretexto para o aumento da repressão na ditadura militar, foi registrada em letras pequenas.

Ex-jornalista, ele tinha 72 anos e estava internado havia quase seis meses, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral.

O jornalista, escritor e deputado proferiu um discurso que entrou para a história em 1968.

Considerado pelos militares uma afronta aos interesses nacionais dos poderosos de plantão; o general Costa e Silva -- então 2.0 presidente da República da era ditatorial pós-golpe. Foi utilizado como pretexto para editar o Ato Institucional nº 5, a mais drástica medida de exceção da ditadura militar.

O jornalista e deputado cassado - morreu às 18h25 de ontem no hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio, em razão de falência múltipla dos órgãos, em razão de um derrame.

Carência de safos

O impagável Ruy Castro destaca em sua sua crônica semanal, nos jornalões o hiato dos safos.

Nuvem na parede

*Ruy Castro

RIO DE JANEIRO - Um dia, Danuza Leão me disse que preferia casar com jornalistas porque eles eram safos, saíam tarde do trabalho e, ao chegar em casa, contavam os bastidores das notícias. Isso descreve os três homens com quem ela foi historicamente ligada: Samuel Wainer, Antonio Maria e Renato Machado. Mas, pelo menos até há pouco, a maioria dos jornalistas correspondia a essa descrição.

Estivesse hoje a fim de casar de novo, Danuza não teria tanta escolha, pelo menos aqui no Rio. Desde quarta-feira, por exigência do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, repórteres, redatores, fotógrafos, diagramadores etc. estão obrigados a assinar o ponto ao entrar e ao sair de suas redações.

Com isso, ficamos avisados: se um carioca cometer algo que se possa chamar de notícia, que seja dentro das oito horas do expediente dos profissionais. E, de preferência, não nos 60 minutos reservados ao almoço ou descanso remunerado embutidos nas sagradas oito horas. Fora desse turno, o repórter estará na lei se não tomar conhecimento do assunto, poupando o patrão de pagar-lhe as horas extras previstas pelo sindicato.

Há anos, num congresso da categoria, um repórter de festejada revista semanal disse que o jornalismo era uma profissão "como outra qualquer". Pedi vênia para discordar. Aleguei que, encerrada a jornada, um tocador de oficlide, um amestrador de pulgas ou um taxidermista volta para casa, retoma sua condição humana e se desliga de sua profissão. O jornalista não.

Como sua matéria-prima é a informação, principalmente a que entra, ele não desliga nunca. O bombardeio não para. Até quando dorme e sonha ele recebe informações. Logo, não é uma profissão como outra qualquer. Impor relógio de ponto ao jornalista é como querer espetar uma nuvem na parede.


Nuvem na parede.

O credor quer receber

O maior credor do Estados Unidos, inicia a pressão. China inicia ataque ao dólar
BOLHA GLOBAL
Presidente chinês defende a substituição da moeda norte-americana no comércio mundial. Ele tem a simpatia de Lula, que propõe serem feitos em iuan e real os negócios entre o Brasil e o país asiático

Enfraquecido pela própria decadência da economia dos Estados Unidos, o dólar está sob ataque por todos os lados. Um número cada vez maior de governantes contesta sua predominância como moeda de referência no cenário internacional. Os principais golpes vêm do governo da China, que quer aumentar a importância do iuan-renmimbi nas transações comerciais e financeiras globais. Como ainda não existem concorrentes fortes no curto prazo, a tese que mais ganha adeptos é a da criação de uma divisa internacional, independente de todos os países. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se juntou ao coro, propondo que o comércio entre China e Brasil seja feito nas divisas locais, prática que começou a ser adotada com a Argentina, mas que ainda enfrenta resistência dos empresários.

“Precisamos criar novos mecanismos para não ficarmos tão dependentes do dólar”, disse Lula, em Londres. A proposta de retirar a divisa norte-americana do comércio bilateral foi feita anteontem ao presidente chinês, Hu Jintao, numa conversa paralela à cúpula do G-20, grupo das 20 maiores economias do mundo. Lula reconheceu que a implantação da medida seria complicada, pois exigiria a harmonização de regras dos dois bancos centrais. Segundo ele, o governo brasileiro apoia a ideia de criação de uma moeda de reserva internacional defendida pelo parceiro chinês. As equipes econômicas discutirão o tema em 19 de maio, quando Lula visita a China. Em 2008, o Brasil exportou US$ 16,4 bilhões para o parceiro e importou US$ 20 bilhões.

Aos poucos, o governo chinês vem assinando acordos de trocas de moedas com vários países, ampliando a influência do iuan no mundo neste momento de crise econômica e financeira. Nesse tipo de empréstimo, um país recebe uma quantia determinada de dinheiro para melhorar as suas contas externas, pagando com suas próprias divisas. Quando os recursos não são mais necessários, a operação se desfaz sem ônus. O BC brasileiro tem um acerto de US$ 30 bilhões com o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano), mas ainda não precisou sacar os recursos. A China já fez convênios com cinco países e uma região autônoma, num valor equivalente a US$ 95,6 bilhões. Os beneficiários são Coreia do Sul, Hong Kong, Malásia, Indonésia, Bielorrússia e Argentina.

Mudança virá
A China tentou incluir o assunto sobre a nova moeda de referência mundial na pauta da reunião do G-20, mas não conseguiu o apoio formal das outras delegações. Na avaliação do economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central (BC), a tendência é de que, em médio e longo prazo, o dólar deixe de ser a principal referência nas transações internacionais. O motivo é a perda relativa da importância da economia norte-americana. Mas, por enquanto, ainda não se vislumbra qual poderia ser o substituto. “O iuan ainda não é forte o suficiente e o euro não disse a que veio. O ideal é que seja uma moeda não ligada a nenhum país, mas o governo dos Estados Unidos vai resistir o quanto puder à ideia. O país se beneficia muito com as coisas se mantendo como estão”, disse.

Ao comprar dólares e títulos da dívida do Tesouro norte-americano, todas as nações do mundo financiam os dois déficits do país: o fiscal e o das contas externas. A própria China faz isso. Dos US$ 2 trilhões de reservas, cerca de US$ 800 bilhões são aplicados em papéis dos EUA, o que torna os chineses seus principais credores no mundo. Ontem, Lula qualificou de contrassenso o fato de os bancos centrais dos países emergentes continuarem procurando esses bônus num momento em que a economia pilotada pelo presidente Barack Obama está tão debilitada. “Pela lógica, o dinheiro deveria estar fugindo dos Estados Unidos para os títulos do Tesouro brasileiro, porque temos uma economia muito mais sólida do que eles”, ironizou.

Viabilidade
Hu Jintao propôs à Organização das Nações Unidas (ONU) um estudo sobre a viabilidade de uma moeda internacional, tarefa entregue ao prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz. Ele concluiu que a melhor saída seria usar como ponto de partida a referência do Fundo Monetário Internacional (FMI), os Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês). “Nas condições atuais, nenhuma moeda pode, rápida e isoladamente, substituir o dólar. O SDR seria uma solução mais adequada, já que sua emissão ficaria sob responsabilidade de um organismo multilateral, como o FMI. Mas acho difícil que os países abdiquem de sua soberania monetária em favor de um órgão supranacional”, afirmou o economista Alkimar Moura, professor da FGV e ex-diretor do BC.

Na avaliação de Moura, o dólar deve perder a posição de “quase absoluta primazia” no cenário global, cedendo terreno para o euro, o iene, a libra esterlina e outras, que ganharão uma posição relativamente maior na liquidação das operações internacionais. Mas o processo deve ser gradual, acompanhando os movimentos geoeconômicos e políticos. Para o professor, uma desvalorização muito brusca poderia representar uma perda significativa de capital para as reservas chinesas. Por isso, o governo da China não tem interesse em inviabilizar a própria sobrevivência do dólar neste momento. Uma mudança mais lenta, tão ao gosto da cultura oriental, permitiria um realinhamento menos traumático da carteira de papéis.

"Precisamos criar novos mecanismos para não ficarmos tão dependentes do dólar"
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República.

O blog está no berço: três anos de existência

O blog agradece as manisfestações de apoio recebidas pelo transcurso de seus três anos de existência.

É muito, mas muito bom mesmo para este escriba, tê-los todos, inclusive, os impertinentes anônimos, como leitores deste espaço.

O blog aproveita para reafirmar que tem alguns compromissos inalienáveis. O principal: a humilde contribuição em difundir o que precisamos trabalhar para que, enfim, a democracia neste país, não seja uma palavra lançada ao vento, segundo a conveniência dos poderosos de plantão.

O meu muito obrigado para todos os que têm a paciência de lê-lo e comentar os temas propostos.

Um projeto de relógio digital de estudantes portugueses

O sacana de meu amigo fotógrafo Paulo Amorim, radicado em Lisboa (PT) me mandou essa que não tem como não publicar.

Relógio Digital Português.
Desculpem os lusitanos, mas eles são demais... Portugueses da Escola Técnica Superior de Engenharia Industrial de uma Universidade de Lisboa, disponibilizaram o primeiro relógio digital na Internet e pasmem, que funciona. Basta acessar o link abaixo, e comprovar com os seus próprios olhos.


>> Aqui.

Observe que estão certinhos os ponteiros de hora e minuto com o relógio do seu micro.

Observe, ainda, como é marcada a mudança de segundos.

Espetacular!

Tudo pronto para novo pedido de prisão de Daniel Dantas

Na reta final do inquérito Satiagraha, o Ministério Público Federal vê "indícios mais do que suficientes, sólidos elementos" para apresentar denúncia formal contra o banqueiro Daniel Dantas e pedir abertura de ação judicial contra ele por crimes financeiros e lavagem de dinheiro. A informação foi dada ontem pelo procurador da República Rodrigo de Grandis, que investiga o controlador do Grupo Opportunity.

Rodrigo de Grandis aprovou decisão da Justiça dos EUA que manteve o bloqueio de cerca de US$ 450 milhões de Dantas depositados em instituição bancária americana. O congelamento, que acolhe recurso do Departamento de Justiça americano, vai perdurar pelo menos até 14 de maio. "A tendência é que o bloqueio seja preservado até o encerramento da ação penal brasileira (contra Dantas)."

O procurador destacou que eventual pedido de prisão do banqueiro "é uma possibilidade". "Sempre existe essa possibilidade em qualquer denúncia, desde que preenchidos os requisitos legais necessários", ressalvou o procurador. Ele explicou que a garantia da aplicação da lei penal e a magnitude da lesão são motivos para a custódia. O procurador não quis dizer se vai pedir a prisão do banqueiro. O advogado Andrei Schmidt, que defende Dantas, disse não ter sido informado sobre a decisão da Justiça americana. "Não fomos intimados dessa decisão. O caso está sob sigilo." A defesa nega envolvimento do banqueiro com crimes financeiros e lavagem de dinheiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentário do blog: Gilmar deixa? Os seus pares deixarão?

A quinta essência da música

Acabei de assistir um dvd único, supremo, espetacular.
Trata-se da performance do Weather Report no Festival de Jazz de Montreaux, em 1976.
Sublime!

Recado ao senador Tasso Jereissati

Recebo e publico a bronca do carense Hildeberto Aquino, leitor do blog.

Senador Tasso – Se “isso” (mandato legitimado pelo povo) a que se referiu não dá dinheiro e acarreta prejuízos (?), por que tanto altruísmo se as suas empresas lhe rendem mais e sem percalços? Por que se desgastar tanto já que afirma “dolorido” se pronunciar tentando esclarecer e amainar a delação de um jornal? Volte para a “terrinha” Senador, aqui você fez história. O Ceará, mesmo agora com o Cid e até a Luizianne, que fazem bons governos, lhe deve muito e ainda tem o que ganhar com a sua permanência. Aqui a sua honorabilidade inconteste (espero que ainda não abalada pelos maus costumes do Senado) ainda é preservada. Para alguns de nós, fidedignos eleitores como fui, o Tasso, mesmo com os olhos azuis, ainda inspira confiança. Os seus méritos nos períodos em que esteve à frente do governo e que mudaram, para melhor, a história do Ceará, ainda permanecem imutáveis, críticas à parte. Repare e volte a usar o seu “Aero-Tasso”, sem necessidade de fretamentos que complicam e nos doem nos bolsos. Agora, por favor, Senador, não peça para que não nos insurjamos ante os desmandos que assolam e denigrem o Senado, e que não são simples e debochadamente “ondas de denúncias”, pois assim calaremos o pouquinho de dignidade que nos resta.

Hildeberto AQUINO
Russas (CE)

"Amigas e Amigos,

Exerço a minha cidadania e sem medos! Por que VOCÊ não o faz também? Se cada um tivesse essa consciência, conquistaríamos alguma coisa. Pior é ser omisso! Aquela sua garra demonstrada em campanhas para eleger os seus preferidos, por que não demonstrá-la agora? Cobre de que tem por OBRIGAÇÃO zelar pelos interesses do POVO. É fácil: escreva criticando e dizendo da sua indignação para com os que não cumprem o prometido em campanhas. Visite um dos sites: www.prsidencia.gov.br - www.senado.gov.br - www.camara.gov.br - ainda www.ceara.gov.br - www.russas-ce.gov.br e lá encontrará a forma certa para as suas manifestações. Está esperando o quê? Descruze os braços. Mobilize-se ou baixe a cabeça como um eterno subserviente. Seja, pois mais um que ousa e mais adiante poderá olhar para os seus e dizer: FIZ A MINHA PARTE! Aliás, faça também pela Terra: USE CONSCIENTEMENTE A SUA ÁGUA. O MUNDO JÁ TEM SEDE!"

Art.5º - IX - da Constituição:
"É LIVRE a EXPRESSÃO da atividade INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA e de COMUNICAÇÃO, INDEPENDENTE de CENSURA ou LICENÇA."
Exerçamos os nossos direitos!
J. Hildeberto J. de AQUINO
Licenciado em Letras e Corretor de Imóveis

A façanha contra a censura de uma blogueira cubana

Essa é a minha heroína sem armas.

A Gráfica dos Senadores: outra vergonha nacional

Criada para viabilizar publicações "relativas às atividades parlamentares desenvolvidas no âmbito dos plenários e das comissões, tais como separatas de projetos de lei, leis, discursos, requerimentos e síntese de atividade parlamentar", a “gráfica do Senado” é utilizada por senadores para autopromoção e publicação de livros. As informações são do jornal “Folha de S. Paulo”.

A Secretaria Especial de Editoração e Publicações, que tem gasto anual de R$ 30 milhões, é utilizada por Senadores para imprimir seus livros, por exemplo.

Cada senador recebe por ano uma cota de R$ 8.500 para usar os serviços da gráfica. Mas, na prática, os congressistas conseguem serviços que custariam muito mais no setor privado. Em média, eles pedem tiragem inicial de 5.000 exemplares. Numa editora comercial, livros inéditos costumam sair com 2.000 exemplares, exceto se forem candidatos a best-seller.

Mais aqui.

Mau exemplo político

ARTIGO

* Val-André Mutran

A casa revisora das Leis do Brasil já teve dias melhores. Hoje, é a pior representação da história republicana do país.

Carregada de privilégios incompatíveis com as dificuldades pelas quais o país passa, a elite política brasileira deveria ser a voz temperada do equilíbrio, experiência e retidão. Apontando caminhos, discutindo soluções aos graves problemas que batem-lhe a porta.

Não é o que acontece há alguns anos na cúpula virada ao Céu, projetada por Oscar Niemayer.
Encarregada de aperfeiçoar as leis e atuar em prol do interesses superiores do povo brasileiro. A atual legislatura da Câmara Alta virou um esporte do brasileiro médio: atacá-lo, algumas vezes, sem direito à defesa.

A fúria é proporcional às iniquidades praticadas pelos respeitáveis senhores e senhoras que por lá têm assento segundo a vontade soberana do povo nas urnas. Certo? Errado.

Apenas uma parte dos senadores foram eleitos de forma direta. Nada menos que 17 senadores são suplentes nessa legislatura. Veja a lista completa aqui.

A origem dessa excrescência sem precedentes tem origem nas regras aprovadas sob medida no próprio parlamento.

A forma como são substituídos os senadores que se licenciam, renunciam ou morrem é a origem do descalabro. Nessas hipóteses quem assume são seus respectivos suplentes. O alvo de críticas são suplentes alvo de denúncias graves.

Diferentemente do que ocorre com pretendentes a quaisquer outros cargos legislativos, que participam de uma competição pelas vagas disponíveis, elegendo-se ou se tornando suplentes na ordem da votação de suas legendas, no caso dos senadores dois terços dos postulantes sequer têm seus nomes nas urnas. É uma espécie de "litigância de má fé", para recorrer a um termo jurídico. Com isso, quando os titulares deixam o Senado, assumem em seu lugar figuras desconhecidas do eleitor, pessoas que não receberam um voto sequer e elementos com uma longa folha corrida. Alguns assumem sem qualquer experiência legislativa. Mal sabem falar em público. Uma comédia de mal gosto a infernizar a vida do cidadão.

Certa vez meu pai disse-me: não há lugar onde um ato vergonhoso não o ache. Seja no Céu ou no Inferno.

Acima dela. A vergonha. Os interesses pessoais e subterrâneos de grande parte de seus membros da chamada grande política nacional; revelam um senado repleto de infiltrações que recalcam a consolidação de nossa, ainda frágil democracia.

Até quando a paciência do brasileiro vai aturar tamanho desrespeito?

* O autor é jornalista e blogueiro.

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