Chesf e Queiroz Galvão para Belo Monte. Vocês acreditam nisso?

Boa noite aos poucos jornalistas investigativos do Brasil.

Que tal a pauta abaixo:

1- O Consórcio construirá a hidrelétrica de Belo Monste?
2- Quem pagou os estudos vai ficar chupando dêdo?

Há dezenas de outras perguntas que eu, você e a população adorariam serem respondidas.

Independente disso, levanto outra questão. É o sequinte:

-- Políticamente, acredito que o governo Lula precipitou-se nessa questão de Belo Monte.

Não é adequado para um governo em fim de mandato apostar tão alto com dinheiro que não lhe pertence. O Governo Federal, expõem-se sem necessidades. Seria muito mais palatável e sensato, colocar na mesa outras alternativas; como por exemplo, a hidrelétrica de Marabá.

Acredito que houve um erro de avaliação grave nessa decisão impertinente de Belo Monte que, certamente, será muito questionado pela oposição.

O tempo dirá e se levar-mos em consideração a UH de Tucuruí, sem as eclusas que viraram obras de Catedral, o custo final deste projeto pode chegar ao custo inacreditável de R$ 40 bilhões.

Depois não me venham com chorumelas.

5% na tarifa define vencedora do leilão da UH de Belo Monte

O consórcio Norte Energia, liderado pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e pela construtora Queiroz Galvão, ofereceu tarifa de 78,03 reais por megawatt-hora no leilão da usina de Belo Monte, vencendo a disputa contra o consórcio Belo Monte Energia, liderado pela Andrade Gutierrez.

O valor significa um deságio de 5,98 por cento em relação à tarifa-teto de 83 reais por megawatt-hora, estipulada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Liberado leilão de Belo Monte

O TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região cassou novamente uma liminar que impedia o leilão da usina de Belo Monte, no Pará. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ainda não se posicionou, mas poderá realizar o leilão da hidrelétrica ainda hoje, data inicialmente agendada para a disputa.

Ontem, minutos depois de ser informado de nova liminar suspendendo o leilão, o governo entrou com recurso para cassar a decisão. A liminar de ontem foi concedida pelo juiz Antonio Carlos Almeida Campelo, de Altamira (PA), que atendeu um pedido do Ministério Público Federal. Essa é a segunda tentativa do MPF de brecar o leilão da usina, orçada em cerca de R$ 19 bilhões e um dos maiores projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

TRF da 1ª Região não julgará recurso da AGU sobre Belo Monte hoje

Continuará suspenso o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte. Os pedidos de suspensão da Advocacia-Geral da União (Aneel) (SLAT 0022487-47.2010.4.01.0000) e do IBAMA (SLAT 0022486-62.2010.4.01.0000) contra decisão prolatada na Subseção Judiciária de Altamira, no Pará, que suspendeu o leilão pela segunda vez, não serão apreciados hoje pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, informa a Assessoria de Comunicação Social do órgão.

Quanto ao pedido de reconsideração da decisão em liminar que havia autorizado a realização do leilão da usina a ser construída no Rio Xingú, objeto do agravo regimental interposto pelo Ministério Púbico Federal (SLAT 0021954-88.2010.4.010000), este será submetido à Corte Especial do Tribunal oportunamente.

Estado do Carajas: Ronaldo Caiado fala com propriedade as vantagens da criação dos estados do Carajás e do Tapajós

TV Câmara


Vejam o depoimento do deputado goiano Ronaldo Caiado (DEM), que conhece como poucos as vantagens que o Estado do Goiás obteve com o desmembramento do Norte, após a criação do Estado do Tocantins, e antes, com a criação do Distrito Federal no Governo de Juscelino Kubitschek.

Eleições 2010: Serra ou Dilma? O que importa é a estabilização democrática

Estabilidade democrática

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

Na Folha

Se o governo Lula sair do discurso eleitoral para uma gestão mais austera das contas públicas, talvez seja concluído com bom saldo

A CONSTITUIÇÃO de 1988, hospedando adequado equilíbrio de poderes, tem-se revelado responsável pela estabilidade da democracia brasileira.

Permitiu ao país superar os impactos de um impeachment presidencial, de um processo de superinflação (não hiperinflação, pois a economia não se desorganizou, graças à correção monetária), dos escândalos dos anões do Congresso, do Orçamento, do mensalão - que levou 40 pessoas vinculadas ao governo Lula a serem processadas - e de outras crises, além de assegurar a alternância do poder, sem que se falasse em ruptura institucional.

Nesse período, o Brasil evoluiu ao ponto de sua voz começar a ser escutada no cenário internacional.

O presidente Sarney, embora tivesse fracassado no combate à inflação, com congelamentos mal planejados (desde Hamurabi os controles de preço não dão certo), permitiu, todavia, a convocação da Constituinte e a promulgação da Lei Suprema.

O presidente Collor -afastado por escândalo menor que o do mensalão- abriu a economia do país, do que se aproveitaram seus sucessores Itamar Franco e Fernando Henrique, que, por sua vez, eliminaram o processo inflacionário brasileiro com três regras simples, a saber: incineraram o deficit público, geraram reservas internacionais e levaram todos os índices inflacionários a desembocar num só, com o que, ao transformarem a moeda de conta (URV) em moeda de pagamento real, a inflação acabou.

Sem deficit e com reservas suficientes, atalharam a especulação em divisas estrangeiras, utilizando-se da importação como freio à escalada de preços.

Fernando Henrique administrou bem a economia, por tê-la controlado apesar da crise mundial e dos efeitos de Malásia, Rússia etc., de 1997 a 2002, entregando o país a Lula com os fundamentos da economia saneados e estáveis.

Lula, que foi dos maiores críticos ao Plano Real, seguiu rigorosamente as diretrizes de seu antecessor e colocou no Banco Central experiente operador de mercado, que tem mantido a estabilidade da moeda, adotando as metas de inflação de Fernando Henrique e rígida política monetária, em dosagem correta nos aumentos e diminuições das taxas de juros.

Por outro lado, Lula assumiu o poder com a economia mundial em crescimento e, aproveitando-se das conquistas de seus antecessores, fez o Brasil crescer, menos que os países emergentes de expressão, mas em razoável patamar.

O peso da máquina estatal, que inchou -ao contrário de Fernando Henrique, que a enxugara-, foi o breque que não permitiu que o Brasil crescesse como os outros países.

Por essa razão, quando a crise mundial estourou, o Brasil, que ainda não tinha entrado no grau de desenvolvimento das nações desenvolvidas e emergentes de expressão, acabou sofrendo menos do que aquelas que já estavam em outro nível.

Ao adotar políticas anticíclicas (redução de tributos indiretos), alargou o mercado interno para compensar a perda do mercado externo, não tendo a banca brasileira sido afetada por ter grande parte de seus ativos financeiros em títulos públicos. Neste ano, todavia, nuvens começam a aparecer no horizonte, como o retorno da inflação e a formação de um deficit nas contas externas de quase US$ 50 bilhões.

Acrescente-se que o peso da burocracia aumentou (R$ 183 bilhões serão destinados a pagar a mão de obra oficial, contra R$ 12 bilhões voltados para o Bolsa Família!).

O PAC 1 empacou e o PAC 2 é, em parte, reprodução do PAC 1, que não soube ser implementado por seus gestores, apesar de terem recursos.

Creio que, se o governo Lula sair do discurso eleitoral para uma gestão mais austera das contas públicas, talvez consiga concluir seu governo com bom saldo, sem inflação elevada. Se soltar, porém, as rédeas, por ser um ano eleitoral, seu sucessor, seja ele quem for, terá problemas.

Para, todavia, poder encerrar bem seu governo, terá que esquecer o PNDH-3 (terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos), segundo o qual o Brasil, nesses 20 anos, por conta de neoliberalismo, privatizações, agronegócio e flexibilização de direitos, não teria alcançado boa performance, devendo voltar a ser um Estado forte, com economia agrícola de sustentação familiar, sem flexibilização de direitos e com eventuais reestatizações.

O PNDH-3 pretende exatamente valorizar o que mais prejudicou o governo Lula, impedindo o país de crescer na mesma dimensão dos demais emergentes na época do boom econômico, ou seja, o peso de uma burocracia esclerosada e de um Estado mastodôntico e ineficiente.

De todo modo, graças ao estatuto supremo, o saldo da democracia pátria, em todos os governos, de Sarney a Lula, é inequivocamente positivo.

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS , 75, advogado, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, é presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio.

Inflação: bafeja em nosso pescoço

Artigo - Um círculo vicioso

EMÍLIO ODEBRECHT

Na Folha

DESDE QUE iniciei estes artigos dominicais tenho sido rigoroso com um princípio: evitar temas políticos e assuntos que envolvam minha organização.

Meu propósito é debater ideias e defender causas de interesse público. Entendo que não é correto o uso de espaço tão nobre para abrigar reivindicações ou tratar de interesses setoriais.
Mas há situações que fogem à regra, como é o caso da recente escalada de más notícias sobre uma velha conhecida nossa, a inflação.

Entidades como o IBGE e a Fundação Getulio Vargas já demonstram, através de seus índices de preços, que desde o início de janeiro o custo de vida vem crescendo.

Não acho que isso seja decorrente de problemas de nossa política monetária, que considero correta.

Se a carestia começa a nos rondar, isso é devido a um desarranjo histórico da economia nacional.
Explico: sempre que a inflação preocupa, os juros sobem. Com os juros altos, o setor produtivo reduz os investimentos e as empresas não crescem.

Então, em algum momento, a inflação recua, os juros caem, a economia respira e a população, confiante, vai às compras. E aí surge o gargalo: as empresas, com seu parque industrial defasado, não dão conta de suprir o mercado. O resultado é a alta dos preços, ou a famosa inflação de demanda. Em resposta, o Banco Central sobe os juros novamente.

Sabemos que há outros fatores que provocam inflação. O desequilíbrio fiscal, por exemplo.
Mas, diante da expectativa de elevação dos juros na próxima reunião do Copom, aproveito a oportunidade para destacar dois aspectos: o primeiro é que maiores níveis de poupança é imperativo, e o segundo, que uma equação que viabilize linhas de financiamento de longo prazo por parte dos bancos privados e públicos para o setor produtivo, hoje dependente única e exclusivamente do BNDES, é fundamental.

Precisamos de mais poupança e de crédito contínuo, estável e a juros que estimulem os investimentos. Só assim nossa estrutura produtiva se ampliará e a economia seguirá seu curso, livre dos soluços de aumento de juros a cada sinalização de crescimento da inflação provocado pelo desequilíbrio entre oferta e demanda.

Quando a produção no Brasil parar de correr atrás do consumo e quando tivermos uma cultura da poupança, inclusive no setor público, nos libertaremos do círculo vicioso descrito acima.
Não se constrói uma economia sólida atacando apenas os sintomas. Se não agirmos de forma coordenada sobre as causas, sairemos deste período inflacionário para cair logo adiante em outro da mesma natureza.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos na Folha e é um dos maiores empresários do mundo.

Cristo: Rogai por nós!

Artigo - 'Olhai para isto'

CARLOS HEITOR CONY, na Folha

RIO DE JANEIRO - Não sei se ainda existe a expressão "Cristo, olhai para isto". Antigamente havia e era usada sempre que acontecia alguma coisa de extraordinário. Chamava-se a atenção do filho de Deus para tudo o que parecia impossível de acontecer e assim mesmo acontecia.

Pessoalmente, usei pouco a expressão, pois raramente me admirava das coisas que iam se sucedendo comigo ou com o mundo. Mas acho que ainda há tempo para isto, pedindo a Cristo que olhe para isto. O "isto" em questão é a série de coisas assombrosas que estão acontecendo umas em cima das outras.

Terremotos devastadores no Haiti, Chile e agora na China, inundações assassinas no Rio, Niterói e Bahia, um vulcão na Islândia fazendo parar o tráfego aéreo na Inglaterra, um psicopata solto indevidamente e que mata seis jovens a pauladas depois de estuprá-los -o espaço seria pequeno para arrolar tudo e tanto.

Para complicar, picharam o próprio Cristo aqui no Rio. Aproveitando os andaimes de um serviço de conservação da estátua, aqueles que a imprensa chama de "vândalos" subiram até a cabeça que é realmente a parte mais bonita do monumento. Deixaram lá suas grifes cabalísticas.

O Redentor não reagiu. Poderia com um ato de sua vontade punir seus agressores, vomitando-os para o abismo do Corcovado. Mas tal como em sua vida terrena, Cristo aceitou sem reagir ao açoite dos soldados romanos e à coroa de espinhos, desta vez feita de piche.

Continuou impassível, braços abertos sobre a Guanabara como cantou Tom e Vinicius no samba do avião. Viu coisas desta vez, centenas de mortos das inundações, milhares de desabrigados. Olhou para isto e não reagiu, mas recebeu um protesto que embora imerecido, tem lá o seu sentido.

Eleições 2010: Ainda é cedo

Na Folha

Artigo - Enquanto a TV não vem
ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA - Serra fez uma aposta arriscada ao empurrar até o último minuto o lançamento de sua candidatura à Presidência, para desespero e/ou irritação de tucanos, demos e do pessoal do PPS. Mas, aparentemente, sua estratégia estava correta. Foi na hora certa.
Depois do susto da oposição em fevereiro, quando Dilma encostou em Serra, com apenas quatro pontos de diferença, a sensação entre os serristas é a de que o pior já passou. Ao menos nesta fase da campanha.

Com tempestades, alagamentos e mortes em São Paulo e a consequente perda de pontos de Serra, Planalto, PT e Dilma imaginavam -na mesma proporção que PSDB e Serra temiam- um cruzamento nas curvas das pesquisas, com a petista avançando para a dianteira e o tucano escorregando para o segundo lugar em março ou abril.

Já imaginou o clima de enterro na festa de Serra se ele tivesse caído do patamar de 30% e ficado atrás da adversária? Mas isso não se concretizou, e o novo Datafolha de certa forma cristaliza a posição dos dois favoritos, que disputam pau a pau.

Mudanças, se houver, só depois da Copa e com o início da TV.

O pessoal da Dilma não deve estar dando pulos de alegria, mas a situação deve estar feia mesmo é numa outra seara: na de Ciro Gomes, que vai sendo sugado para a vaga de lanterninha, enquanto Marina Silva vai caminhando muito devagar, mas devagar e sempre.
Não erra, distingue-se dos opositores com elegância, provoca na hora certa. Deixa um rastro de possibilidades: no final, quem não engole Serra ou Dilma, mas não chegar a se encantar com o adversário direto de um ou da outra, sempre terá essa saída, digamos, honrosa.

Desde o início, parece claro que Marina não é para ganhar, mas para ocupar um vácuo, fazer bonito. E o que está cada vez mais evidente é que Ciro não tem vez: nem no governo, nem na oposição, nem no próprio partido. Quis ser tudo, corre o risco de não ser nada.

elianec@uol.com.br

Declaração de amor à Brasília

Artigo - Condenada à revelia

Ana Dubeux - anadubeux.df@dabr.com.br - No Correio

Nunca fui acusada formalmente, mas devo confessar a minha condição de ré absoluta numa pendenga que parece não ter fim. Arrasta-se desde 1987, quando cheguei a Brasília, um processo que me conduz a um sentimento cada vez mais forte por esta cidade. Para cada forasteiro que aqui se estabelece, a sentença tarda, embora se confirme sempre. Quem vai ficando por este cerradão tão árido e tão verde e tão monumentalmente belo está irremediavelmente fadado a um amor perpétuo. Quem chegou aqui ainda de calças curtas e cresceu à medida que as superquadras ganhavam vida tem como cupido a memória daqueles tempos. Muitos outros, que já aterrissaram de diploma na mão, à procura de emprego, tiveram a sorte e a oportunidade de encontrar um terreno fértil para o sustento, para constituir uma família e fazer muitos amigos.

No meu caso, não posso negar que o acaso pesou demais na minha relação próspera com a capital. Desembarquei de mala e cuia movida por uma vontade incontrolável de cobrir a Constituinte — ou seja, testemunhar e contar aos leitores de um jornal um momento histórico importantíssimo no processo de redemocratização do país. Mas quis o destino que a minha trajetória no jornalismo aqui em Brasília começasse na editoria de Cidades. Ainda bem. Iniciei, então, uma crescente e duradoura paixão que me move até hoje. Conheci dos meandros da política local aos primeiros assentamentos, passando pelo assombro dos crimes bárbaros, e tive a sorte de continuar acompanhando, muitas vezes com alegria, outras com tristeza, todos os acontecimentos. Devo isso, em grande parte, ao meu trabalho no Correio Braziliense.

O Correio e Brasília são, não há como negar, crias de um mesmo tempo, de um mesmo sonho, de uma só história. Muitos dos que aqui trabalham são pioneiros, filhos de pioneiros ou pessoas que viveram suas infâncias embaixo dos blocos. Não há meios de dissociar o jornal da cidade. Os leitores, como testemunham dia a dia por e-mails, cartas e telefonemas, esperam ver no jornal um prolongamento de seu olhar sobre a capital. Páginas e mais páginas, que devem servir ao propósito de conversar com eles sobre Brasília, sintetizar seus pensamentos, oferecer outros pontos de vista, retratar as novidades, informá-los e, por que não, homenageá-los, como temos feito em várias publicações, especialmente neste ano do seu cinquentenária — e que se estenderão ao longo desta semana.

Sinto orgulho de ter filhos e amigos brasilienses, da mesma forma como sou orgulhosa de ter feito da minha carreira jornalística um caminho próspero para a adoção de uma cidade que hoje enche meu coração. Podem dizer tudo de Brasília e podem até querer matá-la a cada dia, ferindo seus brios e seu propósitos, mas jamais conseguirão tirar das pessoas essa sensação de aconchego, de intimidade, de pertencimento. Com todos os problemas, aqui é nossa casa.

Novo governador do DF é especialista em marketing

Perfil Rogério Rosso - Um político de várias alianças

Eleição indireta
Novo chefe do Executivo, que é cria política de Joaquim Roriz e teve importante papel no governo Arruda, adora rock, foi diretor de empresa, secretário de Estado, presidente da Codeplan e administrador de Ceilândia. E sempre alimentou o sonho de comandar o Buriti


Ele é especialista em Marketing. Venceu as eleições indiretas com o discurso de que seria uma alternativa política para evitar a intervenção federal, cuja tese levantada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, poderia ganhar força em caso de vitória de um deputado distrital em um momento de suspeição na Câmara Legislativa. Aos 41 anos, Rogério Rosso foi escolhido candidato do PMDB como uma das raras opções não chamuscadas no partido com a crise deflagrada no Distrito Federal por causa da Operação Caixa de Pandora. Seu nome não apareceu em qualquer gravação até agora, tampouco nos depoimentos de Durval Barbosa, o delator do suposto esquema de corrupção no GDF.

Rosso virou candidato nas eleições indiretas como resposta a Joaquim Roriz, que pediu votos para Wilson Lima (PR) e incomodou quem deseja fazer oposição ao ex-governador na campanha de outubro. O novo governador-tampão pertence a um grupo que já foi aliado de Roriz, mas se afastou e hoje é visto pela base rorizista como um adversário a combater, situação que tem como principal expoente o presidente do PMDB-DF, Tadeu Filippelli, seu aliado e idealizador de sua candidatura. Rosso surgiu por acaso na política, justamente pelas mãos do ex-governador do Distrito Federal, com quem hoje mantém relação distante. Roriz viu nele um político promissor.

A aproximação aconteceu em 2002 porque a mulher de Rosso, Karina Curi Rosso, com quem tem quatro filhos, é a melhor amiga da caçula de Roriz, Liliane. Na campanha de 2002, quando o então governador do PMDB, atolado numa crise de imagem, concorria à reeleição e precisava de munição para superar as denúncias de grilagem de terras, Rosso apareceu como um conselheiro na área de estratégia de comunicação. Até então, formado em direito pela Universidade de Brasília (UnB), ele era diretor de uma empresa do ramo de automóveis e nunca tinha pensado em largar a carreira corporativa para mergulhar na vida pública. Foi na campanha de Roriz, no entanto, que se inclinou pela política. Passou a trabalhar com a meta de se transformar em um futuro candidato ao Palácio do Buriti.

Nascido no Rio, veio para Brasília com um ano. De família de classe média, viveu durante a infância na Asa Sul, estudou em escola pública e privada, e começou a trabalhar cedo, aos 14 anos. Fazia bicos no comércio local, para conseguir comprar as coisas. Depois de formado, montou um escritório de advocacia, até descobrir interesse pelo setor automotivo. Trabalhou na Caterpillar, indústria americana de tratores, e depois foi para a Mercedez, antes de trabalhar na Fiat. No governo Roriz, exerceu cargos que lhe deram projeção. Foi secretário de Desenvolvimento Econômico e depois, já de olho na corrida ao eleitor, foi nomeado administrador regional da Ceilândia. Inventou o Ceilambódromo e transferiu o Carnaval para a cidade.

Casado com a filha de um dos empresários mais ricos de Brasília, Roberto Curi, dono da rede Curinga dos Pneus, Rosso alugou um pequeno apartamento em Ceilândia e divulgou que morava por lá. Karina o acompanhava em eventos públicos, visitava famílias pobres e distribuía brinquedos e comida. Na passagem pela Ceilândia, Rosso se aproximou de um morador da cidade, o ex-deputado distrital Chico Vigilante (PT), com quem fez parcerias políticas na região que abriga o maior eleitorado do DF. A vitória de Rosso ontem só foi possível justamente pelo apoio de petistas.

Projeto de poder
O projeto da família sempre foi ver Rosso governador. Em 2006, embalado pelo incentivo de Roriz, ele se candidatou a uma vaga de deputado federal. Na prestação de contas à Justiça Eleitoral, o sogro é registrado como seu grande financiador. Rosso declarou ter arrecadado R$ 1,4 milhão, dos quais R$ 1,2 milhão tiveram como origem as empresas de Roberto Curi. Com 51 mil votos — 10 mil a menos que Laerte Bessa (PMDB) —, ficou como primeiro suplente. Foi uma frustração para a família, que apostou no projeto. Depois da campanha de 2006, já na fase de transição, Rosso recebeu convite de José Roberto Arruda, eleito no primeiro turno, para assumir o cargo de presidente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).

No governo Arruda, Rogério Rosso foi o responsável pelas políticas para as cidades do Entorno do DF e pelas parcerias público-privadas (PPPs). Foi o grande defensor do projeto de construção do complexo que abrigaria o novo centro administrativo do governo, em Taguatinga, um empreendimento que nunca teve a pedra fundamental, apesar de o contrato ter sido assinado pelo GDF com o consórcio formado pela Via Engenharia e Odebrecht. A ideia da PPP é que as empreiteiras arcassem com as obras civis e pudessem explorar por 22 anos a administração e a prestação de serviços, como vigilância, manutenção e conservação.

A expectativa de Rosso era se candidatar novamente a uma vaga de deputado federal em outubro e tentar concorrer em 2014 ao Governo do DF, projeto antecipado pelas circunstâncias provocadas pela Caixa de Pandora. No governo Roriz, seu plano mais controverso foi a construção do trem de alta velocidade que ligaria Brasília a Goiânia, um empreendimento concebido para desenvolver o Entorno do DF. A ideia foi abraçada por Roriz que, em 2005, chegou a visitar várias fábricas de trens na Europa, ao lado de Rosso, para tentar viabilizar o projeto na capital do país. Não deu certo, mas a peregrinação de Roriz pela Espanha, França e Alemanha acabou desviando na época a imagem do Executivo dos processos que Roriz respondia na Justiça Eleitoral por suposto uso da máquina — que depois acabaram sendo julgados improcedentes.

Rock pesado
No cargo de governador pelos próximos oito meses em um um momento de tamanha turbulência política, Rogério Rosso terá pouco tempo para a diversão e relaxar na chácara que mantém em Cidade Ocidental, município do Entorno onde ajudou a eleger um vereador. Também terá menos chance de se dedicar à música. Com nome artístico R. Schumann (sobrenome do meio), Rosso é baixista e tem preferência por rock pesado, influenciado por bandas como Whitesnake.

Antes de pensar em ser governador no mandato-tampão, se dedicava ao projeto de produção de um vídeo em homenagem ao aniversário de Brasília, com música heavy de sua autoria tocada por artistas da cidade. Ele também é tecladista e toca guitarra, mantém um estúdio na chácara que gosta de frequentar com os filhos. Montou a primeira banda de rock aos 16 anos. No governo, agora, Rogério Rosso terá muita pauleira pela frente para tentar tirar o Distrito Federal do inferno astral.

----------------------------------------------------------------

Entrevista Rogério Rosso - 'Brasília é maior que a crise'

Novo governador diz querer imprimir a sua marca no governo do DF e que assumirá com o desafio de não deixar a máquina paralisar

Em oito meses de governo, Rogério Rosso pretende criar a própria marca. Até o fim da semana, o novo governador terá a própria equipe a ser formada com pessoas da sua confiança, escolhidas depois de ouvir os aliados da Câmara Legislativa. Ele não nega que vai administrar a capital do país com os eleitores que o levaram ao poder, muitos dos quais sob investigação na Operação Caixa de Pandora. Mas terá de ser um equilibrista para agradar aos deputados distritais sem alimentar a força do pedido de intervenção federal no Distrito Federal, feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Para dar a sua cara à gestão, a reforma administrativa vai começar pela assessoria mais próxima. As mudanças vão longe e devem envolver todo o secretariado. Com uma ampla casa no Lago Sul, Rosso não deverá se mudar para a residência oficial de Águas Claras. Usará a estrutura para reuniões e vai montar o gabinete no anexo do Palácio do Buriti. O centro administrativo de Taguatinga (Buritinga), um dos símbolos da passagem de José Roberto Arruda pelo GDF, será desativado, segundo Rosso revelou ao Correio. Nenhum integrante do primeiro escalão que deixou o cargo em decorrência da crise retornará ao cargo. Em entrevista, Rosso admite que sempre trabalhou para ser, um dia, governador. Mas garante que não vai concorrer à reeleição.

O senhor assume o GDF num momento de turbulência. Que medidas adotar para evitar intervenção?
É um conjunto de medidas que vai desde uma auditoria no governo, divulgação dos gastos e receitas, corte de despesas. Tenho o desafio de não deixar a máquina paralisada, mantendo os serviços, as obras e os programas sociais, desde que regularmente contratados. De procurar mostrar para as instituições que o governo voltará a funcionar normalmente, como o cidadão deseja, e com austeridade.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não acredita nas eleições indiretas. O senhor vai procurá-lo?
Essas eleições foram legitimadas pelo Poder Judiciário, pelo Tribunal de Justiça do DF. Pretendo, sim, me encontrar com o procurador-geral e chefes de todas as instituições para mostrar o que vamos fazer. É importante esse diálogo, para mostrar que Brasília é maior que a crise.

O senhor tem uma formação na iniciativa privada e surgiu no mundo político no governo Roriz. Também participou da gestão Arruda. O senhor é ligado a eles?
Tenho um perfil técnico. De nenhuma forma fico constrangido em dizer que trabalhei no governo Roriz. Muito pelo contrário, a minha vida pública começou lá.

O que levou o senhor à vitória? Muita gente apostava em Wilson Lima.

Foi um conjunto de forças partidárias. Primeiro, o desejável era que houvesse mais entendimento antes dos registros das chapas. No decorrer da semana, começaram os entendimentos partidários, de parlamentares. Tinha impressão de que o resultado seria diferente. Acreditava na vitória e torcia por ela, mas em segundo turno mais combativo.

Houve um movimento do DEM de oferecer apoio ao PT para barrar a sua candidatura. A que o senhor deve isso?
Não tive essa informação. Teria dificuldade até em entender essa movimentação.

Não é uma questão política entre Alberto Fraga e Tadeu Filippelli?
Pode ser. Mas Brasília, nesse momento, sei que é difícil, precisa unir as forças para sair desse momento.

A eleição de outubro influenciou essa vitória?
O compromisso nosso, do PMDB e de outros partidos, é que o vencedor nesse momento não pode concorrer à reeleição, até para que as instituições percebam que não vai haver utilização da máquina para fins eleitorais. Da nossa parte, há uma firme convicção de que não iremos para qualquer eleição. Nem a Ivelise nem eu.

O PMDB foi muito atingido pela Caixa de Pandora. O senhor teve votos de três pessoas do seu partido que estão sob investigação. O senhor vai proteger essas pessoas?
A Justiça, durante essa semana, legitimou a participação de todos os deputados distritais. Todos eles já ofereceram as suas defesas. Essa é uma questão que, honestamente, para mim... Nós precisamos da Câmara como um todo. Fico muito tranquilo, a própria Justiça legitimou a participação de todos os deputados.

Pretende se mudar para a Residência oficial, em Águas Claras, usar o Buritinga?
Honestamente, nem parei para pensar sobre isso. Usar Águas claras? Eu tenho quatro filhos, super bagunceiros, sapecas, ia acabar com a tranquilidade do governo. Então, o seguinte: é melhor a gente ficar em casa. Usar o Buritinga? Uma coisa é o centro administrativo novo, outra coisa é Buritinga. Se não reformar já…

Vai desativá-lo?
Essa é a nossa ideia. Mas isso é uma discussão com todos do governo.

O senhor garante que não será candidato?
Garanto.

Acredita em uma aliança do PT com o PMDB em outubro?
Nacionalmente, isso está consolidado. E eu sei que essa aliança vai ser tentada nos estados. O Filippelli, como presidente do partido, está à frente dessas negociações. Vamos conversar com ele. Mas o que eu puder fazer para a gente trabalhar sem pensar muito nisso, em eleições... Esse momento, agora, é de focar no nosso trabalho.

Oito meses é pouco para tantos planos?
Muito pouco. Oito meses é priorizar. E vamos priorizar em investimento e infraestrutura em baixa renda. E vamos priorizar saúde, educação e segurança.

O senhor vai mudar equipe, botar sua cara no governo?
Vou. Acho que tem que ser colocada. Não a minha cara, eu diria, vou colocar várias caras.

Vai fazer o governo Rogério Rosso?
Vamos fazer o governo Rogério, Ivelise, o governo do servidor público, tentar maximizar a utilização do servidor público em cargos de chefia.

O senhor vai consultar a Câmara para formar esse governo?
Precisamos até de autorização da Câmara para algumas mudanças.

Quem não votou no senhor terá algum tipo de represália?
No que depender da gente, esse é um governo sem ódio, sem revanchismo, sem perseguição. Tem que ser um governo de paz. Brasília precisa de paz, não de ódio agora.

Protesto termina em confronto. Sete ficam feridos

Deco Bancillon
Yale Gontijo

O clima na frente da Câmara Legislativa do Distrito Federal começou tranquilo na tarde de ontem durante a votação dos deputados distritais. Impedidos de entrar, manifestantes do movimento Fora Arruda empunhavam cartazes e gritavam palavras de ordem que pediam a eleição direta. Por volta das 16h, um grupo de 40 pessoas que fazia o protesto tentou invadir a Casa e foi violentamente reprimido por cerca de 250 policiais militares, que usaram cassetetes. Ao fim do confronto, quatro estudantes, um segurança da Câmara e dois policiais ficaram feridos, mas sem gravidade. Três manifestantes foram encaminhados para a 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). Eles foram liberados ontem à noite.

Os policiais estavam sob o comando do coronel Silva Filho, o mesmo que coordenou a operação no Eixo Monumental contra a corrupção no DF, no começo de dezembro, que acabou com manifestantes feridos. O estudante de antropologia da Universidade de Brasília (UnB) Gabriel Soares, 25 anos, foi atingido na cabeça e na perna. Ele teve de ser levado para o Hospital Santa Helena, na Asa Norte, onde foi atendido e liberado em seguida. “Foi muito confuso, me jogaram no chão e fui chutado”, descreveu.

Mais três estudantes feridos foram levados para o Hospital de Base. Segundo o comando do movimento, eles passam bem. Após o confronto, os policiais apresentaram dois estilingues e pacotes de bolas de gude como prova da agressão que teriam sofrido por parte dos manifestantes. “Eu não estava com estilingue. Não vi ninguém com estilingue. Mas tinha muita gente aqui. Não dá para saber”, afirmou o estudante de antropologia. Segundo oficiais da PM, os policiais que se feriram foram socorridos e passam bem. Ao final da votação, por volta das 19h30, manifestantes cercaram a saída de carros da Câmara. Novamente, o clima voltou a ficar tenso. Um policial chegou a sacar uma arma, mas não disparou. “O trabalho foi executado pela Polícia Militar para a preservação da segurança, do patrimônio e da ordem pública”, ressaltou Silva Filho.

Os manifestantes fizeram vigília da noite de sexta para sábado em frente à Câmara. Durante a votação, eles gritavam palavras de ordem contra o pleito. Bonecos de candidatos falsos — Toni Panettone e Bezerra de Ouro —também participavam do movimento. Com irreverência, o protesto teve até a repartição de uma pizza de verdade. Além dos estudantes, houve a participação de membros do Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) e cerca de 30 deficientes visuais, que protestavam contra o fechamento da sede da associação que os representa — a ABDV. O contingente destacado para fazer a segurança na Câmara foi de 700 PMs, segundo o coronel Silva Filho.

Fonte: Correio Braziliense.

Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados

  Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados A imagem peregrina da padroeira dos par...