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Cadastramento no pacto contra desmatamento no Pará encerra-se no final do mês

O Ministério Público Federal do Pará anunciou que termina no dia 31 o prazo para as prefeituras aderirem ao pacto contra o desmatamento na pecuária no Estado. Segundo o órgão, 30 municípios já fazem parte da ação, que prevê tolerância zero com o avanço sobre a floresta e a regularização ambiental das propriedades rurais.

O trabalho conjunto com os municípios ocorre na esteira do processo iniciado em 2009 com os maiores frigoríficos do país, acusados pelo MPF e pelo Greenpeace de comprarem animais criados em áreas desmatadas ilegalmente da Amazônia e, assim, contribuir com o crime ambiental. Entre as empresas envolvidas na ação do MPF estão JBS, Marfrig e Minerva.

O pacto resultou em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que prevê requisitos imediatos e à prazo. Daniel Avelino, procurador do MPF do Pará, diz que a primeira obrigação é a realização do Cadastro Ambiental Rural (RAR) – o georreferenciamento da propriedade rural. A segunda é o Licenciamento Ambiental Rural (LAR), com dados detalhados sobre a compensação que terá de ser feita para ajustar a área à lei. Os municípios signatários do TAC terão entre 2011 e 2012 para fazê-lo, conforme o tamanho da propriedade.

Grupo Bandeirantes defende pecuária de corte das críticas do MPF

Brasília - O Grupo Bandeirantes veiculou nesta semana, em dois dos seus principais telejornais, um editorial com duras críticas à Campanha 'Carne Legal', lançada pelo Ministério Público Federal (MPF). Na campanha, o MPF relaciona a pecuária de corte com operações ilegais de desmatamento, trabalho escravo e lavagem de dinheiro.

O editorial, que expressa a opinião do veículo de comunicação, foi vinculado no Jornal da Band e no Jornal da Noite, ambos do último dia 8. Os jornalistas Joelmir Beting e Boris Casoy deram voz à opinião do Grupo Bandeirantes.

Leia o artigo e veja os vídeos no Canal do Produtor


Jornal da BAND


Jornal da Noite

Pará inova e começa a emitir GTA-eletrônica

Emitida em nome da produtora familiar, Hérica Araújo da Silva e do pecuarista Hélio Moreira saíram dos terminais da Agência de Defesa Agropecuária do Pará no município de Marabá (sul do estado), as primeira Guias de Trânsito Animal-Eletrônica (Gta-Eletrônica) do Brasil. O projeto, parte integrante do Programa Boi Guardião desenvolvido pelo Ministério da Agricultura ( Mapa), Adepará e Federação da Agricultura do Pará com investimentos de cerca de R$ 1 milhão, revoluciona a pecuária no estado.

A GTA-Eletrônica foi inaugurada oficialmente no final da manhã desta quarta-feira (9), em Marabá, pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, e pela governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. O documento obrigatório de sanidade para transporte de animais entre propriedades, municípios e estados, para frigoríficos e mesmo para a exportação do animal vivo, começa agora a ser emitido em aproximadamente dois minutos, possibilitando o melhor controle do rebanho, proteção da floresta, combate ao desmatamento e agilidade no trânsito de animais. A GTA era antes emitida totalmente de forma manual.

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A melhor amiga do homem

Ela nos acompanha pacatamente há 10 000 anos e forjou a
humanidade. Mas não escapou da sanha dos ambientalistas

Diogo Schelp

Laurel/Alamy/Other Images

Devemos muito à vaca. Mas há quem a veja como inimiga. A vaca, aqui referida como a parte pelo todo bovino, é acusada de contribuir para a degradação do ambiente e para o aquecimento global. Cientistas atribuem ao 1,4 bilhão de cabeças de gado existentes no mundo quase metade das emissões de metano, um dos gases causadores do efeito estufa. Acusa-se as chifrudas de beber água demais e ocupar um espaço precioso para a agricultura. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que um terço das terras do planeta seja utilizado para a pecuária. O corolário é que, a continuar desse jeito, faltará solo para plantar comida para os 2,5 bilhões de pessoas que se somarão à população mundial até 2050. ONGs fundamentalistas de defesa dos bichos, como a Peta, dos Estados Unidos, não ruminaram muito sobre o assunto e já incorporaram o discurso do aquecimento e da fome globais a suas campanhas contra o consumo de produtos animais. Pura conversa para boi dormir.

O truísmo inconveniente é que homem e vaca são unha e carne. "O ser humano e o gado bovino representam o caso mais perfeito de simbiose entre mamíferos", escreveu o crítico cultural Florian Werner, autor do livro A Vaca – Vida, Obra e Influência, publicado neste ano na Alemanha. Imaginar o mundo sem vacas é como desejar um planeta livre dos homens – uma ideia, aliás, vista com simpatia por ambientalistas menos esperançosos quanto à nossa espécie. "Alterar radicalmente o papel dos bovinos no nosso cotidiano, subtraindo-lhes a importância econômica, pode levá-los à extinção e colocar em jogo um recurso que está na base da construção da humanidade e, por que não, de seu futuro", diz o veterinário José Fernando Garcia, da Universidade Estadual Paulista em Araçatuba, interior de São Paulo. Garcia coor-denou a equipe científica brasileira que participou do sequenciamento do genoma da vaca, concluído em abril passado. Esse trabalho, além de dar subsídios ao melhoramento genético das raças bovinas, tem utilidade para muito além do pasto. Afinal de contas, a vaca tem 80% dos genes idênticos aos nossos e um sistema imunológico bem mais forte. Entender como ele funciona pode ajudar a descobrir a cura para doenças que ainda nos afligem. A medicina deve muito à nossa amigona quadrúpede. Escritos egípcios de 4 000 anos atrás revelam que os sacerdotes responsáveis pela saúde dos faraós também "entendiam de gado", ou seja, provavelmente utilizavam as vacas como cobaias. Em 1796, o médico inglês Edward Jenner inventou o processo de vacinação ao inocular em uma criança o vírus da versão bovina da varíola. A palavra vacina, por sinal, vem do latim vacca.

Voltando à vaca fria, ou melhor, à tese inicial: o gado bovino foi tão vital ao desenvolvimento da humanidade que entre as mais antigas pinturas rupestres já encontradas estão aquelas que retratam a caça de auroques, os ancestrais dos bovinos. A adição de proteína animal na alimentação dos hominídeos foi o que permitiu atender à demanda energética que acompanhou, em termos evolutivos, o crescimento do cérebro. Ou seja, não fosse a dieta onívora, teríamos uma capacidade de raciocínio infinitamente menor. Seríamos uns ruminantes na acepção metafórica. O problema é que caçar auroques – leia-se: conseguir proteína animal para manter o cérebro funcionando – era um esporte arriscado e nem sempre exitoso. Na descrição feita há mais de 2 000 anos pelo imperador romano Júlio César, eles eram "um pouco menores que elefantes". Por isso, representou um grande avanço quando o auroque foi finalmente domesticado, há 10 000 anos. Isso aconteceu separadamente em duas regiões distintas do globo, onde hoje ficam o Oriente Médio e a Índia. No primeiro caso, deu-se origem ao gado taurino (Bos taurus) e, no segundo, ao zebu (Bos indicus). As duas espécies, com o passar dos milênios, resultaram em quase 900 raças. A vaca é uma invenção humana.

A domesticação consistia em prender os animais selvagens mais dóceis e deixar que eles se reproduzissem. Assim começaram as primeiras experiências com melhoramento genético. As vacas davam leite, carne, couro para se proteger do frio e ossos para a fabricação de ferramentas. Os bovinos eram uma fonte ambulante de comida fresca e, como tal, representavam literalmente a salvação da lavoura quando secas ou pragas destruíam os cultivos vegetais. Mas o animal também foi essencial para o próprio desenvolvimento da agricultura. A vaca foi o primeiro motor da história: atrelada a um eixo com rodas ou a um arado, sua força de trabalho deu ao homem tanto mobilidade como condições de abandonar a vida nômade. Os novos hábitos sedentários e os excedentes de alimentos, ambos consequências tanto da criação de gado quanto da agricultura, deram origem às cidades e às civilizações. Já nas primeiras sociedades, quem possuía um maior número de cabeças de gado desfrutava mais status. Na Grécia antiga, davam-se às meninas nomes antecipando os dotes que seus futuros noivos receberiam: Polyboia, por exemplo, significa "aquela que tem muitas vacas".

A própria palavra capitalismo vem do latim caput, uma referência às cabeças de gado que definiam um homem rico. E pecuária tem a mesma raiz de pecunia, latim para "dinheiro". A vaca tem um papel econômico crucial até onde é considerada animal sagrado. Na Índia, metade da energia doméstica vem da queima de esterco. O líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), que, como todo hindu, não comia carne bovina, escreveu: "A mãe vaca, depois de morta, é tão útil quanto viva". Nos Estados Unidos, as bases da superpotência foram estabelecidas quando a conquista do Oeste foi dada por encerrada, em 1890, fazendo surgir nas Grandes Planícies americanas o maior rebanho bovino do mundo de então. "Esse estoque permitiu que a carne se tornasse, no século seguinte, uma fonte de proteína para as massas, principalmente na forma de hambúrguer", escreveu Florian Werner. Até hoje, quando o PIB de um país cresce, eleva-se paralelamente o seu consumo per capita de carne. Comer um bom bife é uma aspiração natural e cultural. Ou seja, nem que a vaca tussa a humanidade deixará de ser onívora.

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Deputado Wandenkolk Gonçalves destaca crise com o provável fechamento de frigoríficos no Pará

Foto: Gilberto Nascimento

Plenário

Grande Expediente

Dep: Wandenkolk Gonçalves

Foto: Gilberto Nascimento

Data: 28-05
O deputado federal Wandenkolk Gonçalves PSDB-PA) foi à Tribuna da Câmara dos Deputados nesta tarde para registrar as ações contra a produção paraense patrocinadas pelo ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente. A baixo a íntegra do pronunciamento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, retorno a esta tribuna de maneira entristecida. Eu acreditava, por suas próprias declarações, que o Ministro Carlos Minc não conhecesse a Amazônia, mas eu estou entendo que ele tem mágoas e frustrações pesadíssimas contra todos nós amazônidas.

Não bastasse o Ministro ter chamado os produtores rurais de vigaristas e de boi pirata o nosso boi verde, produto exportado para o todo o mundo e apreciado principalmente pela Comunidade Européia, S.Exa., depois de sua estada no Rio de Janeiro para participar de uma apologia ao consumo de maconha e ainda meio embevecido e com cheiro de fumaça no ar, apronta mais uma das suas contra a Amazônia.

O Ministro, Sras. e Srs. Deputados, resolveu agora fechar todos os frigoríficos da Amazônia. Resolveu, enfim, desempregar milhares e milhares de pessoas. O Ministro Carlos Minc, desconhecendo a realidade amazônica, não sabe que a cadeia pecuária abrange milhares de empregos, de negócios de exportação e de compromissos em vários segmentos da cadeia produtiva, como a de laticínios, de frigorificação, de caminhoneiros, de postos de gasolina e de supermercados.

Não bastasse o Ministro aloprado ter acertado os produtores rurais, resolveu acertar também os supermercados. Deputado Arnaldo Faria de Sá, existem supermercados, como o Carreofour e o Bom Preço, ícones no Brasil e referênciasinternacionais, recebendo multas de 32 milhões de reais. Com isso, suas atividades na área do agronegócio e da pecuária estão paralisadas, engessadas.

Se não bastasse dizermos que os financiamentos da pecuária vieram de recursos públicos, como é o caso da própria SUDAM, do FNO, do Banco da Amazônia, do PRONAF, do Banco do Brasil, que também financia e privilegia pequenos produtores que vendem seus produtos a esses frigoríficos.

A rede frigorífica do meu Estado, do Pará, resolveu amanhã paralisar. Graças a Deus o Ministro Reinhold Stephanes voltou da Rússia com boas novas para Santa Catarina. Se não voltasse mais rápido, o Ministro CarlosMinc acabava com a Amazônia e com o Brasil, pelo seu desconhecimento e acima de tudo pela discriminação que vem fazendo àquela região.

Por isso, Sr. Presidente, estaremos agora à tarde reunidos com o Ministro da Agricultura para buscarmos alternativas que viabilizem sim frigoríficos como o Bertin, em Santana do Araguaia, que tem mais de 1100 funcionários,abate de 700 a 800 cabeças por dia e abastece a rede supermercadista do Brasil todo.
Estão realmente impedidos de fazer o seu trabalho e de cumprir as suas obrigações contratuais inclusive com agências do Governo, como é o caso dos agentes financeiros. Isso simplesmente porque um aloprado resolveu esticar o cabo de guerra, ser midiático, a todo momento querer aparecer na mídia nacional à custa e ao suor daqueles que realmente fazem e contribuem como desenvolvimento do País.

Não podemos mais aceitar isso, Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto. Não podemos mais aceitar esse tipo de discriminação e acima de tudo essa perseguição que o Ministro vem fazendo.

O Ministro já foi chamado, no Rio de Janeiro, de Carlos Minconha e agora, pelo fato de não atender aos reclamos do desenvolvimento deste País, é também chamado de Minctiroso por toda a classe produtora do Brasil.
Muito obrigado, Sr. Presidente.

Deputado Giovanni Queiroz denuncia ações contra a produção no Sul do Pará

Foto: Val-André Mutran















O SR. GIOVANNI QUEIROZ (PDT-PA) — Nesta data e neste dia, logicamente, primeiro quero me reportar a um projeto de lei que acabo de dar entrada na Mesa da Casa, a ser analisado por esta Casa e pelo Senado, que diz respeito à criação de uma Zona de Processamento de Exportação, uma ZPE, na cidade de Marabá, onde temos um parque industrial jáinstalado, no setor siderúrgico. Será um dos maiores parques industriais deste País se pudermos avançar no sentido da construção de uma ZPE naquela área que possa acelerar a nossa produção e o desenvolvimento do Estado do Pará, em particular naquela região sul do Estado. Dei entrada a esse projeto de lei, e espero que tramite com a rapidez necessária para vermos consolidado esse projeto.

A segunda questão que me traz ao Plenário, Sr. Presidente, é para dizer da satisfação que tivemos ontem de ver aprovado no Senado da República, especificamente na Comissão de Constituição e Justiça, oprojeto do Decreto Legislativo nº 52, de autoria do Senador Leomar Quintanilha, relatado inicialmente pelo Senador Mozarildo Cavalcanti e, agora, por último, relatado pelo Senador Valter Pereira, do Mato Grosso do Sul.

Com o relatório favorável, foi aprovado, por unanimidade, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, com a interferência favorável também do nobre Senador Flecha Ribeiro, aquele projeto de decreto legislativo, que fala de um plebiscito para viabilizarmos a criação do Estado do Carajás, desmembrando-se da região sul e sudeste do Estado do Pará.

Isso, sem dúvida nenhuma, é um instrumento extraordinário para podermos continuar a sonhar com o desenvolvimento efetivo, pretendido por todos aqueles que migraram para o sul do Pará para integrar a Amazônia ao Brasil, para fazer ali o nosso desenvolvimento, para permitir que milhares de brasileiros que para lá acorreram possam ter uma qualidade de vida melhor, um Governo mais próximo, capaz de pensar de forma inteligente o nosso desenvolvimento, de forma estratégica a nossa produção, de forma séria e responsável o desenvolvimento sustentável, tão necessário para o desenvolvimento da Amazônia e do Brasil.

Faço esse registro com a satisfação que tive de ver aqui ontem mais de 15 Prefeitos daquela região sul e sudeste do Pará, assim como mais de 30 Vereadores daquela região que vieram a Brasília fazer esse apelo aos Senadores da República, para, na compreensão da grandeza que é a revisão geopolítica da Amazônia, que se aprove aquele projeto de decreto legislativo.

Sem dúvida nenhuma, estaremos ainda na próxima semana já visitando o Presidente do Senado, o Senador José Sarney, para pedir a S.Exa. que inclua na pauta daquela Casa esse projeto de decreto legislativo. Ao ser votado no Plenário do Senado, que seja remetido à Câmara dos Deputados. Aqui fazemos um apelo, o qual já aproveito para fazê-lo agora aos nobres Deputados, ao Presidente, para votarmos aqui essa autorização, a fim de que o povo daquela região, daquele Estado, se manifeste num plebiscito, se favorável ou não à criação do novo Estado.

Pesquisas já mostram que temos, só na região sul e sudeste do Pará, 92% da população favorável à criação desse Estado. Sem dúvida nenhuma, está passando da hora de se fazer uma revisão geopolítica da Amazônia. Por que não começar pela região sul e sudeste do Pará, criando o Estado do Carajás e criando também no oeste do Pará o Estado do Tapajós?

Dessa forma, teremos lá 3 governantes que poderão, em áreas territoriais menores, se ajustar à vocação e ao desenvolvimento daquela região.

Sr. Presidente, gostaria de trazer só boas notícias. Gostaria de estar nesta tribuna alegre, feliz, com o desenrolar que tivemos ontem no Senado, com o projeto de lei que trago, criando a Zona de Processamento de Exportação para Marabá, cidade polo da região sul e sudeste do Pará, mas desta tribuna hoje vou tomar um maior tempo para falar das mazelas deste Estado brasileiro.

Lamentavelmente, mais uma vez, o Sr. Minc, Ministro do Meio Ambiente, traz problemas e mais problemas para a Amazônia, particularmente para o Estado do Pará. Não bastassem os tropeços já havidos em ocasiões outras, quando há6 meses, por exemplo, numa audiência pública, o Ministro Minc se referiu ao produtor rural, comparando-o com ladrões de carro. Isso disse o Ministro Minc, na Comissão de Meio Ambiente, Comissão da Amazônia e Comissão de Agricultura.

Naquele momento se encontrava um cidadão de 70 anos de idade com 9 filhos. Era um pequeno produtor do Estado de Goiás, que vendeu sua propriedade e adquiriu um pedaço de terra maior no Paráe para lá levou sua família, adentrando a mata com dificuldade, para produzir, para trabalhar. Pedi àquele Ministro que respeitasse aquele cidadão de 70 anos de idade que ali estava de cara queimada, mãos calejadas, trabalhando na roça, para criar os filhos para não serem marginais, como tantos que vemos pelas grandes cidades, como no Rio de Janeiro, terra do Ministro. Ele, na convivência às vezes continuada com o crime do Rio de Janeiro, vem comparar o trabalhador rural da Amazônia com ladrão de carro.

É lamentável ter um Ministro como este. Não bastassem as peripécias desse Ministro, que gosta da mídia mais do que qualquer um de nós todos, de repente, vai para a marcha em prol da liberação da droga no Brasil. Este é o Ministro do Meio Ambiente do Estado brasileiro, para vergonha de todos nós, brasileiros, para indignação de quem é pai e vêum Ministro de Estado em passeata pelas ruas de São Paulo, a defender o uso da droga, a liberação da droga, para vergonha de todos nós, homens, que temos a responsabilidade de criar bem nossas famílias, de ensinar o bom caminho.

Não bastasse isso, o Ministro Minc ainda agora se atreve a questionar se pode ou não construir uma rodovia, sem nenhum embasamento técnico ou científico que justificasse as posições, entrando em atrito com o DNIT, com o Ministro dos Transportes.

Aliás, recebendo um bom troco do Ministro dos Transportes, que se nega até a cumprimentar o Ministro Minc. Ontem, quando se analisava o PAC, o Ministro dos Transportes se negou a cumprimentá-lo. Realmente, o Ministro Minc não merece que se estenda a mão a ele, porque não se trata de um cidadão que se faz respeitar. Ele proibiu o asfaltamento da rodovia que liga Porto Velho a Manaus porque dizia que havia uma caverna a 6 quilômetros de onde iria ser construída a rodovia. Veja, Sr. Presidente, que absurdo, a que nível chegamos, mas ele acha que tem que proibir, Deputado Zequinha Marinho, a construção de hidrelétricas no rio Araguaia. Quando se defende energia limpa para não haver mais o aquecimento global, ele acha que tem o direito de proibir que se construa hidrelétricas no rio Araguaia ou em outros lugares deste País.

Tenho um documento aqui, agora do dia 1º próximo passado, do Presidente Lula, defendendo a produção de etanol, uma energia limpa, também renovável, para evitar o consumo dos produtos originários do petróleo, em substituição a esses, uma energia mais limpa. O Presidente Lula o faz com propriedade, inclusive estimulando outros países a consumir o etanol,e o Brasil com o potencial enorme que tem de produção. Lamentavelmente, de repente, o Presidente Minc também veta a produção de etanol na Amazônia. O Ministro Mangabeira Unger, com quem também o Ministro Minc já não se dá, dizia: temos condições de dobrar a produção de grãos e triplicar a economia da Amazônia sem derrubar uma árvore. É verdade! Vamos aproveitar as áreas antropizadas e as pastagens já degradadas e repor ali a cana-de-açúcar, que a cada 5 hectares gera um emprego, enquanto na pecuária, por cada 200, se gera um emprego, substituindo e produzindo etanol.

O SR. NILSON MOURÃO - V.Exa. me concede um aparte, nobre Deputado?

O SR. GIOVANNI QUEIROZ - Com prazer, Deputado, só concluindo este raciocínio. Com 5 hectares de cana vamos gerar um emprego; são necessários 200 hectares de pastagem para gerar um emprego. A riqueza do Estado geramuito mais emprego, mais impostos para o Estado. Paga-se 85 centavos pelo álcool aqui em São Paulo e 2 reais lá no Pará. Deve-se substituir 10 mil litros de óleo diesel que se queima por dia no Município de Santana do Araguaia — o Deputado Zequinha Marinho conhece bem a região e sabe disso. Por que não substituir pelo bagaço de cana, gerando energia naquela região? Mas o Sr. Minc diz que não pode mais implantar usinas de açúcar e álcool.

Só mais uma informação. Cito dados de um estudo da ESALQ, uma das escolas de agronomia de maior respeitabilidade no Brasil e na América Latina. Só o Pará tem 9 milhões de hectares disponíveis para plantio de cana-de-açúcar em áreas jáantropizadas. Isso seria uma vez e meia mais do que tudo que foi plantado no Brasil, 4 vezes mais o que foi plantado no Estado de São Paulo, que é o maior produtor de etanol.

Ouço V.Exa., com muito prazer.

O Sr. Nilson Mourão - Ilustre Deputado Giovanni Queiroz, em primeiro lugar, agradeço a V.Exa. a atenção ao me conceder o aparte. Serei breve, até porque V.Exa. faz um entusiasmado pronunciamento. Não tenho procuração do Ministro Minc para defendê-lo, nem vou fazê-lo. Tendo em vista o pronunciamento feito por S.Exa. recentemente, o Ministro já ouviu, imagino, pelo menos uns 100 discursos feitos nos últimos dias no plenário da Casa criticando sua posição. Talvez esse pecado já esteja expiado, no meu entendimento. A questão ambiental é muito complexa, problemática e nova para todos nós. De fato, o Ministro pode ter exagerado em algumas de suas declarações, mas haveremos de convir também a complexidade do problema, sobretudo na região amazônica. V.Exa. é de lá, do Pará, eu sou do Acre e sabemos que, se não houver uma posição firme por parte do Ministério do Meio Ambiente, continuaremos num processo de devastação selvagem da nossa região, mas nada disso justifica as declarações públicas que S.Exa. tem feito, tecendo ataques no plano moral contra um segmento da sociedade brasileira. Acho que o debate não é por aí. Como disse, talvez por esse pronunciamento, os pecados do Ministro já tenham sido devidamente expiados. Muito obrigado.

O SR. GIOVANNI QUEIROZ - Deputado, quero dizer a V.Exa. que não o perdoo. Sou produtor rural e represento aqui o meu setor, mas ser chamado de vigarista! Só usa essa palavra na condição de Ministro quem não tem caráter. Se vigarista existe nesse processo, está do lado de lá. É ele!

O SR. ZEQUINHA MARINHO Concede-me um aparte, Deputado Giovanni?

O SR. GIOVANNI QUEIROZ Eu não sou. Sou médico, produtor rural, sou filho de um homem que foi para a roça e pôs botina nos pés quando tinha 18 anos de idade. Meu pai me ensinou a respeitar os trabalhadores que com ele conviviam em sua pequena fazenda. Deu-me oportunidade de fazer Medicina no Rio de Janeiro e me estimulou a ir para a Amazônia, atendendo a um chamamento de Governo.

O Ministro Minc não merece o respeito da Nação, muito menos de quem produz e põe comida no prato de todos os brasileiros, mais do que isso, de um setor que produz 42% das exportações do Brasil nesses 4 primeiros meses. Esse homem não merece continuar como Ministro do Brasil.

Ouço, com muita atenção, V.Exa., Deputado Zequinha Marinho.

O Sr. Zequinha Marinho- Deputado Giovanni, primeiro, cumprimento V.Exa. pelo tema, que é tão importante para o Brasil, principalmente para a Amazônia, em particular para o nosso Estado, que vive uma situação muito delicada nesta momento. Éimportante destacar que o foco dado pelo Ministério do Meio Ambiente tem levado a consequências terríveis, como a posição que o Ministério Público Federal e o IBAMA estão tomando, principalmente com relação ao Pará. Crime ambiental é crime ambiental em qualquer lugar. Eu concordo com V.Exa. É crime na Amazônia, no Polo Norte, em Minas Gerais, em São Paulo. Se não pudermos mais fazer nada no Pará, ou na Amazônia, porque não se tem licença ambiental, como vamos fazer com o resto do Brasil? Com os plantadores do café, de cana, de fumo, de laranja e tantos outros? Então, é preciso que se reflita. Essa pressão dada pelo Ministério do Meio Ambiente está acordando todas as instituições e trazendo um mal terrível O que está no site da Procuradoria da República é algo que, neste momento, já destróia economia do nosso Estado, que tem a sua base principal, digamos assim, na economia normal, na pecuária. Diante disso, vamos começar, a partir de agora, a amargar prejuízos, desemprego e muita luta para sobreviver. Parabéns a V.Exa. pela propriedade com que coloca isso ao Brasil, principalmente à nossa região, ali, no sudeste do Pará, que vive e respira a pecuária. Muito obrigado.

O SR. GIOVANNI QUEIROZ (PDT-PA. Sem revisão do orador.) - Deputado Zequinha, muito obrigado pelo aparte. Quero dizer a V.Exa. que eu o ouvi hoje, no Pequeno Expediente, somo-me à preocupação de V.Exa. e trago, também comentários sobre a mesma matéria que V.Exa. abordava.

Ministério Público Federal e IBAMA processam empresas que lucram com os bois da devastação, frase do Greenpeace. Frase do Greenpeace! Mais do que isso: Com essa ação civil, os frigoríficos e fazendeiros foram multados em 2.1 bilhões de reais. Quem foi multado e por que foi multado? Foram multados os fazendeiros porque não estão de acordo com a legislação ambiental.

Aliás, eu quero dizer que não há 1% de produtores rurais, no Brasil, que estão ambientalmente regulares, conforme prevê a lei. Porque a lei é impraticável para a produção de cana em São Paulo, para a produção de leite em Minas Gerais, para a produção de leite no Brasil inteiro, para a produção de uva, de café, enfim, para tudo!

Hoje, levaram ao pé da letra a legislação ambiental. As fazendas que lá foram abertas desmataram 50%, porque a lei assim permitia. Eu desmatei 50% da minha propriedade, porque assim era a exigência do INCRA, à época, para que pudesse titular a minha terra.Imediatamente vem uma medida provisória, impõe 80% de reserva, e de repente eu virei um criminoso, marginal, à margem da lei, porque havia desmatado 50%? Mas era assim que o Governo exigia que se fizesse. Então, eu estou na ilegalidade, porque o Governo, agora, quer que eu tenha 80% de reserva, quando eu já desmatei 50%.

Sobre todas essas fazendas recém citadas pelo Ministério Público Federal do Estado do Pará, através de um procurador que desconhece a realidade daquela região que, aliás, está comendo na mão do Greenpeace, do Imazon e, talvez, não sei, no coche , é uma demonstração desrespeito a quem produz e trabalha naquela região, éuma vergonha para todos nós, brasileiros.

O que ocorre hoje no sul do Pará, em 21 propriedades rurais, que estão sendo multadas em 2.1 bilhões, e, inclusive, em 8 frigoríficos do Estado, acusados de estarem matando bois de fazendas que degradam o meio ambiente, na verdade, são fazendas ocupadas há mais de 20 anos, desmatadas há mais de 30 anos, com incentivo do próprio Governo, através da SUDAM e dos financiamentos normais, dos bancos oficiais daquela região, com o intuito de integrar a Amazônia e não entregá-la. E agora elas são multados em bilhões? E ainda vão parar as plataformas frigoríficas da região? E eles se estenderão e pegarão todas as fazendas do Pará, até chegarem às suas terras, porque pegarão todas as da Amazônia e do Acre. E se estenderão mais, chegarão a Goiás. Não há nenhuma propriedade que cubra a legislação ambiental neste País. E irão para o Rio Grande do Sul, para o Paraná, para Santa Catarina.

Nós, mas principalmente os governantes, temos que ter responsabilidade pelos nossos atos. No Ministério Público, nas ações propostas são citadas todas as informações disponíveis do Imazon e do Greenpeace. Eu não sabia que, agora, o Greenpeace e o Imazon são órgãos que merecem fé porque atuam com responsabilidade. Ora, o Imazon e o Greenpeace provocaram, no baixo Amazonas, em Santarém, que era uma região exportadora de milhares de toneladas de arroz, tanta pressão que, hoje, toda aquela região tem que importar arroz do Rio Grande do Sul para comer. Aqui, no Sul do Pará, tínhamos mais de 10.000 hectares mecanizados, produzindo soja. Após pressão da Bunge, foi fechado o armazém para a compra de soja.

Proibe-se a plantação de cana e agora vem proibir que se trabalhe com pecuária no sul do Pará e no Estado do Pará como um todo. Logicamente, para ser justo, teriam de pegar todas as propriedades, porque estamos todos com passivo ambiental, passivo ambiental esse imposto pelas regras do jogo, que sai por decreto, por portarias, por resoluções. Um ato irresponsável de um Ministro que não merece a confiança do povo brasileiro.

Quero firmar aqui meu protesto, Sr. Presidente, com relação a essas ações impensadas, irresponsáveis, levianas do Ministro que coloca o IBAMA a serviço do Ministério Público e a este se soma no sentido de prejudicar homens que trabalham produzem, têm a coragem de adentrar a 30 anos, trinta e poucos anos, como temos lá na Fazenda Rio Vermelho. São homens honrados, sérios, que ajudam a produzir em São Paulo, no Pará, gerando emprego, renda, respeitando seu trabalhador, dando oportunidade de ganho maior, inclusive para o trabalhador rural. Mas que estão prejudicados por ações inconsequentes e irresponsáveis de um Ministério Público que deveria estar atuando com responsabilidade e não comendo no cocho do Greenpeace ou daqueles que não têm responsabilidade com este País. Que desçam as ações do Ministério Público Federal para todo Brasil, paralizem a produção brasileira e venham matar a fome dos milhares de brasileiros que não terão o que comer, porque terão de importar. E não sei se hoje o mundo disponibiliza bens para alimentar tantos milhares de brasileiros.

Espero que o Governo do Pará possa estar atento a isso que ocorre. Estão aniquilando com a economia do Estado do Pará e com a o produção, o setor produtivo do Estado

Muito obrigado pela tolerância.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) Parabéns, Deputado Giovanni Queiroz. Realmente seu discurso engrandece cada vez mais a população do nosso País, que estásendo engessada cada vez mais por algumas atitudes do Ministro.

E até faço uma pergunta, Deputado Giovanni Queiroz: de que realmente o Ministro se alimenta? De folhas? Se ele for mexer com as folhas lá, retirar, ele estaráagredindo o meio ambiente. Então ele vai virar o quê? Quero sabe de onde ele se alimenta, se não for da plantação, se não for da pecuária que realmente temos no nosso País.

Então a pergunta que fica ao Ministro é esta: de que ele se alimenta, a ponto de poder prejudicar nosso País e nossa Amazônia, criticando a nós produtores rurais deste País.

E também gostaria que ele olhasse um pouco a situação do Rio de Janeiro, de onde ele é, a quantidade de poluição. Qual é o projeto que ele está fazendo para acabar com a poluição?

Mas vamos colocar nas mãos de Deus.

Queremos que o Presidente da República tome atitude de colocar pessoas que queiram gerar emprego, renda e cuidar também do meio ambiente.

Muito obrigado.

Gastronomia – a iguaria japonesa

Nem o bife de Kobe escapa da ''pirataria''

Lílian Cunha, De São Paulo (Valor)



















Já pensou pagar R$ 160 por um quilo de bife, esperando saborear a carne de Kobe, do boi japonês wagyu, e, na primeira mordida, notar que gosto e textura são iguais a de um filé qualquer? Pois é isso o que está acontecendo no Brasil, segundo Sadao Iizaki, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Wagyu. "Tem muito criador que cria de qualquer jeito o animal cruzado, com nelore, angus ou simental, e sai por aí dizendo que vende bife de Kobe", diz o executivo, também vice-presidente da divisão de cosméticos da Yakult e responsável pela criação de 300 cabeças wagyu puríssimas mantidas pela empresa em Bragança Paulista, no interior paulista.
















O problema, segundo Iizaki, não é o cruzamento do boi. Mas sim a qualidade da carne, que muitas vezes não tem nada a ver com o famoso bife de Kobe. A iguaria, considerada uma das mais caras do mundo, é conhecida por sua maciez, uma vez que a gordura do animal não se concentra em capas, como acontece nos bovinos comuns. A capa é a faixa de gordura, que se vê, por exemplo, por fora da picanha quando é servida em espetos. Na carne de Kobe, essa capa é bem fina. A gordura, na verdade, não fica concentrada, e sim espalhada entre as fibras musculares. Por isso um bife de Kobe cru parece um mármore, cheio de ranhuras.

"Além disso, a gordura não é saturada. É bem mais leve e clara", explica Rogério Satoru Uenishi, superintendente técnico da associação. No preparo, a gordura amacia a carne, derrete, e torna o prato mais suculento.

Mas não é só o fato do boi ser da raça wagyu, seja ele raça pura ou cruzado, que determina a qualidade da carne. "A criação é fundamental", afirma Iizaki. Depois de desmamado, o bezerro wagyu, com idade entre seis e oito meses, vai a confinamento. O animal passa a viver em uma espécie de estábulo com cerca de 15 metros quadrados, com outros dois ou três bezerros da mesma idade. A pouca mobilidade é essencial para definir a maciez da carne. "Dar saquê, cerveja, ou fazer massagem no era um misticismo de antigamente no Japão. Hoje a alimentação é só feno, ração e água", diz Uenishi. Depois de pelo menos 16 meses nessa vida, o gado vai para o abate, que deve ser feito quando a rês tem entre 24 e 30 meses (600 quilos).

Isso, porém, não acontece entre todos os 30 criadores de gado wagyu do Brasil, segundo a associação. Por isso, a entidade, em conjunto com o Ministério da Agricultura e a Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu começaram há poucos meses os trabalhos para definir a padronização do bife de Kobe brasileiro. Os critérios serão, em princípio, a marmorização da gordura (quanto mais espalhada melhor), sua cor (quanto mais clara melhor) e a tonalidade vermelha da carne (as intermediárias são as mais valorizadas). A análise é feita com o animal vivo, por meio de um aparelho especial de ultra-sonografia desenhado para a tarefa. Uma segunda análise é feita logo após o abate, separando-se parte do lombo da área da costela do bicho.

O padrão, que leva em conta também os componentes químicos da carne e da gordura (ácidos graxos insaturados) deve ser definido dentro de um ano ou dois, e sancionado pelo Ministério. "Aí, os preços da carne serão definidos por sua qualidade e não pela genética do boi", afirma Iizaki

No Brasil hoje, há um rebanho formado por 800 cabeças de raça pura e cerca de 10 mil cruzados. Enquanto o custo de criação do boi wagyu é de pelo menos três vezes o do animal comum, o cruzado sai 50% mais barato, ou uma vez e meia a despesa do tradicional. O mesmo se aplica aos preços de reprodutores e embriões "sexados" (com gênero definido). A raça foi trazida ao Brasil em 1992, pela Yakult. Como o Japão, maior criador mundial com 5 milhões de reses, não permitem mais a exportação desse gado, para proteger os produtores locais, a Yakult passou a vender sêmen, embriões e animais, além da carne. No entanto, a empresa não divulga dados do negócio.

Crescimento consolida a pecuária

A agropecuária cresceu 1,98% dentro da porteira, em dezembro, acumulando expansão de 12,18% no ano. A agricultura (lavouras) cresceu 1,91% em dezembro, registrando um crescimento acumulado de 12,26% no ano. Entre os destaques de 2007, o algodão registrou grande expansão em volume e pequena queda de preço. No caso do milho, houve grande expansão de preço e volume, enquanto a soja apresentou bom aumento de volume e preço. A cana-de-açúcar teve aumento de volume de produção, mas significativa queda de preço. O trigo enfrentou forte queda de produção, enquanto a batata, feijão, laranja, mamona e sisal tiveram quedas expressivas em suas receitas.

O segmento pecuário, nas atividades dentro da porteira, cresceu 2,08% em dezembro, acumulando 12,08% no ano. Frango e leite continuam sendo os destaques do segmento. Carne bovina e ovos também apresentaram firme crescimento.

Cabe registrar que o crescimento do agronegócio foi estimulado pelo segmento primário, que expandiu mais de 12% em 2007, acompanhado pelo segmento de insumos. Nessas atividades dentro da porteira, tanto o segmento de lavouras como de animais também cresceram em torno de 12%, revelando a expansão equilibrada da agropecuária.

O avanço da pecuária rumo à floresta

"O boi inegavelmente caminhou para o Norte nos últimos 20 anos: é preciso reconhecer o impacto disso sobre a floresta, criar estratégias para recomposição de passivos ambientais e evitar novos desmatamentos, mas também mostrar que a atividade é geradora de riqueza para a região", salienta Nassar. Muitos produtores ainda não perceberam que as pressões internacionais pela preservação da Amazônia podem respingar na cadeia bovina. O lobby irlandês é apenas um exemplo disso. Embora a Região Norte venda apenas pequeno volume de carne para a Rússia, países árabes e outros da lista geral; embora nenhuma área do bioma amazônico esteja habilitada a exportar para a Europa (veja mapas), muitas ONGs associam brazilian beef a desmatamento e a aquecimento global.




















Fontes: IBGE e Homero Chaib Filho/Embrapa Cerrados; Elaboração : DBO




















Fontes:Mapa e agências estaduais; Elaboração: DBO
O conceito de Amazônia Legal tem fins apenas administrativos, enquanto o conceito de bioma é mais preciso. Europeus não compram carne dessa região

Complexidade
Como reverter essa imagem? Um bom começo – segundo o diretor do Icone – é se posicionar corretamente, mostrando que a dinâmica da fronteira é muito mais complexa do que histórias de “vilões e mocinhos”. No mesmo espaço atuam pecuaristas, madeireiras, grileiros, agricultores, comunidades indígenas, sem-terra e mineradores – todos lutando pela posse da terra, se inter-relacionando e colidindo, desenvolvendo atividades econômicas já arraigadas ou nem tanto. Muitas delas são nocivas ao meio ambiente e têm ramificações criminosas no Exterior (caso da exportação de madeira ilegal para a Europa), mas freqüentemente contam com o apoio das comunidades locais.

Com Revista DBO

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