Senado dá senha para ampliar vagas de vereador

Deu no Estadão

Deu certo a pressão dos vereadores. Por unanimidade, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem proposta de emenda à Constituição que reduz pouco o porcentual de repasse de recursos para as Câmaras Municipais. A aprovação da proposta abre caminho para a promulgação da emenda constitucional que aumenta em 7.343 o número de vereadores em todo País.

Uma das mais beneficiadas, a Câmara paulistana poderá gastar até 3,5% da receita líquida do município. Pela versão anterior, aprovada no dia 6 de maio na CCJ, ela poderia receber apenas 2% de repasses da receita líquida. "Nem sempre o que é viável é o ideal", admitiu o senador Valter Pereira (PMDB-MS), relator da emenda.

A aprovação da redução de gastos das Câmaras abre caminho agora para que os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), promulguem a emenda que aumenta o número de vereadores. No fim do ano passado o Senado aprovou emenda que aumenta o número de vagas de vereadores em todo o País, mas retirou do texto a limitação de gastos das Câmaras estabelecida pelos deputados. Indignado, o então presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) se recusou a promulgar a emenda. Foi feito, então, um acordo que previa a promulgação da emenda, assim que o Senado aprovasse a limitação de gastos das Câmaras, o que ocorreu ontem.

Kátia Abreu: Desmatamento, não. Produção, sim

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Proponho que o artigo 1º do novo Código Florestal seja explícito e taxativo: "Não será permitida nenhuma derrubada florestal em todo o território nacional, sendo garantida a preservação das matas ciliares (margens dos rios, córregos, nascentes e lagoas) nos limites fixados por laudos geológicos, contra os riscos de erosão e prejuízos aos aquíferos."

Naturalmente, essa redação é improvisada e o texto adotado deverá atender a exigências tanto ambientais quanto de técnica jurídica, mas o espírito é esse. Que seja uma declaração prévia do compromisso da agropecuária com a defesa do meio ambiente e, ao mesmo tempo, a garantia de segurança jurídica para quem produz no campo.

Antigamente, quando as leis eram mais eficazes e literariamente enxutas, essas afirmações peremptórias constavam dos famosos parágrafos que radicalizam a intenção dos legisladores. Ou alguém neste país já esqueceu o professor Sobral Pinto no inesquecível comício das Diretas-Já, em 1984, no Rio - 1 milhão de pessoas na Candelária! -, recitando solenemente o § 1º do artigo 1º da Constituição: "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido".

Citando um só parágrafo, o notável advogado liberal derrotava, com o argumento moral, a arrogância do regime militar, que depois de 20 anos de poder absoluto se rendia à força da citação singela e suficiente. Pois procuro algo semelhante. Um artigo 1º para o futuro Código Florestal que não deixe dúvidas, seja taxativo, satisfaça todas as exigências, dirima todas as suspeitas, desarme os ânimos mais exaltados. Mas, ao mesmo tempo, possibilite uma afirmação da consciência ecológica do povo brasileiro, solidária com o clamor de toda a humanidade. Sem, naturalmente, perder-se no labirinto de utopias que se desviam da realidade econômica e social, perseguindo propostas irrealistas.

Não sei se sou pouco original nessa discussão nem quero reviver antigos desencontros pelos quais não fui responsável, mas parto de três entendimentos que se harmonizam e se completam para ajudar a construir uma solução de compromisso nova na forma e no conteúdo, em nome da agropecuária brasileira. O primeiro princípio é óbvio: a defesa intransigente do meio ambiente, considerando que a civilização acordou com bastante atraso para sua preservação, quase no limite do risco irreversível. Portanto, temos uma questão de salvação pública, um imperativo da condição humana.

O segundo é a realidade histórica, prática milenar na vida do planeta, quando o homem se comportou perdulariamente com relação à natureza, substituindo sua cobertura natural, irreversivelmente, como se fosse um bem inesgotável. Imagine-se que na velha Europa desapareceram 99,7% das florestas, 92,2% na pobre África, 94,4% na Ásia, 92,3% na América Central. No caso brasileiro, o desmatamento de 25% a 30% das florestas, restando ainda aproximadamente 470 milhões de hectares de matas, criou um estoque de terras para plantio e criação de 383 milhões de hectares suficientes, dispensando definitivamente novos desmatamentos.

A terceira questão que se apresenta é a produção agropecuária, especialmente de alimentos, item tão importante quanto a preservação ambiental, desde que a terra seja trabalhada com consciência ecológica e obedecendo aos padrões científicos e tecnológicos da preservação. Como no caso, por exemplo, das áreas de preservação permanente das margens dos rios, que devem ter a largura determinada pelo declive e pela profundidade da cobertura arenosa ou argilosa do solo. Pela legislação atual, sem nenhum fundamento pedológico, está estabelecida por uma tabela rígida e irrealista (tanto que teve suspensa sua aplicação, por inaplicável) de 100, 200 e 500 metros às margens dos cursos d?água em que é proibido plantar, em todo território nacional. O critério desse espaço é definido pela largura do espelho d'água, sem considerar a questão essencial do solo e declive, como ensinam os pesquisadores da Embrapa. Ou a Embrapa pode ser acusada de conspiração contra o meio ambiente?

Assumindo a responsabilidade de 24% do PIB e, além de abastecer o mercado interno, gerar 36% das exportações totais (US$ 58,4 bilhões), a agropecuária nacional não é uma aventura marginal nem uma força reacionária no processo social brasileiro, tem um papel de vanguarda na economia. Assim, deve ser reconhecida como protagonista essencial num debate que tem que ver com alguns de seus temas fundamentais - a preservação e vitalidade do solo, bem como da qualidade das águas -, que certamente nenhum outro grupo debatedor tem mais motivações para defender.

Um estatuto ambiental equilibrado, eficiente e prático é indispensável à segurança jurídica da atividade agropecuária e à sua própria responsabilização perante a sociedade. Tal segurança e responsabilização, porém, tornam-se inviáveis se mantida a legislação vigente, impossível de ser cumprida, pois impede a produção de alimentos em 71% do território nacional. Isso num país onde, infelizmente, 23 milhões de pessoas ainda passam fome, segundo dados da ONU.

A saída, portanto, ao alcance de um gesto de boa vontade geral, sem ranhetices, preconceitos ou radicalismos, é buscar o consenso e a aplicação de soluções simples, como a do artigo 24 da Constituição, que estabelece a competência da União para fixar as normas gerais (e a aprovação de um novo Código Florestal moderno e vigoroso é a oportunidade perfeita para isso) e os Estados se encarregarão de aplicá-lo conforme as situações regionais específicas.

Aliás, é hora de quebrar o monopólio usurpado por um grupo de falsos anjos da natureza que pretende decidir o que pode e não pode em matéria de meio ambiente, recusando verdades científicas e laudos insuspeitos da Embrapa, referência essencial do desenvolvimento sustentado da agropecuária brasileira. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que presido, dispensa quem investe no confronto e insiste no diálogo para ajudar a construir um Brasil com mais comida, meio ambiente, diversão e arte.

* Kátia Abreu é Senadora (DEM-TO) e Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA).

Artigo publicado em O Estado de S. Paulo - 03/06/2009

A caixa preta do Senado e seus abusos

Senado acumula mais de 300 atos secretos para criar cargos e nomear

O Estado de S. Paulo

Parentes de políticos ganharam cargos sem que seus nomes fossem divulgados em publicações oficiais

Depois da revelação feita no mês passado por um estudo da Fundação Getúlio Vargas de que o Senado tinha mais 600 funções comissionadas e cargos com gratificação, descobre-se agora outra caixa-preta na Casa. Atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários. Levantamento feito por técnicos do Senado nos últimos 45 dias, a pedido da Primeira-Secretaria, detectou cerca de 300 decisões que não foram publicadas, muitas adotadas há mais de 10 anos. Essas medidas entraram em vigor, gerando gastos desnecessários e suspeitas da existência de funcionários fantasmas.

Entenda o escândalo dos cargos e benesses do Senado
O Estado teve acesso a esses atos secretos, que, após o início da investigação interna, começaram a sair como "boletins suplementares", inseridos nos respectivos meses a que se referem, com data da época. Na relação, aparecem as nomeações da ex-mulher do deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) na Advocacia-Geral e da ex-presidente da Câmara Municipal de Murici, cidade cujo prefeito é filho do hoje líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).

Também secreto é o ato que exonerou um neto do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), então lotado no gabinete de Epitácio Cafeteira (PTB-MA). A exoneração, pelo modo secreto, ocorreu para não dar visibilidade à existência de um parente não-concursado de Sarney nos quadros da instituição no momento em que o Senado se via obrigado a cumprir a súmula antinepotismo do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na pesquisa dos técnicos do Senado, surgem ainda medidas impopulares, como a que estende assistência vitalícia odontológica e psicológica a marido ou mulher de ex-parlamentares. Os boletins secretos revelam também que mais um filho e um irmão do ex-diretor João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos) trabalharam no Senado, além dos outros sete parentes já conhecidos.

Esses dois, João Carlos Zoghbi Júnior e Luis Fernando Zoghbi, eram lotados na Diretoria-Geral, então comandada por Agaciel Maia - exonerado em março após a acusação de ocultar a propriedade da casa onde mora em Brasília. Para abrir espaço para essas contratações, um dos atos secretos, de 24 de dezembro de 2004, cria 25 cargos na Diretoria-Geral.

Ex-presidente da Câmara Municipal de Murici (AL), Marlene Galdino foi lotada na Diretoria-Geral até o ano passado com um salário de R$ 5 mil. Renan Calheiros Filho é o prefeito da cidade. O Conselho Editorial do Senado, órgão criado por Sarney, foi usado, por exemplo, para abrigar, entre agosto de 2007 e outubro de 2008, Luiz Cantuária Barreto (PTB), ex-presidente da Assembleia do Amapá, com salário de R$ 7,1 mil.

BOLETIM
O Senado publica diariamente um boletim acessado pelos servidores com as nomeações e mudanças administrativas internas. Ao assumir a Primeira-Secretaria em fevereiro, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) foi avisado de que muitas decisões não saíram da gaveta de Agaciel - por tratarem de medidas questionáveis, a maioria para agradar ao grupo do ex-diretor e também do alto comando político. Entre eles, estão Sarney, Renan e demais ex-presidentes, como Jader Barbalho (PMDB-PA) e Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), morto em 2007.

Enquanto as decisões públicas saem num mesmo documento diariamente, a maioria das sigilosas tem tratamento único, sem se misturar com outras medidas. A existência desse tipo de procedimento surpreendeu até os auditores da FGV, responsáveis por uma reforma administrativa no Senado. "O próprio regulamento dispõe que muitas das competências não descritas deveriam ou poderiam ser especificadas por atos da comissão diretora e do diretor-geral. No entanto, a equipe de consultores da FGV não teve acesso a esses atos, e alguns deles nem sequer foram publicados", dizem os auditores.

A descoberta desses boletins obrigou o primeiro-secretário a oficializar uma comissão para cuidar do assunto. Em 28 de maio, Heráclito nomeou três servidores para cuidar oficialmente do tema e entregar uma conclusão até sexta-feira.

"Não tenho compromisso com o erro", afirma o senador. "Qualquer irregularidade que chegue ao meu conhecimento, eu tomo providência. Não existirão mais atos secretos no Senado. A não ser aqueles de caráter estritamente pessoal."

Sarney afirmou ontem ao Estado desconhecer a existência desses atos secretos. Ele disse apoiar a divulgação desse tipo de documento. "É claro que eu apoio. A Constituição manda que todos os atos públicos sejam divulgados." Ele ressaltou ainda que, como parlamentar, cuida mais da parte política do que da administrativa.

Procurado, por meio de sua assessoria, Renan não se pronunciou. Eliseu Padilha confirmou que a ex-mulher, Maria Eliane, trabalhou no Senado de março de 2006 a dezembro de 2008. Disse que foi requisitada para dar pareceres jurídicos. "Deveriam ter publicado isso (não em ato secreto). Essa pergunta deve ser feita ao Senado."

OS ATOS SECRETOS
Nomeação e exoneração de Maria Eliane Padilha, mulher do deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), da Advocacia-Geral;
Criação de 25 cargos de confiança de R$ 2,2 mil na Diretoria-Geral;
Nomeação de João Carlos Zoghbi Júnior, filho do ex-diretor de Recursos Humanos, para trabalhar na Diretoria-Geral. O irmão do diretor, Luis Fernando, também foi nomeado por ato secreto para o mesmo órgão;
Nomeação e exoneração de Marlene Galdino, ex-presidente da Câmara Municipal de Murici na Diretoria-Geral. O município alagoano tem como prefeito um filho do senador Renan Calheiros (PMDB);
Nomeação e exoneração de Luiz Cantuária, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá (Estado que José Sarney representa), para trabalhar no Conselho Editorial do Senado, órgão criado por Sarney;
Aumento de gratificação para os chefes de gabinetes de secretarias para igualar aos de gabinetes de senador;
Autorização para servidores parcelarem em até 99 parcelas os créditos consignados;
Assistência médica e odontológica para cônjuge de ex-senador e
Nomeação de aliados do senador Efraim Morais na Paraíba para trabalhar no Interlegis

Neto de Sarney foi beneficiado

Rodrigo Rangel, BRASÍLIA

Rapaz recebeu salário de secretário parlamentar durante 18 meses
João Fernando Michels Gonçalves Sarney é um jovem de 22 anos que está perto de terminar o curso de administração numa faculdade particular de Brasília. Apesar da pouca idade e de ainda não ter diploma, ele carrega no currículo, além do sobrenome de peso, um emprego de prestígio. Por um ano e oito meses, João ocupou formalmente um dos postos mais altos da estrutura funcional do Senado. Foi secretário parlamentar, função que dá direito a salário mensal de R$ 7,6 mil. A história agora se tornou conhecida graças à revelação dos atos secretos.

É o próprio João Fernando quem revela as credenciais que lhe garantiram o bom emprego. Procurado ontem pelo Estado, respondeu sem rodeios à pergunta sobre sua relação com o presidente do Senado. "Sou neto do senador Sarney, meu pai é o Fernando", disse. Ele se referia a Fernando José Macieira Sarney, filho mais velho do senador e encarregado de tocar os negócios da família. A mãe de João, Rosângela Terezinha Michels Gonçalves, candidata a Miss Brasília em 1980, é ex-namorada de Fernando.

O rapaz foi nomeado assessor do Senado em 1º de fevereiro de 2007. Quem assinou a nomeação foi o atual diretor-geral da casa, Alexandre Gazineo, na época adjunto do então todo-poderoso Agaciel Maia. João deveria trabalhar no gabinete do senador Epitácio Cafeteira, do PTB do Maranhão, terra dos Sarney. Esteve lotado no Senado até 3 de outubro do ano passado, quando um novo ato secreto, também assinado por Gazineo, formalizou sua saída.

Indagado sobre suas atividades no gabinete, João Fernando respondeu que "fazia de tudo um pouco". Antes, porém, perguntou: "Como você soube que eu trabalhava lá?" Ele garante que comparecia ao trabalho de segunda a sexta-feira. O Estado telefonou ontem para o gabinete de Cafeteira. A funcionária que atendeu a ligação disse não conhecer nenhum João Fernando que tenha trabalhado ali.

João Fernando diz que teve de deixar o emprego porque "estava sem tempo". Em seguida, completou: "Foi quando começou aquela decisão (sic) sobre nepotismo." A saída coincide com a crise instalada no Senado após o Supremo Tribunal Federal proibir a contratação de parentes nos três Poderes.

Deputado Eduardo Sciarra demonstra a necessidade de reforma do código ambiental brasileiro

Foto: Gilberto Nascimento
















Excelente radiografia traçada pelo deputado federal Eduardo Sciarra (DEM-PR), traçou ainda a pouco, na Tribua da Câmara dos Deputados, é o destaque do blog hoje, pela sua profundidade e as consequências de sua ideologização como enfraquecimento do setor produtivo brasileiro. Na íntegra abaixo.

O
SR. EDUARDO SCIARRA (DEM-PR) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou aproveitar o Grande Expediente de hoje para falar sobre uma discussão acirrada no País, e não deveria ser assim.

A produção agropecuária do Brasil e o meio ambiente não são adversários, pelo contrário, atuam pelo nosso desenvolvimento sustentável. E aqueles que querem fazer o discurso do confronto estão prestando um desserviço ao País.
A Frente Parlamentar da Agropecuária acaba de apresentar à Câmara dos Deputados um abrangente e minucioso projeto de código ambiental.

Essa importante iniciativa está, desde logo, destinada a mudar o eixo do debate nacional sobre as questões de desenvolvimento e sustentabilidade, inovando na formulação e no encaminhamento de soluções para as mesmas.
Em linhas gerais, o projeto visa a substituir o Código Florestal Brasileiro, promulgado há 44 anos, por uma legislação moderna, flexível e descentralizadora.

Como esclarece o nosso colega Valdir Colatto, agrônomo e presidente da Frente Parlamentar, a ambiciosa proposta reflete a urgência de desburocratizar, racionalizar e organizar o marco legal ambiental do setor agropecuário nacional, hoje regulado por cerca de 16 mil normas.

Para transformar esse quadro confuso, paralisante e conflituoso, o projeto, nas palavras de Colatto, cria um sistema único de regras ambientais para o campo e a cidade — e eu defendo que é preciso, sim, ter uma legislação específica para a cidade no que diz respeito ao meio ambiente — , de forma que normas ambientais hoje ditadas pelo Código Florestal, de 1965, sejam absorvidas pelo novo texto, com o objetivo de fazer uma legislação nacional com princípios gerais, cuja pormenorização caberá aos Estados.

Afinal, Sr. Presidente, como provam estudos científicos abalizados, o Brasil é um país rico, diversificado e plural no que diz respeito aos seus biomas, ecossistemas e paisagens, não cabendo, portanto, submetê-lo à camisa de força de uma legislação que trata situações completamente diferentes usando as mesmas regras para todos os casos.

Um desses estudos, intitulado Proposta para a Legislação Brasileira: Área de Proteção Permanente (APP), é de autoria do Professor Gustavo Ribas Curcio, mestre em ciências do solo, doutor em Engenharia Florestal, docente da Universidade Federal do Paranáe pesquisador da EMBRAPA Florestas. Ele assinala, como exemplo, a inviabilidade e os prejuízos decorrentes do dispositivo do Código Florestal que dita as mesmas regras para as APPs ao longo dos rios (matas ciliares), com base na largura dos cursos dágua sem atentar para as singularidades dos terrenos às suas margens.

Sob as regras hoje vigentes, as florestas e demais formas de vegetação natural deverão ter larguras mínimas de 30 metros para cursos dágua com menos de 10 metros de largura; de 50 metros para rios com 10 a 50 metros de largura; de 100 metros para os que tenham de 50 a 200 metros de largura; de 200 metros para rios com largura de 200 a 600 metros; e de 500 metros para aqueles com largura superior a 600 metros.

Ora, como assinala o prof. Curcio, a lei não leva em consideração que diferentes solos apresentam potencialidades e fragilidades diversas, fazendo com que fenômenos como desmoronamentos, enxurradas e erosões variem com a declividade, a espessura e a textura dos terrenos.

Neste ponto, cabe assinalar o gesto dos deputados da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, que aprovaram recentemente um Código Ambiental Estadual. Entre outras providências, a nova medida reduziu a faixa de vegetação nativa às margens dos rios de 30 a 500 para 5 a 10 metros.

O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério Público Federal recorreram ao Supremo Tribunal Federal contra a lei catarinense. Mas, como o exercício do contraditório é fundamental para o Estado Democrático de Direito, cabe atentar para as ponderações do Governador Luiz Henrique. Ele esclarece que, em Santa Catarina, predominam as pequenas e médias propriedades rurais.

Portanto, se for negado a esses produtores espaço suficiente para plantar, mais cedo ou mais tarde, eles acabarão engrossando a corrente do êxodo rural e inchando as favelas das grandes cidades.

O Sr. Luciano Pizzatto - Permite-me um aparte, Sr. Deputado?
O SR. EDUARDO SCIARRA - Pois não, Deputado Luciano Pizzatto, Parlamentar que tem reconhecido conhecimento na área ambiental, premiado nacionalmente várias vezes pelo seu trabalho. É uma honra conceder-lhe um aparte.

O Sr. Luciano Pizzatto - Parabenizo o Deputado Eduardo Sciarra pela oportunidade de suas palavras porque é muito estranho para todos nós, que defendemos a biodiversidade, não aceitarmos a principal de todas as diversidades que caracterizam o ser humano, que é a diversidade das ideias, o direito de pensar, o direito de agir. E V.Exa., Deputado Sciarra, estáfazendo um pronunciamento nesse sentido, alertando a sociedade brasileira de que a proposta do Código Ambiental Brasileiro não é para acabar com nada que existe, mas, sim, para iniciar um debate para um novo mundo, que tem novas tecnologias, mas ao mesmo tempo convive, principalmente no setor rural e agrícola, com tecnologias antigas; que convive, nas cidades, com favelas, com misérias, com rios podres. Épreciso uma nova norma, em que a ciência deve ser o grande vetor de decisão. E V.Exa. está fazendo um pronunciamento nesse sentido, para trazer luz àqueles que querem colocar uns contra os outros. Aproveito esta oportunidade, Deputado Sciarra, se me permite roubar mais um minuto do seu precioso tempo, para dizer que tanto eu quanto V.Exa. representamos a região centro-sul, que manteve o resto de florestas do Estado do Paraná, após séculos de uso, às vezes predatório, às vezes racional.
Mas a região manteve essas florestas com o esforço dos seus produtores.
E o exemplo desse conflito desnecessário aconteceu nessa região, e V.Exa. lutou contra esse abuso tanto quanto eu, não para impedir fiscalização, mas para impedir agressões que aconteciam. Na nossa região — V.Exa. já sabe disso, mas é importante registrar — , após uma semana de interdição de várias empresas, com 10 mil trabalhadores sentados sem fazer nada, hoje foi liberada essa interdição sem nada dizerem, porque a interdição também sobre nada existiu, a não ser as manchetes nos jornais e a necessidade de mídia e de holofotes. E o meio ambiente, nobre Deputado Sciarra, como V.Exa. está destacando no seu pronunciamento, não pode ser tratado em cima de sensacionalismo. Nossos filhos merecem um meio ambiente saudável, baseado no bom senso e no equilíbrio. Parabéns, Deputado Sciarra. Conte com o nosso apoio e, independente da convergência ou divergência de ideias, é este Congresso que tem de discutir as questões ambientais. Obrigado, Excelência.

O SR. EDUARDO SCIARRA - Obrigado pelo aparte, Deputado Luciano Pizzatto, que foi alvo também dessas violências citadas por essa fiscalização nos últimos 10 dias. Como a razão sempre prevalece ao final das contas, hoje houve o afrouxamento de uma violência cometida na região centro-sul do Paraná nos últimos dias.

Muito obrigado.

Eu dizia, então, que com os pequenos produtores sendo expulsos das suas propriedades por uma legislação que os prejudica vão inchar as periferias das cidades.

Hoje, mais de 80% da população do Brasil mora nas cidades. Isso jáfoi alvo de diversas reflexões e nós precisamos fazer algo para reverter a situação.

Aliás, a questão do espaço para produzir está ficando cada vez mais séria por este nosso imenso País afora. Tal preocupação encontra sólido fundamento técnico em estudo de outro cientista da EMBRAPA, o mestre e doutor em ecologia Evaristo de Miranda, Chefe-Geral da Divisão de Monitoramento por Satélite daquela empresa estatal de pesquisa agropecuária.

Seu relatório, intitulado Alcance territorial da legislação ambiental e indigenista: impactos sobre a agricultura, capturou as manchetes da mídia por revelar que apenas 29% das terras brasileiras estariam legalmente disponíveis para a agropecuária. E vejam que esse cálculo não leva em consideração áreas urbanas, leitos de estradas de rodagem, ferrovias, e assim por diante.

Segundo o Prof. Miranda, os demais 71% incluem reservas legais, ambientais, terras indígenas e quilombolas, bem como as já mencionadas APPs, que são compostas pelas também há pouco referidas matas ciliares (a vegetação ao longo dos rios), além de nascentes, topos de morro, encostas, restingas, bordas de tabuleiros e altitudes superiores a 1.800 metros. A propósito, se existisse IBAMA na Suíça, o mundo seria privado da fonte de abastecimento de alguns dos mais deliciosos queijos, entre outros laticínios de alta qualidade, pois os produtores helvéticos estariam rigorosamente proibidos de criar suas vacas nos rarefeitos Alpes.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em boa hora chega a proposta da Frente Parlamentar da Agropecuária. Decreto baixado pelo Presidente da República — e já prorrogado — estabelece, que, a partir do final deste ano, serão passíveis de punição os proprietários rurais que tiverem desobedecido os limites da reserva legal de suas terras.

O quase cinquentenário Código Florestal a define como área situada dentro da propriedade ou posse, excetuada a APP, necessária ao emprego sustentável dos recursos naturais, bem como à conservação e reabilitação de processos ecológicos, à manutenção da biodiversidade e à proteção da flora e da fauna nativas.

Atualmente, depois de sucessivos remendos, o Código Florestal fixa os seguintes percentuais mínimos de reserva legal por região:
- 80% nas propriedades em áreas de floresta da Amazônia Legal;
- 35% naquelas localizadas em áreas de cerrado também na Amazônia Legal, sendo, no mínimo, 20% na propriedade e 15%, como compensação, em outra área, desde que na mesma microbacia e averbada no competente registro de imóveis;
- 20% nas propriedades situadas em áreas de floresta ou outras modalidades de vegetação nativa nas demais regiões brasileiras; e, finalmente,
- 20% nas propriedades rurais em áreas de campos gerais em qualquer região.

Nas reservas legais, é proibido suprimir a vegetação nativa: esta só pode ser utilizada em regime de manejo florestal sustentável, conforme parâmetros ditados pela legislação ambiental.

Ora, Sr. Presidente, de acordo com a Senadora Kátia Abreu, Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil — CNA, se aquele decreto presidencial for cumprido à risca, serão criminalizados cerca de 5 milhões de produtores brasileiros que vivem e labutam às margens dos incontáveis rios que banham o território nacional.

Nossa correligionária do Democratas e representante do Estado do Tocantins no Senado Federal também recorda que o Código Florestal, de tão remendado neste quase meio século de vigência, jogou, do dia para a noite, na ilegalidade inúmeras famílias rurais ao sabor das mudanças de percentuais da área de reserva legal.

Basta lembrar que na Amazônia dos anos 70, sob o regime militar, foram distribuídas glebas e mais glebas de terras despovoadas a famílias minifundiárias de outras regiões do Brasil, com a condição de que esses beneficiários derrubassem 50% da floresta nativa.

Os Governos passam, mas o Estado nacional, como instituição permanente, fica. E é esse mesmo Estado que agora ameaça punir aqueles pequenos produtores, sem prestar-lhes assistência alguma, nenhum recurso para ajudá-los a recompor áreas desmatadas.

Não bastasse isso, os militantes de ONGs ecológicas bem financiadas pelos concorrentes internacionais do agronegócio brasileiro açulam expedições punitivas do IBAMA, do Ministério Público e da Polícia Federal contra os produtores rurais.

Vejam as senhoras e os senhores até que ponto chegamos neste país de prioridades invertidas: agora, trabalhar a terra, cultivá-la com sacrifício, irrigá-la com o suor do rosto,para levar seus frutos às mesas brasileiras e aos mercados do mundo inteiro — tudo isso virou caso de polícia.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que os ecologistas do asfalto ignoram é que o moderno agronegócio constitui um dos mais importantes fatores de preservação ambiental da atualidade.

Mas nós, que somos da terra, viemos do interior e pertencemos, com muito orgulho, à família rural brasileira, sabemos disso muito bem e há muito tempo.

Em inúmeros recantos do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste e também do Nordeste do brasil, o empreendedorismo, os avanços tecnológicos e gerenciais, ao mesmo tempo que geram trabalho e riqueza, também ajudam a conservar belíssimas paisagens naturais.

A razão disso é clara como água, Sr. Presidente: os proprietários nessas áreas estão cientes de que a devastação, a degradação, a poluição e a contaminação são as piores ameaças ao legado que eles esperam deixar para os seus descendentes.

De outra parte, é rematada burrice insistir em punir indiscriminadamente quem cultiva encostas e topos de morro, pois isso significaria acabar com a maioria dos cafezais mineiros, ou dos vinhedos gaúchos, das macieiras catarinenses, ou ainda dos canaviais nordestinos.

Isso simplesmente condenaria ao abandono milhares e milhares de hectares, que, cultivados por 50 anos, às vezes por séculos, produzem com qualidade e rentabilidade cada vez maiores, graças aos progressos da pesquisa cientifico-tecnológica e, repito, ao espírito de iniciativa e dinamismo desses proprietários.

É importante frisar que essa questão não pode ser discutida ideologicamente. A ciência e a boa técnica têm de prevalecer acima dessa discussão ideológica.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pelo projeto do novo código ambiental, essas áreas de produção consolidadas serão garantidas aos seus proprietários.
Nas palavras do Deputado Colatto, não faz sentido exigir a demolição de prédios, nem de aviários porque estão perto de um rio. O que não se pode permitir é que o esgoto corra para dentro desse rio.

Eu gostaria de assinalar cinco outras inovações relevantes e muito bem-vindas desse projeto.

Em primeiro lugar, as APPs e a reserva legal são substituídas pelo novo conceito de reserva ambiental, com a proteção adaptada às características de cada terreno.

Em segundo lugar, o projeto estabelece compensações financeiras pelos serviços ambientais prestados pelos produtores rurais, com recursos provenientes de um fundo formado por multas, repasses obrigatórios da União e dos Estados e ainda pela receita de créditos de carbono, além de taxas pagas por concessionários de serviços públicos.

Em terceiro lugar, no plano institucional, a composição e o papel do Conselho Nacional do Meio Ambiente — CONAMA são substancialmente alterados. Aquele colegiado passa à condição de instância consultiva e propositiva, subordinada a um novo órgão interministerial, ao mesmo tempo que confere representação paritária ao setor produtivo. Hoje, dos 108 membros do CONAMA, somente 8 representam esse setor.

Em quarto lugar, as multas por crimes ambientais passam a ser proporcionais ao valor da propriedade, não podendo jamais excedê-lo.

Finalmente, o projeto extingue as penas de prisão por descumprimento do Código, substituindo-as pela obrigação de o produtor prestar compensações ambientais por essas violações.

A Frente Parlamentar da Agropecuária está convencida de que aqueles que sóenxergam antagonismo entre o meio ambiente e o agronegócio caem, ou o que é pior, induzem a opinião pública a cair em falso dilema. De fato, agronegócio e meio ambiente constituem questões sérias demais para continuarem sendo tratadas com superficialidade ou como munição para guerrilha ideológica.

Por isso, a Frente submeterá o projeto a ampla e democrática discussão com todos os setores da sociedade, mediante audiências públicas nas diversas regiões do País, rompendo o marasmo de mais de uma década em que propostas de reforma do Código Florestal dormitaram nos escaninhos do Congresso Nacional.

Aliás, o atual projeto já nasceu democrático, visto resultar de debates entre Parlamentares e representantes dos setores público e privado. Assim, ele se beneficiou de sugestões formuladas pelo Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, com sua ampla visão de técnico experiente e gestor talentoso; das conclusões e recomendações constantes de estudos técnico-científicos, como os dois que referi ainda há pouco, entre muitos outros; e também dos documentos produzidos por entidades como a Organização das Cooperativas Paranaenses, OCEPAR. Esta, em abril último, divulgou manifestação propositiva para o aperfeiçoamento da legislação brasileira que é insumo indispensável para nova estratégia nacional de harmonização entre desenvolvimento agropecuário e sustentabilidade ambiental.

O Sr. Gerson Peres - V.Exa. me concede um aparte?

O SR. EDUARDO SCIARRA - Pois não, Deputado Gerson Peres. É uma honra conceder-lhe um aparte.

O Sr. Gerson Peres - O discurso de V.Exa. não pode passar desapercebido da assessoria da Presidência da República, porque o Governo que apoiamos jamais construirá uma política de meio ambiente adequada se não for pelo lado pacífico e pela harmonia entre capital e trabalho e longe da Polícia Federal e das decisões de maneteamento com violência, como ocorre no seu e no meu Estado em proporções piores.

Porque se invade a propriedade, que é inalienável inconstitucionalmente, e fica por isso. As decisões ficam dentro da gaveta. A República que vivemos hoje está cheia de anticorpos para efeitos maléficos à democracia, e não sei se isso também não estádentro de um planejamento que se pretenda eliminar a florescente democracia brasileira por outros regimes. V.Exa. está de parabéns em trazer informações sobre o mesmo tipo de violência que temos passado no Norte do Brasil. E não tem havido solução. Fala-se em fazer a preservação do meio ambiente por intermédio de uma política coercitiva, de violência, abandonando a educação, o entendimento, a harmonia. Isso não vão conseguir, porque a árvore nasce, cresce, envelhece e morre, e a população aumenta. O ambiente tem de acompanhar esses fenômenos.

Portanto, Deputado Eduardo Sciarra, parabéns.

O SR. EDUARDO SCIARRA - Deputado Gerson Peres, o seu Estado do Pará, que tão bem representa, sofre a mesma violência e conhece esse problema. Agradeço a V.Exa. o aparte.

O Sr. Mauro Benevides - Deputado Eduardo Sciarra, a exemplo do nobre Deputado Gerson Peres, desejo também me congratular com V.Exa. por esse quadro realisticamente exposto no seu pronunciamento. Quem acompanhou o seu discurso deve ter tirado a mesma ilação que me faz vir a este microfone de aparte e cumprimentá-lo pelo pronunciamento na tarde de hoje. Meus cumprimentos a V.Exa.

O SR. EDUARDO SCIARRA - Obrigado, nobre Deputado Mauro Benevides.

O Sr. Luiz Carlos Hauly - Deputado Eduardo Sciarra.

O SR. EDUARDO SCIARRA - Com a palavra o Deputado Luiz Carlos Hauly.

O Sr. Luiz Carlos Hauly - Quero me solidarizar com V.Exa. contra o abuso e a arbitrariedade, que não devem ser permitidos, aceitos. V.Exa. está correto. Temos que agir dentro da legalidade, pelo setor produtivo. Paraná éum exemplo nacional e devia ser respeitado. Muito obrigado.

O SR. EDUARDO SCIARRA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o sucesso dessa empreitada depende da união e da mobilização de todas as forças representativas do setor.

Suas entidades precisam conquistar e fortalecer uma capacidade de interlocução e negociação condizente com a magnitude da participação do agronegócio na economia brasileira. Afinal, ele constitui quase um terço do PIB, gera 36% das exportações totais e, há muitos anos, serve como a âncora verde da estabilidade dos preços em um ambiente de baixa inflação.

Por tudo isso, nós, da família rural brasileira, repudiamos as declarações do folclórico e festivo Ministro do Meio Ambiente, que teve a infeliz audácia de xingar os produtores do agronegócio de vigaristas!

Meus nobres colegas, o Brasil pode e deve avançar na luta para produzir preservando e preservar produzindo, desde que o diálogo entre o ambientalismo e o agronegócio se desenvolva nos marcos da racionalidade, do respeito mútuo e do reconhecimento das diversidades naturais que caracterizam um país continental como o nosso.

O Sr. Onyx Lorenzoni - Deputado Eduardo Sciarra.

O SR. EDUARDO SCIARRA - Concedo ao Deputado Onyx Lorenzoni um aparte.

O Sr. Onyx Lorenzoni - Deputado Eduardo Sciarra, em nome da bancada dos Democratas, parabenizo V.Exa. pela extraordinária manifestação que faz hoje, no Grande Expediente da Casa, agradecendo ao Presidente Marcelo Ortiz a gentileza por nos conceder esses minutos adicionais.

Lembro, Sr. Presidente, que na essência e na origem da palavra vigarista está aquele que engana, aquele que se aproveita do trabalho alheio, aquele que vive às expensas do outro. Está aí a genes da palavra vigarista. O produtor rural vive do seu trabalho, do seu esforço e do seu suor. Quem atéhoje, nunca vi produzir um pé de nada, é o Sr. Ministro. Portanto, quem vive à expensa de outros, de terceiros ou que engana a boa-fé pública é quem pode ou não receber a alcunha de vigarista e não a família rural brasileira que só faz produzir empregos, alimentos e resultado para este País. Parabéns, Deputado Eduardo Sciarra.

O SR. EDUARDO SCIARRA - Estou concluindo, Sr. Presidente.

Estou certo de que existe uma base concreta para que sejamos otimistas, pois pesquisas realizadas pela EMBRAPA revelam que, enquanto a África mantém parcos 7,8% da sua cobertura florestal original; a Ásia, 5,6%; a América Central, 9,7%; e a Europa ínfimos 0,3%, o Brasil conserva 69,4% de suas florestas desde a época do descobrimento, há mais de 5 séculos.

Trata-se, sem dúvida alguma, de um maravilhoso privilégio, e que, como todo privilégio, acarreta para nós, brasileiros, uma grande responsabilidade.
A atual geração deverá assumir integralmente a responsabilidade por essa decisão perante o tribunal da história, pois suas consequências terão duradouro impacto sobre o bem-estar dos nossos compatriotas do futuro.

Era o que tinha a comunicar, Sr. Presidente, muito obrigado!

(PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO GABINETE)

O SR. EDUARDO SCIARRA (DEM-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Frente Parlamentar da Agropecuária acaba de apresentar à Câmara dos Deputados um abrangente e minucioso projeto de código ambiental.

Essa importante iniciativa está, desde logo, destinada a mudar o eixo do debate nacional sobre as questões de desenvolvimento e sustentabilidade, inovando na formulação e no encaminhamento de soluções para as mesmas.
Em linhas gerais, o projeto visa a substituir o Código Florestal Brasileiro, promulgado há 44 anos, por uma legislação moderna, flexível e descentralizadora.

Como esclarece o nosso colega Valdir Colatto, agrônomo e presidente da Frente, a ambiciosa proposta reflete a urgência de desburocratizar, racionalizar e organizar o marco legal ambiental do setor agropecuário nacional, hoje regulado por cerca de 16 mil normas.

Para transformar esse quadro confuso, paralisante e conflituoso, o projeto, nas palavras de Colatto, cria um sistema único de regras ambientais para o campo e a cidade, de forma que normas ambientais hoje ditadas pelo Código Florestal, de 1965, sejam absorvidas pelo novo texto, com o objetivo de fazer uma legislação nacional com princípios gerais, cuja pormenorização caberá aos Estados.

Afinal, Sr. Presidente, como provam estudos científicos abalizados, o Brasil é um país rico, diversificado e plural no que diz respeito aos seus biomas, ecossistemas e paisagens, não cabendo, portanto, submetê-lo à camisa de força de uma legislação que trata situações completamente diferentes usando as mesmas regras para todos os casos.

Um desses estudos, intitulado Proposta para a Legislação Brasileira: área de Proteção Permanente - APP, é de autoria do professor Gustavo Ribas Curcio, mestre em ciências do solo, doutor em engenharia florestal, docente da Universidade Federal do Paraná e pesquisador da EMBRAPA Florestas.

Ele assinala, como exemplo, a inviabilidade e os prejuízos decorrentes do dispositivo do Código Florestal que dita as mesmas regras para as APPS ao longo dos rios, matas ciliares, com base na largura dos cursos dágua sem atentar para as singularidades dos terrenos às suas margens.

Sob as regras hoje vigentes, as florestas e demais formas de vegetação natural deverão ter larguras mínimas de 30 metros para cursos dágua com menos de 10m de largura; de 50m para rios com 10 a 50m de largura; de 100m para os que tenham de 50 a 200m de largura; de 200m para rios com largura de 200 a 600m; e de 500m para aqueles com largura superior a 600m.

Ora, como assinala o professor Curcio, a lei não leva em consideração que diferentes solos apresentam potencialidades e fragilidades diversas, fazendo com que fenômenos como desmoronamentos, enxurradas e erosões variem com a declividade, a espessura e a textura dos terrenos.

Nesse ponto, cabe assinalar o gesto dos Deputados da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, que aprovaram, recentemente um Código Ambiental Estadual.

Entre outras providências, a nova medida reduziu a faixa de vegetação nativa às margens dos rios de 30 a 500 para 5 a 10 metros.

O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério Público Federal recorreram ao Supremo Tribunal Federal contra a lei catarinense. Mas, como o exercício do contraditório é fundamental para o Estado Democrático de Direito, cabe atentar para as ponderações do Governador Luiz Henrique. Ele esclarece que, em Santa Catarina, predominam as pequenas e médias propriedades rurais.

Portanto, se for negado a esses produtores espaço suficiente para plantar, eles, mais cedo ou mais tarde, acabarão engrossando a corrente do êxodo rural e inchando as favelas das grandes cidades.

Aliás, a questão do espaço para produzir está ficando cada vez mais séria por este nosso imenso país afora.

Tal preocupação encontra sólido fundamento técnico em estudo de outro cientista da EMBRAPA, o mestre e doutor em ecologia Evaristo de Miranda, Chefe-Geral da Divisão de Monitoramento por satélite daquela empresa estatal de pesquisa agropecuária.

Seu relatório, intitulado Alcance Territorial da Legislação Ambiental e Indigenista: Impactos sobre a Agricultura, capturou as manchetes da mídia por revelar que apenas 29% das terras brasileiras estariam legalmente disponíveis para a agropecuária, e vejam que esse cálculo não leva em consideração áreas urbanas, leitos de estradas de rodagem, ferrovias, e assim por diante.

Segundo o Professor Miranda, os demais 71% incluem reservas legais, ambientais, terras indígenas e quilombolas, bem como as já mencionadas APPS, que são compostas pelas também, há pouco referidas, matas ciliares, a vegetação ao longo dos rios, além de nascentes, topos de morro, encostas, restingas, bordas de tabuleiros e altitudes superiores a 1.800 metros. A propósito, se existisse IBAMA na Suíça, o mundo seria privado da fonte de abastecimento de alguns dos mais deliciosos queijos, entre outros laticínios de alta qualidade, pois os produtores helvéticos estariam rigorosamente proibidos de criar suas vacas nos rarefeitos Alpes!...)

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em boa hora chega a proposta da Frente Parlamentar da Agropecuária. Decreto baixado pelo Presidente da República, e já prorrogado, estabelece, que, a partir do final deste ano, serão passíveis de punição os proprietários rurais que tiverem desobedecido os limites da reserva legal de suas terras.

O quase cinquentenário Código Florestal a define como área situada dentro da propriedade ou posse, excetuada a APP, necessária ao emprego sustentável dos recursos naturais, bem como à conservação e reabilitação de processos ecológicos, à manutenção da biodiversidade e à proteção da flora e da fauna nativas.

Atualmente, depois de sucessivos remendos, o Código Florestal fixa os seguintes percentuais mínimos de reserva legal por região:
- 80% nas propriedades em áreas de floresta da Amazônia Legal;
- 35% naquelas localizadas em áreas de cerrado também na Amazônia Legal, sendo, no mínimo, 20% na propriedade e 15%, como compensação, em outra área, desde que na mesma microbacia e averbada no competente regime de imóveis;
- 20% nas propriedades situadas em áreas de floresta ou outras modalidades de vegetação nativa nas demais regiões brasileiras; e, finalmente,
- 20% nas propriedades rurais em áreas de campos gerais em qualquer região.
Nas reservas legais, é proibido suprimir a vegetação nativa: esta só pode ser utilizada em regime de manejo florestal sustentável, conforme parâmetros ditados pela legislação ambiental.

Ora, Sr. Presidente, de acordo com a Senadora kátia Abreu, Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, se aquele decreto presidencial for cumprido à risca, serão criminalizados cerca de 5 milhões de produtores brasileiros, que vivem e labutam às margens dos incontáveis rios que banham o território nacional.

Nossa correligionária do democratas e representante do Estado do Tocantins no Senado Federal também recorda que o Código Florestal, de tão remendado neste quase meio século de vigência, jogou, do dia para a noite, na ilegalidade inúmeras famílias rurais, ao sabor das mudanças de percentuais da área de reserva legal.

Basta lembrar que, na Amazônia dos anos 70, sob o regime militar, foram distribuídas glebas e mais glebas de terras despovoadas a famílias minifundiárias de outras regiões do brasil, com a condição de que esses beneficiários derrubassem 50% da floresta nativa!

Os governos passam, mas o Estado Nacional, como instituição permanente, fica, e é esse mesmo Estado que agora ameaça punir aqueles pequenos produtores, sem prestar-lhes assistência alguma, nenhum recurso para ajudá-los a recompor áreas desmatadas.

Não bastasse isso, os militantes de ONGS ecológicas bem financiadas pelos concorrentes internacionais do agronegócio brasileiro açulam expedições punitivas do IBAMA, do Ministério Público e da Polícia Federal contra os produtores rurais...

Vejam as senhoras e os senhores até que ponto chegamos neste País de prioridades invertidas: agora, trabalhar a terra, cultivá-la com sacrifício, irrigá-la com o suor do rosto, para levar seus frutos às mesas brasileiras e aos mercados do mundo inteiro tudo isso virou caso de polícia!!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que os ecologistas do asfalto ignoram é que o moderno agronegócio constitui um dos mais importantes fatores de preservação ambiental da atualidade.

Mas nós, que somos da terra, viemos do interior e pertencemos, com muito orgulho, à família rural brasileira, sabemos disso muito bem e há muito tempo!

Em inúmeros recantos do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste e também do Nordeste do Brasil, o empreendedorismo, os avanços tecnológicos e gerenciais, ao mesmo tempo que geram trabalho e riqueza, também ajudam a conservar belíssimas paisagens naturais.

A razão disso é clara como água, Sr. Presidente: os proprietários nessas áreas estão cientes de que a devastação, a degradação, a poluição e a contaminação são as piores ameaças ao legado que eles esperam deixar para os seus descendentes.

De outra parte, é rematada burrice insistir em punir indiscriminadamente quem cultiva encostas e topos de morro, pois isso significaria acabar com a maioria dos cafezais mineiros, ou dos vinhedos gaúchos, das macieiras catarinenses, ou ainda dos canaviais nordestinos.

Isso simplesmente condenaria ao abandono milhares e milhares de hectares, que, cultivados por 50 anos, às vezes por séculos, produzem com qualidade e rentabilidade cada vez maiores, graças aos progressos da pesquisa cientifico-tecnológica e, repito, ao espírito de iniciativa e dinamismo desses proprietários.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pelo projeto do novo Código Ambiental, essas áreas de produção consolidadas serão garantidas aos seus proprietários. Nas palavras do Deputado Colatto, não faz sentido exigir a demolição de prédios, nem de aviários porque estão perto de um rio. O que não se pode permitir é que o esgoto corra para dentro desse rio.

Gostaria de assinalar cinco outras inovações relevantes e muito bem-vindas desse projeto.

Em primeiro lugar, as APPS e a reserva legal são substituídas pelo novo conceito de Reserva Ambiental - RA, com a proteção adaptada às características de cada terreno.

Em segundo lugar, o projeto estabelece compensações financeiras pelos serviços ambientais prestados pelos produtores rurais, com recursos provenientes de um fundo formado por multas, repasses obrigatórios da União e dos Estados e ainda pela receita de créditos de carbono, além de taxas pagas por concessionários de serviços públicos.

Em terceiro lugar, no plano institucional, a composição e o papel do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA são substancialmente alterados. aquele colegiado passa à condição de instancia consultiva e propositiva, subordinada a um novo órgão interministerial, ao mesmo tempo que confere representação paritária ao setor produtivo. Hoje, dos 108 membros do CONAMA, somente 8 representam esse setor.

Em quarto lugar, as multas por crimes ambientais passam a ser proporcionais ao valor da propriedade, não podendo jamais excedê-lo.

Finalmente, o projeto extingue as penas de prisão por descumprimento do Código, substituindo-as pela obrigação de o produtor prestar compensações ambientais por essas violações.

A Frente Parlamentar da Agropecuária está convencida de que aqueles que só enxergam antagonismo entre o meio ambiente e o agronegócio caem, ou o que é pior, induzem a opinião pública a cair em um falso dilema.

De fato, agronegócio e meio ambiente constituem questões sérias demais para continuarem sendo tratadas com superficialidade ou como munição para guerrilha ideológica.

Por isso, a Frente submeterá o projeto a uma ampla e democrática discussão com todos os setores da sociedade mediante audiências públicas nas diversas regiões do País, rompendo o marasmo de mais de uma década em que propostas de reforma do Código Florestal dormitaram nos escaninhos do Congresso Nacional.

Aliás, o atual projeto já nasceu democrático, visto resultar de debates entre Parlamentares e representantes dos setores público e privado.

Assim, ele se beneficiou de sugestões formuladas pelo Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, com sua visão ampla de técnico experiente e gestor talentoso; das conclusões e recomendações constantes de estudos técnico-científicos como os dois que referi ainda há pouco, entre muitos outros; e também dos documentos produzidos por entidades como a Organização das Cooperativas Paranaenses - OCEPAR.

Esta, em abril último, divulgou manifestação propositiva para o aperfeiçoamento da legislação brasileira que é insumo indispensável para uma nova estratégia nacional de harmonização entre desenvolvimento agropecuário e sustentabilidade ambiental.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o sucesso dessa empreitada depende da união e da mobilização de todas as forças representativas do setor.

Suas entidades precisam conquistar e fortalecer uma capacidade de interlocução e negociação condizente com a magnitude da participação do agronegócio na economia brasileira.

Afinal, ele constitui 24% do PIB, gera 36% das exportações totais, 58,4 bilhões de dólares, e, há muitos anos, serve como a âncora verde da estabilidade dos preços em um ambiente de baixa inflação.

Por tudo isso nós, da família rural brasileira, repudiamos as declarações do folclórico e festivo Ministro do Meio Ambiente que teve a infeliz audácia de xingar os produtores do agronegócio de vigaristas!

Minhas ilustres colegas, meus nobres colegas, Brasil pode e deve avançar na luta para produzir preservando e preservar produzindo, desde que o diálogo entre o ambientalismo e o agronegócio se desenvolva nos marcos da racionalidade, do respeito mútuo e do reconhecimento das diversidades naturais que caracterizam um país continental como o nosso.

Estou certo de que existe uma base concreta para que sejamos otimistas, pois pesquisas realizadas pela EMBRAPA revelam que, enquanto a África mantém parcos 7,8% da sua cobertura florestal original; a Ásia, 5,6%; a América Central, 9,7%; e a Europa ínfimos 0,3%, o Brasil conserva 69,4% de suas florestas desde a época do descobrimento, há mais de 5 séculos.

Trata-se, sem dúvida alguma, de um maravilhoso privilégio, e que, como todo privilégio, acarreta para nós, brasileiros, uma grande responsabilidade.

E essa responsabilidade não se pode restringir nem aos líderes do agronegócio, nem à burocracia do IBAMA ou do Ministério do Meio Ambiente, nem aos militantes de ONGS ecológicas: étarefa que precisa ser bem compreendida e vigorosamente enfrentada pelo conjunto da cidadania, pois diz respeito ao futuro socioeconômico de nossa nação.

Assim, por exemplo, se, depois de um debate amplo, transparente, bem informado e civilizado, a população brasileira, por intermédio dos seus representantes eleitos ao Congresso Nacional, chegar à conclusão de que, bem ponderados os custos e benefícios, presentes e futuros, valerá à pena continuar com menos de 29% das terras do País destinadas à agropecuária, e os outros 71% ocupados por reservas legais, ambientais, indígenas e quilombolas, além das APPS, então será esta uma decisão soberana, estribada na legitimidade democrática com que nenhum burocrata ou militante ecológico jamais poderiam sonhar por lhes faltar a unção do mandato popular.

Do mesmo modo, a atual geração deverá assumir integralmente a responsabilidade por essa decisão perante o tribunal da história, pois suas consequências terão duradouro impacto sobre o bem-estar dos nossos compatriotas do futuro.

Era o que tinha a comunicar, Sr. Presidente, muito obrigado!

Deputado Wandenkolk Gonçalves destaca crise com o provável fechamento de frigoríficos no Pará

Foto: Gilberto Nascimento

Plenário

Grande Expediente

Dep: Wandenkolk Gonçalves

Foto: Gilberto Nascimento

Data: 28-05
O deputado federal Wandenkolk Gonçalves PSDB-PA) foi à Tribuna da Câmara dos Deputados nesta tarde para registrar as ações contra a produção paraense patrocinadas pelo ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente. A baixo a íntegra do pronunciamento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, retorno a esta tribuna de maneira entristecida. Eu acreditava, por suas próprias declarações, que o Ministro Carlos Minc não conhecesse a Amazônia, mas eu estou entendo que ele tem mágoas e frustrações pesadíssimas contra todos nós amazônidas.

Não bastasse o Ministro ter chamado os produtores rurais de vigaristas e de boi pirata o nosso boi verde, produto exportado para o todo o mundo e apreciado principalmente pela Comunidade Européia, S.Exa., depois de sua estada no Rio de Janeiro para participar de uma apologia ao consumo de maconha e ainda meio embevecido e com cheiro de fumaça no ar, apronta mais uma das suas contra a Amazônia.

O Ministro, Sras. e Srs. Deputados, resolveu agora fechar todos os frigoríficos da Amazônia. Resolveu, enfim, desempregar milhares e milhares de pessoas. O Ministro Carlos Minc, desconhecendo a realidade amazônica, não sabe que a cadeia pecuária abrange milhares de empregos, de negócios de exportação e de compromissos em vários segmentos da cadeia produtiva, como a de laticínios, de frigorificação, de caminhoneiros, de postos de gasolina e de supermercados.

Não bastasse o Ministro aloprado ter acertado os produtores rurais, resolveu acertar também os supermercados. Deputado Arnaldo Faria de Sá, existem supermercados, como o Carreofour e o Bom Preço, ícones no Brasil e referênciasinternacionais, recebendo multas de 32 milhões de reais. Com isso, suas atividades na área do agronegócio e da pecuária estão paralisadas, engessadas.

Se não bastasse dizermos que os financiamentos da pecuária vieram de recursos públicos, como é o caso da própria SUDAM, do FNO, do Banco da Amazônia, do PRONAF, do Banco do Brasil, que também financia e privilegia pequenos produtores que vendem seus produtos a esses frigoríficos.

A rede frigorífica do meu Estado, do Pará, resolveu amanhã paralisar. Graças a Deus o Ministro Reinhold Stephanes voltou da Rússia com boas novas para Santa Catarina. Se não voltasse mais rápido, o Ministro CarlosMinc acabava com a Amazônia e com o Brasil, pelo seu desconhecimento e acima de tudo pela discriminação que vem fazendo àquela região.

Por isso, Sr. Presidente, estaremos agora à tarde reunidos com o Ministro da Agricultura para buscarmos alternativas que viabilizem sim frigoríficos como o Bertin, em Santana do Araguaia, que tem mais de 1100 funcionários,abate de 700 a 800 cabeças por dia e abastece a rede supermercadista do Brasil todo.
Estão realmente impedidos de fazer o seu trabalho e de cumprir as suas obrigações contratuais inclusive com agências do Governo, como é o caso dos agentes financeiros. Isso simplesmente porque um aloprado resolveu esticar o cabo de guerra, ser midiático, a todo momento querer aparecer na mídia nacional à custa e ao suor daqueles que realmente fazem e contribuem como desenvolvimento do País.

Não podemos mais aceitar isso, Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto. Não podemos mais aceitar esse tipo de discriminação e acima de tudo essa perseguição que o Ministro vem fazendo.

O Ministro já foi chamado, no Rio de Janeiro, de Carlos Minconha e agora, pelo fato de não atender aos reclamos do desenvolvimento deste País, é também chamado de Minctiroso por toda a classe produtora do Brasil.
Muito obrigado, Sr. Presidente.

A morte e a morte de um grande jornal

Por Carlos Brickmann, para o Observatório da Imprensa

Nós, jornalistas, sabemos quando um jornal vai morrer. Torcemos para que sobreviva, para que continue informando, para que contribua na construção de um variado arco de opiniões, para que mantenha os empregos; sempre achamos que a vida dá tantas voltas que numa delas talvez as coisas dêem certo. Mas não dão: os jornais emagrecem, perdem o viço, enchem-se de rugas, sofrem com cada oscilação econômica, atrasam salários, perdem bons profissionais, lampejam por vezes numa boa reportagem, mas é a visita da saúde. Muitas vezes, quem se apresenta para salvá-lo quer apenas fazer o saque e aproveitar o que for possível. O jornal vai morrendo, morre várias vezes; e um dia é enterrado.

Nós, jornalistas, sabemos quando um jornal vai morrer. Quando o patrão passa a usar só jatinho, e muito, o jornal vai morrer. Quando o patrão faz contenção de custos na redação e amplia os gastos com jantares, festas e recepções, o jornal vai morrer. Quando o patrão pensa que sedes suntuosas e novas gráficas são investimento prioritário, o jornal vai morrer. E um patrão boa-gente, que só pense em notícias e não saiba administrar, é tão letal quanto o patrão que pensa que as notícias só servem para encher o espaço entre os anúncios – anúncios que devem ser obtidos seja de que maneira for, com as concessões que for preciso fazer.

Nós, jornalistas, sabemos quando um jornal vai morrer. Quando o jornal acredita que, baixando o nível, vai atrair mais público, já está morrendo. Quando o jornal acredita que a fórmula sangue, futebol e mulher pelada é suficiente para recuperá-lo, já está morrendo. Quando o jornal troca a credibilidade pelos anúncios, já está morrendo. Quando o jornal cai nas mãos de empresários sem qualquer preocupação com notícias, mas que elaboram fórmulas mirabolantes para fazê-lo sobreviver sem nada investir, já está morrendo.

Jornal custa caro, suja as mãos de tinta. Traz notícias desagradáveis (boa notícia não é notícia). A leitura consome tempo, um bem cada vez mais escasso. Jornal só sobrevive e prospera se for uma necessidade para o leitor. Nós, jornalistas, sabemos que quando um jornal deixa de ser necessário ele já morreu.

O PT por um de seus fundadores

Que partido é esse?

* Gilvan Rocha

Participamos da fundação do Partido dos Trabalhadores – PT. Percorremos os sertões, serras e litorais do Ceará, levando o nome do Partido. Acreditávamos que, em função de sua base social, esse partido acabaria por encarnar os interesses históricos dos trabalhadores, superando os limites do trabalhismo, ou seja, do reformismo próprio das massas populares, seja no Brasil ou em qualquer outro país.

Mas, na verdade, o PT, no que pese sua formação inicial, não tinha discurso plausível. É uma lenda muito mal contada pretender que esse partido, no seu início, tinha um propósito socialista, anticapitalista. Todo o seu discurso resumia-se em se colocar como um partido diferente, cujo propósito seria inaugurar uma nova forma de fazer política. Daí, “avançou” para o discurso moralista, dizendo, como crê a maioria da população letrada e iletrada, que estaria bem se houvesse honestidade no trato da “coisa pública”. Essa postura deu margem a que Leonel Brizola, numa felicidade monumental taxasse o PT como a “UDN de macacão”.

Após o seu “avanço” para o moralismo, o partido descambou para a defesa da tese burguesa de que o capitalismo é bom desde que governado com competência, honestidade, abnegação, criatividade e, assim, cunhou o lema: “O modo PT de governar”. Esse “modo” haveria de tornar o capitalismo humanizado.

Assim o PT, depois de conquistar algumas prefeituras, conseguiu chegar ao governo com a eleição do Lula para a Presidência da República. E aí, estamos vendo a que está reduzido o famoso “modo PT de governar”. Para os miseráveis, o Bolsa Família ao custo módico de 11 bilhões de reais. Para as centrais sindicais e estudantis, o engessamento completo e para a grande burguesia os vultosos lucros.

Ao lado disso, alianças íntimas com a bandidagem política destacando-se as figuras de Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e, por ultimo (pasmem) o sinistro Fernando Collor para alegria dos corruptos. Esso sim, é o “modo PT de governar”, lá e cá, para desgraça nossa.

* Gilvan Rocha é Presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP

Escrivaninha em teca certificada



















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A arte na madeira

















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U2 nos 50 anos de Brasília


























Conversando ontem com um dos assessores do Vice-Governador de Brasília, o bilionário empreiteiro Paulo Otávio, soube que o mesmo não se contenta com a abertura da Copa do Mundo de 2014. "Vamos abrir a Copa. São Paulo ou Rio fechará".

Os negócios de PO estão direcionados ao Turismo como apêndice principal do Grupo Paulo Otávio.

Segundo meu confidente amigo, PO que já era sócio do Brasília Alvorada Towers, comprou o controle acionário do melhor hotel de luxo de Brasília da empresária nipo brasileira Chieko Aoki -- uma das mulheres mais ricas do mundo -- numa transação de quase meio bilhão de dólares, e agora quer trazer o U2 para as comemorações do 50 anos da Capital Federal.

Desde já, trocando idéias com meu informante, será o maior show jamais realizado no mundo.

A expectativa de PO para o desafio é fazer um teste da capacidade operacional de Brasília para receber 3 milhões de pessoas com total segurança, empresas aéreas e rodoviárias fazendo um desconto jamais visto na história deste país, rede hoteleira absolutamente lotada e o Comércio "morrendo" de alegria, seria um ensaio para a Copa.

Será que PO conseguirá?


















José Roberto Arruda (E) e Paulo Otávio (D), Governador e Vice-Governador do Distrito Federal

Arruda o governador do DF disse que assina embaixo.

Os flanares vem para essa onda?

Será dia 28 de abril do ano que vem.

Preparem as redes. Minha casa está as ordens.

Isso é Brasília

Fotos de Brasilia
Fotos de Brasilia

Fotos de Brasilia
Fotos de Brasilia

Fotos de Brasilia
Fotos de Brasilia

Fotos de Brasilia
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Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados

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