Greenpeace contra-ataca campanha negativa

No Blog do Paulo Leandro Leal

A Organização Não Governamental (ONG) Greenpeace decidiu contra-atacar uma intensa campanha negativa que vem sofrendo na região, com o movimento que pede sua retirada da Amazônia. O movimento Fora Greenpeace já conseguiu a adesão de pelo menos 10 mil pessoas, mas o próprio Coordenador da ONG na Amazônia, Paulo Adário, admite que existem mais de 25 mil veículos com o adesivo circulando na região.
Para tentar reverter a campanha negativa, Adário concedeu hoje entrevista coletiva em Santarém, disparando um duro ataque aos produtores de soja, madeireiros e todas aquelas atividades que lucram na região. Mas não é só isso, a ONG despachou hoje um comunicado à imprensa informando que nesta quinta-feira, 11, chega à cidade o navio MY Arctic Sunrise, do Greenpeace. É o mesmo navio do qual, em 2003, uma ativista caiu e morreu afogada em pleno rio Amazonas, mas o caso foi ignorado pelas autoridades brasileiras e nunca se soube as reais causas da morte da ativista.
O próprio Greenpeace admite que a chegada do barco é uma resposta ao movimento coordenado por produtores rurais, contra a atuação e a presença do Greenpeace na Amazônia. A ONG diz que a sua reação à campanha é pacífica, ao mesmo tempo que afirma que a campanha é agressiva. "Nenhuma tentativa de intimidação nos fará recuar da luta em defesa da Amazônia e dos povos da floresta", diz Paulo Adário, afirmando que eles estão na região para dar apoio à luta dos movimentos sociais.
Adário ainda faz uma ligação entre o movimento "Fora Greenpeace", à prisão de um grileiro que desmatou mais de 1,6 mil hectares em terras públicas na região, numa clara tentativa de criminalizar a todos que aderiram ao movimento. A nota do Greenpeace segue o mesmo discurso que procura confundir bioma Amazônia com a região definida como Amazônia Legal no governo dos militares, para classificar uma área com tributação diferenciada.
"Nos últimos anos, a produção de soja no bioma Amazônia vem impulsionando o desmatamento ilegal, grilagem de terras e violência contra as comunidades locais", diz, sem esclarecer que a produção de soja do Mato Grosso, por exemplo, não ocorre na Amazônia, porque é uma região de transição do cerrado para a floresta Amazônica.
O Greenpeace volta suas baterias novamente contra a multinacional norte-americana Cargill. "Atraiu plantadores de soja de outras partes do país e intensificou a disputa pela terra e pelos recursos da região. O desmatamento anual nos municípios de Belterra e Santarém pulou de 15 mil para 28 mil hectares entre 2002 e 2004 com a chegada da soja. A Cargill comercializa a maioria da soja produzida na região, além de financiar a produção via crédito aos produtores para a compra de sementes, fertilizantes e agrotóxicos", acusa a ONG. "São empresas como a Cargill que lucram com a destruição dos recursos naturais da região", disse Adário. "O futuro da Amazônia está na floresta e no uso responsável de seus produtos e serviços, e não na soja, que gera desmatamento e injustiça social e deve ser banida do bioma Amazônia", concluiu Adário.
Exposição - Uma exposição fotográfica com cerca de 35 fotos será montada no Mercadão 2000, em Santarém, retratando a atuação do Greenpeace na Amazônia. A exposição estará aberta à visitação pública de quinta (11/05) a sábado (13/05), das 7 às 13 horas.

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