Grampos apontam desvio de R$15 mi por Delúbio, diz jornal

SÃO PAULO – Segundo o jornal A Folha de S. Paulo desta terça-feira, o relatório da Polícia Federal sobre a Operação Vampiro, encaminhado ao Ministério Público no dia 15 de agosto, atesta que o esquema de fraudes instalado no Ministério da Saúde era comandado por dois grupos: um ligado ao ex-ministro Humberto Costa e outro ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.


O relatório reproduz trechos de conversas telefônicas que sugerem que o grupo de Delúbio “efetivamente alcançou, aproximadamente, R$ 15 milhões com o esquema”.


Numa das gravações, feita em fevereiro de 2004, os lobistas Eduardo Passos Pedrosa e Laerte de Arruda Correa fazem comentários sobre “a prestação de contas de valores arrecadados junto às empresas licitantes por intermédio de lobistas consorciados”.


Ambos estão entre os 17 empresários presos como resultado da Operação Vampiro, que investigou denúncias de fraudes em licitações para a compra de hemoderivados – medicamentos para hemofílicos. A investigação foi feita a pedido do próprio Ministério, que na época recebeu uma denúncia de uma empresa do setor.


A Polícia Federal colheu 130 depoimentos, entre os quais há várias referências às relações entre os lobistas e Delúbio. Em uma delas o também lobista Francisco Danúbio Honorato afirma que Laerte tinha a autorização do ex-tesoureiro para arrecadar recursos para os petistas na campanha presidencial de 2002.


O relatório também cita uma carta apreendida pela PF na casa do ex-coordenador de logística do ministério, Luiz Cláudio Gomes da Silva, na qual um empresário de Brasília “faz reclamação de extorsão praticada pelos lobistas Francisco Danúbio Honorato e Pedro Henrique Macedo, que solicitaram 10% do faturamento do contrato para uma espécie de fundo para pagar as dívidas de campanha do PT ou do atual ministro da Saúde, Humberto Costa”.


Costa e Danúbio estão entre as 42 pessoas indiciadas pela PF sob acusação de praticar fraude a licitações e crimes contra a ordem econômica, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência e formação de quadrilha, entre outros delitos, no âmbito da Saúde.


Tanto o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, quanto o ex-ministro da Saúde Humberto Costa negaram qualquer envolvimento no caso. O relatório afirma ainda que as fraudes não se limitaram ao governo petista, envolvendo também ex-funcionários do Ministério da Saúde durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

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