Lula admite que se houve crime no caso dossiê, pagará

'SE HOUVE CRIME ELEITORAL, TEREI DE PAGAR', DIZ LULA

Presidente diz duvidar que dinheiro apreendido pela PF para suposto pagamento de dossiê contra tucanos saiu de sua campanha

Do G1, em São Paulo, com Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que estará sujeito à punição da Justiça Eleitoral caso seja comprovado que o dinheiro apreendido pela Polícia Federal que supostamente seria usado para compra do dossiê contra tucanos saiu da sua campanha de reeleição.

"Se se comprovar, se se cometeu um crime eleitoral, eu e qualquer outro cidadão comum neste país temos que pagar pelo crime que cometemos", disse Lula durante sabatina publicada na edição desta quinta-feira (19) do jornal “Folha de S. Paulo”.

Apesar disso, Lula disse duvidar que o dinheiro tenha saído de seu caixa de campanha. "Eu duvido, duvido que seja da minha campanha. Se tem uma coisa que esse maldito dossiê fez foi atrapalhar que eu ganhasse a eleição em primeiro turno. Alguém deu um tiro de canhão no pé", afirmou.

O presidente fez uma defesa de seu ex-assessor especial na Presidência Freud Godoy, acusado de envolvimento com o escândalo do dossiê. Segundo ele, Godoy é “uma vítima”, mas afirmou não ter certeza da inocência dos outros envolvidos no caso.

Entre os principais acusados de envolvimento com o dossiê estão o deputado Ricardo Berzoini, que foi afastado do comando da campanha e da presidência do PT, e Hamilton Lacerda, ex-chefe de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.

Sobre os mensaleiros que foram reeleitos nas eleições, disse apenas esperar que eles "façam jus à confiança que o povo teve neles e tenham um comportamento irretocável."

Campanha - Durante a sabatina, Lula minimizou a vantagem apontada pelo Datafolha de 20 pontos percentuais dos votos válidos sobre seu adversário na corrida ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin (PSDB).

Lula, entretanto, falou como reeleito ao afirmar que não pretende reduzir o número de ministérios. Sobre os ministros, ressuscitou a expressão cunhada por Antonio Rogério Magri, ex-ministro do Trabalho do governo Collor, ao dizer que que ninguém é "imexível", mas que só falará sobre isso se for reeleito.

Adversários - O presidente elogiou o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, mas não poupou críticas a Alckmin.

"Eu tenho uma relação com o Serra infinitamente melhor do que com o Alckmin. Eu tenho uma relação com o Aécio que considero extraordinária, como amigo, como político, sabendo que estamos em partidos diferentes", afirmou.

"O Serra é uma figura mais cosmopolita do que o Alckmin, tem uma dimensão nacional maior. É um político mais experimentado. O Aécio é um político muito esperto, se dá bem com todos os nossos governadores eleitos", disse Lula, acrescentando que o país terá um clima mais favorável para debater a sucessão presidencial em 2010.

Sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse que sua relação com ele "sempre foi muito boa, mas ficou truncada." Para Lula, no entanto, FHC falou demais como ex-presidente. "Fico muito sentido porque uma amizade é sempre muito difícil da gente fazer", disse.

Indagado sobre o tão esperado "espetáculo do crescimento", prometido em 2003 e ainda não vivido, Lula reafirmou que ele vai acontecer. Ele reafirmou que as bases para este crescimento estão lançadas e que o investimento para isso virá da iniciativa privada, do financiamento do BNDES e de parcerias com empresas internacionais. "Acho que essa coisa vai acontecer com dinheiro privado. Vai acontecer, e muito", disse.

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