Presidentes de partidos discutem hoje nova denúncia

Para Tasso, PF age com viés político no dossiê

Carmen Pompeu

O Estado de S. Paulo

16/10/2006

Tucano disse que País parece viver 'filme de terror da era Stalin'

Em viagem ao interior do Ceará no fim de semana, onde fez campanha pró-Geraldo Alckmin em Quixadá e Crateús, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que o Brasil parece estar vivendo 'um filme de terror da era Stalin', ditador soviético. Tasso informou que se reunirá hoje, em Brasília, com os presidentes do PFL, Jorge Bornhausen, do PPS, Roberto Freire, e do PMDB, Michel Temer.

Os quatro vão discutir a denúncia apresentada pela revista Veja desta semana, na qual o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, é acusado de tentar blindar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, no caso do episódio da compra do dossiê Vedoin contra tucanos.

'Vamos fazer uma reunião com os presidentes de partidos para deliberar sobre essa reportagem que, evidentemente, traz à tona a manipulação que está sendo feita com a Polícia Federal, criminosamente, para esconder esse Freud Godoy das investigações', disse Tasso.

O presidente do PSDB declarou que a suposta manipulação 'encobre um crime e destrói a PF no afã de esconder todas as maracutaias do governo'.

Tasso considera o episódio 'um absurdo'. Ele lamentou o fato de o delegado Edmilson Bruno, que divulgou as fotos do dinheiro, ser apontado pelo ministro da Justiça e pela PF como o único culpado. 'Parece filme de terror da era Stalin e nós não podemos ficar calados. Os partidos políticos precisam tomar uma atitude.'

Em São Paulo, a PF negou que Freud, ex-guarda-costas de Lula, tenha se encontrado com Gedimar Passos nas dependências da corporação, no bairro da Lapa. Por meio de nota oficial, a polícia sustenta que as informações sobre a reunião entre Freud e Gedimar 'são levianas e fantasiosas'.

A PF anotou que Gedimar e Valdebran Padilha, presos em 15 de setembro com o R$ 1,75 milhão que seria usado para comprar o material contra os tucanos, foram retirados da custódia por volta das 20 horas do dia 18 e levados a Cuiabá, onde está sendo conduzido o inquérito.

Segundo assessoria do delegado Geraldo de Araújo, superintendente da PF em São Paulo, Gedimar saiu da cela só para acareação com Freud, que se apresentou 'espontaneamente na tarde de 18, foi acareado com Gedimar por volta das 16h30 e deixou a PF, sob cobertura da imprensa, não mais retornando'. A PF sustenta que é 'igualmente mentirosa' a versão de que Geraldo de Araújo teria recebido telefonema do ministro da Justiça indagando-o sobre eventual 'respingo no presidente'.

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