Eis o placar contra e a favor de Renan


Disputa acirrada no conselho
Luiz Carlos Azedo

QUEBRA DE DECORO
Se votação do processo contra Renan for feita hoje, o presidente do Senado só tem garantido o apoio de cinco colegas. A estratégia é investir no grupo dos indecisos, que conta com quatro senadores

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda não desistiu de pôr um ponto final, ainda nesta semana, ao processo aberto contra ele pelo PSol, no Conselho de Ética da Casa, por quebra do decoro parlamentar. Porém, está muito enfraquecido e conta somente com cinco votos incondicionais no colegiado. Os demais integrantes não estão satisfeitos com os esclarecimentos que Calheiros prestou até agora e querem adiar a decisão mais uma vez. O conselho é composto por 15 integrantes. Sibá Machado, presidente do conselho, só vota se houver empate.

Calheiros já está enfrentando problemas na bancada do PMDB, onde o senador Pedro Simon (RS) defende abertamente a renúncia de Calheiros do cargo para evitar mais desgastes da imagem do Senado. Este é o menor dos problemas do presidente do Senado no plenário da comissão, embora aumente o desgaste de Calheiros perante a opinião pública. Os quatro senadores titulares de seu partido votariam pelo arquivamento do processo em qualquer circunstância. São eles Wellington Salgado (MG), Valter Pereira (MS), Gilvam Borges (AP) e Leomar Quintanilha (TO).

Salgado vem defendendo o arquivamento do processo por quebra de decoro desde a semana passada, com qualquer escore de votação. “Sou pela aprovação do relatório de Cafeteira”, sustenta o suplente do ministro das Comunicações, Hélio Costa. O senador até hoje não se conforma com o fato de o assunto não ter se decidido na reunião do Conselho de Ética de sexta-feira passada.

Risco
O maior problema de Renan, no momento, é com a bancada aliada do bloco PT-PSB-PTB. Peça-chave no esquema de defesa do presidente da Casa, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que tem 82 anos, passou mal no domingo e se licenciou do cargo. Sibá Machado (PT-AC) assumiu interinamente o cargo, mas corre o risco de comprometer seu papel de presidente, caso opere ostensivamente pelo arquivamento. É considerado um voto certo de Renan, em caso de empate na votação do conselho.

O problema é que os outros representantes do bloco no conselho não são votos de cabresto, estão exigindo esclarecimentos cabais para arquivar o processo. Na semana passada, se discutia entre seus integrantes a forma como poderiam atuar para salvar o peemedebista. Agora, a discussão é como preservar Sibá e Ideli Salvatti (PT-SC), líder do PT, do desgaste político que estão sofrendo em função do apoio a Renan.

Augusto Botelho (PT-RR) já avisou que votará contra o arquivamento imediato se não forem dados esclarecimentos suficientes, mas pode ser substituído pelo suplente João Pedro (PT-AM). O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é um franco-atirador e vem exigindo a presença do presidente do Senado no conselho para dar esclarecimentos, não se satisfaz com o relatório de Cafeteira, nem com a perícia dos técnicos do Senado e da Polícia Federal. Renato Casagrande (PSB-ES) também só vota pelo arquivamento se tudo for esclarecido de forma cabal. Mas também pode ser substituído pela líder do PT, Ideli Salvati (SC), que é sua suplente.

Boa vontade
Na oposição, a situação também mudou. Hoje, pela manhã, os quatro senadores do PSDB farão uma reunião para discutir o posicionamento do partido no Conselho de Ética. Marconi Perillo (GO) e Marisa Serrano (MS), titulares do conselho, vêm defendendo o aprofundamento das investigações. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que é amigo de Renan, não esconde mais o desconforto com a situação, apesar da boa vontade para com o presidente do Senado.

Ontem, da tribuna, já cobrava um relatório definitivo e completo de parte da Polícia Federal. Sérgio Guerra (PE), que é pecuarista, não esconde o espanto com os índices de produtividade e rentabilidade das fazendas de Renan. Virgílio e Guerra são suplentes, mas há um pacto de decisão conjunta entre os quatro senadores tucanos e Virgílio está se isolando.

No DEM, com exceção do corregedor Romeu Tuma (SP), a posição da bancada é cada vez mais favorável à continuidade das investigações. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que é promotor público, avisou que vai pedir vista do novo relatório e impedir o arquivamento.

Heráclito Fortes (PI) e Adelmir Santana (DF) tendem a acompanhar o voto de Demóstenes ou se abster da votação, caso o grupo de Renan insista em votar pelo arquivamento sem concluir as investigações. Jefferson Perés (PDT-AM) defende o aprofundamento das apurações e o afastamento do peemedebista da Presidência do Senado até que tudo se esclareça.

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