Com o título: Cresce apoio ao estado de Carajás a jornalista paraense Ana Célia Pinheiro -- uma das melhores profissionais daquele estado -- analisa as razões do crescimento do apoio parlamentar na Câmara dos Deputados à criação do Estado do Carajás, cuja população manifesta determinação em buscar sua independênia político-administrativa, a partir do desmembramento do Estado do Pará.
Giovanni Queiroz continua a bater de porta em porta, na Câmara dos Deputados, para angariar o apoio de seus pares aos projetos que autorizam a realização de plebiscito para a criação do estado do Carajás.Resultado da peregrinação: 82 parlamentares já se declararam favoráveis aos projetos, segundo o último boletim informativo de Giovanni.De acordo com o texto, muitos parlamentares estão convencidos que a “revisão territorial do Pará será um avanço para o Brasil”.O plebiscito já foi aprovado pelo Senado, no final do ano passado.Na opinião do deputado, a região do futuro estado do Carajás, que responde por 28% do PIB paraense, “crescerá vertiginosamente” a partir da independência político-administrativa, à semelhança do que aconteceu com o Tocantins.Comentário do blog:Penso que Giovanni tem todo o direito de defender a criação do estado do Carajás.E, para ser muito sincera, concordo com a criação desse novo estado, apesar de ser paraense da gema, filha de caboclos do Marajó.Penso que não é apenas o histórico abandono daquela região que está por trás do desejo de independência de boa parte da população do Sul do Pará.O abandono, é claro, ajudou.Mas, bem vistas as coisas, há muito tempo que o Sul do Pará já é, na prática, outro estado, com uma cultura formada por cidadãos de vários pontos do Brasil – e que é muito, muito diferente da cultura paraense.Na minha opinião, não dá para obrigar essas pessoas a continuarem paraenses, se, passados tantos anos, não conseguem, simplesmente, “se ver” como paraenses.Foram essas pessoas, afinal, que desbravaram aquela região e construíram, com muito suor e contra todas as dificuldades, a pujança econômica do Sul do Pará.Aquela região pertence, em verdade, a todos esses admiráveis pioneiros.E não dá para transferir a essas pessoas o ônus da nossa incompetência – a incompetência que nos fez perder, para o vizinho estado do Maranhão, a luta por uma infra-estrutura que nos permitisse participar, também, da exploração das enormes riquezas do estado de Carajás.Há muito tempo, conversando com amigos, eu dizia justamente isto: o problema não é Carajás, não é a separação daquela terra, que é, na prática, outro estado.Mas o fato de não termos nos preparado para ajudar a verticalizar ou escoar a riqueza de Carajás que, de tão imensa, pode, sim, alavancar várias economias do entorno.Nossos governos – petistas, tucanos, peemedebistas – se perderam em quizílias, em questiúnculas. Preferiram, apenas, incensar o próprio umbigo, em vez de ser preparar, de verdade, para o futuro.E agora, com Inês já até em decomposição, de nada adianta o chororô.No entanto, penso que o plebiscito acerca do estado de Carajás tem de abranger os sete milhões de paraenses – e não apenas a população do Sul do Pará.Afinal, essa questão diz respeito a todos aqueles que habitam o vasto território da solitária estrela da bandeira brasileira.Todos devem ter garantido o direito de manifestar a sua opinião, num debate que será até pedagógico, vez que nos levará a refletir acerca do provincianismo da política paraense.Penso, também, que será preciso definir claramente a quem caberá “as custas” desse processo.Não que se vá simplesmente “cobrar” pelos investimentos realizados no Sul do Pará, uma vez que isso não foi mais do que obrigação.Mas também não poderemos os paraenses carregar um fardo que nos estrangule o próprio desenvolvimento.No mais, é desejar boa sorte aos irmãos carajaenses.Que possamos estar juntos na defesa da Amazônia e no combate às desigualdades regionais.E que nós, os paraenses, possamos colher, no futuro, o resultado de uma profunda reflexão acerca dos nossos erros.FUUUIIIIII!!!!!
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